10-8-2010

 

 

José Heliodoro Corte-Real de Faria Leal (1862 - 1945)

 

 

 

Este militar [1] foi o avô paterno do capitão da minha Companhia em Angola (ver aqui e aqui), José Manuel Santos de Faria Leal, hoje General na reforma que terminou a sua carreira como Chefe da Casa Militar do Presidente da República Jorge Sampaio (1996-2006).

Esta família teve muitos militares e o próprio pai de José Heliodoro, Dr. António Justino de Faria Leal, foi oficial da Marinha de Guerra, desempenhando as funções de médico de bordo.

José Heliodoro Corte-Real de Faria Leal (foto, aqui) nasceu no Estado da Índia em 20 de Junho de 1862. Foi sua mãe, Guilhermina Augusta Corte-Real Faria Leal, que faleceu muito nova, aos 31 anos. Deu-se o acaso da má sorte, que a senhora, que nascera a 27 de Agosto de 1834 a bordo da charrua “Príncipe Real”, faleceu também no mar a bordo da corveta “Damão”, a 27 de Fevereiro de 1865. Os seus restos mortais estão na Igreja da Misericórdia da Ilha de Moçambique, sob uma lápide que tem ou teve estes versos:

 

Nasceste no mar salgado

Semente do Ocidente.

No mar salgado morreste,

Curta vida que tiveste

Flor aberta no Oriente.

 

Suponho que sem conhecer a família, o Prof. Doutor Luis Nuno Coelho Ferraz de Oliveira (1935- ), oftalmologista, inseriu no seu livro “Gólgota, poemas épicos”, acabado de imprimir a 14 de Agosto de 1985 na Tipografia Ramos, Afonso & Moita, Lda., em Lisboa, na pag. 60, um poema com o título “Donzela do mar”, sobre este caso (dedica o poema à falecida, indicando o nome, circunstâncias e datas do nascimento e do óbito):

 

 

Em que céus, em que paragens,

Que estrela te viu nascer,

Numa vela a todo o pano

Sulcando o mar oceano

Donzela que irias ser?

 

O que foste ninguém sabe,

Senão as ondas do mar

Que entre sal e amargura

Também te deram doçura

E ensinaram a amar.

 

As mesmas que te embalaram

Acabada de nascer

De ti jamais se olvidaram,

Deram a volta e voltaram

A embalar-te ao morrer.

 

Eu te proclamo imortal.

Todos te hão-de celebrar.

Ficarás daqui em diante,

Na Epopeia do Levante

Como a Donzela do Mar.

 

 

José Heliodoro enveredou como seu pai pela vida militar, tendo prestado serviço em Angola durante muitos anos.

 

As suas patentes resumem de certo modo, a sua vida:

 

Assentou praça em 11-8-1880

Alferes em 21-1-1886

Tenente em 26-12-1890

Capitão em 5-4-1900

Major – 20-6-1907

Promovido a General de Brigada e reformado em 23-7-1908

 

Para além da vida militar, foi poeta nas suas horas vagas, tendo publicado mesmo em 1904 um livrinho de poesia com o título “Algas do Mar”, Lisboa, Typographia da Cooperativa Militar, 1904.  

Por acaso, o livro encontra-se agora online na Internet, no site www.archive.org, por ter sido digitalizado pelo Google. Interessante também que uma editora americana (Nabu Press) teve este ano a ideia de reeditar o livro; está à venda na Amazon.

Transcrevo aqui uma poesia que ele dedica no livro (pag. 57) à morte prematura de sua mãe, quando ele tinha apenas três anos:

 

Adeus!

 

Fare thee well! And if for ever –

Still for ever, fare thee well –

                                   BYRON

 

 

Morreste, minha mãe! Tão nova ainda
Foram-te esquife d’uma frágil barca
          As denegridas tábuas!
Morreste sobre o mar, onde nasceras!
Se no vento e furacão juntaste, infante,
          Teus primeiros vagidos,
Quis o Destino que também na morte,
Tivesses como dobre de finados
          O som da tempestade!

Que a lágrima final, lágrima ardente,
Que verteste por mim talvez, quem sabe,

          Rolasse pelas águas!

Partimos.., e na curva superfície
Sumiu-se a terra, que te guarda os restos

          Na zona tropical

O peito, o coração, o pensamento,

Ficaram-me contigo n’essas terras,
          Donde parti sozinho,

Pobre nauta, sem bússola e sem Norte,
Sentinela isolada e sem guarida,
          Nos páramos do mundo!
Mil léguas nos separam, minha mãe,
Mas inda espero um dia no teu túmulo
          Desfolhar uma rosa!
Descança que eu irei!... E se não for
Beijar-te a campa—Adeus!... se para sempre,

          Ai! para sempre! Adeus!

 

 

Lisboa, 22 de março de 1882.
 

 

Desfolhando os poemas do livro, pela data destes, faz-se a cronologia da vida do autor, até à publicação do livro (o primeiro número indica a página):

 

15 – O poema fora publicado num jornal intitulado “A Aurora”, com o pseudónimo Júlio do Candal.

17 – Lisboa, 1880

23 – Lisboa, 3-5-1882 – Recitado na Escola Moderna em 4-5-1882

35 – Mafra, 1885

37 – Benfica, 1876

57 – Lisboa, 22-3-1882

85 – A minha mulher. Luanda, 15-5-1886

87 – À morte de minha filha, falecida em 30-5-1886. Título “Lucila”, Luanda, 1-6-1886

89 – A propósito da inauguração do caminho de ferro de Luanda a Ambaca, sem data

95 – Luanda, Junho de 1889

97 – Cidade da Praia de Cabo Verde, 9-2-1890

99 – Lisboa, Setembro de 1895

103 – Cabinda, Janeiro de 1896

105 – Cabinda, 23-1-1903

107 – S. Salvador do Congo, 26-5-1896

111- Idem, 5-5-1897

121 – Idem, 1-4-1898

125 – Idem, 21-7-1899

133 – Idem, 28-9-1899 – Posto Militar de Cuango (Na ocupação militar do Cuilo)

137 – Ao filho Vasco, falecido em 1-4-1901 (datada também de S. Salvador do Congo)

139 – A bordo do “Cabo Verde”, 1900

145 – Lisboa, 1900

151 - S. Salvador do Congo, 1902

155 – Idem, 1903

171 – Idem, 12-2-1904

183 – Gerez, Agosto de 1904

187 – Lisboa, 1904

 

Sem ser escritor, José Heliodoro C.R. de Faria Leal deixou textos com interesse sobre as suas missões:

 

"Congo Portuguez, De S. Salvador ao Rio Cuilo", in Revista Portugueza Colonial e Marítima, vol. 10, 1902, n.º 59, pags. 202-210 e n.º 60, pags. 246-261

 

"Memórias d’África", in Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa, Imprensa Nacional, Lisboa, 1914: 299-330, 343-362, 383-410; 1915:  15-30, 64-79, 113-128, 162-173, 214-231, 357-380.

 

Há dois artigos de um pastor protestante que esteve em S. Salvador do Congo que manifesta por ele elevada consideração. De facto, ele dizia e escreveu que seria muito preferível que os missionários católicos fossem casados e levassem consigo as esposas, como faziam os protestantes. Estas ajudavam-nos em casa e no trabalho pastoral, como professoras e enfermeiras, permitindo uma vida equilibrada. Por sua vez os missionários católicos de vez em quando caíam em tentações e nascia algum mulatito fruto do pecado que não conseguiam esconder.

  

Lewis Thomas, The Ancient Kingdom of Kongo: Its Present Position and Possibilities, The Geographical Journal, Vol. 19, No. 5 (May, 1902), pp. 541-558

 

Lewis Thomas, The Old Kingdom of Kongo, The Geographical Journal, Vol. 31, No. 6 (Jun., 1908), pp. 589-611

Deste artigo, cito, de pags. 610:

"Especially would I acknowledge the valuable services rendered to the natives of Kongo by Major J. Heliodoro de Faria Leal, who has acted as the Government representative at San Salvador for many years.”

  

As "Memórias d'África" de Faria Leal, são citadas pelos que estudam a história do Congo.

O autor que mais atrevidamente critica Faria Leal, mas que também é quem mais o cita,  é  René Pélissier, História das campanhas de Angola, Resistência e Revoltas, 1845 - 1941, 2 vols., trad. de Manuel Ruas, Editorial Estampa, 1986.

Qualifica-o de anti-clerical, por ele atacar o celibato dos padres católicos, preferindo a acção missionária dos pastores protestantes que viviam pacificamente com as esposas nas missões, sem a tentação de se meterem com as pretas. Mas, na altura, já a Inquisição tinha acabado há muito tempo e a opinião era livre.

 

Pela vida fora, José Heliodoro foi escrevendo poesia.

Começou logo aos 18 anos, quando lhe publicaram num folheto este soneto:

 

Soneto de José Heliodoro de Faria Leal

        10 de Julho de 1879

comparando Bocage a Camões

       no Museu Ilustrado do Porto

 

Elmano! Elmano! Quem te deu a lyra

Deu-te também o sofrimento e a dor

Como Camões, o Imortal Cantor,

Tiveste o génio, que o poeta inspira!

 

Da pátria ingrata sustentaste a ira,

Cantando aos immortaes, cantando amor!

E em guerra com Neptuno ao seu furor,

Roubaste os versos que o talento admira!

 

Camões foi grande no soffrer e amar!

Camões é imortal, fê-lo o seu canto,

A obra mais sublime de talento!

 

Tu, Bocage, és-lhe igual no solfear!

Como Camões na dor soffreste tanto!

És immortal como ele, és um portento!

 

Braga, 10 de Junho de 1880.

 

 

Ainda em 1902, publicou um poemeto com o título Amor de Perdição, com 24 páginas, de que transcrevo a dedicatória – introdução e a primeira parte:

Dedicado a Fernando d’Almeida Reis, com a seguinte nota:

 

Dedico-te este pequeno poemeto cujas 1.ª, 2.ª e 4.ª partes talvez ainda conheças dos nossos tempos de estudantes, em que foram feitas.

Juntei-lhe a 3.ª parte, feita agora, mais de vinte anos depois das outras, como uma distracção à insipidez da vida d’um soldado, que tem longos anos consumidos nos sertões d’África.

S. Salvador do Congo, 1902.

Faria Leal.

 

 

AMOR E PERDIÇÃO

 

I

Conheci uma jovem, que fora a louca amante

                     d’um médico elegante

rapaz dos seus trinta anos, moreno, d’olhos negros,

e ficara enleada nos fios abundantes

                     dos seus cabelos pretos!

Por ele desprezara n’um êxtase d’amor

o velho pai honrado, partindo descuidada

nos braços do amante, n’uma hora alucinada!

Ovelha inconsciente, que fugindo ao redil

                     do cuidadoso guarda

Não logra a liberdade, mas cai na garra vil

da traiçoeira fera que tal momento aguarda!

Assim foi que trocando do lar sereno e puro

as carícias paternas por novo estranho amor

                     deixou no tecto amigo

a honra, os pensamentos, parte do coração

e foi louca lançar-se n’um mundo d’ilusão!

…………………………………………………………………….

Ele amou-a também, enquanto o não saciaram

                     as noites sensuais!

Depois de aborrecido dos seus cabelos d’ouro,

depois de haver calcado mais íntimos afectos,

                     que a jovem lhe ofertara,

                     de a haver tornado mãe,

abriu-lhe as portas da casa, onde a gozara ileso,

                     sorrindo com desdém!

                     - Além o lupanar! –

- Ide vender a outros afectos que eu desprezo!

A pobre criancinha, transida de terror,

o fruto inconsciente daquele traído amor,

                     não abalou sequer

o peito à piedade! Que fera humana aquela

lançando na voragem o filho e a mulher

                     à lama da viela!

 

 

A triste, soluçando, tendo o filhinho ao peito

saiu, banhada em pranto, lançando-lhe o perdão

e foi, por entre as sombras da noite, que descia,

buscar um tecto amigo, mas procurou em vão!

 

Olhou os transeuntes… quis estender a mão…

Sustém-na vão receio, vislumbres de vaidade!

Desceu a negra fome sobre ela e a criança,

venceu o amor de mãe e implora a caridade!

 

A primeira moeda nas mãos acetinadas

causou-lhe a dor aguda da brasa incandescente

e caiu-lhe dos dedos, convulsos e nervosos,

indo juntar o som ao choro do inocente!

 

E quis tentar de novo, de novo estende a mão…

mas deram-lhe em resposta “trabalha preguiçosa”.

Os grupos de rapazes, vadios sem ofício,

passando, lhe diziam – vende-te que és formosa! –

 

Não pôde mais, em breve prostrou-a o sofrimento

e foi, ardendo em febre, nos degraus d’uma escada

dar de mamar ao filho; chegou-lhe os níveos pomos;

pegou-lhes a criança… sugou… sugou… mas nada!

 

Secara-se-lhe o leite… terrivelmente a febre

decerto vinha em breve roubar-lhe a criancinha!

Lembrou-lhe o meio extremo: - pedir as vitualhas

do palácio paterno, dos servos da cozinha!

 

Perante o amor materno fenece o duro orgulho!

Chorava-lhe o filhinho, quebrava-se a vaidade!

No rico, milionário, no pobre mendicante

buscara em vão amparo, pedindo a caridade!

 

 

E foi por entre as sombras da noite, protectora

                     de vergonhas e dor,

implorar o auxílio d’aquele a quem manchara

                     o não selado amor!

Levava nos seus braços a prova do seu crime!

As dores do inocente são o pesar que oprime

                     o coração de mãe,

porque a dor do filhinho, mais forte, duplicada,

                     pertence-lhe também!

Implorava por ele, que a pobre desgraçada

se não fora essa missão, que inda a sustinha à terra,

deixaria, sorrindo, quando este mundo encerra

                     por outra melhor sorte!

Não teria hesitado sequer por um momento

                     entre a vida e a morte!

A vida é, sem amor, sem crença nem esperança

o verdadeiro inferno! Satan que jamais cansa!

Ia salvar a vida do seu anjinho louro

e talvez lhe chamassem a prostituta vil,

e talvez atirassem algum punhado d’ouro

                     às faces da criança,

o fruto desprezível, o seu único tesouro!

                     Chegou enfim; parou

Deixando imerso em dor

Aquele honrado velho, chorando d’agonia!

E memórias saudosas dos dias de inocência,

                     em turbilhão confuso,

vieram perpassar-lhe no espelho do Remorso,

acusá-la da paz, roubada ao lar doméstico!

Na febre do delírio julgou voltar de novo

às tardes em que, pura, sorrindo encantadora

osculava, tão meiga, na fronte veneranda

                     o pai, que tanto a amara!

E via agora o velho, carpindo a Desventura,

arrancar os cabelos à branca e longa barba

e de dextra estendida sobre essa filha impura

escapar-lhe dos lábios, sem cor e ressequidos

                     tremenda maldição!

                     E via a querida mãe

aquele arcanjo belo, que a amamentara infante,

renegando-a também

no seu adeus tremendo, baixar à sepultura!

……………………………………………………………

 

Entrou por entre o grupo dos serviçais absortos!

E, dos velhos criados, com quem brincara outr’ora,

quando a levavam a ver os laranjais e a nora

                     sentia agora medo!

E semi-morta, louca, prostrada de fadiga,

escondendo o filhinho nos peitos sem calor

foi cair, já sem forças – estátua do Terror –

                     no meio do lajedo!

Levaram-na a seu pai e o velho, desonrado,

                     o pai da prostituta

sentiu subir-lhe ao rosto o sangue do soldado

e desviando o olhar do louro inocentinho!

                     mas firme e resoluto,

comprimindo em seu peito um sentimento oculto,

aponta para a porta o dedo descarnado!

 

 

Num folheto de oito páginas impresso em Benguela em 1932, intitulado Romance de Auzenda, oito sonetos com os títulos Auzenda Adolescente, Auzenda Adormecida, O Despertar de Auzenda, O Banho de Auzenda, Auzenda Enamorada, Auzenda Desiludida, Morte de Auzenda, Auzenda Morta. Transcrevo dois dos sonetos:

 

Auzenda Adolescente

 

Ó minha linda Auzenda, quem me dera

A tua mocidade sorridente!

Cantas alegre, avezita contente,

Em quente ninho, em plena primavera!

 

Tens afagos da mãe, doce e sincera,

Amante, carinhosa e complacente

Que, inda mais do que tu, tua dor sente…

Que um teu pesar seu peito dilacera!

 

És já quase mulher! Rosa entreabrindo

Ao sol d’amor tua corola altiva!

Inocente, gentil, meiga sorrindo,

 

Branca, rosada aveludada e viva!

És uma flor exótica surgindo

Por entre flores num jardim cativa!

 

 

 

Morte de Auzenda

 

Branca!  tão branca! Auzenda está deitada

Parece um pobre lírio em seu alvor!

Fugiu-lhe ao rosto a carminada cor…

Figura Vénus em mármore talhada!

 

Triste fim d’uma rutila alvorada

Morrer tão nova, sucumbindo à dor,

E não ter quem lhe aqueça no estertor

A beijo amante a mão enregelada!

 

Auzenda vai morrer… suspira ainda!

De seus lábios um nome se desprende…

Última nota de saudade infinda!

 

Os braços à visão hirtos estende;

E no esforço essa cabeça linda

Sobre a branca almofada abate e pende!

 

Também se encontra na Biblioteca Nacional o texto de uma conferência por ele proferida em Benguela em 1933, com um estilo interessante, da qual transcrevo alguns parágrafos:

 

“Há cincoenta anos poucas eram as senhoras brancas, que se encontravam em Luanda, e essas mesmo não se atreviam a sair à rua, de dia, senão sentadas nas machilas, com o seu toldo de lona, cortinas corridas, por causa do sol e um pouco por snobisme.

Como talvez muitas pessoas, que têm a amabilidade de me escutar, nunca tivessem visto uma machila, explicarei o que era esse meio de transporte, benemérito antecessor da carruagem e do automóvel.

Nesse tempo só havia um landau, puxado por uma parelha de mulas, para serviço privativo do Governador Geral, nesses tempos, quase sempre oficial de marinha.

Todo o funcionalismo andava de machila, a benemérita machila, que nos resguardava do sol e pouco nos defendia da chuva; era formada por um assento de madeira sobre o comprido para se poderem estender as pernas, com costas e braços, suspenso por cordas a uns ganchos que se prendiam a um bordão. Sobre este, que servia para a condução por dois carregadores (munangambas), corria um toldo de lona ou oleado, guarnecido de ripas de madeira, donde pendiam cortinas, geralmente de cretone em ramagem bizarra.

Aí seguia o padecente o curso das suas visitas, carregado por dois pretos, de tanga. “

 

De: “Benguela antiga e moderna”, Conferência realizada no Palácio do Comércio, Indústria e Agricultura de Benguela. Folheto de 14 páginas, datado de 14-10-1933.

 

Entre os seus filhos, refiro António de Faria Leal que nasceu em 13 de Junho de 1909. Faleceu agora em 10 de Agosto de 2010. Era Oficial do Exército e em Caxias criou quatro filhos, entre os quais o Tenente General José Manuel Santos de Faria Leal, nascido a 16 de Dezembro de 1936.

Quando perfez 100 anos, tinha 11 netos, 21 bisnetos e 3 trinetos.

(Jornal da Região de Oeiras, pag. 6, Série II Edição nº 182 Ano XIII, 7 a 13 Julho 09)

 

Outro dos filhos foi Luis Carlos de Faria Leal, também oficial do Exército, mas que desempenhou papéis importantes na política e no futebol.

Em 1911 e 1912 era Alferes de Artilharia no Norte de Angola, em missão junto de seu pai.

Foi um dos fundadores do Sport Lisboa e Benfica (era o sócio n.º 4), sendo uma figura muito representativa na sua época. Presidiu às gerências do Benfica de 1906 a 1908 e à Comissão Desportiva, nesses anos, exercendo a função de delegado na Liga de Futebol.

Foi o organizador dos Torneios Atléticos em Benfica. A sua segunda eleição para presidente da Direcção teve lugar em 15 de Setembro de 1907, ao lado de António Freire Sobral, que ficou a presidir à Assembleia Geral.

Em 1915 viu-se obrigado a interromper a sua actividade no clube, devido a ter sido integrado como oficial no Exército no Corpo Expedicionário ao Sul de Angola.

Em 1921 foi eleito primeiro-secretário da Direcção, mas logo a seguir foi nomeado Governador Civil de Santarém.

 

José Heliodoro Corte-Real de Faria Leal faleceu em Benguela, onde está sepultado, em 1945.

ADENDA - 8-07-2015 - O seu neto, General José Manuel Santos de Faria Leal, faleceu ontem, dia 7 de Julho de 2015.

 

 

 

NOTAS:

[1] Este texto não se preocupa com a genealogia da família. Limita-se a algumas notas biográficas do General José Heliodoro, com breves referências a seus filhos António e Luis Carlos e a seu neto José Manuel dos Santos Faria Leal.

[2] Luis Nuno Ferraz de Oliveira nasceu em 1935, no Teixoso, na encosta da Serra da Estrela, próximo da Covilhã. Aluno no Liceu de Nun'Álvares, em Castelo Branco, cursou medicina na Universidade de Coimbra, vindo a licenciar-se em Lisboa, em 1961. Fez os estudos de pós graduação em Oftalmologia nas Universidades de Londres e de Nova Iorque. É doutorado pelas Universidades de Londres e Clássica de Lisboa. Co-fundador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa de que foi Director desde 1981, regeu nela, como professor catedrático, as cadeiras de Oftalmologia e de História da Medicina. Transcrito daqui.

ADENDA: Uma louvável iniciativa deste médico e professor foi ter promovido a publicação na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova, que dirigia, da tradução das sete Centúrias de Amato Lusitano, feita por Firmino Crespo (29-05-1907 - 22-05-1995). A obra, há muito esgotada, foi reeditada em Dezembro de 2010 em dois volumes pela Ordem dos Médicos - ISBN 978-989-97011-0-6.