10-6-2009

Pedro Nunes

(1502 - 1578)

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Teófilo Braga, Cancioneiro e romanceiro geral portuguez, Lisboa, 1867

Online: http://books.google.pt

 

Johannes de Sacro Bosco (11..-1256?), Sphaera Joannis de Sacro Bosco emendata. [adjunximus huic libro] Compendium in sphaeram. [et] Petri Nonii Salaciensis demonstrationem [eorum], quae in extremo capite de climatibus Sacroboscius scribit de inaequali climatum latitudine ([Reprod.]) Eliae Vineti Santonis scholia in eandem sphaeram, ab ipso authore restituta ; per Pierium Valerianum Bellunensem ; eodem Vineto interprete

Lutetiæ, Apud Gulielmum Cavellas, sub pingui Gallina, ex adverso colegii Cameracensis, 1561

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ANEXO 1

 

Jacques Pelletier (1517 – 1582), em latim, Jacobus Peletarius,  foi um célebre humanista e matemático que em 1557 publicou em Lyon os Euclidis Elementa Geometrica, libri sex, (online aqui), que fez preceder de nove cartas públicas, dirigidas a

- Joanni Fratri, Navarraeorum Gymnasiarchae  (1508 – 1583). Jean Peletier seu irmão, Reitor do Colégio de Navarre. Nove anos mais velho do que Jacques, foi enviado pelo Rei ao Concilio de Trento.

- Ponto Tiarto,  Pontus de Tyard (1521 – 1605), padre, poeta e filósofo francês

- Petro Ronsardo -  Pierre de Ronsard (1524 – 1585), poeta francês

- Mauricio Scaevae -  Maurice Scève (c.1500 – c. 1564), poeta e músico francês

- Joanni Fernelio Franciae, Archiatro   Jean François Fernel (1497 – 1558), físico e médico francês

- Hieronymo Cardano - Gerolamo Cardano (1502-1576), físico, matemático e astrólogo italiano

- Petro Nonio, ou seja, Pedro Nunes.

- Paschasio Hamelio, ou seja, Pascal de Hamel, professor de matemática no Collège Royal de 1532 a 1565, que publicou em 1557 "Paschasii Hamelii commentarius in Archimedis Syracusani praeclari mathematici librum de numero arenae, multis locis per eundem Hamellium emendatum,  Lutetiae, 1557".

Transcrevo a seguir a carta dirigida a Pedro Nunes, que traduzi o melhor que pude.  Dela se constata que não o conhecia pessoalmente e que é a primeira vez que o contacta. Lera os livros latinos de Pedro Nunes, De Crepusculis e De erratis Oroncii Finaei. Sabia da publicação do Tratado da Esfera e ouvira dizer que Pedro Nunes escrevera um tratado de álgebra.

 

 

IACOBUS PELETARIVS

PETRO NONIO S.


Non dubitabam, Petre Noni, quum nostræ in Euclidem commentationes ad te peruenirent, quin me erga te bene affectum, vel ipso doctrinæ nomine, esses existimaturus. Hæc enim nostra Mathematicarum artium studia eiusmodi sunt,ut eos qui ipsa amplectuntur, mutuo amore deuinciant. Quid enim veritate, quam nos tractamus, candidius? quæ maior ad conciliandos animos vis esse potest, quam eius quæ animonum perpetuitatem maxime testatur scientiæ? Memini ego quum Mathematicis initiarer (quod quum tarde fecissem, magna etiam intermissione, ob temporum meorum varietatem usus sum) ac studiorum successione tua scripta euoluerem, me magna spe et alacritate fuisse incensum, ut aliquando pari facultate et iudicio scrivere liceret. Librum de Crepusculis abs te diligentissime scriptum auidissime legebam . et alterum item illum, quo in nostrum Orontium animaduertis. Qui utinam nam plausibilem præ se ferret titulum, quam est Mathematico, id est, vero argumento conscriptus sed tamen veritate ipsa apud synceros animos nulla res potior debet esse. De me vero quum dico, animum quidem meum tibi testatum facere cupio: sed interim mihi policeor futurum, ut mihi in amore respondeas, simulatque tibi innotuero : scilicet, ubi primum hæ nostræ Demonstrationes tibi in manus venerint. Non enim puto te ante hoc tempus de me audiuisse, qui patrio sermone huscusque fere scripserim: cuiusmodi et Ars nautica abs te edita in tuorum manibus versatur: et Algebram etiam abs te scripta audio. Sed has ipsas Demonstrationes sine maiori meæ erga te beneuolentiæ testimonio exire nolui. Ac velim intelligas, me nihil magis optare, quam te meorum scriptorum censorem mihi dari. Eaque gratia maturo quantum possum (neque properationem affecto tamen) laborum meorum publicationem, ne is mihi pereat fructus, quem ex vestro omnium iudicio, aut etiam castigatione, capere possum. Omnino enim aliter sum affectus, quam cæteri. Non me pudet doctorum hominum iudicium quocunque meo dispendio experiri: modo id tamen in meum commodum reponere sperem. Quod in me quisque animaduerterit, id in maximo existimationis lucro deputabo. Cuius mihi satius est temporariam iacturam facere, quam perpetuam.  At enim, inquies, quid est quod temporis beneficio non uteris? quur teipsum in consilium non adhibes, moræ patentia? Recte. Sed omnibus hominibus, mi Noni, procliue est ut peccent, etiam veritatis luce, in qua ipsa offendere, alienum imprimis et inhonestum esse videtur. Emendatio non tam constat tempore, quam consilio.
Consilium vero ipsum ab amico præstatur, et diuturni temporis vice est. In re nostra tam lyncei esse non possumus. Nobis plane prouidentia illa præscribit ut mutuas operas præstemus.  Sed ego longius digredior. Ad me reuertor. Tuum erit, mi Noni, non tantum amici nomine (quod tibi ingenua amoris professio præscribit) sed etiam veritatis contemplatione (quo te publica utilitas inuitat) meas lucubrationes, quatenus vacabit, examinare. In quo longe felicior fuissem, si tecum per locorum interuallum, communicare licuisset. Sed quid locorum interuallum mihi prætendo? Immo vero, fato quodam meo neque præceptorem in his studiis, neque socium unquam habui: ne in Gallia quidem nostra. Meditatione omnia sum assecutus. Qua occasione symbolum illud ex Periandro mihi sumpsi,  Μελέτη τ
πν. Quæ vero assequi potui, ea libenter impertio. Idem vero abs te etiam expecto, mihique gratissimum erit, si aliquando intellexero tibi amicitiam meam curæ fuisse. Quod tum demum intelligam, si me de iis quæ ad existimationem meam et publicam utilitatem pertinebunt, monueris.

Vale.

Lugduni.

IACOB

De Jacques Pelletier

para Pedro Nunes Saudações.

 

Pedro Nunes, não tinha dúvidas que, quando te chegassem à mão os nossos Comentários sobre Euclides, apreciarias quão grande é a minha estima por ti, até pelo tema em causa. De facto os nossos estudos sobre as artes da Matemática são de tal modo que acabam por ligar por mútua amizade, aqueles que os empreendem.   Na realidade, o que há de mais radioso do que as verdades que nós estudamos? O que é que pode ter maior força para conciliar os ânimos, do que aquela ciência que mais dá testemunho da perpetuidade das almas? Lembro-me que, quando me iniciei nas Matemáticas (o que fiz muito tarde, e com grandes intervalos, pois aproveitei da variedade dos meus tempos) e estudava os teus escritos no decorrer dos estudos, fui tomado de grande entusiasmo e esperança, de que algum dia me fosse possível escrever com igual inteligência e sentido. Li muito avidamente  o livro “De Crepusculis”,  por ti escrito com o maior cuidado; e aquele outro, em que fazes observações ao nosso Oroce.  Os quais por si tornam adequado o título de Matemático, isto é, atribuído com argumento de peso, até porque para as almas sinceras nada deve ser mais preferível do que a própria verdade. Da minha parte, dir-te-ei que desejo que seja avaliado por ti o meu pensamento: mas entretanto espero que no futuro, me respondas com amizade: naturalmente, depois que estas nossas “Demonstrationes” te chegarem às mãos.  Realmente julgo que até agora não ouviste falar de mim, que até aqui apenas escrevi em língua vernácula: como é que a “Ars nautica” por ti publicada, é tratada nas mãos dos teus [compatriotas]: e também ouvi que escreveste uma Álgebra. Mas não quis fazer sair estas “Demonstrationes” sem um testemunho importante da minha consideração para contigo. E quero que entendas que nada desejo mais do que ter-te a ti como crítico dos meus escritos.  Pela mesma razão, adianto quanto posso (mas não caio em precipitações) a publicação dos meus trabalhos, para que se me não perca o fruto que posso colher da vossa apreciação deles todos ou mesmo das vossas correcções. Com isto sou recompensado, mais do que com qualquer outra coisa. Não me repugna experimentar à minha custa o juízo dos homens sábios: pois esperarei transformá-lo a meu favor. Aquilo que em mim alguém critica, reputá-lo-ei como uma prova de estima. Para mim é preferível ter um prejuízo temporário do que um perpétuo. Mas, perguntarás, por que não aproveitas do benefício do tempo? Por que não te pões em reflexão contigo mesmo, resignando-te ao atraso? Está certo. Mas, meu caro Nunes, a todos os humanos é muito fácil cometer erros, mesmo à luz da verdade, em que se constata esta ser violada, e principalmente o que é impróprio e desonesto. A correcção dos erros provém não tanto do tempo, mas mais dos conselhos. O próprio conselho é dado pelo amigo, e é o substituto do tempo diário. Nas nossas coisas não podemos ser tão linces. A prudência recomenda-nos claramente, que nos prestemos serviços mutuamente. Mas estou a alongar-me. Volto às minhas coisas. Cabe-te a ti, meu caro Nunes, não tanto pela qualidade de amigo (que te exige uma simples declaração de amizade), mas também pela procura da verdade (a que te convida o bem público), examinar as minhas lucubrações, na medida em que faltou. Nisso, eu seria de longe mais feliz se me fosse permitido comunicar contigo com regularidade. Qual a periodicidade que pretendo? Na verdade quis o destino que eu nestes estudos nunca tivesse nem um professor nem um colega: nem na nossa própria França. Tudo atingi pela reflexão. Na altura, assumi o ditado de Periandro:  Pensa em tudo (*).  O que pude conseguir, de boa vontade compartilho. Do mesmo modo, espero de ti, e ficar-te-ia muitíssimo agradecido, se de vez em quando eu desse conta que a minha amizade é do teu cuidado. Que eu tão somente dê conta que te preocupas com aquilo que é pertinente para a minha reputação e para o bem público.

 

Adeus.

Em Lyon.

Jacques Pelletier 

 

 

   

(*) Alguns autores traduzem a expressão grega como "Reflectir é o mais importante" ou “A reflexão tudo consegue”.  

 

 

 

 

 

PEDRO NUNES, Cosmografo mór do Reyno sahio á luz do mundo em a Villa de Alcaçar do Sal Cidade Emperatoria no tempo dos Romanos, cujo antigo esplendor sepultado entre ruinas se restaurou com o nacimento de tão grande homem, como escreveo o insigne André de Resende lib. 2. Poemat. D. Vincent. Annot. 41. Urbs nostro tempore non admodum clara nisi civem haberet Petrum Nonium Mathematicum cumprimis nobilem. A prespicacia do juizo, e a madureza do talento lhe facilitárão a comprehenção das sciencias aplicando-se na Universidade de Lisboa as Faculdades de Filosofia, e Medecina, e recebendo nesta as insignias Doutoraes dictou aquella pelo espaço de tres annos que finalizarão em o de 1533. Ambicioso de novas sciencias aprendeo as disciplinas Mathematicas em que sahio consumado professor, sendo o primeiro Mestre que dictou Mathematica em a Universidade de Coimbra, de que se lhe pagou provisão da Cadeira a 16 de Outubro de 1544 &, e nella jubilou a 4 de Fevereiro de 1562. Desta agradavel Faculdade teve por discipulos ao Infante D. Luiz, e ao grande D. João de Castro, sobejando para immortal credito do seu magisterio estes dous Heroes, cujas açoens virtuosas, e militares venerou a Europa, e respeitou a Asia. No dia em que cingio a Coroa ElRey D. Sebastião lhe vaticinou a brevidade do seu Reinado, cujo fatal prognostico teve o seu complemento em 4 de Agosto de 1578 . Mereceo as estimaçoens das primeiras Pessoas de ambas as Jerarchias pela gravidade da  ˜ pessoa, madureza de talento, e vastidão de Litteratura. A fama do seu nome eternisarão gravissimos Escritores com os seguintes elogios. Damião de Goes Chronic. de D. Manoel Part. 1. cap. 10. ;Foy nas Artes liberaes hum dos doctos homens do seu tempo. Mariz Dial. de Var. Hist. Dial. 5. cap. 1. Famoso Mathematico, e em todas as mais artes liberaes excelente, e Dial. 5. cap. 3. O mais excellente Cosmografo que em todas as idades ouve no mundo. Faria Europ. Portug. Tom. 3.  Part. 1. cap. 1. n. 7. insigne Mathematico, e Asia Portug. Tom. 2. Part. 2. cap. 5. n. 9. el grande Pedro Nunes:  e no Index dos Author. Portug. que vimos original: diestro en las Artes liberales y en las Mathematicas sol de sus tiempos y uno de las mayores luzes de todos. Jacinto Freire Vid. de D. João de Castro liv. 1. n. 2. O mayor homem que desta profissão (Mathematica) conheceo Portugal. Petr. Alphos. de Vasconc. Harmonia Rub. Jur. Can. Part. 2. p. 104. Mathematicorum facile Princeps. And. Scot. Bib.  Hisp. p. 476. Conimbricensi Academia viguit Mathemata professus, Regibus etiam ac regiis hoc nomine carus, acceptusque. Cardoso Epistol. Epist. 19. - emicantissimum doctrinarum omnium speculum. Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. p. 178. col. 1. magnus vir.  Vasconcelos Chron. da Prov. do Brasil da Comp. de Jesus. liv. 1. cap. 14. grande Cosmografo e n. 66. doutissimo. Monçon    EspeIho do Princ. Christ. cap. 27. Uno de los mas insignes Astrologos que ha havido en las Españas.  Macedo Lusit. Purp. p. 259.  Magni nominis Mathematicus. D. Franc. Manoel na  Cart. 1.   da Cent. 4. celebre na Algebra.  e nas Epanaph. de var. hist. p. 265. insigne. Leitão Not. Chronolog. da Univers. de Coimb. p. 492. n.1054 . hum dos mais eminentes professores de Mathematica Joan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter. lit. P. n. 46. insignis Mathematicus. Pedro Barbosa Homem Jurid. y Verd. razon de Estad. p. 280.  Para lo que es dotrina nò fue poco notable en Portugal el gran Doctor Pedro Nunes como se vè de la gran luz, que a toda suerte de navegaciones vemos, que hà dado en varias obras, que della compuso; ni fue la menor gloria suya haver tenido por discipulo al Governador Castro, assi como tambien nò es poco lo que su fama puede honrar se de la confiança que para este mismo menester hizieron del los Reies, que su edad alcanço. Joan. Baptist. Capassi Histor. Philosoph. lib. 4. cap. 6. Philosophus, & Mathematicus exccellens.... multiplici doctrinarum genere quibus erat ornatus sive tot egregiis operibus editis quibus aeternam sibi famam comparavit Osorius de reb. Emman. lib. 11. Mathematicorum  Princeps. Lud. Non. Hispania cap. 34. qui illustriorem non vidit Hispania.  Joan. Fernand.  Orat. ad Princip. Ludov. At quo te crimine tacebam Petre Nune eruditissime? Putabam ne inferiorem rem medicam ista tui ingenii felicitate? Certa nulla est disciplina hominis quamlibet sublimi ingenio inferior. Rapuit te tamen divinae Matheseos amor à terris in Caelum ubi cum non sit morbis locus merito non scientiam, sed medecinae usum repudiasti. Felices animi quibus curae fuit Caelum haereditate posteris transmitere. Multos habuit antiquitas Archimedes, nostra tamen aetas uno Petro contenta est, non enim nascuntur frequenter adamantes, ut raritas in praetio sit. Quid dicam de tua in universae Matheseos divinitate omnibus numeris absoluta eruditione? D. Nicol. de Santa Maria Chron. dos Coneg. Reg. liv. 10. cap. 3. n. 1 8. Franc. de Santa Maria Diar. Portug. Tom. 2. p. 611, onde escreveo com erro palmar que Pedro Nunes fallecera a 29 de Agosto de 1615 com 73 annos pois sendo elle provido no anno de 1530 na Cadeira de Filosofia, de que não ha duvida, tinha tres annos pela conta do Padre Santa Maria no tempo que começou a dictar esta Faculdade. Falleceo este grande Varão antes do anno de 1600 ignorando-se o lugar onde descanção as sues cinzas merecedoras de hum sumptuoso Mausolo.

 

Compoz

 

De Arte, atque ratione navegandi libri duo in quorum priore tractantur pulcherrima problemata, in altero traduntur ex mathematicis disciplinis regulae, & instrumenta artis navigandi, quibus varia rerum astronomicarum phaenomena circa caelestium corporum motus explorare possumus. Conimbricae apud Antonium Mariz Univ. Typ. 1546. fol. & Basileae apud Henricum Petrum 1566. fol.m Consta o 1. livro de Problemas, e o 2. das regras, e Instrumentos Mathematicos pertencentes á Arte de Navegar. No fim estão annotaçoens ás Theoricas dos Planetas de Jorge Purbachio, e huma Illustração de varios Problemas á Mechanica de Aristoteles sobre o movimento da Náo impellida pelos remos, e hum dos livros de Oroncio Fineo Mathematico Regio de Pariz. Sahio traduzido em Francez com este titulo.

 

Traite de Pierre Nugnes sur la Navegation.Conserva-se M. S. na Bibliotheca Colbertina cod. 1494 como escreve Montfaucon.Bib. Bibliothec. M. S..Tom. 2. p. 950. Col. 1. da Impressão de Pariz 1739

 fol.

 

Annotaçoens á Mechanica de Aristoteles, e ás Theoricas dos Planetas de Purbachio com a Arte de navegar.Sahio separadamente. Conimbricae apud Antonium de Mariz 1578. fol.

 

De Crepusculis liber unus. Olyssipone apud Ludovicum Rodrigues. 1542.4. & Conimbricae apud Antonium Mariz 1571u. Sahio depois com o que desta materia escreveo Albacen Arabe antiquissimo ornado de figuras por Sebastião Fabricio. Basileae apud Henricum Petrum 1568. fol. & 1592.

 

De erratis Orontii Finei regii Mathematum Lutetiae professoris liber„unus .

Conimbricae   apud Anton. de Mariz  1546  .fol. 

 

Tratado da Sphera com a theorica do Sol, e da Lua, e o primeiro livro da Geografia de Claudio Ptolomeo Alexandrino acrecentados de muitas annotaçoens, e figuras porque mais facilmente se pódem entender. Item dous Tratados sobre a Carta de marear, em os quaes se declarão todas as principaes duvidas da navegação com as tavoas do movimento do Sol, e sua declinação, e o regimento da altura assim no meyo dia, como nos outros tempos. Lisboa ‑por Germão Galharde emprimidor(. Ao primeiro dia do mez de Dezembro de 1537 annos fol.~ Dedicou esta obra ao Serenissimo Infante D. Luiz.

 

Em aplauso delle compoz o seguinte Epigramma o insigne Poeta Jorge Coelho.

 

        Qui cupis e terris arcana incognita caeli

Noscere, & ignoto pandere vela mari.

        En tibi, qui sumum reserat sublimis Olympum;

        (Per medios fluctus hoc duce tutus eris.

        Haud mirum ingenii tot opes florere libello:

        Nobilis egregium condidit auctor opus.

Si clarum Alcidae durat per saecula nomen

Quod caelum potuit sustinuisse humeris.

        Non minor & Petri dicenda est gloria Nonni,

        Cujus mens terras, aequora, & astra capit.

 

As duvidas a que respondeo acerca da navegação, forão propostas por Martim Affonso de Sousa sobre a que tinha feito nas partes do Sul. Este grande Heroe, que foy o terror dos Malavares, e que lançou os primeiros fundamentos á Fortaleza de Dio illustre theatro por repetidas vezes das façanhas Portuguezas sucedeo no governo da India a D. Estevão da Gama, cuja gloriosa fama immortalizou no seu Poema o divino Camoens Cant. 10. Estant. 63. e seg.

 

Annotação á Sphera de João de Sacro Bosco. Sahio vertida em Latim por Elias Vineto, com o titulo

Annotatio in extrema verba Capitis de climatibus. Coloniae apud Maternum Cholinu 1566. 8. Ja tinha sahido Venetiis apud Hyeronimum Scotum „1562. 8. & ibiapud Franciscum Juntium 1565.

Desta obra faz memoria Anton. de Leão Bib. Naut.   Tit. 1.

 

Libro de Algebra, Mathematica, y Geometria.Dedicado ao Cardeal Infante D. Henrique. Antuerpia por Joan Steelfio 1567. 8.  Desta obra se lembra Possevino Bib. Select.Tom. 2. lib. 15. cap. 3.

 

Roteiro do Brasil.Desta obra o faz Author o P. Simão de VasconcellosChron. da Prov. do Brasil da Comp. de Jes.liv. 1. cap. 14.

 

ElRey D. João III. por Alvará passado em Lisboa a 27 de Setembro de 1537 lhe concedeo privilegio para poder imprimir as suas obras, assim Latinas, Portuguezas, e Castelhanas, o qual está impresso ao principio do Tratado da Sphera.Diogo de Sá no seu Tratadode Navigatione impresso em Pariz 1549. 8. e o P. DeschalesMund. Mathem.Tom. 1. Prom. deprogressu Matheseos cap. 5. pag. 48. col. 1. & 2. & cap. 9. pag. 85. col. 2. criticam algumas obras de Pedro Nunes, porém sempre durará na posteridade a merecida fama do seu nome.

 

De:

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741.