12-12-2018
José Saramago - Rota de Vida - Uma Biografia,
de Joaquim Vieira - Livros Horizonte
| NOTA DE LEITURA 
 
		A biografia de Saramago por Joaquim Vieira
		
		é uma obra do maior interesse, pese embora a sua extensão 
		de 751 páginas. De facto, o tamanho 
		é 
		o 
		único senão que lhe atribuo. Penso que o autor poderia ser mais 
		comedido por exemplo, no tamanho das citações e 
		no resumo dos livros do escritor. Mas 
		é de todo o modo um 
		belo livro.  
		Muito interessante a afirmação de Saramago de que se ocupou de livros porque não 
		tinha outro emprego. Dedicou-se primeiro 
		às traduções (a lista dos livros que ele traduziu 
		é 
		enorme -- pag. 351), passou depois ao romance e ao ensaio.  
		A ligação 
		de Saramago 
		às suas musas principais, Isabel da Nóbrega 
		e Pilar del Rio, 
		é esmiuçada com todos os 
		pormenores.  
		De notar que o autor da biografia não solicitou o depoimento de Isabel da Nóbrega, 
		certamente por respeito 
		à sua idade (93 
		anos em 26 de Junho 
		último)  e/ou 
		por pedido da família. Foi 
		à filha Ana Isabel 
		que o autor do livro solicitou um depoimento sobre a mãe, 
		assim como 
		à sobrinha, a escritora Ana Maria Magalhães. 
		 
		É algo estranho que o Expresso não 
		tenha publicado uma recensão do livro: será 
		retaliação pelo desagrado de Francisco Pinto Balsemão 
		com a sua própria biografia escrita pelo mesmo jornalista, Joaquim 
		Vieira? 
 | 
 
 
A biografia de Saramago para esclarecer portugueses sectários
João Céu e Silva
A perceção nacional sobre o único Nobel da Literatura em língua portuguesa ainda 
é mais negativa do que positiva para os seus concidadãos. Pode ser que a 
biografia de Joaquim Vieira ajude a esclarecer os maus leitores de Saramago.
A
introdução de Joaquim Vieira à sua mais recente biografia, José Saramago - 
Rota de Vida, é reveladora do preconceito para com um dos mais importantes 
escritores da literatura portuguesa. Nela conta como propôs, enquanto diretor 
adjunto do semanário Expresso, que se convidasse Saramago para escrever 
uma crónica semanal em 1993. Justificara o convite com a sua experiência própria 
de leitor soixante- huitard, o modelo de uma coluna existente no Le 
Monde, e porque pressentia que o autor ainda poderia vir a ser Prémio Nobel. 
Assim aconteceu cinco anos depois, deixando o jornal sem a sua marca como 
testemunho impresso nas páginas de sábado devido às posições do então diretor 
José António Saraiva, e o fundador Pinto Balsemão, contra a presença de um 
comunista num jornal de tradição liberal.
A revelação é a primeira entre as muitas que esta biografia hoje apresentada 
oficialmente na Biblioteca do Palácio Galveias traz nas suas 751 páginas. O 
local da sessão não terá surgido por acaso, afinal foi naquelas salas que o 
operário José se formou intelectualmente e se transformou em Saramago, o 
escritor que acalentava desejo de o ser desde cedo e que até aos 60 anos nunca 
teve sucesso suficiente para se destacar entre a "aristocracia" que dominava as 
letras portuguesas.
Teve a sorte, disse-o Saramago, de ser demitido de subdiretor do Diário de Notícias após a deriva esquerdista do pós-Revolução do 25 de Abril e de ter ido parar a Lavre, uma terra alentejana em que a cooperativa e os comunistas que por lá andavam o fizeram ouvir a voz literária que colocou para trás de si a maioria dos autores seus contemporâneos e inovou a narrativa nacional.
O biógrafo Joaquim Vieira faz um levantamento exaustivo do seu percurso de vida 
com recurso a inúmeras entrevistas de quem o conheceu ou trabalhou com ele, revê 
estudos e investigações de outros sobre o biografado, e escreve o mais longo 
trabalho que Saramago teve até agora sobre a sua vida e obra. Que esclarece 
bastantes pormenores de uma vida que foi dourada por amigos, contestada por 
inimigos, maltratada por estudiosos da literatura das últimas décadas, analisada 
com despeito ideológico por alguma crítica literária e até amaldiçoada por 
várias figuras governativas pouco esclarecidas.
Não será por acaso que o primeiro capítulo começa com o discurso de Saramago na 
entrega do Nobel em Estocolmo. Joaquim Vieira destaca a escolha do premiado em 
elogiar o seu avô tratador de porcos e questiona se foi uma "tirada literária 
concebida para a ocasião" ou um "pensamento genuíno". Desta e doutras dúvidas 
está a rota de vida de José Saramago cheia, que o biógrafo tenta esclarecer de 
vez neste livro, não se preocupando em observar os limites do politicamente 
correto ou satisfazer interesses.
A melhor notícia é que esta biografia escapa à hagiografia habitual dos que 
estavam próximos de Saramago e dos que lhe estão ainda. Não retira um ponto da 
sua vida ideológica como se vai tentando esbater, não ignora a sua roda-viva 
emocional que colegas seus fazem questão de debicar em sussurro, não passa ao 
lado das invejas na vida editorial que o "jovem" Saramago tem de enfrentar 
quando se tenta aproximar dos "grandes" durante o anterior regime, não esquece 
as duas primeiras mulheres nem o papel de Isabel da Nóbrega nos primeiros 
grandes sucessos de Saramago.
A página 216 da biografia é um bom exemplo desta última situação, quando uma 
"incógnita amiga" refere como Isabel da Nóbrega encontra Saramago: "O Zé não se 
sabia vestir, e nem tinha dinheiro para isso. Quem o arranjou, etc., foi ela, 
quase como numa campanha de publicidade - eu diria que a Isabel criou o 
produto."
A página 271 (e seguintes) é outro bom exemplo da velha questão do "saneamento" 
no Diário de Notícias que aqui é tratado com bastantes depoimentos de 
jornalistas que viveram a situação.
A página 419 é um bom exemplo de como parte do poder não apreciava Saramago, 
onde se relata o exemplo do caso do atraso de sete meses na entrega do Prémio 
Cidade de Lisboa e de o então autarca Krus Abecasis dizer na cerimónia que "não 
me perturba dar um prémio que exprime uma conceção do mundo inteiramente oposta 
à minha e à dos cidadãos que me elegeram".
A página 525 é um bom exemplo de dois temas grandes da biografia de Saramago, o 
escândalo de O Evangelho segundo Jesus Cristo e o ruir do universo 
comunista.
A página 665 é um bom exemplo de como a outorga do Prémio Nobel irritou em muito 
os seus concidadãos, designadamente o que se chamava a crítica literária que 
utilizou o romance pós-Nobel A Caverna como o melhor exemplo para o pior 
da escrita de Saramago.
As únicas páginas que faltam neste José Saramago - Rota de Vida são 
aquelas que poderiam proporcionar um maior detalhe sobre a vida literária pós Levantado 
do Chão, mas a biografia aponta para o conhecimento maior do homem e não 
pretende ser uma radiografia literária. Portanto, nada a apontar sobre a opção, 
até porque o período pré-Levantado do Chão faz dos melhores retratos do 
esforço literário do escritor.
José Saramago Rota de Vida - Uma Biografia
Joaquim Vieira
Editora Livros Horizonte
751 páginas

13 de Novembro de 2018
José Saramago: Rota de Vida é 
o título do novo livro, escrito por Joaquim Vieira e editado pela Livros 
Horizonte. Lançamento realiza-se no Palácio Galveias, às 18h30.
A biografia de José Saramago, um retrato do percurso criativo e privado do 
Prémio Nobel da Literatura Português, já chegou às livrarias e é apresentada 
esta terça-feira, às 18h30, na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa.
	
José Saramago: Rota de Vida é 
o título da biografia, escrita por Joaquim Vieira e editada pela Livros 
Horizonte, que traça o percurso de uma personalidade única da cultura 
portuguesa, debruçando-se tanto sobre a sua intensa actividade criativa como 
sobre a sua atribulada vida privada, descreve a editora.
PUB
Único português, até à data, a 
vencer o Prémio Nobel da Literatura – o 
que aconteceu há 20 anos – e 
autor de romances como Memorial 
do Convento, O 
Ano da Morte de Ricardo Reis ou Ensaio 
sobre a Cegueira, 
Saramago conquistou por mérito próprio "um estatuto de primordial relevo" na 
História recente, acrescenta.
A editora destaca, contudo, que José Saramago trilhou "um caminho árduo" até 
atingir a consagração, já que nasceu no seio de uma família de trabalhadores 
rurais ribatejanos, estudou apenas para serralheiro mecânico e fez toda a sua 
formação intelectual como autodidacta.
O autor manteve-se na obscuridade durante a maior parte da sua carreira, fosse 
como funcionário de escritório, responsável por uma editora ou até enquanto 
editorialista, que não assinava os seus textos, e só por volta dos 60 anos 
ganhou notoriedade como romancista.
"É um percurso muito rico de vida, sobretudo porque há uma parte que é menos 
conhecida das pessoas, porque Saramago praticamente só ganhou projecção aos 60 
anos, há todo um percurso de evolução até aí que eu acho fascinante", disse 
Joaquim Vieira, em entrevista à Lusa.
E explica: "Como é que uma pessoa está na obscuridade durante a maior parte da 
sua vida e, de repente, começa uma ascensão até chegar ao Nobel? Isso é o que eu 
acho talvez mais interessante na vida de Saramago, mas interessou-me muito esse 
primeiro meio século da sua vida, como é que foi a sua formação, para chegar a 
uma altura e fazer a caminhada para o Nobel".
Viu-se envolvido em polémicas que mobilizaram as atenções nacionais: foi acusado 
de praticar censura e de afastar jornalistas como director-adjunto do Diário 
de Notícias. 
No entanto, ele próprio viria a 
queixar-se, anos mais tarde, de o Governo lhe censurar um livro, 
o que o levaria a tomar a decisão de se afastar do país.
Joaquim Vieira refere-se a esse episódio, passado no chamado "Verão Quente" de 
1975, do saneamento de jornalistas que exigiam mais pluralismo, como tendo sido 
"muito complicado" na vida de Saramago, que ainda se tentou distanciar desse 
acto, afirmando que não tinha responsabilidades. "Mas não é essa a ideia que se 
tira quando se investiga o assunto e se fala com pessoas que viveram isso 
também. A ideia que se tira é que ele teve responsabilidades", afirma Joaquim 
Vieira, argumentando, contudo, que é preciso perceber o que se passou, "no 
contexto da época".
Eram tempos de muita agitação, em que toda a gente tomava posição, e Saramago 
esteve também envolvido em toda essa agitação, escrevia editoriais que defendiam 
opiniões "incendiárias no contexto da época do PREC [Período Revolucionário em 
Curso]". Na altura, dizia-se que o jornal estava na mão do PCP e, de facto, José 
Saramago era militante do partido, "só que aqueles editoriais escritos por ele 
eram mais radicais do que a posição do PCP, o que causou até incómodos ao 
próprio Partido Comunista", contou Joaquim Vieira, confessando que desconhecia 
este pormenor.
A biografia de José Saramago revela também um homem com uma relação "um pouco 
atribulada" com as mulheres, com quem teve "muitos actos de sedução ao longo da 
vida". "Há muitas histórias de Saramago com mulheres", histórias que, hoje em 
dia, na era do movimento #MeToo, 
possivelmente ganhariam "um outro significado".
"As pessoas farão os seus juízos, não o acuso de assédio, mas descrevo certos 
episódios e depois as pessoas tiram as suas conclusões", afirmou Vieira, 
frisando que nenhuma das pessoas que entrevistou acusou o escritor de assédio, 
de "maneira explicita", mas contaram "situações que são um bocado complicadas". 
Apesar destes episódios, Joaquim Vieira salienta que "o fundamental" da 
biografia de Saramago é a obra, a escrita e a literatura.
O jornalista, que já foi biógrafo de Mário Soares e de Francisco Pinto Balsemão, assumiu a empreitada de escrever a biografia de José Saramago, a convite da editora Livros Horizonte, tarefa que lhe demorou três anos de trabalho e que chegou este mês às livrarias.
ípsilon
Uma ascensão na obscuridade até ao “caminho das estrelas”: foi esse o "atraente" 
objecto de trabalho de Joaquim Vieira. Rota 
de Vida, 
a biografia “não oficial” de José Saramago, é um livro essencial para se 
perceber o percurso de uma personalidade que marcou de maneira intensa a vida 
cultural portuguesa
Rota de Vida, 
a biografia “não oficial” de José Saramago agora publicada pela Livros Horizonte, 
foi preparada e escrita ao longo de três anos. O autor deste longo e cuidado 
trabalho foi Joaquim Vieira (n. 1951), jornalista, ensaísta e documentarista, e 
autor de vários livros – entre eles as biografias de Mário Soares e de Francisco 
Pinto Balsemão. Em Rota 
de Vida, 
Joaquim Vieira não se limitou ao retrato do lado público, mais ou menos 
conhecido, do biografado; a sua atribulada vida privada não ficou fora da 
pintura, mesmo que por vezes inconveniente e incómoda. “Não escrevi uma 
hagiografia”, nota. “Preocupo-me sempre em fazer um retrato de corpo inteiro. Às 
vezes as pessoas chocam-se com certas histórias que mostram a vida privada dos 
biografados. Mas acho que para mim é natural, eu não vou escrever só sobre o 
trabalho das pessoas, aquilo que elas publicavam. Esse contributo delas para a 
vida pública já é conhecido. Quando se faz uma biografia interessa contar toda a 
vida da pessoa, incluindo as partes que alguns possam considerar mais incómodas, 
mais inconvenientes. A vida privada, por vezes até a vida íntima, é a parte 
mundana. Isso causa algumas surpresas. Tive esse problema com a biografia de 
Mário Soares e com a de Pinto Balsemão.”
Joaquim Vieira começa por, durante algum tempo, acumular informação, um pouco a 
esmo. Depois chega a altura de a ordenar e de lhe dar uma certa lógica a partir 
da qual passa a uma nova fase do trabalho. “As informações que se vão recolhendo 
são como pontinhos que se põem na tela, e depois há que unir esses pontos para 
termos o retrato. E quantos mais pontos houver, mais preciso e fiel é o retrato. 
Quando o percurso é público os pontinhos já estão mais ou menos espalhados pela 
tela, mas há coisas que é preciso reconstituir”, diz.
O método que seguiu neste trabalho sobre a vida e a obra de José Saramago foi 
idêntico ao que seguiu quando escreveu as outras biografias. Mas esta teve 
especificidades: a particularidade de ter de ler toda a obra publicada, e o 
facto de o biografado ter quase 60 anos de idade quando começou a sua vida 
pública. “Essa parte menos pública da vida levanta a dificuldade da 
reconstituição de uma fase mais obscura. Mas o facto de ele ter começado a ser 
um escritor conhecido depois de 60 anos de vida, torna o trabalho muito mais 
fascinante. Esse caminho da ascensão até à consagração como escritor, essa 
ascensão na obscuridade até ao “caminho das estrelas”, como alguém disse. Achei 
isso particularmente atraente como objecto de trabalho”, confessa Joaquim 
Vieira.
Por entre a recolha de dados e de factos em arquivos, houve também a necessária 
recolha de depoimentos. O biógrafo pergunta e escuta. Depois há que filtrar, 
verificar se as histórias têm correspondência com outros testemunhos ouvidos ou 
com documentação escrita. “Há coisas que muitas pessoas validam como importante, 
e que parece um dado fundamental na vida da pessoa, pessoas que viveram isso, 
que foram protagonistas, mas que quando se confrontam os depoimentos com outros 
aquilo ganha uma dimensão muito menor”, exemplifica Joaquim Vieira.
Rota de Vida é 
um livro essencial para se perceber o percurso de uma personalidade que marcou 
de maneira intensa a vida cultural portuguesa.
EXPRESSO de 18-6-2010
CRONOBIOGRAFIA 
de José Saramago
Nasce a 16 de Novembro na Rua da Alagoa de Azinhaga (Ribatejo, Golegã, Portugal) 
no seio de uma família de camponeses. Os seus pais são José de Sousa, 
jornaleiro, e Maria de Jesus, doméstica.
Muda-se para Lisboa com a família, onde o pai irá trabalhar na Polícia de 
Segurança Pública.
Em Dezembro morre o seu irmão Francisco, com quatro anos de idade.
Aquando da sua inscrição na escola primária da Rua Martens Ferrão descobre-se 
que um funcionário do Registo Civil da Golegã incluiu como apelido na sua 
certidão de nascimento a alcunha familiar, Saramago. Desta forma, torna-se no 
primeiro Saramago da família Sousa. Se assim não tivesse acontecido, o seu nome 
seria José de Sousa.
Muda-se para a escola primária do Largo do Leão.
Durante estes anos e os seguintes a família Sousa tem uma vida difícil, morando 
em quartos alugados e em várias ruas de Lisboa: Quinta do Perna-de-Pau, Rua E 
(hoje Rua Luís Monteiro), Rua Carrilho Videira, Rua dos Cavaleiros, Rua Padre 
Sena Freitas.
Matricula-se no Liceu Gil Vicente, onde inicia estudos secundários, frequentando 
dois cursos (liceal e técnico).
A falta de recursos económicos da família obriga-o a transferir-se para a Escola 
Industrial de Afonso Domingues, onde estudará até 1940.
Durante toda a infância e adolescência passa longos períodos na Azinhaga com os 
avós maternos.
O primeiro livro que possui é-lhe oferecido pela mãe: A 
Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg.
A família Sousa passa a viver num andar só para ela na Rua Carlos Ribeiro, nº 
15, no Bairro da Penha de França.
Conclui os estudos de Serralharia Mecânica no Escola Industrial de Afonso 
Domingues. Consegue o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico nas 
oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa.
À noite frequenta a biblioteca municipal do Palácio das Galveias, "lendo ao 
acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me 
aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada 
lugar que descobre", nas palavras do próprio Saramago.
Passa a ocupar um lugar nos serviços administrativos dos Hospitais Civis de 
Lisboa.
Trabalha na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria de Cerâmica, de 
onde foi afastado em 1949 em consequência do seu apoio à campanha eleitoral de 
Norton de Matos, o candidato da oposição à Presidência da República.
Casa-se com a pintora Ilda Reis.
Publica Terra 
do Pecado, o seu primeiro romance, intitulado inicialmente A 
Viúva.
Nasce a sua filha, Violante.
Na segunda metade dos anos cinquenta e até 1953 escreve numerosos poemas, contos 
- alguns dos quais são publicados em revistas e jornais - e esboça a redacção de 
pelo menos quatro romances, dos quais apenas conclui um.
Morre o seu avô, Jerónimo Melrinho.
Começa a trabalhar na Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Previdente, 
fazendo cálculos de subsídios e de pensões, graças à mediação do seu antigo 
professor Jorge O´Neil.
Termina Clarabóia, 
romance inédito, com que encerra uma série de infrutíferas tentativas narrativas 
que aborda sob títulos como O 
Mel e o Fel, Os 
Emparedados e Rua.
A convite de Nataniel Costa enceta colaboração com a editora Estúdios Cor, no 
sector de produção. O seu nome começa a ser conhecido no campo da literatura e 
da cultura. Inicia a sua actividade como tradutor, cifrada em mais de sessenta 
títulos, até meados da década de oitenta. Na segunda metade da década de 
cinquenta traduz cerca de dezasseis livros, entre eles de autores como Colette e 
Tolstoi.
Abandona a Companhia Previdente para trabalhar exclusivamente na editora 
Estúdios Cor.
Em 13 de Maio morre o seu pai, no Hospital dos Capuchos, aos sessenta e oito 
anos de idade.
É editado o seu primeiro livro de poesia, Os 
Poemas Possíveis.
Ao longo desta década continua a sua actividade de tradutor, se bem que com mais 
moderação. Traduz, entre outros, Colette, Cassou, Audisio, Maupassant e Bonnard.
Colabora como crítico literário na revista Seara 
Nova. Nesta condição, escreve sobre vinte e três livros de ficção, 
entre eles títulos de Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Júlio Moreira, Alice 
Sampaio, Augusto Abelaira, Urbano Tavares Rodrigues, José Cardoso Pires, Rentes 
Carvalho, Nelson de Matos, Manuel Campos Pereira...
Publica crónicas no jornal A 
Capital, nas secções "Rua Acima, Rua Abaixo" e "Deste Mundo e do 
Outro".
Filia-se no Partido Comunista Português.
Faz a sua primeira viagem ao estrangeiro (Paris).
Continua a publicar crónicas jornalísticas n'A 
Capital, na secção "Deste Mundo e do Outro".
Divorcia-se de Ilda Reis.
Muda-se para Lisboa, depois de viver doze anos na Parede.
Inicia uma relação com a escritora Isabel da Nóbrega, que durará até 1986.
Publica o livro de poemas Provavelmente 
Alegria.
Deixa a editora Estúdios Cor.
Sob o título Deste 
Mundo e do Outro, reúne as crónicas publicadas no jornal A 
Capital (1968-1969), cujo suplemento "A Semana" coordenou.
Continua a publicar crónicas nos jornais A 
Capital e Jornal 
do Fundão, na secção Deste 
Mundo e do Outro.
Publica numerosas crónicas no Jornal 
do Fundão.
Trabalha como editorialista no Diário 
de Lisboa .
Nasce a sua primeira neta, Ana.
Continua como editorialista no Diário 
de Lisboa.
Publica O 
Embargo.
Dá à estampa A 
Bagagem do Viajante, segundo volume das crónicas jornalísticas 
publicadas nos jornais diários A 
Capitale Jornal 
do Fundão (1971-1972).
Dirige o suplemento literário do Diário 
de Lisboa.
Colabora com a revista Arquitectura.
Após a Revolução do 25 de Abril coordena uma equipa do Fundo de Apoio aos 
Organismos Juvenis (FAOJ), sob dependência do Ministério da Educação.
Colabora como assessor do Ministério da Comunicação Social.
Edita o seu primeiro volume de crónicas políticas, As 
Opiniões Que o DL Teve, onde colige os editoriais que publicou 
anonimamente no Diário 
de Lisboa em 1972 e 1973.
Publica no Diário 
de Notícias o "Primeiro e Segundo Poema dos Mortos".
É nomeado director-adjunto do Diário 
de Notícias. Acusado de radicalismo marxista, vive um tumultuoso 
momento de crise, paralelo à evolução política moderada da Revolução, que o 
afasta do jornal, sem sequer receber apoio do seu partido.
Ao ficar desempregado no 25 de Novembro, decide não procurar outro trabalho e 
dedicar-se exclusivamente à escrita e à tradução. Os seus únicos rendimentos 
provêm das traduções, e intensifica esta actividade, a partir deste ano, 
vertendo para português, entre 1976 e 1979, cerca de vinte e sete obras, muitas 
delas de carácter político: Frémontier, Jivkov, Moskovichov, Pramov, Grisnoni, 
Poulantzas, Bayer, Hegel, Romain...
Faz parte do Movimento Unitário de Trabalhadores Intelectuais para a Defesa da 
Revolução (MUTI).
Publica o livro de poemas O 
Ano de 1993.
Faz uma recompilação das crónicas escritas no Diário 
de Notícias, que publica com o título Apontamentos.
Em Dezembro publica o romance Manual 
de Pintura e Caligrafia.
No início do ano transfere-se durante uns meses para Lavre, Montemor-o-Novo, 
onde convive com trabalhadores da Unidade Colectiva de Produção Boa Esperança, 
com o objectivo de preparar o seu romance Levantado 
do Chão , que será publicado no ano de  1980.
Publica Objecto 
Quase (contos).
Publica a peça de teatro A 
Noite, que recebe o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos.
Publica-se Poética 
dos Cinco Sentidos , livro de contos em que vários autores escrevem 
sobre os sentidos. A colaboração de José Saramago intitula-se O 
Ouvido.
O Círculo de Leitores encarrega-o de escrever um livro de viagens sobre 
Portugal.
Surge Levantado 
do Chão, que marca o início do estilo saramaguiano. É-lhe atribuído o 
Prémio Cidade de Lisboa.
Publica a peça de teatro Que 
Farei com Este Livro?, representada nesse ano no Teatro de Almada. 
Entre esta data e 1985 traduz cerca de dez títulos de vários autores: Bautista, 
Honoré, Jivkov, Duby, Hikmet...
É publicada Viagem 
a Portugal.
Em Agosto morre a sua mãe, Maria da Piedade, aos 81 anos.
Publica Memorial 
do Convento, que o consagra internacionalmente.
Dá à estampa a segunda edição, revista e corrigida, de Provavelmente 
Alegria.
Atribuição a Memorial 
do Convento do Prémio Pen Club 1983 e do Prémio Literário Município 
de Lisboa.
Publica O 
Ano da Morte de Ricardo Reis.
Preside à Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores.
Nasce o seu neto, Tiago.
É nomeado Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada pelo Presidente da 
República, Mário Soares.
Prémio Pen Club 1985 pelo título O 
Ano da Morte de Ricardo Reis.
Prémio da Crítica 1985, pela Associação Portuguesa de Críticos.
Termina a relação com Isabel da Nóbrega.
Publica A 
Jangada de Pedra.
Prémio Dom Dinis (Fundação Casa de Mateus) 1986, pela obra O 
Ano da Morte de Ricardo Reis.
Começa a escrever as crónicas "A Letra da Tabuleta" no JL (Jornal 
de Letras, Artes e Ideias ).
Conhece Pilar del Río.
Publica peça de teatro A 
Segunda Vida de Francisco de Assis, levada à cena posteriormente no 
Teatro Aberto.
Recebe o Prémio Grinzane-Cavour (Alba, Itália) 1987 atribuído a O 
Ano da Morte de Ricardo Reis.
Casa-se com a jornalista Pilar del Río.
Publica História 
do Cerco de Lisboa.
Estreia no Teatro Alla Scalla de Milão a ópera Blimunda, 
com libreto do músico italiano Azio Corghi baseado no romance Memorial 
do Convento.
Publica O 
Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra galardoada com o Grande Prémio 
de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e com o Prémio 
Brancatti (Zafferana, Itália).
É nomeado Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Turim e Sevilha.
O governo francês concede-lhe o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.
A Lello Editores publica a sua obra completa em três tomos.
O governo português veta a candidatura de O 
Evangelho Segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu.
Em Itália, recebe o Prémio Internacional Ennio Flaiano (Pescara, Itália) 
atribuído ao romance Levantado 
do Chão.
É-lhe concedido o Prémio Literário Internacional Mondello (Palermo, Itália).
Transfere a sua residência para Lanzarote.
Publica a sua quarta peça de teatro, In 
Nomine Dei, que é distinguida com o Grande Prémio de Teatro da 
Associação Portuguesa de Escritores.
Torna-se membro do Parlamento Internacional de Escritores, com sede em 
Estrasburgo.
Atribuição do The Independent Foreign Fiction Award (Inglaterra) a O 
Ano da Morte de Ricardo Reis (tradução inglesa).
Recebe o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
Estreia no teatro de Münster (Alemanha) da ópera Divara, 
com música de Azio Corghi e libreto baseado na peça In 
Nomine Dei.
Publica-se o primeiro volume de Cadernos 
de Lanzarote.
Ingressa na Academia Universal das Culturas (Paris).
Ingressa na Academia Argentina de Letras.
Ingressa no Patronato de Honra da Fundação César Manrique (Lanzarote).
É nomeado Presidente Honorário da Sociedade Portuguesa de Autores.
Publica Ensaio 
sobre a Cegueira.
Publica o segundo volume de Cadernos 
de Lanzarote.
É-lhe atribuído o Prémio Camões.
É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Manchester (Inglaterra).
Estreia de A 
Morte de Lázaro, com música de Azio Corghi e libreto baseado nas 
obras In 
Nomine Dei, O 
Evangelho Segundo Jesus Cristo e Memorial 
do Convento.
Recebe o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
Viaja para o Brasil a fim de receber o Prémio Camões.
Publica o terceiro volume de Cadernos 
de Lanzarote .
Sai o quarto volume de Cadernos 
de Lanzarote.
Publica o romance Todos 
os Nomes.
É nomeado Filho Adoptivo de Lanzarote.
Publica o Conto 
da Ilha Desconhecida.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Castilha-la-Mancha (Espanha).
Recebe o Prémio Nobel da Literatura "... pela sua capacidade de tornar 
compreensível uma realidade fugidia, com parábolas sustentadas pela imaginação, 
pela compaixão e pela ironia", segundo a Academia Sueca.
Sai o quinto volume de Cadernos 
de Lanzarote.
É-lhe atribuído o Prémio Scanno/Universidade G. D'Annunzi pelo livro Objecto 
Quase.
Publica Folhas 
Políticas.
É nomeado Filho Adoptivo de Tías (Lanzarote).
Visita e permanece durante alguns dias no México, com os Zapatistas.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Évora (Portugal).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Nottingham (Inglaterra).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Porto Alegre (Brasil).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Minas Gerais (Brasil).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Santa Catarina (Brasil)
Doutor Honoris Causa, Universidade de Rio de Janeiro (Brasil).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Massachusetts (EUA).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade Pontifícia de Valência (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Rio Grande do Sul (Brasil).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Fluminense (Brasil).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Michel de Montaigne (França).
Publica A 
Caverna.
Recebe a Medalha de Ouro que lhe é outorgada pelo Governo de Canárias.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Salamanca (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Santiago do Chile (Chile).
Doutor Honoris Causa, Universidade do Uruguai (Uruguai).
Publica A 
Maior Flor do Mundo.
Recebe o Prémio Canárias Internacional concedido pelo Governo de Canárias.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Granada (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade Carlos III (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Roma (Itália).
Publica O 
Homem Duplicado.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Stranieri de Siena (Itália).
Doutor Honoris Causa, Universidade Autónoma do México (México).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Tabasco (México).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Buenos Aires (Argentina).
Publica  Ensaio 
sobre a Lucidez.
Doutor Honoris Causa, Universidade Charles de Gaulle (França).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Alicante (Espanha).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Coimbra (Portugal).
Doutor Honoris Causa, Universidade de Brasília (Brasil).
Publica Don 
Giovanni ou o Dissoluto Absolvido.
Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido é 
traduzido para italiano.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Edmonton (Canadá).
Doutor Honoris Causa, Universidade Nacional de El Salvador (El Salvador).
Doutor Honoris Causa, Universidade Nacional de São José da Costa Rica (Costa 
Rica).
Em fins de Julho a Companhia de Teatro O Bando estreia uma adaptação teatral de 
Ensaio sobre a Cegueira no Teatro da Trindade. A dramaturgia e a encenação são 
de João Brites.
Doutor Honoris Causa, Universidade de Estocolmo (Suécia).
Compra uma casa em Lisboa, no Bairro do Arco do Cego, que a partir de finais de 
Outubro lhe servirá de residência durante as suas permanências na capital.
Publica As 
Intermitências da Morte. No Teatro Nacional de São Carlos tem lugar 
uma iniciativa inédita: a apresentação conjunta das edições portuguesa, 
brasileira, catalã, italiana e espanhola (De Espanha e da América falante do 
castelhano), com leituras de excertos da obra em todas estas línguas, num acto 
de homenagem à diversidade cultural. A edição foi impressa em papel "amigo das 
florestas", por acordo entre José Saramago, editores e a Greenpeace. A música de 
Bach foi o fundo musical do evento.
É nomeado Filho Predilecto da Província de Granada.
Em Fevereiro começa a escrever As 
Pequenas Memórias, concluindo o livro em Agosto. Trata-se de um 
projecto concebido e amadurecido durante mais de vinte anos.
No Verão inaugura-se a biblioteca de sua casa em Tías, Lanzarote, numa festa 
cultural com a bailarina María Pagés e os cantores Luis Pastor e Pasión Vega, e 
à qual assistem numerosos amigos de Espanha e de Portugal.
Publica As 
Pequenas Memórias. O lançamento é feito na Azinhaga, coincidindo com 
a passagem do seu 84.º aniversário.
É-lhe atribuído o Prémio Dolores Ibarruri.
Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Dublin no Bloomsday (Irlanda).
Em Guadalajara, México, procede-se à leitura teatral de As 
Intermitências da Morte com Gael Diaz Bernal.
Petras, Gracia: Concerto A 
Maior Flor do Mundo.
Lisboa: estreia de Don 
Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, no Teatro Nacional de São Carlos.
Milão: estreia no Teatro Alla Scalla de Don 
Giovanni ou o Dissoluto Absolvido.
A 17 de Janeiro Luis Pastor apresenta o CD Nesta 
Esquina do Tempo, em que são musicados poemas de Saramago.
A 3 de Fevereiro são apresentadas As 
Pequenas Memórias em Tías, Lanzarote.
Em Fevereiro começa a escrever A 
Viagem do Elefante. Até Maio escreve cerca de quarenta páginas, mas 
depressa o interrompe por problemas de saúde. Só voltará a pegar-lhe em 
Fevereiro de 2008.
A 28 de Fevereiro é nomeado Filho Predilecto da Andaluzia.
A 7 de Março é levado à cena, em Nova Iorque, o seu romance Ensaio 
sobre a Cegueira, pela mão do director artístico da Godlight Theater 
Company.
A 15 de Março é nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Autónoma de 
Madrid.
A 20 de Março apresenta-se na Corunha La 
flor más grande del mundo, uma curta-metragem de animação baseada no 
conto de Saramago A 
Maior Flor do Mundo, realizada por Juan Pablo Etcheverry e com música 
de Emilio Aragón.
Em Março estreia-se em Helsínquia Baltasar 
e Blimunda, espectáculo musical realizado sobre textos do Memorial 
do Convento e música de Domenico Scarlatti. Na obra, criada e 
dirigida por Lisbeth Landefort, intervêm, além de uma voz recitante, a cravista 
Elina Mustonen, a soprano Sirkka Lampimäki e a bailarina Lili Dahlberg. O 
espectáculo estrear-se-á em Madrid a 16 de Novembro, para celebrar o 85º 
aniversário do escritor; em Lisboa, a 18 de Novembro; em Lanzarote, a 13 de 
Janeiro de 2008.
Em Abril termina o texto "As Sete Palavras do Homem" ["Las siete palabras del 
hombre"]. É uma encomenda de Jordi Savall para acompanhar a sua gravação da 
versão orquestral de As 
Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz de Joseph Haydn, à frente da 
orquestra Le Concert des Nations. O texto de Saramago reproduz-se no folheto que 
acompanha o CD. As 
Sete Palavras de Cristo na Cruz é uma partitura encomendada ao 
compositor vienense pela Hermandad da Santa Cueva de Cádiz, em 1785. Constitui 
um desafio, pois tratava-se de criar um "oratório sem palavras", em sete 
movimentos lentos (sonatas), que servissem de contraponto musical às palavras 
lidas dos evangelhos.
Em Junho começa a escrever A 
Viagem do Elefante, que interromperá em Outubro por motivo de uma 
doença grave. Saramago explicaria a origem do romance: "Foi há uns dez anos, em 
Salzburgo. Num restaurante chamado precisamente O Elefante, vi um friso de 
pequenas esculturas que representavam a caminhada de um elefante desde Lisboa 
até Viena." Numa folha de  agradecimentos, no início do livro, o autor 
precisa as circunstâncias que favoreceram o nascimento da obra, a propósito de 
um jantar no referido restaurante, depois de proferir uma conferência na 
Universidade de Salzburgo: "Foi necessário que os ignotos fados se tivessem 
situado na cidade de Mozart para que este escritor pudesse perguntar: "Que 
figuras são essas?" As figuras eram umas pequenas esculturas de madeira postas 
em fila, e a primeira delas, da direita para a  esquerda, era a Torre de 
Belém em Lisboa. A seguir vinham representações de vários edifícios e monumentos 
europeus que manifestamente anunciavam um itinerário. Disseram-me que se tratava 
da viagem de um elefante que, no século XVI, exactamente em 1551, sendo rei D. 
João III, foi levado desde Lisboa até Viena. Pressenti que aí podia haver uma 
história..."
Em Junho cria a Fundação José Saramago, não apenas com o objectivo de promover a 
conservação, o estudo e o conhecimento da sua obra mas também de intervir social 
e culturalmente, de impulsionar acções a favor do ambiente e de contribuir para 
a promoção activa dos direitos humanos. Numa declaração de princípios assinada a 
29 de Junho de 2007 por José Saramago, dirigida aos patronos da sua Fundação, 
expõe como suas vontades:
"a ) 
Que a Fundação José Saramago assuma, nas suas actividades, como norma de 
conduta, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de Dezembro de 1948; b) 
Que todas as acções da Fundação José Saramago sejam orientadas à luz deste 
documento que, embora longe da perfeição, é, ainda assim, para quem se decidir a 
aplicá-lo nas diversas práticas e necessidades da vida, como uma bússola, a 
qual, mesmo não sabendo traçar o caminho, sempre aponta o Norte; c) 
Que à Fundação José Saramago mereçam atenção particular os problemas do meio 
ambiente e do aquecimento global do planeta, os quais atingiram níveis de tal 
gravidade que já ameaçam escapar às intervenções correctivas que começam a 
esboçar-se no mundo." E conclui: "Bem sei que, por si só, a Fundação José 
Saramago não poderá resolver nenhum destes problemas, mas deverá trabalhar como 
se para isso tivesse nascido. Como se vê, não vos peço muito, peço-vos tudo."
A 15 de Julho é publicada uma entrevista de João Céu e Silva no Diário 
de Notícias, em que Saramago declara que, no seu entender, Portugal 
acabará por se integrar administrativamente, embora não culturalmente, na 
Espanha: "Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na 
nossa língua e certamente com dez milhões de habitante teríamos tudo a ganhar em 
desenvolvimento nesse tipo de aproximação e de integração territorial, 
administrativa e estrutural." E sugere que a Espanha provavelmente deveria mudar 
de nome, passando a chamar-se Ibéria: "Se Espanha ofende os nossos brios, era 
uma questão a negociar." As suas palavras têm grande ressonância polémica na 
Península Ibérica e geram um grande debate público. 
Em Cartagena das Índias, Colômbia, intervém perante um fórum de líderes da 
América organizado pela Fundación Carolina, para falar da necessidade da 
emergência do mundo indígena na América. "O outro lado da lua" foi o  
título da sua intervenção.
A 16 de Julho, em Castril (Granada, Espanha), numa renovação de votos, volta a 
contrair matrimónio com Pilar del Río, num acto simbólico de homenagem à mãe de 
Pilar, meses após a sua morte. Nessa noite Paco Ibañez dá um recital emocionante 
na praça da aldeia em memória de Carmen, mãe de 15 filhos, da mãe de Saramago, 
Maria da Piedade, e também da sua própria mãe, uma corajosa exilada que não se 
rendeu.
O realizador de cinema Fernando Meirelles trabalha na adaptação cinematográfica 
do Ensaio 
sobre a Cegueira.
Em Setembro recebe o Prémio Save 
the Children pela sua contribuição na defesa dos direitos da 
infância, juntamente com Graça Machel, Jane Fonda e Anne Sophie Mutter.
Em Outubro viaja para a Argentina, para assistir à reunião do júri do Prémio 
Clarín de romance e visitar o Memorial aos desaparecidos da ditadura com as Mães 
e as Avós de Maio, que iam falando dos nomes dos seus filhos como se os nomes 
fossem pessoas. Saramago acariciou as pessoas, embora fosse em cadeira de rodas. 
Regressa a Espanha muito debilitado por uma pneumonia, tendo que ingressar num 
hospital de Madrid.
A 23 de Novembro a Fundação César Manrique (Lanzarote) inaugura uma grande 
exposição, comissariada por Fernando Gómez Aguilera, dedicada à sua vida e à sua 
obra literária, intitulada José 
Saramago. A Consistência dos Sonhos. Além de inéditos descobertos 
durante o período preparatório da mostra, reúne abundantes manuscritos, 
primeiras edições, material documental, agendas pessoais, jornais e revistas, 
cadernos de notas, obras e documentos audiovisuais, traduções, num total de mais 
de um milhar de documentos. Ao acto, que congrega autoridades nacionais e amigos 
de vários países, Saramago desloca-se em cadeira de rodas e expressa o seu 
agradecimento e a sua emoção: "Não sabia que tinha trabalhado tanto."
Depois de treze anos de afrontas e coincidindo com o 25º aniversário da primeira 
edição de Memorial 
do Convento, a Câmara Municipal de Mafra concede-lhe a Medalha de 
Ouro Municipal. Saramago aceita a distinção "em nome do povo de Mafra".
Em Dezembro representa-se no Centro Andaluz de Teatro (CAT), em Sevilha, a sua 
peça de teatro In 
Nomine Dei uma crítica da intolerância e do fanatismo religiosos , 
encenada por José Carlos Plaza e produzida pelo próprio CAT.
Representação da peça Que Farei com Este Livro? pela Companhia de Teatro de 
Almada em Almada (Portugal).
A 9 de Dezembro a curta-metragem de animação La 
flor más grande del mundo (realização de Juan Pablo Etcheverry sobre 
o conto de José Saramago A 
Maior Flor do Mundo) ganhou o prémio de melhor filme de animação no 
Anchorage International Film Festival no Alaska.
A 18 de Dezembro dá entrada num hospital de Lanzarote, acometido por uma 
pneumonia que evoluirá, com complicações, ao ponto de pôr a sua vida em risco. 
Estará hospitalizado um mês e três dias.
2008
No dia 13 de Janeiro encerra, na Fundação César Manrique (Lanzarote), a 
Exposição José 
Saramago. A Consistência dos Sonhos.
A 22 de Janeiro tem alta hospitalar e regressa a casa.
No dia seguinte a abandonar o hospital, retoma a escrita de A 
Viagem do Elefante, interrompida pela doença. Os dois primeiros dias 
dedica-os à correcção do que já estava escrito em cerca de quarenta páginas e no 
terceiro já avança na história. Numa entrevista publicada em Outubro de 2008, no 
Brasil, comentará: "É sabido que passei por uma doença muito grave. Tive que 
interromper a escrita do livro [A 
Viagem do Elefante]. Internaram-me num hospital, mas vinte e quatro 
horas depois de regressar a casa já estava sentado a escrever. Entre finais de 
Fevereiro e Agosto, não parei. Pode concluir-se que retomei os meus hábitos de 
sempre: disciplina, trabalho regular e um pouco de obstinação." Um mês mais 
tarde insistiria: "Comecei o livro em Fevereiro de 2007, e até Maio escrevi 
cerca de 40 páginas. Não avancei porque a minha saúde piorou. Mas, como já me 
havia decidido por um certo tipo de narrativa, não se produziu nenhuma alteração 
no estilo [...] É como se houvesse outro que escrevesse por mim."
Em Fevereiro, foi nomeada a curta-metragem de animação La 
flor más grande del mundo  (realização de Juan Pablo Etcheverry 
sobre o conto de José Saramago A 
Maior Flor do Mundo) para a edição dos Prémios Goya 2008 da Academia 
das Artes e Ciências Cinematográficas de Espanha. Com estas distinções, A 
Maior Flor do Mundo consegue outro grande êxito na sua passagem pelos 
festivais VII edição dos Premios Mestre Mateo (Academia Galega do Audiovisual) 
ou 17º Tokyo Global Environmental Film Festival.
A 28 de Fevereiro a Fundação José Saramago é reconhecida oficialmente pelo 
governo português, com publicação no Diário 
da República desse dia.
A 1 de Março inauguram-se as actividades da Fundação José Saramago em Lanzarote 
com um encontro na biblioteca entre Saramago e María Kodama para falar de 
Borges. A mesma actividade será organizada em Lisboa pela sua Fundação a 20 de 
Junho, subordinada ao título "E se falássemos de Borges?".
Primeiros ateliers com escolas no auditório da Fundação José Saramago em Lisboa 
(Portugal) a propósito da curta-metragem de animação A 
Maior Flor do Mundo, disponível em DVD em versão bilingue.
A 15 de Março, homenagem a José Saramago (Teatro Nacional Dona Maria II / 
Companhia de Teatro de Almada mesa-redonda "O Teatro em José Saramago" e 
descerramento de uma placa de homenagem ao escritor) no TNDM II em Lisboa 
(Portugal).
A 29 de Março o ministro da Cultura de Portugal, José António Pinto Ribeiro, 
visita Saramago em Lanzarote.
Em Abril viaja até Lisboa, onde no dia 23 se inaugura, com a presença do 
primeiro-ministro do seu país, a Exposição José 
Saramago. A Consistência dos Sonhos, organizada, na Galeria de 
Pintura do Rei D. Luís, no Palácio Nacional da Ajuda, pelo Ministério da Cultura 
português (Instituto dos Museus e Conservação IMC, Biblioteca Nacional de 
Portugal BNP e Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas DGLB). Durante a sua 
permanência de três meses em Lisboa, continua escrevendo A 
Viagem do Elefante .
A 26 de Abril a curta-metragem de animação La 
flor más grande del mundo (realização de Juan Pablo Etcheverry sobre 
o conto de José Saramago A 
Maior Flor do Mundo) ganhou o prémio de melhor filme de animação no 
Festival Contraplano 08 em Segovia.
A 14 de Maio, o Festival de Cinema de Cannes abre com o filme Blindness, 
uma adaptação do romance Ensaio 
sobre a Cegueira transposta para os ecrãs pelo realizador brasileiro 
Fernando Meirelles. Quatro dias mais tarde, Meirelles e os produtores do filme 
exibem-no em Lisboa num visionamento privado a que assiste José Saramago. Na 
capital lusa, o filme estreará em Outubro. Apesar das suas reticências a que os 
seus romances sejam transpostos para cinema, Saramago sente-se satisfeito com o 
trabalho do cineasta: "O resultado da adaptação de Fernando Meirelles é mais que 
satisfatório. Considero-o mesmo brilhante. O essencial da história está ali, 
como seria de esperar, mas sobretudo encontrei, na narrativa cinematográfica, o 
mesmo espírito e o mesmo impulso humanístico que me levaram a escrever o livro."
A 31 de Maio inaugura-se uma extensão local da Fundação José Saramago em 
Azinhaga. Nesse mesmo dia, a sua aldeia natal gemina-se com os municípios de 
Tías (Lanzarote) e Castril (Granada), reunindo-se assim, simbolicamente, três 
municípios vinculados à história sentimental de Saramago. Homenagem a Pilar del 
Río com descerramento de placa toponímica em Azinhaga. Lançamento do livro Memórias 
da Terra de José Saramago Azinhaga, de José Henriques Dias, primeiro 
título editado pela Fundação José Saramago, em Azinhaga.
Realização de ateliers com escolas, a propósito da curta-metragem de animação A 
Maior Flor do Mundo, em Azinhaga (Ribatejo, Portugal), no âmbito das 
comemorações do Dia Mundial da Criança.
Representação única da peça Que 
Farei com Este Livro? pela Companhia de Teatro de Almada no Teatro 
Municipal de Almada, em Almada (Portugal).
The Biggest Flower in the World (realização 
de Juan Pablo Etcheverry sobre o conto de José Saramago A 
Maior Flor do Mundo) vence o Prémio de Melhor Argumento no Chicago 
Short Film Festival (Festival de Curtas-Metragens de Chicago).
A 20 de Junho, palestra-colóquio E 
Se Falássemos de Borges? com María Kodama e José Saramago na 
Biblioteca Nacional, em Lisboa.
Concerto executado pelo Quarteto Vianna da Motta, com interpretação do Quarteto 
n.o 9, op. 117, de D. Shostakovich na Galeria de Pintura do Rei D. 
Luís I no Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa).
A 10 de Julho a Fundação José Saramago realiza no Teatro Nacional de São Carlos, 
em Lisboa, uma homenagem a Jorge de Sena subordinada ao título "Jorge de Sena Um 
regresso", com a presença e participação do ministro da Cultura português, José 
António Pinto Ribeiro, e intervenções de José Saramago, Eduardo Lourenço, Vítor 
Aguiar e Silva, Jorge Fazenda Lourenço, António Mega Ferreira e Jorge Vaz de 
Carvalho, que procedeu à leitura de poemas do homenageado, acompanhado ao piano 
por António Rosado.
Curso Livre em torno da obra de José Saramago, organizado pelo  IMC e pela 
DGLB no âmbito da exposição José 
Saramago. A Consistência dos Sonhos (10 e 11 de Julho), na Galeria de 
Pintura do Rei D. Luís I, Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa).
A 16 de Julho, a Câmara Municipal de Lisboa aprova a cedência da Casa dos Bicos 
à Fundação José Saramago por um período de 10 anos para que ali se instale a sua 
sede. No dia seguinte é assinado o protocolo de cedência entre a Câmara e a 
Fundação.
A 18 de Julho voa de Lisboa para Lanzarote.
Lançamento do sítio da Fundação José Saramago na Internet.
A 22 de Agosto acaba na sua casa em Lanzarote A 
Viagem do Elefante. A obra parte de um episódio histórico localizado 
em 1551, a oferta de um elefante asiático por parte do rei D. João III de 
Portugal a seu primo, o arquiduque Maximiliano de Áustria. Saramago reinventa a 
viagem que, por terra e por mar, o paquiderme realiza desde Belém (Lisboa) a 
Viena. A ironia, o sarcasmo e o humor formam uma amálgama com a compaixão para 
oferecer, como o próprio autor assinalou, "uma metáfora da vida humana": "O que 
me levou a este livro foi o destino do elefante, no sentido em que, depois de 
morrer, lhe cortaram as patas para as colocarem na entrada do palácio para porem 
nelas os guarda-chuvas, as bengalas e as sombrinhas. Sem esse destino, tão 
grotesco, tão absurdo, talvez não tivesse escrito o livro. Em qualquer caso, 
excluindo esse final, o livro é uma metáfora da vida humana." Mas o alcance 
metafísico da narração não exclui a dimensão crítica da metáfora mediante a qual 
o escritor, amparado no seu célebre pessimismo, censura a estupidez do homem e 
investe duramente contra a Igreja, a nobreza e o estatuto militar, em suma, 
contra o poder, desmitificando as instituições para sublinhar o valor do 
marginal e do aparentemente menor, do ponto de vista histórico. Saramago assume 
uma posição cervantina e presta tributo à língua portuguesa, ao gosto pelo 
idioma e à invenção narrativa. 
Em fins de Agosto dá-se início ao blog da Fundação José Saramago.
Coincidindo com a festa anual (Seixal, Portugal) do jornal Avante!, 
o Partido Comunista Português presta-lhe uma homenagem.
A 15 de Setembro inicia "O Caderno de Saramago" no blog da Fundação José 
Saramago, onde publicará regularmente os seus textos, por norma cinco artigos 
por semana.
A 22 de Novembro viaja de Lisboa para o Brasil.
A 26 de Novembro A 
Viagem do Elefante será apresentado, pela primeira vez, na Academia 
Brasileira das Letras, no Rio de Janeiro, e no dia seguinte, na Sesc Pinheiros, 
em São Paulo. A 3 de Dezembro o mesmo sucederá no Centro Cultural de Belém, em 
Lisboa. As edições portuguesa, brasileira, espanhola e catalã saem em 
simultâneo.
A 29 de Novembro é inaugurada a Exposição José 
Saramago. A Consistência dos Sonhos no Instituto Tomie Ohtake de São 
Paulo.
A 1 de Dezembro regressa a Lisboa.
Em co-edição com a Fundação José Saramago, a Editorial Caminho imprime una 
edição especial limitada e numerada de A 
Viagem do Elefante, que inclui 15 ilustrações de Pedro Proença.
Edita-se e é apresentada uma edição especial de Levantado 
do Chão ilustrada por Armando Alves e coordenada por José da Cruz 
Santos, da editora Modo de Ler. O livro apresenta-se numa caixa com gravação e 
tem um prólogo de Pilar del Río.
A 5 de Dezembro escreve, na sua casa de Lisboa, a primeira página do seu novo 
livro, obra que conclui no dia 16 de Março em Lanzarote. Cinco dias antes 
anunciara no Brasil que começaria um novo livro.
A 10 de Dezembro, coincidindo com o 10.o aniversário da atribuição do Prémio 
Nobel, a Fundação José Saramago realiza uma homenagem à literatura portuguesa na 
Casa do Alentejo em Lisboa, na qual 25 escritores, actores e jornalistas 
emprestam a sua voz a autores já desaparecidos. Saramago lê Fernando Namora. A 
Fundação distribui nesse dia na imprensa portuguesa um folheto com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, a propósito do seu 60.o aniversário.
A 11 de Dezembro, também na Casa do Alentejo, o juiz Baltasar Garzón, em 
colóquio com Saramago, explica o processo de Pinochet e os actos judiciais que 
se estão levando a cabo na América contra os crimes das ditaduras.
A 12 de Dezembro inaugura em Lisboa, com María Kodama, o Memorial a Jorge Luis 
Borges.    
A 16 de Dezembro apresenta a edição espanhola de A 
Viagem do Elefante na Casa de América, Madrid.  
A 28 de Dezembro regressa a Lanzarote, depois de passar o Natal em Granada. 
Escreve para o blog a entrada "Cunhados", que reflecte o que significa para ele, 
filho único, estar com tantos cunhados, os 14 irmãos e irmãs de Pilar e seus 
respectivos pares. 
Durante o mês de Janeiro, dedica-se a escrever o seu novo livro.
No início de Fevereiro participa numa homenagem a Jorge Sampaio, em Lisboa.
A 5 de Fevereiro visita as obras de remodelação da Casa dos Bicos, futura sede 
da fundação que leva o seu nome.
A 1 de Março estreia em Madrid o filme A 
ciegas, de Fernando Meirelles, adaptação cinematográfica de Ensaio 
sobre a Cegueira. Saramago participa, juntamente com Meirelles, na 
sua apresentação.
A 4 de Março inaugura-se em Albacete (Espanha) a Casa da Cultura José Saramago, 
com a presença do ministro da Cultura espanhol.
A 16 de Março, em Lanzarote, conclui o seu novo livro. A sua publicação só 
acontecerá no mês de Outubro.
A 26 de Março encerra, em Arrecife de Lanzarote, as II 
Jornadas sobre Legalidade Urbanística, organizadas pelo  
presidente do município de Lanzarote.
A 5 de Abril, dá entrada numa clínica de Lanzarote afectado por problemas de 
saúde. Permanece hospitalizado quinze dias.
A 13 de Abril, abandona por umas horas a clínica para participar na 
mesa-redonda, "Experiência de Um Sequestro", organizada conjuntamente pela 
Fundação César Manrique e pela Fundação José Saramago, com o político colombiano 
Sigifredo López, primeiramente sequestrado e libertado oito anos depois pelas 
FARC. A 20 de Abril deixa o hospital.
A 16 de Abril recebe em Granada (Espanha), juntamente com Dario Fo, o XI Prémio 
Caja Granada de Cooperación Internacional, nos actos preliminares do Hay 
Festival Alambra, em "reconhecimento do esforço e da dedicação de ambos na 
procura de uma maior justiça social no mundo". No valor de  cinquenta mil 
euros, o dinheiro será utilizado para construir um Centro Cultural Sete Sóis 
Sete Luas na Ribeira Grande (Ilha de Santo Antão), em Cabo Verde. Saramago, 
ainda internado, não pode assistir à entrega do prémio e envia uma gravação.
A 23 de Abril, coincidindo com o Dia Mundial do Livro, a Fundação José Saramago 
e a Editorial Caminho publicam conjuntamente O 
Caderno, uma compilação dos textos diários que Saramago, desde 
Setembro de 2008 até meados de Março de 2009, foi publicando no seu blog O 
Caderno de Saramago, incorporado na página web da sua Fundação e 
difundido por internet. A sua primeira entrada a 17 de Setembro , intitulada 
"Palavras para uma cidade", dedicou-a a Lisboa. Sobre os seus comentários 
confessou: "Disseram-me que tinham reservado para mim um espaço no blog [da 
Fundação José Saramago] e que tinha que escrever nele o que fosse, comentários, 
reflexões, simples opiniões sobre isto e aquilo, enfim, o que viesse ao caso." A 
última entrada deste tomo, 15 de Março, intitula-se "Presidenta" e é uma 
declaração  de intenções do que quer que seja a Fundação e o papel de 
Pilar, sua mulher, na organização do trabalho actual e na projecção que venha a 
ter no futuro.
A 24, lançamento do livro Uma longa viagem com Saramago, da autoria de João Céu 
e Silva, publicado pela Porto Editora, e apresentado por Ricardo Araújo Pereira.
A 23 de Maio, no município de Almada (Portugal), inaugura-se a Biblioteca 
Municipal José Saramago, integrada no complexo arquitectónico do Centro Cívico 
do Feijó. As instalações incorporam um grande mural de catorze mil azulejos 
criado por Querubim Lapa. Em começos de Junho de 2008 fez-se o anúncio da 
atribuição do nome do escritor à biblioteca, coincidindo com a visita do Prémio 
Nobel a Almada para assistir à representação da peça teatral Que Farei com Este 
Livro?, escrita por Saramago para a Companhia de Teatro de Almada e estreada em 
1980.
No mesmo dia 23, a curta-metragem de animação La 
flor más grande del mundo (realização de Juan Pablo Etcheverry sobre 
o conto de José Saramago A 
Maior Flor do Mundo) ganhou o prémio de melhor curta-metragem de 
ficção ou de animação no Festival Internacional de Cine Ecológico e Natureza de 
Canarias.
A Editora Einaudi, que habitualmente edita em Itália a obra de Saramago, recusa 
a publicação de O 
Caderno, pelas referências críticas dedicadas ao primeiro-ministro 
italiano, Silvio Berlusconi, proprietário da empresa editora no post  
"Berlusconi & Cia". A Einaudi justificou a sua decisão de não publicar o livro 
"porque, entre muitas outras coisas, no mesmo se diz que Berlusconi é um 
delinquente. Quer se trate dele ou de qualquer outro expoente político, de 
qualquer segmento ou partido, a Einaudi defende a liberdade de criticar, mas  
nega-se a fazer sua uma acusação que qualquer tribunal condenaria [&] A Einaudi 
é propriedade de Berlusconi. E seria grotesco que esta casa editora fosse levada 
a tribunal por difamação ao seu dono, com a certeza de que seria condenada". O 
Prémio Nobel, para além de recusar a prática da censura, comentou à imprensa: "A 
verdade é que a situação que foi criada poderia definir-se como pitoresca, não 
fosse o facto de um político acumular tanto poder que faz temer a qualidade da 
democracia." E juntou: "Deve ser duro viver quando o poder político e o 
empresarial se reúnem. Não invejo a sorte dos italianos, mas no final depende da 
vontade dos eleitores manter este estado de coisas ou mudá-lo". Em declarações 
ao diário El País, precisou: "O que digo dele é mais ou menos o que todo o mundo 
pensa, à excepção dos seus votantes. Dizemos que a democracia é o melhor dos 
sistemas, e é certo. Mas a sua fragilidade é enorme. Quando aparece um senhor 
assim, que utiliza os piores métodos e consegue milhões de votos, o que acho 
estranho não é que se levantem vozes indignadas que protestem, mas que não se 
produza um movimento social de recusa pelo simples facto de que arruína o 
prestígio do seu país."
A 23 de Maio viaja para Lisboa.
A 31 de Maio participa, em Azinhaga (Ribatejo, Portugal), na celebração do 
primeiro aniversário da extensão local da Fundação que leva o seu nome. Por tal 
motivo, inaugura-se uma estátua de bronze sua, de um metro e oitenta de altura, 
obra do artista Armando Ferreira, que o retrata sentado num banco público com um 
livro na mão aberto numa página que diz: "A aldeia chama-se Azinhaga." A peça 
com a qual a aldeia natal do escritor o homenageia está instalada na praça da 
aldeia Largo da Praça , frente ao edifício da Fundação José Saramago. A 
escultura, impulsionada pelo presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, Vítor 
Guia, foi custeada por um grupo de leitores portugueses, cuja comissão foi 
coordenada por José Miguel Noras, membro do grupo "Mais Saramago". 
A 3 de Junho, sob a designação Narrar, 
recordar, participa num encontro com o escritor Manuel Rivas 
organizado em La Coruña pela Fundação Casares, a propósito da sexta edição dos 
"Diálogos Literários de Mariñán".
A 15 de Junho, na Casa do Alentejo, a Fundação José Saramago promove uma jornada 
de estudo e de homenagem ao escritor português José Rodrigues Miguéis 
(1901-1980), intitulada "Vamos ouvir José Rodrigues Miguéis" e inserida no ciclo 
inaugurado um ano antes com Jorge de Sena. No acto, coordenado pelo Professor da 
Universidade de Brown (Boston) Onésimo Teotónio de Almeida, intervêm, além do 
próprio Saramago, os Professores David Brookshaw, Duarte Barcelos, José Albino 
Pereira e Teresa Martins Marques.
A 18 e 19 de Junho realiza a rota portuguesa percorrida por Salomão em A 
Viagem do Elefante. Acompanhado pelos colaboradores da Fundação José 
Saramago e por alguns jornalistas, vai em autocarro desde Belém (Lisboa) até à 
fronteira em Figueira de Castelo Rodrigo, seguindo um itinerário cujos 
objectivos fundamentais são: Constância,  Castelo Novo, Belmonte, Sortelha, 
Cidadelhe e Castelo Rodrigo.
A 25 de Junho é apresentado em Lisboa O 
Caderno, livro em que se recolhem as entradas do autor publicadas, 
desde Setembro de 2008, no blog da Fundação que leva o seu nome. O acto, 
transmitido em directo por internet e realizado numa das salas do Tiara Park 
Atlantic Hotel, em Lisboa, consistiu numa conversa do autor com os jovens 
jornalistas Isabel Coutinho e José Mário Silva, responsáveis por alguns dos mais 
lidos blogs culturais em Portugal.
A 28 de Junho Saramago visita as obras da Fundação na Casa dos Bicos, 
acompanhado pelos arquitectos responsáveis pela remodelação, e declara-se 
satisfeito com o trabalho realizado.
A 9 de Julho, é nomeado Sócio Correspondente da Academia Brasileira de Letras.
De 15 a 18 de Outubro, realiza-se a segunda edição de "Escritaria", uma 
iniciativa que traz a criação literária para as ruas de Penafiel, mobilizando os 
seus habitantes e quem visita a cidade por esses dias. A Fundação José Saramago 
colaborou na organização deste encontro que promete continuar a fazer de 
Penafiel um local de discussão e de partilha em torno dos livros e dos seus 
autores. O tema da edição de 2009 foi dedicado a José Saramago que aí se 
deslocou, participando diariamente em diversos eventos em torno da sua obra, 
tendo sido objecto de destaque na sessão de encerramento o seu romance mais 
recente, Caim.
A 21 tem lugar uma conferência de imprensa com José Saramago a propósito de Caim, 
promovida pela sua editora, Caminho, na sede das instalações do Grupo Leya em 
Lisboa.
No dia 30, lançamento de Caim na 
Fundação Caixa Geral de Depósitos - Culturgest, em Lisboa, com a presença do 
autor.
Apresentação de Caim em 
conferência de imprensa, no dia 3 de Novembro, na Casa de América, em Madrid, 
com José Saramago, e editado pela sua editora espanhola, Alfaguara.
Nos dias 14 e 15, a curta-metragem A 
Maior Flor do Mundo, adaptada do conto infantil homónimo de José 
Saramago, dirigida por Juan Pablo Etcheverry (Continental Producciones), foi 
distinguida com o Prémio FNAC para a Melhor Curta-Metragem Espanhola por votação 
do público infantil (a mesma distinção foi atribuída a O 
Soldadinho de Chumbo, adaptação do conto infantil de H. C. Andersen 
dirigido por Virginia Curiá e Tomás Conde). Para além deste prémio, a banda 
sonora de A 
Maior Flor do Mundo, composta por Emilio Aragón, foi distinguida com 
o Prémio Amigos da Música de Badalona para a Melhor Música Original.
A 22, na sequência da proibição da entrada em Marrocos de Aminatu Haidar 
(defensora incondicional dos Direitos Humanos e destacada activista pela 
independência do Sahara Ocidental), José Saramago escreve-lhe uma carta de 
solidariedade, já no decorrer da greve de fome encetada por Aminatu e que 
duraria 32 dias.
A 1 de Dezembro, visita-a no aeroporto de Guacimeta em Lanzarote onde esta 
permanecia ainda em greve de fome.
No dia 29 de Janeiro, na sequência do sismo que abalou o Haiti, dá-se início a 
uma campanha de solidariedade para com o povo haitiano dando vida às palavras de 
José Saramago, a propósito da tragédia, "Porque todos temos uma obrigação". Esta 
campanha traduziu-se no lançamento de uma edição especial do livro A 
Jangada de Pedra, cujas vendas reverteram integralmente a favor das 
vítimas do sismo, através Fundo de Emergência da Cruz Vermelha, e foi promovida 
pela Fundação José Saramago, Grupo Leya e Editorial Caminho.
No dia 5 de Fevereiro, lançamento de Biografia 
de José Saramago, da autoria de João Marques Lopes e publicada em 
co-edição pela Guerra e Paz e pelas Edições Pluma. Esta biografia não contou com 
a participação de José Saramago.
No dia 17, lançamento de O 
Caderno 2 com prefácio de Umberto Eco, uma compilação dos textos 
diários que José Saramago publicou no seu blog O 
Caderno de Saramago, desde Setembro de 2008 até Novembro de 2009.
A 3 de Março, exibição do filme Embargo, 
de António Ferreira, adaptado do conto homónimo de José Saramago, incluído na 
obra Objecto 
Quase. O filme fez parte da selecção oficial do Festival Fanstaporto 
2010.
Nos dias 14 e 15 de Abril, Juan Gelman (poeta e jornalista argentino, Prémio 
Cervantes 2007) visita Lisboa. Do programa constou uma conferência de imprensa 
no Instituto Cervantes, uma Aula Aberta na Faculdade de Ciências Sociais e 
Humanas - Universidade Nova de Lisboa, e uma sessão na Casa do Alentejo com 
leitura de poemas por Juan Gelman e Nuno Júdice, acompanhada de trechos musicais 
de Astor Piazzola, interpretados por Gonçalo Pescada. José Saramago interveio na 
sessão por video-conferência desde Lanzarote. O poeta e jornalista fez-se 
acompanhar pelo seu editor Alejandro Schnetzer, da editora Libros del Zorro Rojo 
que, a par da Fundação José Saramago, Embaixada da Argentina, Instituto 
Cervantes e Casa da América Latina, também promoveu esta visita.
No dia 3 de Maio, na Sala José Saramago em Arrecife, no âmbito do ciclo "El 
Autor y Su Obra - Encuentros com creadores", realizou-se um colóquio com Ángeles 
Mastretta (jornalistas e escritora mexicana) e Pilar del Río. O evento foi 
organizado pela Fundação César Manrique e pela Fundação José Saramago.
 (Cronobriografia 
retirada do site 
oficial da Fundação José Saramago)