12-2-2001
A MINHA IDA À TROPA
| Fui chamado para a tropa em 13 de Setembro de 1964 e fui assentar
      praça em Mafra. A recruta e a especialidade foram longas e duras, só
      terminaram no início de Abril do ano seguinte. Na Escola Prática de
      Infantaria, a água escorria pelas paredes do velho convento e tremia-se
      de frio, apesar de andarmos com o pijama de flanela por dentro do fato de
      combate. Tínhamos 7 horas de instrução diária a que se somava instrução
      nocturna duas noites por semana. Havia ainda, por vezes, 
      cinema de instrução no fim da tarde, em que eu dormia do primeiro
      ao último minuto. A comida não era grande coisa e eu não tinha dinheiro
      para jantar fora todos os dias (o jantar custava 30$00 no Frederico).
      Apesar disso, engordei 6 quilos em Mafra, pois fui para lá quase “tísico”,
      com 56 kg..   | 
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 |  No fim da especialidade (atirador), ofereci-me para os Comandos. 
	Não que tivesse alguma vocação guerreira, mas apenas porque o curso seria em 
	Angola, onde estavam há anos os meus pais e os meus irmãos. Embarquei para 
	Luanda no “Vera Cruz” (que mais tarde também me trouxe de volta em Agosto de 
	1967) a 28 de Maio de 1965. Lá andei mês e meio no curso de Comandos, até 
	quando me mandaram embora “por não ter jeito para a guerra”. Mas não me 
	mandaram para o Puto. Fui recompletar a Companhia de Artilharia n.º 1406 do 
	Batalhão n.º 1852, substituindo um camarada, que não conheci, que tinha 
	falsificado as habilitações literárias, para ser oficial. A Companhia era 
	comandada pelo Capitão José Manuel Faria Leal, hoje General e que foi Chefe 
	da Casa Militar de Sua Ex.ª o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio. 
	Estávamos no Luvo (ver
	
	fotos), na fronteira Norte, junto do Congo. Ali estivemos sem muita 
	agitação, mas em grande isolamento, até ao início de 1967, data em que 
	viemos para Sul. A seguir, eu e o meu Pelotão estivemos ainda em Calulo e na 
	Gamba, concelho de Vila General Machado (ou Camacupa). | |
| Não me dei muito mal na tropa, embora a abandonasse sem
      quaisquer saudades. Tive de me esforçar para impor respeito aos 28 homens
      do Pelotão, com a minha cara de menino, que, aliás, só me abandonou já
      perto dos cinquenta, quando fiquei com cara de velho.   
 Foto ao lado: Em frente da Messe de Oficiais no Luvo. Éramos privilegiados, por termos uma casa de pedra e cal, ao contrário dos oficiais das outras companhias, que estavam em barracões cobertos de zinco, tal como os nossos furriéis e soldados. | 
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No Bar, em S. Salvador onde íamos ao reabastecimento, com o Furriel Lopes, do Pelotão do Cabrita..
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No Café que construímos no Luvo (para todos, oficiais, sargentos e praças). Da esquerda para a direita: eu (a acender o cigarro), o Cabrita, o Dr. Saúl Figueira, o Capitão Faria Leal, o Dr. Trindade e o Capitão Moniz, comandante da Companhia da Magina.
Falecidos: General Faria Leal † 7-7-2015; Major Moniz † 30-8-2006; Dr. Saúl Figueira † 22-4-2017; Dr. Trindade: † Ignoro a data.
Cronologia da comissão de serviço em Angola, ver aqui.