16-09-2008

 

António Nunes Ribeiro Sanches

(1699 - 1783)

 

 

PORTUGAL

 

António Nunes Ribeiro Sanches nasceu em Penamacor em 7 de Março de 1699, filho de Simão Nunes, sapateiro e comerciante e de Ana Nunes Ribeiro. Era o filho mais velho de uma família de cristãos novos, isto é, descendentes de judeus que tinham sido obrigado a converter-se e baptizar-se nos finais do século XV. A grande maioria deles não tinha quaisquer convicções judaicas, mas, quando presos pela Inquisição, tinham mesmo de dizer que as tinham se queriam escapar ao tormento e até à fogueira; a seguir, eram obrigados a denunciar umas dezenas de familiares como preço da sua libertação. Também ele foi baptizado logo no dia 17 do mês do nascimento.

Seus pais deveriam ter alguns meios de fortuna, pelo menos suficientes para o enviar para a Universidade e também sustentar a numerosa família. Na Inquisição, o seu tio, Dr. Diogo Nunes Ribeiro, chamou ao pai Simão Nunes o “Flamengo”, ignorando-se o motivo. Teve sete irmãos, Maria, Isabel, Guiomar e ainda Diogo (nascido a 9-5-1710), Manuel (9-1-1713), José (8-1-1718) e Theodosia (29-3-1720).

Seu pai foi condenado pela Inquisição (Pr. n.º 7906), onde se apresentara, num processo muito célere em 1 de Junho de 1715.

Naquele tempo, as famílias dos cristãos novos eram muito numerosas. Também a ascendência de Ribeiro Sanches era muito extensa, tanto do lado do pai, como do lado da mãe. O seu biógrafo Maximiano Lemos deu mais relevo à família do lado do pai, inserindo a árvore genealógica no seu livro. Constata-se, porém, que ele dava mais relevo e tinha mais relações com a família da mãe e é ele próprio que num manuscrito, transcrito por Faustino Cordeiro, nos dá a árvore da linha materna; embora correcta, tem alguns nomes trocados. Maximiano Lemos também a referiu depois no artigo “Amigos de Ribeiro Sanches”, mas com erros. A consulta de alguns processos da Inquisição permite refazer essa árvore genealógica, corrigindo os erros de Lemos e os lapsos de Sanches (Anexo 1). É o próprio Ribeiro Sanches a dizer que, depois de começar a escola, deixou de frequentar a casa do pai, a não ser em visitas curtas de poucos dias.

A pecha de ser considerado cristão novo era realmente difícil de suportar, como o revela um conhecido texto de Ribeiro Sanches (Anexo 2). Mais cedo ou mais tarde, acabavam por cair nas garras da Inquisição que na época fez autênticas razias na família chegada dele, seja do lado paterno, seja do lado materno. 

Diz-nos ele que aos 13 anos concluiu a escola latina, não sabemos onde; tinha já também aprendido a ler em castelhano, porque pediu emprestado a um amigo, o Dr. Fr. Taborda Nogueira, Los libros de la guerra de los judios de Flavio Josefo. Aliás, ele mesmo o diz na carta autobiográfica que escreveu a Barbosa Machado. Seu pai mandou-o depois para a Guarda aprender a tocar cítara e aí relacionou-se com um homem de idade que lhe emprestou muitos livros, entre eles, a história de El-Rei D. Manuel de Damião de Góis.

Aos 16 anos foi para a Universidade de Coimbra, onde frequentou o Colégio das Artes. Conservava uma óptima recordação do seu professor de filosofia, o jesuíta P.e Manuel Baptista e também de alguns condiscípulos, mais tarde também Padres jesuítas, como, por exemplo, o P.e Policarpo de Sousa, Bispo de Pequim, com quem se correspondeu. Por um seu parente era aconselhado a seguir direito, mas prevaleceu o conselho de seu tio, irmão de sua mãe, o Dr. Diogo Nunes Ribeiro, que o fez inclinar-se a seguir medicina.

Nas férias do segundo ano, foi passar férias a Tomar a casa de um parente do pai, que o elucidou sobre a Inquisição e lhe emprestou o Epítome de las Historias portuguesas, de Manuel de Faria e Sousa. Por essa altura, começou a duvidar da fé católica e a interessar-se pela doutrina da religião judaica; mas viveu até aos 23 anos na religião católica.

Entretanto, o ambiente da Universidade de Coimbra não o satisfazia. Os estudantes eram indisciplinados, faltavam às aulas e houve mesmo bandos de criminosos, como os do famigerado “Rancho da Carqueja”, que assaltavam as casas e as mulheres. Decidiu então partir para Salamanca onde se matriculou em 28 de Novembro de 1720.

Sentia-se bem em Salamanca, onde ninguém suspeitava que ele era cristão novo, tanto assim que, no final do curso, um professor o convidou a ficar como assistente, lugar reservado aos cristãos velhos.

Durante o tempo do curso, passava as férias na Guarda, e também praticava medicina com um amigo, o Dr. Bernardo Lopes de Pinho, passando depois por Penamacor para “tomar a bênção” de seus pais.

Concluiu o curso em 5 de Abril de 1724. Foi exercer medicina para Benavente, donde foi a Lisboa visitar seu tio e família. Diogo Nunes Ribeiro já havia estado na Inquisição (Pr. n.º 2367), cerca de vinte anos atrás, e contou-lhe o que ali tinha padecido. Ribeiro Sanches foi sobretudo doutrinado na fé judaica por Teresa Eugénia de Sequeira (Pr. n.ºs 2987 e 2987-1), irmã da esposa de seu tio.

Em Benavente, não pode ter tido uma nomeação oficial como médico, que era reservada aos cristãos velhos. Como mera hipótese, pode aventar-se que tenha tido algum desentendimento com um seu primo distante, Manuel Nunes Sanches (a avó deste era prima direita do pai de Ribeiro Sanches), cirurgião e estanqueiro, estabelecido em Vila Franca de Xira, que em 29 de Outubro de 1726, o denunciou à Inquisição (processo n.º 8256, de Lisboa) declarando que cerca de quatro anos antes, na vila de Manteigas, “se achou com seu parente António Ribeiro Sanches, cristão novo, médico, solteiro, não sabe o nome dos Pais, natural de Penamacor, e de presente morador em Benavente, (............) estando ambos sós, entre práticas que tiveram, não se lembra sobre que motivo, se declararam e deram conta como criam, e viviam na lei de Moisés para salvação de suas almas, e não passaram mais” (Imagens n.ºs 29 e 30). Tempos mais tarde, fez mais uma denúncia relativa a um encontro havido na Guarda, com o médico e uma tia deste, Leonor Mendes (Imagens n.ºs 90 e 91).

Este facto deve ter chegado aos ouvidos de Ribeiro Sanches, porque este decidiu rapidamente partir para o estrangeiro o que fez logo em Novembro ou Dezembro de 1726. Tinha mesmo de o fazer, pois daquela denúncia resultaria certamente um mandado de prisão emitido pelo Santo Ofício. Entendo que não têm razão os que defendem que Ribeiro Sanches partiu de Portugal, sobretudo para aperfeiçoar os seus conhecimentos de medicina. As datas dos acontecimentos e o terror que ele toda a vida demonstrou quando se falava da Inquisição, são bem significativos.

Diz o Dr. Andry na biografia que escreveu: ”M. Sanchès, même dans ses derniers années, parloit avec toute l’action, tout le feu d’un homme de 30 ans, quand la conversation rouloit sur certaines matières; il suffisoit de nommer l’Inquisition pour monter sa vivacité. Témoin des malheurs et même des supplices que le Tribunal des Inquisiteurs avoit fait éprouver à quelques uns de ses amis et de ses parens, malgré la régularité de leur conduite, et la pureté de leur foi, il en gardoit un souvenir ineffaçable, et un ressentiment éternel. On trouve parmi ses manuscrits un petit ouvrage intitulé: Pensées sur l’Inquisition: pour mon usage. »

Diz António Rosa Mendes na sua tese que Ribeiro Sanches deverá ter ido de Lisboa a Génova por via marítima; terá frequentado por alguns meses a Universidade de Pisa, visitou Montpellier e seguiu depois para Londres. Em Londres circuncidou-se, do que se arrependeu logo a seguir, por começar a ter dúvidas sobre a fé judaica.

De Londres, partiu com seu irmão Manuel Marcel Sanches (de Marcelo, nome de crisma, e não Marçal como alguns referem), que ali fora ter com ele. Dirigiu-se para Bordéus, Liorne e voltou a Bordéus (em 1729, diz ele). Daí partiu para Leiden (via Londres), acompanhando o filho (seu aluno) de uma família judia que o havia acolhido, descendente da de Solis, queimado em Lisboa pela Inquisição (1631).  Seu irmão Manuel ficou em Paris a estudar Cirurgia.

Em Leiden, vivia com fama de Judeu, mas diz não ter participado em nenhuma cerimónia judaica, depois que saiu de Itália. Porém, não ia à missa, com medo de perder o apoio financeiro dos judeus que o sustentavam a ele e ao seu discípulo. Confessou, porém, a D. Luis da Cunha, representante de Portugal em Haia, de quem se tornou amigo, os seus sentimentos cristãos. Escreveu ele mais tarde que “tinha sido destinado, desde o nascimento, a ser considerado pelos Cristãos como Judeu, e pelos Judeus como Cristão”. O seu discípulo converteu-se ao cristianismo e baptizou-se.

D. Luis da Cunha (autor, mais tarde, do Testamento Político), fez uma tentativa algo desajeitada em favor de Ribeiro Sanches: propôs em carta de 6 de Julho de 1730 ao Cardeal Mota (João da Mota e Silva, ministro de D. João V) que lhe fosse dado um lugar na Universidade para ensinar Medicina, pois ele estava arrependido “de se ter feito judeu”. Quando a proposta foi rejeitada diplomaticamente, pediu a Sanches que redigisse um projecto de reforma dos estudos médicos, o que este fez e lhe entregou para ser remetido a Lisboa. Mais tarde Sanches remeteu uma cópia do mesmo documento ao Dr. Sampaio Valadares com carta de 20 de Março de 1735, onde lhe chama “Plano de reforma do ensino médico português”. O texto perdeu-se, mas Sanches deverá ter repetido o seu conteúdo no “Método para aprender e estudar a medicina”, escrito em 1761 e impresso em Paris em 1763.

Matriculara-se na Universidade de Leiden em 12 de Abril de 1730 e ficou feliz em receber os ensinamentos dos professores Bernhard Siegfried Albinus (1697-1770), Hieronymus David Gaubius (1705 – 1780) e sobretudo de Herman Boerhaave (1668-1738).  Este tinha por ele grande consideração, tanto assim que, quando, de Moscovo, lhe pediram da Corte três médicos, Ribeiro Sanches foi um dos escolhidos.

 

RÚSSIA

 

Chegou à Rússia em Outubro de 1731 e foi nomeado Médico do Senado e da Cidade de Moscovo. Estava encarregado de instruir os barbeiros-cirurgiões, as parteiras e os farmacêuticos. Depois, em 1734,  foi transferido para os serviços do Exército.  Em 1735, estava com o exército em Novo-Pavlovsk.

Datam dos primeiros anos da sua estadia na Rússia as três cartas dirigidas ao Dr. Manuel Pacheco de Sampaio Valadares (1673-1737), datadas de 18-1-1733, 20 de Março de 1735 e 15 de Julho de 1735 (esta última muito volumosa), publicadas e anotadas por Maximiano Lemos. São cartas autobiográficas, onde se sente a saudade da pátria e em que o autor sonha ainda com a possibilidade do seu regresso. O destinatário não pôde certamente ajudá-lo até porque faleceu logo a seguir em 1 de Março de 1737. Na última carta, diz que a correspondência lhe deve ser endereçada como “Monsieur Antonio Ribeiro Sanches, Docteur en médecine au service de Sa Magesté Impérialle de toutes les Russies à St. Peterburg”. Já se encontraria nesta altura então na capital do Império, onde desempenhava as funções de médico do Corpo de Cadetes, um colégio militar para a nobreza russa.

Escreveu também a primeira versão do seu texto sobre as denominações “cristãos velhos” e “cristãos novos”, por cuja extinção apelava. O texto circulou em cópias em Portugal e teve depois o título completo de “Origem da denominação de Cristão Velho, e Cristão Novo, em Portugal, e as causas da continuação destes nomes, como também da cegueira judaica: como método para se extinguir em poucos anos esta diferença entre os mesmos súbditos, e cegueira judaica; tudo para aumento da Religião Católica e utilidade do Estado”. É impossível de confirmar, mas quem sabe se teve influência na Lei do Marquês de Pombal de 25 de Maio de 1773?  

Nesta altura deverá ter ingressado na Academia das Ciências de Petersburgo e conseguiu que esta enviasse um presente de livros à Academia Real de História de Lisboa, que aqui chegaram em Julho de 1736. Em 1 de Novembro do mesmo ano, a Academia de Lisboa retribuiu com a oferta de 45 tomos.

Em 3 de Março de 1740, foi nomeado médico da Corte e pouco depois segundo médico da Regente Ana Léopoldovna e do jovem Imperador Joannn Antonovič. As suas qualidade de bom médico eram muito apreciadas na Corte. Em 1741, uma revolta interna depôs Joann VI e Ana Leopoldovna e o trono foi ocupado por Isabel Petrovna, filha de Pedro o Grande, da qual Sanches foi também médico.

Em 1744, curou Catarina II, na altura com 15 anos e noiva do príncipe Pedro Feodorovič; esta refere o facto com gratidão nas suas memórias (pag. 12).

Em 1747, invocando problemas de saúde, Ribeiro Sanches pede a sua demissão. A Imperatriz Isabel Petrovna honrou-o com um certificado de bons serviços datado de 4 de Setembro de 1747.  A Academia Imperial das Ciências nomeou-o membro honorário com uma remuneração de 200 rublos anuais.

Pode dizer-se que Ribeiro Sanches partiu à pressa de Petersburgo. Em Berlim, em 18 de Novembro de 1747,  escreveu a Albrecht von Haller (1708 – 1777) a carta que transcrevo (Anexo 3), manuscrito conservado na The Waller Manuscript Collection da Universidade de Uppsala, com a cota espt-00118, online aqui.

 

FRANÇA

 

Já instalado em Paris, teve o desgosto de se ver excluído da Academia Russa, sendo-lhe suspenso o pagamento da pensão. Chegara aos ouvidos da Imperatriz, a qual era anti-semita militante, que ele era judeu de nascimento e praticante e por isso quis puni-lo. Foi o Presidente da Academia, K. G. Razumovskij que em Janeiro de 1749 informou Sanches desta decisão. Sanches pediu-lhe explicações, e foi-lhe dito que os membros da Academia teriam de ser bons cristãos. Mais tarde soube-se que um colega irlandês Henry Smith, numa discussão, o acusara publicamente de ser judeu praticante, por o haver visto na Sinagoga de Amesterdão. Terá nessa altura também que Ribeiro Sanches decidiu abandonar a Rússia.

A Imperatriz morreu em 25 de Dezembro de 1761 e, uma semana depois, o Conde Razumovskij enviou à Academia um memorando sobre o restabelecimento dos direitos de Sanches.  Esta iniciativa, no reinado de Pedro III, não teve sequência. Catarina II subiu ao trono em 29 de Junho de 1762 e em 12 de Novembro desse ano estabeleceu para Sanches uma pensão anual e vitalícia de mil rublos “parce qu’il m’a sauvée, avec l’aide de Dieu, de la mort”. Mas não lhe foi restituído o título de membro da Academia.

Ribeiro Sanches ficou conhecido na Rússia. Ali foi publicada a sua “Memória sobre os banhos de vapor russos”, em que ele estudou em detalhe os benefícios daquela prática para a saúde (Anexo 4).

No fim de 1747 ou primeiras semanas de 1748, Ribeiro Sanches está em Paris para ficar. Ali encontrou o seu amigo D. Luis da Cunha, Embaixador de Portugal, que escrevia então o seu Testamento Político. António Rosa Mendes aventa a hipótese de o diplomata ter trocado ideias com Sanches sobre as matérias daquele texto. E, realmente, um dos temas desenvolvidos no Testamento, é a distinção entre cristãos velhos e cristãos novos.

D. Luis da Cunha faleceu em 9 de Outubro de 1749; como representante de Portugal, sucedeu-lhe Gonçalo Manuel Galvão de Lacerda que também se mostrou amigo de Sanches. Remeteu ele ao Governo de Lisboa uma carta escrita por Ribeiro Sanches acompanhando uma obra que viria a ser o Tratado da Conservação da Saúde dos Povos, solicitando um abono para a sua publicação. O pedido não teve acolhimento e acabou por ser Sanches a suportar as despesas da publicação em Paris, em 1756. No ano imediato, foi copiada e publicada em Lisboa, sem autorização do autor, o que não deixou de lhe trazer prejuízo. O título completo é: Tratado da Conservação da Saúde dos Povos: Obra útil e, igualmente, necessária aos Magistrados, Capitães Generais, Capitães de Mar e Guerra, Prelados, Abadessas, Médicos e Pais de Famílias: Com um Apêndice: Considerações sobre os Terramotos, com a notícia dos mais consideráveis, de que faz menção a História, e dos últimos que se sentiram na Europa desde o I de Novembro 1755. 

Entretanto, o Marquês de Pombal, recém-empossado Secretário de Estado, nomeou para a pasta dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, D. Luis da Cunha Manuel, sobrinho do falecido embaixador em Paris. Ribeiro Sanches escreve-lhe e propõe-se continuar a escrever sobre assuntos que reputa de interesse para Portugal, adiantando que se tem dedicado ao estudo da “Educação Política em geral”. 

A proposta de Sanches foi acolhida e foi-lhe pedido através do novo representante em Paris, desde finais de 1757, Mons. Pedro da Costa de Almeida Salema, que sugerisse um Método para o ensino da medicina em Portugal.  Logo a 26 de Junho de 1758, apresenta um primeiro esboço. Foi este acolhido favoravelmente, tanto assim que lhe foi estabelecida por Lisboa uma pensão anual de 360$000 rs. Começou a ser paga em Setembro de 1759 por trimestres, mas foi suprimida a 1 de Julho de 1761, por um período bem longo de oito anos, só sendo reposta em Abril de 1769, sem nunca chegar a receber os atrasados, ou os “caídos”, como ele dizia.

Antes ainda de se dedicar à redacção do “Método para aprender e estudar a medicina” ocupou-se em terminar um texto que iniciara vários anos atrás: as Cartas sobre a educação da mocidade.  O título é enganador. Ele sabia que em 1734, Martinho de Mendonça e Pina e Proença, havia publicado os “Apontamentos para a educação de um menino nobre”. As suas preocupações eram diferentes e centravam-se na tal “Educação política em geral”.  Mons. Salema enviou o texto para a Corte em 7 de Janeiro de 1760.

Na mesma altura, escreveu prefácio, introdução e notas para uma edição das obras de Camões, publicada por Pierre Gendron, um livreiro de Paris.

Entretanto, também rapidamente concluiu o Método para o estudo da medicina, que ficou pronto em 26 de Março de 1761; em 17 de Julho seguinte acrescentou-lhe os Apontamentos para fundar-se uma Universidade Real na cidade do Reino que se achasse mais conveniente.

Há que apresentar agora dois personagens de caracteres bem diferentes, mas que em comum tinham o desejo profundo de aprender, investigar e conhecer, e foram cientistas de mérito, embora à medida do País donde provinham; ambos gozaram da amizade e favores de Ribeiro Sanches. Foram eles José Joaquim Soares de Barros e Vasconcellos (1721 – 1793) e João Jacinto de Magalhães (1722 – 1790) (Anexo 5), e a ambos Sanches ajudou financeiramente.

Soares de Barros era homem de uma vaidade exacerbada, embora muito inteligente. Em Paris, teve o encargo de estudar física e matemática e de adquirir livros dessas matérias. Regressado a Lisboa, em Abril de 1760, o Marquês de Pombal teve a ideia de o fazer regressar a Paris em missão secreta, paralela à do representante diplomático, Mons. Salema. Por azar, viviam ambos na mesma casa e não tardou que se desentendessem.

João Jacinto de Magalhães, que assinava nos seus escritos em francês, Jean-Hyacinthe Magellan, deixou dito numa anotação que Mons. Salema havia contratado sicários para darem uma tareia em Soares de Barros; que este soube e fugiu para Lisboa, depois de ter pedido dinheiro para isso a Ribeiro Sanches. A viagem foi tormentosa e, em Lisboa, o Marquês de Pombal não o recebeu. Barros exilou-se em Sesimbra e recebeu durante bastante tempo ajudas monetárias de Sanches.

Mons. Salema não teria gostado do apoio dado por Sanches a Soares de Barros, teria suspenso o pagamento da pensão e depois intrigado em Lisboa para que esse procedimento fosse confirmado. Quanto aos textos do Método e Apontamentos, não chegaram a Lisboa.

Maximiano Lemos acha que foram apenas os piques particulares com Mons. Salema (frase de D. Vicente de Sousa Coutinho), a causa da suspensão da pensão. António Rosa Mendes discorda e hipotiza que Pombal tenha lido uma frase escrita por Sanches, desprimorosa para ele. Na realidade, é muito provável que tivessem chegado ao conhecimento do Marquês outros escritos de Sanches que lhe desagradassem, pois muito do que ele escreveu tem uma feição nitidamente revolucionária para a época.

Em 8 de Abril de 1763 recebeu as credenciais para Embaixador em Paris, D. Vicente de Sousa Coutinho, que tinha consideração por Ribeiro Sanches. Pedira-lhe a fim de o ler, um exemplar do Método, que Sanches fizera imprimir em 1763, por recomendação de Martinho de Mello e Castro, que estivera em Paris naquela época, como ministro plenipotenciário.

Em 26 de Dezembro de 1768, Ribeiro Sanches ganhou coragem para se queixar directamente a D. Luis da Cunha Manuel, de que ninguém lhe pedira a entrega do trabalho que lhe havia sido encomendado.

Por carta de 13 de Fevereiro de 1769, D. Vicente de Sousa Coutinho escreve para Lisboa que, tendo chegado a Lisboa alguns exemplares do Método, levados por Martinho de Mello e Castro, certamente não pediam a entrega do trabalho porque já o tinham lido.  Estava subentendido que seria justo restabelecer o pagamento da pensão…

Esta diligência resultou finalmente: em ofício de 9 de Abril de 1769, recebido em Paris  a 20 do mesmo mês, D. Luis da Cunha Manuel pede todos os exemplares da obra, promete reembolsar os custos da impressão e manda continuar a mesada de que Sua Magestade lhe fez mercê.

Tudo parecia agora estar bem. Mas Ribeiro Sanches já estava com uma idade muito razoável. E deveria ser a idade a sugerir-lhe preocupações onde melhor seria não as ter.

A primeira era a de corresponder com trabalho à pensão que estava a receber. Fez várias propostas quer para Lisboa, para D. Luis da Cunha Manuel, quer ao Embaixador D. Vicente de Sousa Coutinho, que não tiveram resposta.

Depois, havia a questão dos caídos, isto é, dos montantes que lhe não haviam sido pagos quando a pensão esteve suspensa: 2 790$000 rs., dois contos e setecentos e noventa mil réis, quantia que ele repete várias vezes e de que calcula os juros vencidos.

Os resultados das diligências foram nulos.

Morreu D. José em 24 de Fevereiro de 1777, subiu ao trono D. Maria II e o Marquês de Pombal foi despedido. Ribeiro Sanches ainda temeu que lhe cortassem a pensão, mas isso não aconteceu: foi-lhe paga pontualmente até à morte.

Quem ganhou à grande com a morte de Pombal foi Soares de Barros, pois D. Maria I atribuiu-lhe uma pensão anual de 600$000 rs. Apressou-se ele a comunicar a boa notícia a Sanches, mas nem uma palavra adiantou sobre o dinheiro que a este devia. Em 1781, Magalhães, em Paris, conversando com Ribeiro Sanches, estranhou o procedimento de Barros e ele disse que também não o havia esperado; mas mostrou-lhe o seu livro de contas e a ordem que dava aos seus herdeiros de nunca pedirem ao matemático as 2 373 libras tornezas (cerca de 400$000 rs.) de que era devedor.  E acrescentou: “E aqui tem, meu amigo, o mal que lhe desejo pela sua ingratidão”.  Desde que se viu desafogado, Soares de Barros casou com uma sobrinha, irmã do Morgado de Setúbal.

Outra saga no final da vida de Ribeiro Sanches foi a tentativa de vender para Portugal a sua biblioteca que, no catálogo que dela foi feito à data da morte, tinha 1 113 títulos. Sanches deveria ter simultaneamente duas preocupações: a de preservar a sua memória e a de proporcionar um pecúlio razoável a seu irmão mais novo Manuel Marcel Sanches, por quem teve sempre o maior cuidado. Afinal incitara-o a partir para o estrangeiro quando ele tinha apenas 13 anos, quase criança. Toda a vida o ajudara financeiramente e a ele deixou a sua biblioteca no testamento.  Encontrava-se  o irmão então em Nápoles, onde faleceu em 1785.

As propostas enviadas para Portugal para a compra da biblioteca, com muito variadas modalidades de pagamento, caíram sempre em ouvidos moucos.

Nem o seu parente (a bisavó de Ribeiro Sanches era irmã da trisavó dele, ver Anexo 1), Manuel Joaquim Henriques de Paiva (1752 – 1829) conseguiu qualquer abertura. Por volta dos anos 1780 e pouco, estava ele bem visto em Lisboa, depois de um período de rambóia em Coimbra, descrita em detalhe em “Amigos de Ribeiro Sanches”, com transcrição do processo n.º 13369, da Inquisição de Lisboa.

Nas suas propostas para Portugal, Sanches falou ainda vagamente em ofertas de compra da biblioteca vindas da Rússia, mas nada se concretizou.

O seu médico e amigo Dr. Charles-Louis-François Andry (1741-1829), por ele nomeado testamenteiro, pôs a biblioteca à venda logo em 15 de Dezembro do ano da morte (Ribeiro Sanches faleceu em 14 de Outubro de 1783).

Quem foram os seus herdeiros? Num testamento de 1781, ele constituíra sua universal herdeira Maria Jeanne Pernelet, que acabou por falecer primeiro que ele, a 21 de Fevereiro de 1782, com 63 ou 64 anos de idade. Depois da morte dela, revê o testamento, repartindo a herança em três partes: seu irmão Manuel, em Nápoles, a quem faz legado ainda do produto da venda da biblioteca; Madame Terèse Dieudonné e Marie Dieudonné, filha da precedente e de Pierre Dieudonné.

Os manuscritos ficaram a pertencer ao Dr. Andry e encontram-se hoje distribuídos por muitas bibliotecas. Transcreve-se a lista dos manuscritos da Biblioteca da Faculdade de Medicina de Paris (Anexo 6) e lamenta-se que a descrição dos de Madrid não se encontre ainda em base de dados online.

 

MÉRITOS DE RIBEIRO SANCHES

 

Não tenho competência para avaliar os méritos de Ribeiro Sanches como médico. Alguém da especialidade terá de o fazer.

Podemos dizer que não foi um escritor de mérito, porque o seu estilo de escrita o não credita como tal. Menos importância terão os erros de ortografia, naturais em quem escrevia indiferentemente em francês, português e latim, mas lia também em inglês, espanhol, italiano e possivelmente em russo.

Ribeiro Sanches era sobretudo um homem extremamente culto e de bom carácter que cultivou relações de amizade com um número enorme de pessoas de mérito. Um importante artigo de Georges Dulac (indicado na bibliografia) elenca os círculos de amigos do médico, ao longo da sua vida, em Portugal, na Rússia e em França e diz da importância que as relações de amizade tiveram na sua vida.

Têm sido objecto de estudo recentemente as suas relações com o Marquês de Pombal, o poderoso Ministro de D. José. O Marquês deveria ter consideração por ele, já que mandou pagar-lhe uma tença anual. Mas deve ter verificado rapidamente que as suas ideias não coincidiam com as do médico e deixou que a pensão ficasse suspensa durante muitos anos. Como diz António Rosa Mendes, o caminho de Ribeiro Sanches “não era manifestamente aquele que o pombalismo queria trilhar e que na realidade não trilhou”.

 

Anexo 1

 

Família de Ribeiro Sanches, partindo da árvore genealógica a fls. 68 do vol. II dos manuscritos de Madrid. – linha materna

 

NOTA: Os textos em itálico são de Ribeiro Sanches. Os nomes foram corrigidos ou acrescentados em face dos processos da Inquisição que vão indicados.

 

Uns tetravós de que Ribeiro Sanches não conhecia os nomes tiveram os seguintes cinco filhos:

 

A – DUARTE RODRIGUES MENDES, que entre outros filhos teve:

        - O Dr. Manuel Mendes Monforte que casou na Baía e viveu lá muitos anos, e veio morrer a Lisboa no ano 1725 pouco mais ou menos, e que conheci particularmente.

 

B – PERPÉTUA DE LUCENA, casada com António Ribeiro, teve entre outros filhos:

        - Manuel Nunes Mendes ou Manuel Nunes Ribeiro, que casou e teve muitas terras em Monforte, casado com Ana Nunes ou Ana Mendes. Tiveram oito filhos e dentre estes:

         I) Maria Nunes Ribeira (Pr. N.º 9144), casada com Gaspar Rodrigues de Paiva (Pr. N.º 1183) em Penamacor. Tiveram entre outros filhos:

        1) Dr. Gaspar Rodrigues de Paiva, que casou com Isabel Aires da Cunha, morador em Roma;

        2) Luis Nunes Ribeiro (Pr. N.º 7410), casado com Maria Teresa.

        3) António Ribeiro de Paiva (Pr. N.º 6980), casado com Isabel Aires, que tiveram entre outros filhos:

        - Isabel Henriques

        - João Henriques Ferreira, Advogado

        - Dr. Francisco António Ribeiro de Paiva

        - Dr. José Henriques Ferreira

        - Dr. Manuel Joaquim Henriques de Paiva (Pr. N.º 13369).        -

        II) Dr. António Ribeiro Sanches (Pr. N.º 11603), solteiro, que esteve no Brasil.

 

C) MARIA NUNES que casou com Luis Lopes. Ribeiro Sanches aqui fez confusão no nome, pois refere Isabel Nunes, casada com meu bisavô chamado o Chucho, moradores e nascidos em Idanha-a-Nova.

Entre outros filhos tiveram:

        I) Ana Nunes Ribeira (Pr. n.º 663) casada com Francisco Lopes Penteado ou Francisco Lopes Henriques. Tiveram filhos:

        1) Dr. António Ribeiro Sanches, que mataram no ano 1706 em S. João da Pesqueira.

        2) João Nunes Ribeiro ou João Nunes Penteado (Pr. N.º 1190);

        3) Diogo Nunes Ribeiro ou Diogo Nunes Penteado, cirurgião (Pr. N.º 10153);

        4) e sua filha que casou com F. Morão em Idanha-a-Nova.   Foi Leonor Henriques (Pr. N.º 8162), casada com Gaspar Mendes Morão (Pr. N.º 1186), ferreiro.

        II) Maria Nunes Ribeiro, casada com Manuel Henriques Lucena (Pr. N.º 1953). Tiveram filhos:

        1) Dr. Diogo Nunes Ribeiro, médico em Lisboa (Pr.n.º 2367), casado com Grácia Caetana da Veiga (Pr. N.º 3054);

        2) Ana Nunes Ribeiro, casada com Simão Nunes, por alcunha o “flamengo”* (Pr. N.º 7906), que tiveram entre outros filhos:

      - António Nunes Ribeiro Sanches, médico

      - Manuel Marcel Sanches, médico

         3) Clara Nunes (Pr.  n.º 6505).

        III) Mécia Nunes casada com Henrique Fróis (Pr. n.º 2681). (Ribeiro Sanches engana-se no nome e diz Jorge Fróis, chamado o Valente).  Tiveram entre outros filhos:

         Dr. Manuel Nunes Sanches, casado com Guiomar Nunes. Entre muitos filhos tiveram:

        1) Manuel Nunes Sanches (Pr. N.º 11824)

        2) Jorge Nunes Sanches (Pr. N.º 9841)

        3) Marcos Mendes Sanches (Pr. N.º 2141)

        4) Henrique Fróis Nunes (Pr. N.º 1180)

        5) Isabel Nunes (Pr. N.º 9476)

        6) Leonor Henriques (Pr. N.º 9965), que casou com Francisco Nunes de Paiva (Pr. N.º 5387), cirurgião, que tiveram entre outros filhos:

            Manuel Nunes Sanches (Pr. N.º 8256)           

            Leonor Maria (Pr. N.º 9536)

            Francisco Nunes de Paiva (Pr. N.º 2294)

            Henrique Lopes da Silva (Pr. n.º 4621)

            Ana Henriques (Pr. n.º 6931)

            António Ribeiro Sanches (Pr. n.º 11185)

            Leonardo José de Paiva (Pr. n.º 11282)

 

 

D) ANTÓNIO RIBEIRO SANCHES, dito o de Angola, que veio morrer a Lisboa no ano 1708 de quase 90 anos. Não teve filhos.

 

E) O MARQUES NUNES, o qual conforme a minha lembrança se chamava Francisco Nunes. Não sei da sua descendência.

 

(*) É o Dr. Diogo Nunes Ribeiro, seu cunhado, que o chama assim no seu depoimento na Inquisição.

 

Nota: Os processos indicados a encarnado estão na base de dados da Torre do Tombo.

 

Anexo 2

 

 Tanto que um Menino Cristão novo é capaz de brincar com os seus iguais, logo começa a sentir a desgraça de seu nascimento, porque nas disputas que nascem dos brincos daquela idade, já começa a ser insultado com o nome de Judeu e de Cristão novo. Entra na Escola, e como é costume Louvável que estes Meninos vão, não só os dias de preceito, mas ainda de trabalho, à Igreja já com o seu Mestre ouvir missa, e ajudar a ela, acompanhar o Santíssimo Sacramento, e outras procissões, o mesmo Mestre, o Clérigo ignorante, o Irmão da Confraria, e o pior é o mesmo Pároco, já fazem distinção deste Menino e daqueles que são Cristãos velhos; porque estes são preferidos para ajudarem à Missa, para levarem o Castiçal, ou vela branca, ou tomar a vara do Pálio. Esta preferência é bem notada daquele Menino ou Rapaz Cristão novo; agasta-se, peleja e chora por se ver tratado com desprezo.

Entra este Rapaz no Comércio do mundo e a cada passo observa que os Cristãos velhos por trinta modos o insultam e desprezam: quanto mais vil é o nascimento e o ofício do Cristão velho, tanto mais fortemente insulta o Cristão novo; porque como é honra de ser Cristão velho, quem insulta e despreza a um da Nação, honra-se e distingue-se; por isso o Carniceiro, o Marióla, o Tambor, e o mesmo Algoz, o Negro escravo são os primeiros que insultam, e que dão a conhecer com infâmia um Cristão novo: os que têm melhor educação, lá dão seus sinais de distinção, mas com maior decência: um quando fala com ele lhe diz uma meia palavra de Cão, outro por gíria lhe chama Judeu; outro põe a mão no nariz; outro antes que fale dá uma Cutilada de dedos pelos bigodes; a maior parte faz acenos que tem rabo. Este é o trato que tem um Cristão novo com os seus compatriotas; esta é a satisfação com que vive na sua Pátria; e como o ser desprezado incita à vingança, não vive mais que roído do ódio, e do fingimento.

 

(Origem da denominação de Cristão Velho e Cristão Novo)

 

Anexo 3

 

Monsieur,

 

Le jour de mon départ de Peterburg j’ai reçu la lettre que vous m’avez fait l’honneur de m’écrire avec deux encloses, une pour Mr. Siegesbek, laquelle je la lui ai fait rendre et autre pour Mr. Gmelin (*) qui s’est égaré, et qu’à cette cause, je n’ai pas pu vous l’envoyer avec celle-ci. Vous pourrez bien vous imaginer  que je n’avois pas du temps pour solliciter mes Amis de la Cour s’ils vouloient engager un Secrétaire à leur service; et a vous dire la vérité présentement en Russie il y a peu des occasions de cette nature  pour en être employé. Je crois que vous aurez vu notre bon Ami Mr Gmelin et qu’il vous a rendu les semences de plantes de Pékin et les préparations  de auditu et les fèves de S.t Ignace; j’espère que cela vous serez  agréable et qu’avec sa compagnie que vous aurez déjà rétabli votre santé. Elle a été délabré a cause de vos fatigues immenses sur la littérature.  Je vous prie de vous ménager, mens a curis libera; peregrinatio; frictiones; sed no ad te nimis audacia. Je faisois intention  a mon arrivée d’avoir l’honneur de vous embrasser; et aussi pour voir l’université la plus  réglée de l’Alemagne; et comme j’ai vu celles de Portugal, d’Espagne, d’Italie, France, Inglaterre, Hollande, je voulois voir la plus docte de l’Allemagne, que je n’avois vu jusqu’à présent; mais mes amis m’ont détourné à cause des mauvais chemins, me disen-t-ils  qui sont dans cette saison impracticable endroiture d’ici à Gottingue: a que je m’ai déterminé d’aller par Leipsiek et de là a Franckfort sur le Main, et de là a Paris, où je séjournerai quelque temps:  J’ai un sensible regret de n’avoir pas l’honneur de vous aller voir, de vous empêcher, et de vous divertir de votre vie labourieuse  avec autant de profit pour nous; mais je vous prie de vous modérer  Et ut extra te exeas: Conservez, je vous prie, une si Santé à laquelle je prends tant de parti: et tous mes Amis qui aiment le savoir ta droiture: Mr V Sanweiten (Gerard van Swieten ?) qui vous malheureusement avoit  cru cause en partie de vos mêlées, m’a écrit il y a quelque temps: « Je sais que Monsieur Haller est un très galant homme et très capable, je suis fâché qu’il y a eu quelque chose que lui fasse de la peine: si vous ôtez le mal entendu tous nous autres serions d’accord » en paroles équivalentes il m’a fait savoir la considération la plus parfaite qu’il avoit pour vous; nous parlerions sur cet affaire et bien d’autres à notre aise: mais comme plerumque hominis natura illam universi non superas, il faut s’accommoder à la saison, et aux chemins, ce qui me fait cependant de la peine.  Cependant, Monsieur, j’attends de recevoir de vos lettres à Franckfort sur le Main; lesquelles vous adresserez  à Mr. le Fils du feu Benjamin Metzler & consort, afin qui me les rend a mon arrivée à la dite ville; et je vous prie de m’y remettre au même temps le Methodo studendi Medicinam,  Historia Morb. Wratilaw et tout ce qui vous avez publié; ne m’envoyez pas de morbis oculorum je l’ai. Si Mr Gesner (**) a publié quelque Poète, ou Hystorien Latin, je vous prie de me l’envoyer aussi; marquez moi le prix et par Mrs Metzlers, je vous le ferai rendre. Si je retournerai en Allemagne, j’aurai l’honneur alors de vous aller voir, ou a Berne ou a Gottingue: de Paris, je vous l’apprendrai. Je suis avec la plus respectueuse considération, Monsieur,

Votre très humble et très obéissant serviteur,

                                                                                       R Sanches

Berlin 18 Novembre 1747

 

(*) Johann Georg Gmelin, 1709-1755, Viajante, Botanista, Professor

(**) Johann Mathias Gesner, 1691-1761, Filologista

 

 

Anexo 4

 

ПАРНЫХ РОССIЙСКИХ БАНЯХ

 

поелику споспешествуют они укреплению, сохранению и восстановлению здоровья

 

сочинения господина Саншеса, бывшего при дворе

ЕЯ ИМПЕРАТОРСКОГО ВЕЛИЧЕСТВА

славного медика.

 

переведено с французского рукописания,

 

доставленного

 

императорскому Воспитательному дому

 

для издания в пользу общую

 

 

печатано 1779 года

при ИМПЕРАТОРСКМЪ Сухопутном  шляхетном

кадетском корпусе,

 

 

Anexo 5

 

Obras de José Joaquim Soares de Barros

 

Memórias Económicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa

Tomo I – 1789

Online: http://books.google.pt

 

Páginas 10 a 31:

Considerações sobre os grandes benefícios do sal commum em geral, e em particular do sal de Setúbal, comparado experimentalmente com o de Cádiz, e por analogia com o de Sardenha, e o de França

 

Páginas 123 a 151

Memória sobre as causas da diferente população de Portugal em diversos tempos da Monarquia.

  

Memórias Económicas da Academia Real das Sciências de Lisboa

Tomo IV– 1812

Online: http://books.google.pt

  

Páginas 128 a 142

Sobre os hospitais do Reino

 

Memórias de Litteratura Portuguesa, publicadas pela Academia Real de Sciências de Lisboa

Tomo V – 1793

Online: http://books.google.pt

  

Páginas 253 a 257

Obséquios devidos à Memória de um respeitável Monarca, e aos créditos de um Vassalo o mais benemérito

 

Memórias de Mathemática e Physica da Academia Real de Sciências de Lisboa

Tomo II- 1799

Online: http://books.google.pt

 

Páginas 306 a 321

Loxodromia da vida humana ou Memória em que se mostra, qual seja a carreira da nossa espécie pelos espaços da nossa presente existência

 

Memórias de Mathemática e Physica da Academia Real de Sciências de Lisboa

Tomo III- 1812

Online: www.archive.org

 

1.ª Parte - Páginas 1 a 12

Memória sobre os Kermes

 

2.ª Parte - Páginas 73 a 84

Pensamentos e observações sobre mui curiosos e importantes objectos que se apresentam nas costas de Portugal e no fundo dos nossos mares.

 

Journal des Savants – Janeiro de 1758

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k56607h

 

Páginas 14 a 24

LETTRE ÉCRITE A MESSIEURS LES- AUTEURS DU JOURNAL des Sçavans sur la navigation des Portugais aux Indes Orientales. Par M. de Barros de l'Académie des Sciences de Prusse et correspondant de celle de Paris

 

Journal des Savants – Junho de 1759

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k56608v

 

Páginas 339 a 347

LETTRE ÉCRITE A MESSIEURS DU JOURNAL des

Sçavans par M. de Barros de l'Académie des Sciences de Prusse et correspondant de celle de Paris

 

EXTRAIT D’UN LIVRE QUI A POUR TITRE

Memorias das principaes providencias que se derão no terremoto que padeceo Lisboa no anno de 1757, ordenadas e offerecidas à Magestade. Fidelissima de El-Rey D. Joseph I Nosso Senhor Por Amador Patricio de Lisboa.

 

António de Portugal de Faria,  Ouvrages de José Joaquim Soares de Barros, Livourne, Imprimerie de Raphaël Giusti, 1899

Online: www.archive.org

 

 

Sobre João Jacinto de Magalhães ou Jean-Hyacinthe  Magellan

 

Biografia

Michaud, Biographie Universelle, vol. XXVI, page 31

Online: http://gallica.bnf.fr/document?O=N051666

 

Arthur Birembaut, Sur les lettres du physicien Magellan conservées aux Archives Nationales, in Revue d'histoire des sciences et de leurs applications, Année 1956, Volume 9, Numéro 2, p. 150 - 161

Online: http://www.persee.fr/articleAsPDF/rhs_0048-7996_1956_num_9_2_3572/article_rhs_0048-7996_1956_num_9_2_3572.pdf

 

 

Anexo 6

 

Manuscrits du docteur Antonio Ribeiro Sanchès, médecin portugais, premier médecin de l'impératrice de Russie, mort à Paris le 14 octobre 1783

 

Ils sont presque tous entièrement de sa main.

 

MS 41

 

- Tome I. "Materia medica, in qua nimina, vires, praeparationes remediorum continentur. 13/12, 1736".163 ff.

 

MS 42

 

- Tome II. "Pathologia.", 85 pp.

 

MS 43

 

- Tome III. "Versurae physicae [morbosae], chemicae, physiologicae et historiae naturalis, anatomiae, 20/12 1736."
On a joint à la fin: "Desertassão sobre as paixôes da alma, pelo doutor Antonio Ribeiro Sanchez.
1753." (relié séparément en 1972 et portant la cote 43A).

89 + 42 pp.

  

MS 2015

 

 - Tome IV. Fol 1. "Correspondance avec l'Académie impérialle de Petersburg ... 1763, et avec la cour de Russie."
Fol 32. "Journal. Dia de São Martinho, 1768" jusqu'à décembre 1782. 322 ff

 

MS 2016

 

- Tome V. "Manuale practicum in usus domesticos concinnatum et per symptomata et causas morborum et therapaeiam digestum, tam acutorum quam diuturniorum morborum."2ff+182 pp + 5 ff

  

MS 2017

 

- Tome VI. Extraits d'Hippocrate et de différents auteurs de l'Antiquité. Notes sur la physique, la physiologie, etc...181 pp + 271 pp

 

MS 2018

 

 - Tome VII. Fol. 2. Observations de médecine pratique (1739 - 1747).
Fol. 114. Procès-verbal de l'ouverture du cadavre du prince Constantin Cantemir (1747).
Fol. 118. Lettre de Mounsey (1743).
Fol. 140. Sur les bains russes, etc...160 ff

  

MS 2019

 

- Tome VIII. Fol. 2. Des maladies du coeur.
Fol. 49. Des répercussifs par Marcel Sanchès.
Fol. 65. "De scrutinio fontium medicatorum, a Model. Petropol. (1740)."
Fol. 132. "Perguntas sobre os remedios da Affrica."
Fol. 167. Lettre à Joaquim Pedro de Abreu (1760).
Fol. 178. "Apontamentos para estabelecerse hum tribunal e collegio de medicina na intenção que esta sciencia se conservasse de tal modo, que sempre fosse util ao reyno de Portugal e dos seos dilatados dominios..."
Fol. 321. "Traité sur les bains de vapeur de Russie..."
Fol. 378. "Origine des hôpitaux, " etc...

Sur une feuille de ce tome, on lit: "Recueil de divers écrits que m'a donné l'année de sa mort mon cher ami M. le docteur Antoine Ribeiro Sanchès, célèbre médecin portugais..., Paris ce 23 aoust 1784, Andry, medicus parisiensis."

A l'intérieur de la reliure se trouve l'ex-libris gravé "Caroli Ludovici Francisci Andry... 1770" Cf. Catalogue des livres de la bibliothèque de feu M. C.-L.-F. Andry (Paris, 1830, in-8°), p. 312-314.  413 ff.

 

MS 2020

 

- Tome IX. Fol. 1. "De cura variolum vaporarii ope apud Ruthenos usu recepti."
Fol. 42. "Introdução ao metodo de estudar e aprendar a medicina..."
Fol. 225. "Apontamentos para fundarse hua universidade real na cidade de Reyno que se achasse mais conveniente..."
Fol. 319. Des maladies vénériennes, etc...

470 ff.

 

 

Anexo 7

 

Processos da Inquisição de Lisboa de parentes de A.N. Ribeiro Sanches, pela linha paterna (a encarnado os processos online):

 

1 - seu pai, Simão Nunes – processo n.º 7906.

 

2 - seu tio paterno, Manuel Nunes, nascido em 1669 – processo n.º 2431

 

3 - sua prima Isabel Henriques, filha de sua tia paterna Maria Nunes, nascida em 1695 – processo n.º 9190.

 

4 - seu tio afim Manuel Fernandes Bonito, casado com sua tia paterna Isabel Nunes – processo n.º 9152.

5 - seu primo Álvaro Mendes, filho de sua tia paterna Isabel Nunes – processo n.º 6937.

6 - seu primo Jacinto Mendes, filho de sua tia paterna Isabel Nunes – processo n.º 9198.

 

7 - seu tio paterno Pedro Lopes, nascido em 1685 – processo n.º 7909.

8 - sua prima Maria Henriques, filha de seu tio paterno Pedro Lopes – processo n.º 8258.

9 - sua prima Antónia Mendes, filha de seu tio paterno Pedro Lopes – processo n.º 7997.

 

10 - Manuel Mendes Brandão, nascido em 1676, primo direito de seu pai, filho da tia materna deste, Violante Rodrigues – processo n.º 6643

11 - sua segunda prima Francisca da Silva, nascida em 1692, neta da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filha do anterior – processo n.º 8248.

 

12 - seu segundo primo Manuel Nunes Sanches, neto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues – processo n.º 11824.

13 - seu segundo primo Henrique Fróis Nunes, neto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues e irmão do anterior – processo n.º 1180.

14 - seu segundo primo Marco Mendes Sanches, neto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues e irmão do anterior – processo n.º 2141.

15 - sua segunda prima Leonor Henriques, neta da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues e irmã do anterior, casada com Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 9965.

16 - seu segundo primo por afinidade, Francisco Nunes de Paiva, casado com a anterior – processo n.º 5387.

17 - sua segunda prima Isabel Nunes, neta da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues e irmã da anterior, casada com João Rodrigues Mourão – processo n.º 9476.

18 - seu segundo primo Jorge Fróis ou Jorge Nunes Sanches, neto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues e irmão da anterior – processo n.º 9841.

19 - seu terceiro primo (que o denunciou) Manuel Nunes Sanches, bisneto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filho de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 8256.

20 - sua terceira prima, Leonor Maria, bisneta da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filha de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 9536.

21 - seu terceiro primo, Francisco Nunes de Paiva, bisneto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filho de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 2294.

22 - seu terceiro primo, Henrique Lopes da Silva, bisneto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filho de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 4621.

23 - sua terceira prima, Ana Henriques, bisneta da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filha de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 6931.

24 - seu terceiro primo, António Ribeiro Sanches, bisneto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filho de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 11185.

25 - seu terceiro primo, Leonardo José de Paiva, bisneto da tia paterna de seu pai, Violante Rodrigues, filho de Leonor Henriques e de Francisco Nunes de Paiva – processo n.º 11282.

 

26 - Manuel Rodrigues Preto, primo direito de seu pai, filho da tia materna deste, Joana de Almeida – processo n.º 4159.

27 - sua segunda prima Leonor Mendes, neta da tia paterna de seu pai, Joana de Almeida, filha do anterior, casada com Gaspar Mendes – processo n.º 9816.

 

Os indicados sob os n.ºs 12 a 25 são todos descendentes de Guiomar Nunes e do marido Manuel Nunes Sanches, médico, de Idanha-a-Nova, ambos parentes de A.N. Ribeiro Sanches, a primeira, prima direita de seu pai Simão Nunes, por ser filha da tia paterna deste, Violante Rodrigues e o segundo, primo direito de sua mãe Ana Nunes Ribeiro, por ser filho da tia materna desta, Mécia Nunes. Repetem-se,  por isso, nas linhas paterna e materna.

Para a árvore genealógica da linha paterna, consultar a biografia de Maximiano de Lemos.

 

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

LINKS

 

Instituto Camões

http://www.instituto-camoes.pt/cvc/filosofia/ilu10.html

 

Vidas Lusófonas

http://www.vidaslusofonas.pt/ribeiro_sanches.htm

 

Universidade da Beira Interior - Covilhã

http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/ribeiro_sanches.html

 

Wikipedia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Nunes_Ribeiro_Sanches

 

Dr. Charles-Louis-François Andry (1741-1829)

http://fr.wikipedia.org/wiki/Charles-Louis-Fran%C3%A7ois_Andry

 

Самуил Грузенберг, ДОКТОР САНХЕЦ, Лейб-медик императрицы Елисаветы Петровны, Artigo em russo do Dr. S. Gruzenberg (1898), inserido em tradução francesa de pgs. 35 a 50 no livro citado de David Willemse, com o título LE DOCTEUR SANCHES, MEDECIN DE L’IMPERATRICE ELISABETH PETROVNA

Online: http://www.lechaim.ru/ARHIV/140/doktor.htm

 

Jana Hamerska - Cristãos Novos em Portugal

http://is.muni.cz/th/145727/ff_b/bak-pt..pdf

 

 

Obras de António Nunes Ribeiro Sanches  online

 

Mémoire sur les bains de vapeur de Russie, considérés pour le conservation de la santé et pour la guérison de plusieurs maladies. Par M. Antoine Ribeiro Sanchès, in Histoire de la Société royale de médecine.- Année 1779 - avec les Mémoires de médecine et de physique médicale pour la même Année, tirés des registres de cette société. Paris, 1782., pages 233 à 280.

1.ª página

Última página

  

Cristãos novos e Cristãos velhos em Portugal

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/cristaosnovos_cristaosvelhos.pdf

 

 

Cartas sobre a educação da mocidade

ʘ    ʘ       ʘ     ʘ     ʘ

Affections de l’âme, in Encyclopédie méthodique, médecine, par une société de médecins, Paris, Panckoucke, 1787, vol. I A-ALI,  pages 247 à 277.

1.ª página

Última página

  

Dissertação sobre as Paixões da Alma

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/dissertacao_paixoes_alma.pdf

  

Maladie vénerienne inflammatoire chronique, article à pages 83 et 84 du vol. XVI de l’Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers, par Diderot et D’Alembert

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k50548c

 

Tratado da Conservação da Saúde dos Povos, 96 pags.

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/tratado_saude_povos.pdf

  

Apontamentos para estabelecer-se um Tribunal e Colégio de Medicina

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/apontamentos_tribunal_colegio_medicina.pdf

  

Apontamentos para fundar-se uma Universidade Real na cidade do Reino que se achasse mais conveniente

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/aponts_universidade_reino_conveniente.pdf

 

Carta a Joaquim Pedro de Abreu

Online:  http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/carta_joaquim_abreu.pdf

 

Método para aprender e estudar a Medicina

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/metodo_aprender_estudar_med.pdf

 

Plano para a Educação da Fidalguia

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/plano_educacao_fidalguia.pdf

 

Instructions pour le Professeur de Chirurgie, qui enseignerá la Chirurgie aux disciples des deux hópiteaux de St. Peterburg

Online: http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/projecto_instr_profcirurgia.pdf

 

Obras de Luis de Camoens, Nova Edição, Paris, à custa de Pedro Gendron. Vende-se em Lisboa, em casa de Norbardel & Dubeux, Mercadores de Livros, 1759.  – Prefácio, Introdução, Biografia e Anotações de António Nunes Ribeiro Sanches.

Online: http://books.google.pt

 

 

LIVROS, MONOGRAFIAS e ARTIGOS

 

António Rosa Mendes, Ribeiro Sanches e o Marquês de Pombal: intelectuais e poder no absolutismo esclarecido, Cascais, Patrimónia, 1998, Dissertação de mestrado em História Cultural e Política, apresentada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Univ. Nova de Lisboa em 1991

 

António Manuel Nunes Rosa Mendes, Ribeiro Sanches e as cartas sobre a educação da mocidade [ Texto policopiado], Lisboa, 1991, Tese de mestrado em História Cultural e Política apresentada à Fac. de Ciências Sociais e Humanas da Univ. Nova de Lisboa

 

David Willemse, António Nunes Ribeiro Sanches - élève de Boerhaave et son importance pour la Russie, Leidenn: E.J. Brill, 1966, 188 pag.

 

Maximiano Lemos, Ribeiro Sanches, a sua vida e a sua obra, Porto, Eduardo Tavares Martins, 1911

 

Maximiano Lemos, Amigos de Ribeiro Sanches, in Archivo histórico portuguez, n.º 8, 1911, pags. 281-295 e 447-469 e n.º 9, 1912, pags. 111-162.

 

Maximiano de Lemos, Cartas de Ribeiro Sanches ao Dr. Pacheco Valadares, in Archivos de História da Medicina Portuguesa, Porto, Vol. II - 1911, Pags. 111 - 120, 150 - 156, 193 - 196, Vol. III – 1912, Pags. 28 - 30, 40-48, 75 - 80,  131-139; Vol. IV – 1913, Pags.  25-31, 57-62, 90-96, 119-128,137-143.

 

Maximiano Lemos, Notícia de alguns manuscritos de Ribeiro Sanches existentes na Biblioteca Nacional de Madrid, Sep. Anais Scientificos da Fac. de Medicina do Porto, 1, 1914, pags. 143-171.

 

António Nunes Ribeiro Sanches, Obras, Coimbra, Universidade, 1959-1966, 2 vols. 1o v.: Método para aprender e estudar a medicina: cartas sobre a educação da mocidade. - VIII, 378 p. 2o v.: Apontamentos para estabelecer-se um tribunal e colégio de medicina: carta a Joaquim Pedro de Abreu: tratado da conservação da saúde - XXIII, 397 p.

 

Georges Dulac, Science et Politique: les réseaux du Dr António Ribeiro Sanches (1699-1783), in Cahiers du Monde russe, 43/2-3, Avril-septembre 2002, pags. 251-274

Online: http://www.cairn.info/article.php?ID_REVUE=CMR&ID_NUMPUBLIE=CMR_432&ID_ARTICLE=CMR_432_0251

 

Georges Dulac « Deux réseaux au service de l'Académie des sciences de Saint-Pétersbourg : autour de Ribeiro Sanches et de Johann Albrecht Euler », Dix-huitième siècle 1/2008 (n° 40), p. 193-210.

Online: www.cairn.info/revue-dix-huitieme-siecle-2008-1-page-193.htm

 

Francine-Dominique Liechtenhan, « Jacob von Stählin, académicien et courtisan. », Cahiers du monde russe 2/2002 (Vol 43), p. 321-332.
Online:
www.cairn.info/revue-cahiers-du-monde-russe-2002-2-page-321.htm

 

Sophia Wilhelmina Hamers-van Duynen, Hieronymus David Gaubius (1705-1780) zijn correspondentie met Antonio Nunes Ribeiro Sanches, Amsterdam, Van Gorcum, 1978

  

Richard Fester, Johann Daniel Schoepflins brieflicher Verkehr mit Gönnern, Freunden und Schülern, Tübingen, Litterarischer Verein in Stuttgart, 1906.

Online: www.archive.org

 

Armando B. Malheiro da Silva, A "censura do tabaco" do Padre Jerónimo da Mota e dois escritos de Ribeiro Sanches, Braga, Arquivo Distrital, 1986

 

Ana Cristina Bartolomeu de Araújo, Ilustração, pedagogia e ciência em António Nunes Ribeiro Sanches, Sep. Rev. História das Ideias, 6, 1984, pags. 377-394.

 

António Ferrão, Ribeiro Sanches e Soares de Barros, novos elementos para as biografias desses académicos e três cartas inéditas de Ribeiro Sanches (1758-1760) e vários documentos acerca do grande cientista José Joaquim Soares de Barros (1960-1961), Comunicação à Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa em 27 de Novembro de 1934, Lisboa, 1936

 

Maria Helena Carvalho dos Santos,  Ribeiro Sanches e a questão dos judeus, Sep. de Revista de História das Ideias, n.º especial, 1982, pags. 117-142

 

António Nunes Ribeiro Sanches, Dissertação sobre as paixões da alma, Prefácio de Faustino Cordeiro, Câmara Municipal de Penamacor, 1999

 

António Nunes Ribeiro Sanches,  Sobre a agricultura, alfândegas, colónias e outros textos; introd., org. e notas Faustino Cordeiro; pref. António Borges Coelho, Câmara Municipal de Penamacor, 2000

 

António Nunes Ribeiro Sanches, Diário de Campanha na guerra Russo-Turca (1735-1739) e outros textos, int., org. e notas de Faustino Cordeiro, prefácio de Maria Helena Carvalho dos Santos, Câmara Municipal de Penamacor, 2006

 

António Nunes Ribeiro Sanches, "Dificuldades que tem um reino velho para emendar-se" e outros textos - selecção, apresentação e notas de Victor de Sá, 2.ª edição, 1980, Lisboa, Livros Horizonte.

 

Fernando Augusto Machado, Educação e cidadania na ilustração portuguesa – Ribeiro Sanches, Campo das Letras, Lisboa, 2001.ISBN 972-610-474-2

 

Palmira Fontes da Costa e António Jesus, António Ribeiro Sanches and the circulation of medical knowledge in eighteenth-century Europe, in Archives internationales d'histoire des sciences, 2006, ISSN: 0003-9810, Paris, 2006, tomo 56 (156-157), pags. 185-197

 

Maria Helena Carvalho dos Santos, Pombal e os outros: a questão da biblioteca de Ribeiro Sanches, in História, n.49 (Nov. 1982), pags. 31-35.

 

Teófilo Braga, História da Universidade de Coimbra nas suas relações com a instrução pública portuguesa, 3.º vol., Lisboa. Tip. Da Academia Real das Ciências, 1892-1902

 

Rómulo de Carvalho, Ribeiro Sanches na Rússia, em Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII, Lisboa, Liv. Sá da Costa, 1979, pags. 17-53

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica: na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Ver entrada aqui.

 

Maximino Correia, António Nunes Ribeiro Sanches, Coimbra, Coimbra Editora, 1967, 15 pags.

 

Augusto Isaac de Esaguy, Dois inéditos de Ribeiro Sanches, Lisboa, 1958, 13 pags.

 

Andrée Rocha, Um epistolário Vienense de Ribeiro Sanches, Sep. de Biblos n.º 56, 1980, pags. 339-348, Faculdade de Letras, Coimbra

 

Arthur Araújo, Subsidios para a monographia do célebre médico portuguez António Nunes Ribeiro Sanches, Sep da Gazeta dos Hospitais do Porto, n.º 22, 1909, 12 pags.

 

Maximiano Lemos, Amigos de Ribeiro Sanches (apenas Manuel Nunes Sanches e João Mendes Sacchetti Barbosa)

Online: http://www.fl.ul.pt/unidades/sefarditas/textos/archivo_historico.pdf

 

José Lopes Dias, Duas Cartas inéditas do Dr. José Henriques Ferreira, Comissário do Físico-Mor e Médico do Vice-Rei do Brasil, a Ribeiro Sanches, Sep. de Imprensa Médica, Ano XXIII, Fevereiro-Março de1959.

 

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Entrada: Ribeiro Sanches (António Nunes)

 

Manuel Cadafaz de Matos, O judaísmo nas Beiras e a génese do discursivismo teórico em A. N. Ribeiro Sanches, Porto, Távola Redonda, 1986, Sep. de Trabalhos de Antropologia e Etnologia.

 

Maria Helena Carvalho dos Santos, No segundo centenário da morte de Ribeiro Sanches: Análise do diário escrito em Paris, 1768 – 1782, in Portugal Socialista, n.º 180, Outubro de 1983

 

Maria Helena Carvalho dos Santos, Poder, intelectuais e contra-poder, Comunicação ao Colóquio internacional das Comemorações do 2.º Centenário da morte do Marquês de Pombal, pags. 121-129, Lisboa, Estampa, 1984, 2 vols.

 

Recensão de

Observations sue les maladies vénériennes, par le feu António Nunes Ribeiro Sanchès, publiées par Mr. Andry, à Paris, chez Téophile Barrois le jeune, libraire, Quai des Augustins, 18, vol. in-12, de 204 pages, in Journal de médecine, chirurgie, pharmacie, etc.. - 1786. - 1786, n° 67, pages 542 à 546.

Online: http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=90145x1786x67&p=542&do=page

 

Recensão na Alemanha (1786), da mesma obra

 

Fanny Andrée Font Xavier da Cunha, António Nunes Ribeiro Sanches, - o médico higienista (1699-1783), Cadernos de Medicina, UBI, vol. 1

Online: http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol01.pdf

 

Arthur Viegas, Ribeiro Sanches e o P. Polycarpo de Sousa, terceiro bispo de Pekim, in Revista de História, vol. 10, 1921, pags. 241 - 263

 

Arthur Viegas, Ribeiro Sanches e os jesuítas – amigo ou inimigo?, in Revista de História, vol. 9, 1920, pags. 81 – 87, 227 – 231, 256 - 270

 

Anónimo, Gonsalo Xavier d’Alcáçova Carneiro e cartas da sua correspondência particular com António Nunes Ribeiro Sanches, in Revista Michaelense, Ano 2, 1919, pags. 382 – 410 e 501 – 529.

 

João Nabais, Ribeiro Sanches -Tal como Amato um Médico do Mundo, Cadernos de Medicina, UBI, vol. 19

Online: http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol19.pdf

 

José Luis Doria, Antonio Ribeiro Sanches, A Portuguese doctor in 18th century Europe

Online: http://www.bium.univ-paris5.fr/ishm/vesalius/VESx2001x07x01.pdf

 

Ana Cristina Araújo, Medicina e utopia em Ribeiro Sanches

Online: http://www.chsc.uc.pt/biblioteca/digital/010.htm

 

Jana Hamerska, Cristãos novos em Portugal - Bakalařska diplomova prace

Online: http://is.muni.cz/th/145727/ff_b/bak-pt..pdf

 

Elogio do Doutor António-Nunes Ribeiro Sanches, composto em francês por M. Vicq-D’Azir vertido em Português por Francisco Manuel do Nascimento – Obras de Filinto Elísio - XVII volume L 3241 P   pags. 9-62

Online: http://purl.pt/12077/

Idem no volume Versos de Filinto Elysio, pags. 69 - 

Online: http://books.google.pt

Original francês online em: http://www.bium.univ-paris5.fr/histmed/medica/cote?154740x03

 

Obituário de António Nunes Ribeiro Sanches a pags. 502-503 de The Gentleman’s Magazine and Historical Chronicle, Vol. LIV, for the Year MDCCLXXXIV, Part the second, copiada do 5.º volume do The London Medical Journal, pags. 92-96.

Online: http://books.google.pt

 

Catalogue des livre de feu M. Ant. Nunés Ribeiro-Sanchès, à Paris, chez de Bure, fils aîné, Lib. Quai des Augustins, MDCCLXXXIII.

Online: http://gallica.bnf.fr

 

Manuel Augusto Rodrigues, A Biblioteca de Antonio Nunes Ribeiro Sanches, Arquivo da Universidade, Coimbra, 1986, Separata de Actas das Congregações da Faculdade de Medicina, Vol. II

Online: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/14449/1/A%20biblioteca%20de%20Ant%c3%b3nio%20Nunes%20Ribeiro%20Sanches.pdf

 

Mémoires de l’Impératrice Catherine II, écrites par elle-même, Londres, Trübner & C.ie, 60, Paternoster Row., 1859.

Online: http://books.google.pt

 

 

 

ANTONIO RIBEIRO SANCHES, nasceo na Villa de Penamacor, Comarca de Castello-Branco da Provincia da Beira a 7 de Março de 1699, sendo filho de Simão Nunes, e Anna Nunes Ribeiro. Tanto se lhe anticipou a comprehensão à idade, que não contando mais que doze annos sabia com tal perfeição as linguas Latina, e Castelhana, que em ambas elegantemente orava, e poetizava. Passou no anno de 1716 a frequentar a Filosofia na Universidade de Coimbra, que continuou até o terceiro anno, donde se transferio para a de Salamanca, e ouvindo Direito Civil até o anno de 1720 preferio a esta Faculdade a da Medicina, na qual se formou com applauso dos Cathedraticos em 1725. Anhelando mayor esféra a capacidade do seu talento, sahio no anno seguinte de Portugal, e discorreo pelas Cidades de Pisa, de Montpellier, e de Londres, onde aprendeo as disciplinas Mathematicas de Jacob Sterling. Por dous annos frequentou a Universidade de Leidenn, na qual para fazer os progressos na Medicina, que desejava o seu grande espirito, a ouvio explicada por Hermano Boerhaave Hipocrates dos nossos tempos; .a Physica experimental de Jacob Graveende, Anatomia com Bernardo Albino, e ultimamente as letras humanas com Pedro Brumano venerado oraculo dellas, como testemunhão as suas obras. Rogado Hermano Boerhaave pelo Collegio dos Medicos do Imperio da Russia lhe mandasse tres dos seus discipulos, entre elles foy eleito o nosso Sanches, o qual no anno de 1731 servio na Cidade de Moscovo de Medico do Senado, donde passou a Examinador de Medicos, e Cirurgiões, e ultimamente crescendo com a idade a fama da sua sciencia, foy eleito Medico da Imperatriz da Russia Anna Ivanouna, e depois de seu sobrinho o Emperador João III., e ultimamente de Isabel Petrowna, que lhe succedeo no Trono, a qual lhe deu o honorifico titulo de Conselheiro de Estado. Obrigado de molestias, deixou a Russia, e querendo buscar clima mais saudavel, passou para a Corte de Pariz, onde pelo admiravel methodo com que triunfa das enfermidades mais graves, tem conciliado as estimações das mayores Pessoas de ambas as Jerarquias. Do seu vasto estudo, e profundo talento são producções as seguintes obras

 

Dissertation sur l'Origine de la Maladie Venerienne. Pariz chez Durand e Pissot 1752. 8. Sahio vertida em Inglez, London apud Griffiths 1751. 8 . estando ainda M. S.

 

Nesta obra intenta mostrar o Author, que esta Epidemia nasceo em França, e Italia pelos annos de 1493, e 1494, e que he falso, que Colon a trouxera da America, de cujo engano forão causa Oviedo, e Astruc.

 

Tratado da Conservação da saúde dos Povos, obra util, e igualmente necessaria aos Magistrados, Capitães, Generaes, Capitães de Mar, e Guerra, Prelados, Abbadeças, Medicos, e Pays de Familias, com hum Appendix. Considerações sobre os Terremotos com a noticia dos mais consideraveis de que faz menção a Historia, e dos ultimos, que se sentirão na Europa desde o 1 de Novembro de 1755. Pariz 1756, e Lisboapor Joseph Filippe 1757

 

Observação da Paralysia do intestino cego communicada à Sociedade Real de Londres pelo Doutor Jacob de Castro. Traduzida de Latim em Inglez. Londres na Transação Filosofica num. 494. art. XVI.

 

 

Obras  em M. S.

 

MS Dos effeitos, uso, e applicação dos Banhos Russos artificiaes

 

MS Do Methodo de ensinar a Cirurgia

 

MS Pharmacopeia ad usum Imperii Rutheni

 

MS Historia Febris Epidemicae anno 1727 Petropoli grassata

 

MS Pathologia. Esta obra he semelhante ao estylo de Boerhaave.

 

MS Aphorismi de cognoscendis, & curandis morbis

 

MS Tratado das Paixões da alma, ou effeitos saudaveis, e perniciosos que produzem no corpo humano

 

MS Dissertação sobre a natureza do Gallico, e das enfermidades chronicas, que procedem delle disfarçadas em symptomas differentes do mesmo Gallico.

 

MS Cirurgia Medica

 

MS Tratado das Febres

 

MS Da utilidade, e necessidade da Agricultura em qualquer Estado Politico das causas da sua perda, e dos remedios para se augmentar em Portugal

 

MS Dos efeitos do Descobrimento da America, e Conquistas, e se as Colonias devem ser regidas pelas mesmas Leys Civis, e Municipaes, que o centro do Reino de quem dependem

 

MS Methodo para aprender, e ensinar a Medicina nas Universidades Educação de Meninos pertencente à conservação da saude.

 

Esta obra remeteo o Author a Martinho de Mendoça de Pina e Proença, de quem se fez memoria em seu lugar.

 

MS Tratado da Melancolia

 

MS Discurso sobre as aguas de Penha Garcia

 

 

Esta obra fez o Author, quando assistia em Portugal, e della fez menção, como tambem do Author, com elogio da sua Pessoa, o Doutor Francisco Fonseca Henriques no Aquilegio Medicinal, pag. 45