28-3-2007

Sobre Duarte da Silva              

aqui e aqui               

           

 

As benesses de Duarte da Silva

 

 

 

Falecido D. João IV, Duarte da Silva ficou nas boas graças da Rainha D. Luísa de Gusmão, que bem conhecia os favores por ele prestados à Coroa, nos periódicos apertos de dinheiro por que o País passara. Estava por isso predisposta a conceder-lhe as benesses que ele pedisse. Essa boa vontade aumentou muito quando ele se encarregou de encontrar dinheiro líquido para pagar a Carlos II de Inglaterra, o 1.º milhão de cruzados do dote de D. Catarina, transformando em moeda os açúcares, as jóias, as letras de câmbio, que levou de Portugal.

Choveram, pois, as benesses atribuídas a todos os que Duarte da Silva indicou, filhos, genros e pessoas amigas dele e colaboradores.

Vários destes documentos indicam Duarte da Silva como sendo fidalgo da Casa Real, mas o seu nome não consta do Livro da Matrícula dos Moradores da Casa Real, publicado no final do Sec. XIX e, até agora, nenhum autor indicou documento comprovativo da fidalguia. Constatei há dias que o foro de fidalgo lhe foi atribuído a ele e a seu filho Francisco da Silva, em 1659, pela Rainha Regente D. Luisa de Gusmão, sendo nomeados fidalgos cavaleiros como consta do Livro de Matrículas de Filhamentos (21-F-38), indicando que ambos foram feitos fidalgos cavaleiros, por mercê nova. Este livro é apenas um índice, faltando-me encontrar o livro onde se encontra a decisão.

Registe-se agora a tença de 20$000 rs. anuais atribuída a seu genro Francisco Nicolau da Silva, casado com a filha mais nova de Duarte da Silva, Joana da Silva, dada conjuntamente com o hábito de Santiago (Chancelaria Antiga da Ordem de Santiago, liv. 16, fls. 434 v. a 436 v.). A imposição do hábito foi feita em Roma em 14 de Julho de 1668 e a profissão de fé foi feita na mesma cidade em 28 de Agosto de 1672*.

Numa publicação italiana, D. Francisco Nicolau da Silva figura também com o título de “Conte di Castel S. Pietro in Salina”, donde também o título de “Contessa” para sua mulher.

Possivelmente, a Coroa portuguesa ficou a dever uma parte do 1.º milhão do dote da Rainha D. Catarina a Duarte da Silva, que foi obrigado a pagá-lo por inteiro para escapar à perseguição de D. Carlos II, que o trazia guardado à vista.  E também se pode presumir que as elevadas benesses à família se destinavam a cobrir esse mesmo saldo negativo.

Das benesses, ficou mais ou menos excluída (se não tivermos em conta a tença para seu marido) a filha mais nova, Joana e daí que ela tenha empreendido diligências para receber o que achava devido à família. Prova-o um documento existente na Biblioteca da Universidade de Coimbra (MS. 675, fls. 102 e 102 v.), que foi assinalado na tese de Mestrado da Dr.ª Joana Leandro Pinheiro de Almeida Troni e que a seguir se transcreve.

As contas de Duarte da Silva são difíceis de entender, porque afinal a sua conta-corrente ultrapassa bastante o milhão de cruzados. Será porque ele incluía na conta a sua comissão?

É difícil saber a data do documento, mas será posterior à morte do falecimento de Duarte da Silva e também ao falecimento posterior de um dos filhos, de que foram herdeiros os quatro irmãos sobreviventes.

 * Agradeço as referências que me foram fornecidas pelo Prof. Francis A. Dutra.

 

BENESSES CONCEDIDAS TENDO EM ATENÇÃO OS SERVIÇOS PRESTADOS POR DUARTE DA SILVA

 

 

Data: 20 de Maio de 1659

 

Beneficiado: o filho mais velho, Francisco da Silva

 

Mercê:  Comenda efectiva de até 100$000 rs da Ordem de Cristo, a cujo título tomará logo o hábito dele

 

Local: Portarias do Reino, liv. 4.º, fls. 27

 

 

 

Data: 23 de Maio de 1659

 

Beneficiado: o filho mais velho, Francisco da Silva

 

Mercê:  Comenda por ele apontada de Santa Maria do Mação, que vagou por Manuel Pereira Coutinho com reserva de 50$000 rs de pensão para soldados beneméritos a quem Sua Majestade os tem mandado nomear.

 

Local: Portarias do Reino, liv. 4.º, fls. 27

 

 

 

Data: 14 de Fevereiro de 1659

 

Beneficiado: o filho mais velho, Francisco da Silva

 

Mercê:  manda lançar o hábito da Ordem de Cristo para o ter a título de uma comenda efectiva de 100$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem.

 

Local: Portarias do Reino, liv. 4.º, fls. 27

 

 

 

Data: 26 de Maio de 1659

 

Beneficiado: o filho mais velho, Francisco da Silva

 

Mercê:  Alvará da Comenda de S.ta Maria de Monção

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 6, fls. 266

 

 

 

Data: 23 de Junho de 1659

 

Beneficiado: o filho, João da Silva

 

Mercê:  Hábito da Ordem de Cristo com 50$000 rs. de pensão consignados na comenda de Santa Maria de Mação

 

Local: Portarias do Reino, liv.4.º , fls. 55

 

 

 

Data: 23 de Junho de 1659

 

Beneficiado: o filho, João da Silva

 

Mercê:  manda lançar o hábito da Ordem de Cristo para o ter a título de uma comenda efectiva de 50$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem..

 

Local: Portarias do Reino, liv.4.º , fls. 55

 

 

 

Data: 1 de Dezembro de 1660

 

Beneficiado: o filho, João da Silva

 

Mercê:  Alvará do Hábito da Ordem de Cristo, com 50$000 rs de pensão pelos serviços de seu pai, Duarte da Silva.

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 6, fls. 245

 

 

 

Data: 17 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o filho, João da Silva

 

Mercê : promessa de uma comenda efectiva da Ordem de Cristo de 200$000 rs. para a ter com o próprio hábito

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 333 e 333 v. .

 

 

 

Data: 17 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o genro, Jorge Dias Brandão

 

Mercê:  Foro de Fidalgo da Casa Real

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 298

 

 

 

Data: 17 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o genro, Francisco Nicolau da Silva

 

Mercê:  Tença anual efectiva de 20$000 rs para a ter com o hábito de Santiago

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 298

 

 

 

Data: 17 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o genro, Francisco Nicolau da Silva

 

Mercê:  manda lançar o hábito da Ordem de Santiago para o ter com uma tença efectiva de 20$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem..

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 298

          Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 12, fls. 279 v. - 280

 

 

 

Data: 28 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o amigo, Francisco da Costa Azere, que ajudou Duarte da Silva em Inglaterra, sobretudo como intérprete, por “ser mui versado e corrente na língua inglesa ,e pessoa de confiança.”

 

Mercê:  Tença anual efectiva de 20$000 rs para a ter com o hábito de Santiago

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 303

 

 

 

Data: 8 de Abril de 1662

 

Beneficiado: o amigo, Francisco da Costa Azere

 

Mercê:  Consigna ao pagamento da pensão de 20$000 rs. concedida os bens de Manuel de Almeida, sitos a Lisboa, o qual fugiu para Castela, em companhia do Duque de Aveiro.

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 303 v.

 

 

 

Data: 28 de Fevereiro de 1662

 

Beneficiado: o amigo, Francisco da Costa Azere

 

Mercê:  manda lançar o hábito da Ordem de Santiago para o ter com uma tença efectiva de 20$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem..

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 303 v.

 

 

 

Data: 6 de Março de 1662

 

Beneficiado: o amigo, António Nunes da Veiga, filho de Garcia Nunes

 

Mercê:  Tença anual efectiva de 20$000 rs para a ter com o hábito da Ordem de Cristo.

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 304 v.

          Registo Geral de Mercês, Ordens, liv.4, fl.325v

 

 

 

Data: 6 de Março de 1662

 

Beneficiado: o amigo, António Nunes da Veiga

 

Mercê: manda lançar o hábito da Ordem de Cristo para o ter com uma tença efectiva de 20$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem..

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 304 v. e 305

 

 

 

Data: 14 de Agosto de 1662

 

Beneficiado: o amigo, Álvaro de Silveira

 

Mercê:  Tença anual efectiva de 20$000 rs para a ter com o hábito da Ordem de Cristo.

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 352 v.

 

 

 

Data: 14 de Agosto de 1662

 

Beneficiado: o amigo, Álvaro de Silveira

 

Mercê  manda lançar o hábito da Ordem de Cristo para o ter com uma tença efectiva de 20$000 rs e manda que para haver de receber o hábito se lhe façam as provanças e habilitações de sua pessoa na forma dos estatutos e definições da mesma Ordem..

 

Local: Portarias do Reino., Liv. 4, pgs. 352 v.

 

 

 

Data: 18 de Agosto de 1662

 

Beneficiados: Para nomear logo em filho, neto ou neta

 

Mercê: 200$000 rs. de tença pagos nos sobejos do rendimento da alfândega da ilha da Madeira sem prejuízo das primeiras consignações que tiverem para nomear logo em filho, neto ou neta…… e que havendo o ofício por ele pedido de tesoureiro do dinheiro  e efeitos aplicados para a paz da Holanda o proverá Sua Majestade na pessoa de Jorge Dias Brandão, seu genro com o ordenado que então parecer.

 

Local: Portarias do Reino, liv. 4, pags. 353 v.

 

 

 

Data: 22 de Setembro de 1663

 

Beneficiado: sua filha, Catarina da Silva

 

Mercê: Carta de Padrão. Tença de 200$000 rs em duas vidas, a 1.ª na sobredita, e a 2.ª em filho ou filha , pelos serviços de seu pai Duarte da Silva

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 4, fls. 418 v.

 

 

 

Data: 26 de Março de 1667

 

Beneficiado: o filho mais velho, Francisco da Silva

 

Mercê:  Comenda de S.ta Maria de Mação pelos serviços de Duarte da Silva

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 6, fls. 266

 

 

 

Data: 29 de Maio de 1670

 

Mercê:  Comenda de S.ta Maria de Mação para seu filho (não é identificado)

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 7, fls. 423

 

 

 

Data: 12 de Agosto de 1670

 

Mercê:  Comenda de S.ta Maria de Mação para seu filho (não é identificado)

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 8, fls. 7 v.

 

 

 

Data: 27 de Setembro de 1670

 

Mercê:  Comenda de S.ta Maria de Mação para seu filho (não é identificado)

 

Local: Registo Geral de Mercês, Ordens, liv. 8, fls. 58

 

 

 

Il Sign. Odoardo de Silva, Padre della Contessa D. Giovanna de Silva passò da Lisbona per Londra, servendo la Serenissima Infanta di Portogallo, quando andò colà a sposarsi con il Re Carlo 2.º della gran Bretagna, mandato dalla Regina madre di detto Regno di Portogallo all’hora regnante, con titolo d’Agente Generale di quelle Corone in tutte le parti del Norte, ad effetto d’accompagnare detta Sign. Infanta, condurre e consegnare à detto Re Carlo le gioie che se li dovevano dare in conto di sua dote; e soddisfarli parimente il resto di un milione di cruciati di moneta di Portogallo che se gli dovevano sborsare prontamente in conto de detta dote; e perché ne gli effetti, e contanti, ne la natura delle gioie arrivano al detto Milione se li diedero diverse consegnazioni, perché da suoi processi s’andasse esiggendo il mancante, essendosi obbligato  Sign. Odoardo de Silva à sborsarlo de suoi proprii denari, come fece, e d’alora somma considerabile, che prese ad interesse à suo credito sopra alcune di dette gioie, che impegnò d’ordine di detta Regina Regnante di Portogallo, stante che non le volse ricevere detto Rè d’Inghilterra in conto di detta dote, ma perché per l’emergenze, e strettezze del Regno fu sospesa dopo qualche tempo l’esigenza dell’assegnamento alli Processi di detto Odoardo di Silva dal Rè di Portogallo e suoi ministri, perciò rimase il medesimo scoperto nella somma di cruciati 200.000 in circa, che mai gli sono stati soddisfatti ne alli suoi eredi, tra quali spetta alla sudetta Contessa D. Giovanna de Silva per una parte un quinto e per un’altra ¼ parte d’altro quinto, spettando primamente à suoi fratelli cò quali si camina di concerto nella sollecitudine della ricupera di questo grosso credito, che s’è pure appogiato al Sign. Abate Luigi Bernabô, con le scritture necessarie. Onde V.S. potrà sollecitare tale esigenza, e quando bisogni parlarne, anche à quelli ministri, e a Sua Maestà, acciò che, o in qualche assegnamento, o in altra forma dia ordine, che si soddisfi quanto prima questo passivo, che tanto giustificatamene si deve, e che procede da un si rilevante servizio à quella Corona in occasione del matrimonio seguito della Regina d’Inghilterra.

 

 1662

 

Copia del conto, che tiene Odoardo de Silva al suo Libro dell’effetti, che gli furono consegnati con applicarsi per la sodisfazione del miglione della dote della Serenissima Regina della Gran Bretagna.

 

Per 158 686$292 rs. Resi che il depositario Giov. Froes d’Aguiar me consegnò in contanti d’ordine di Sua Maestà

 

Per marchi 3252-5-6 di Argento, che il medesimo Depositario mi consegnò de quali furono fatte verghe nell’assecca come consta del conto

 

Per l’accordo che ho fatto con Sua Maestà da pagare in Londra £ 26 500 sterline al sudetto Depositario – 27# m.tà in tutto

 

Per una lettra di cambio, che hà consegnato per Londra Gregorio Gomes Henriques, de £ 1481, g. 7

 

Per contanti que Roderico Fernandes Almada consegnò d’ordine del Commissario della bolla de S.ta Crociata

 

Per l’argentaria e finimenti della Cappella, e servizio della Regina della Gran Bretagna

 

Per li zucari, che consegnò la Camera di Lisbona e denari

 

Per li Petrui dati in Lisbona al generale Inglese, il Conte de Sanduich, per la sua Armata e se mi sconterà per li medesimi

 

Per 56678$598 rs. nelli quali furono stimate le gioie, che mi furono consegnate; e portò Giovanni Morato a Roma

 

 

Resto creditore per il saldo de questo conto del quale non m’ha dato sodisfazione l’Hacienda Regia fin al presente

 

 

396#715

 

 

 

290#265

 

 

1750# 

 

100#

  

50#

 

 

42#

 

200#

  

6#785

 

 

141#546

 

966#712

 

 

156#140

1122#852