10-12-2006

 

Rodrigo de Castro e seus filhos

David Nahmias

(1550 - 1630)

 

Rodrigo de Castro nasceu em Lisboa em meados do sec. XVI, sendo filho do médico André Fernandes de Castro. Sua mãe tinha o sobrenome Vaz e era também irmã de três médicos. O mais célebre deverá ter sido Manuel Vaz, pois a ele se refere Rodrigo de Castro no 2.º volume do seu livro “De universa muliebrium morborum medicina” (pág. 47), como tendo sido médico assistente de quatro Reis de Portugal:

 

Memini quidem expertissimum Emanuelem Vaezium avunculum meum, qui ob consumatissimum in arte medica judicium, et peritiam non vulgarem, fuit successive quatuor Lusitaniæ regum, Johannis tertii, Sebastiani, Henrici et Philippi secundi cubicularius medicus...

 

Toda a família era de cristãos-novos.

Muito novo, Rodrigo de Castro foi para Salamanca estudar, primeiro filosofia e depois medicina, como era hábito do tempo. Doutorou-se e regressou a Lisboa, onde começou a exercer a profissão. Deve ter tido sucesso, pois o Rei Filipe II de Espanha (1.º de Portugal), pediu-lhe para ir para a Índia seleccionar e estudar plantas medicinais daquelas paragens, continuando as investigações ali feitas por Garcia de Orta e Cristóvão da Costa. Castro recusou, alegando que a sua saúde não lhe permitia suportar climas tropicais.

Em Maio de 1588, aparece a examinar os soldados a marinheiros mobilizados para embarcarem na Invencível Armada. Muitos fingiam-se doentes, pedindo-lhe um atestado médico para serem dispensados do serviço militar, o que ele terminantemente recusou, como relata no “Medicus Politicus” (pág. 251):

 

An. 1588, quo ingens illa classis adversus Angliam Olisippone parabatur, nautae et milites plerique data opera lecto decumbentes testimonium ex me petiere , ut a præfectis veniam impetrarent domi manendi, aut maris aut belli tædio, aut quia exitum præviderant, et ad majorem fidem sanguinem sibi mitti nonnulli curarunt. Eodem tempore famosum seortum,  quod etiam viros príncipes et uxoratos ad suos perttahebat amores, cum propterea relegaretur, et triremes, quibus vehi debuerat, essent in procinctu; ex lacte et sanguine mixtura per lectum diffusa abortum simulavit, et eius rei testimonium petiit, ut profectio tantisper suspenderetur, donec iudiciis iram demulceret, quod tamen a me, qui dolum deprehenderam, nec prece, nec precio potuit obtinere.

 

Entretanto a cólera de Filipe II virava-se contra os judeus e também contra os cristãos-novos, pois não era diferente a sorte de uns e outros, já que, em qualquer altura, apareciam inimigos que acusavam estes últimos de práticas judias. Ainda em 1588 ou no princípio do ano seguinte, Rodrigo de Castro fugiu para Antuérpia, onde ficou durante algum tempo.

Por volta de 1591, foi para Hamburgo. Ali conheceu e casou com Catarina Rodrigues.

Em 1596 irrompeu a peste na cidade e Rodrigo de Castro distinguiu-se nos cuidados que prodigou aos doentes e no combate à doença. Mais tarde, escreveu um livro sobre a natureza e as causas da peste.

Sua mulher faleceu em 1603, deixando-lhe filhos pequenos. Nesse mesmo ano, publicou a sua principal obra, um tratado de ginecologia, com o título “De universa mulierum medicina”, em dois volumes, a que nos referiremos a seguir.

A sua fama ultrapassou os limites da cidade de Hamburgo. Foi consultado pelo Rei da Dinamarca, pelo Arcebispo de Bremen, pelo Duque de Holstein e pelo Conde de Hessen.

Entretanto, depois da morte de sua esposa, converteu-se à prática da religião judaica, adoptando o nome de David Nahmias ou Nehemias ou ainda David de Jacob Nehemias.

Em 1614, depois da morte de seu irmão Jacob Nahmias que faleceu sem descendência, quis impedir sua cunhada de se casar de novo com alguém estranho à família e prontificou-se ao levirato, isto é, a dar-lhe descendência  (Deuterónimo, 25), embora fosse já casado. Esta atitude levantou muita polémica e suscitou muitas reacções, de tal modo que os chefes da comunidade judia lhe aplicaram o herem (excomunhão). Rodrigo de Castro denunciou-os às autoridades civis; mais tarde, escreveu um livro em português para defender as suas posições (Tratado de herem…).

Mas Rodrigo de Castro gozava de grande prestígio junto das autoridades da cidade. Embora os judeus estivessem impedidos de ter casas na cidade, havia uma excepção para Rodrigo de Castro que possuía uma casa por ele construída bem no centro da cidade (Wallstraße). Em carta de 4 de Dezembro de 1617, dirigida aos burgomestres e vereadores da cidade, os dirigentes da Igreja Luterana protestaram contra esse privilégio pessoal e pediram que pelo menos a sua casa se não transmitisse aos seus herdeiros.  Não foram, porém, atendidos.

Em 1614, Rodrigo de Castro publicou um livro sobre deontologia médica, com o título “Medicus Politicus” que foi muito apreciado até ao nosso tempo.

Rodrigo pôde matricular os seus filhos Bento e André (ambos foram depois médicos) no conceituado Ginásio Johanneum, até aí vedado aos judeus. O livro de actas do Johanneum de 1615 exarou a matrícula de dois judeus De Castro, mas com a esperança de que se convertessem ao Cristianismo (duorum de Castro, Iudacorum natorum et spe conversionem receptorum).

Rodrigo de Castro foi mantendo o seu prestígio intacto e veio a falecer já depois de 1629. Embora muitos autores o dêem como falecido em 1627, a verdade é que Zacuto Lusitano transcreve uma carta que ele lhe escreveu em 16 de Julho de 1629 (ver aqui)

 

 

Tratado de Ginecologia

 

O livro teve 5  edições: quatro em Hamburgo, em 1603, 1617, 1628 e 1662; e uma quinta em Colónia, em 1689.

O título da 1.ª edição era:

 

Roderici a Castro Lusitani ... De universa mulierum Medicina : Novo Et Antehac A Nemine Tentato Ordine Opus Absolutissimum. Et Studiosis omnibus utile, Medicis vero pernecessarium Parte 2: sive Praxis : Quatuor Contenta Libris, In Quibus Mulierum Morbi universi, tam, qui cunctis foeminis sunt communes, quam, qui virginibus, viduis, gravidis, puerperis, & lactantibus peculiares, singulari ordine traduntur, subindeq[ue] variae sterilitatis species, earumq[ue] naturae, causae, signa, & curationes, distincta & accurata methodo edocentur ...

Hamburgi : Officina Frobeniana ; "Hamburgi : Ohr, 1603

 

A partir da 2.ª edição, o título passou a ser: De universa muliebrium morborum medicina…

A obra divide-se em duas partes, a primeira dedicada à descrição da anatomia e fisiologia do corpo feminino, a segunda à patologia e clínica respectivas.

No tempo de Rodrigo de Castro, os médicos não  assistiam a partos: isso era para as parteiras. Eles apenas tinham a teoria. Assim o dizia Jean Le Bon, na sua Therapia Puerperarum (1589)

 

Cum autem a parturiendi laboribus vexari cœperit, advocanda obstetrix prudens et in ea arte appime edocta (hæc enim ars viros dedecet) quæ mulieri lectum ad id compositum et idoneum et in eo mulieris situm pro usu et arbitrio adaptabit, aut pro regione et consuetudine. (págs. 13)

 

Logo que a mulher inicia o trabalho de parto, é preciso chamar uma parteira prudente e bem instruída: de facto, esta arte não convém aos homens…

 

 

 

A ajuda no parto era, pois, tarefa das parteiras. Quando estas encontravam dificuldades, chamava-se então o cirurgião.

Provavelmente, os ensinamentos de Rodrigo de Castro no que respeita ao parto têm hoje um interesse apenas histórico. Mas nalguns pontos, ele foi extremamente ousado e moderno. Assim, descreve a massagem que se deve dar à parturiente para facilitar o parto, e entre as pessoas que devem ali estar, recomenda a presença do próprio marido, o que era absolutamente original à época.

  

Cap. I – De partu naturali et ut regendæ parturientes ac puerperæ.

……………………………………………………

Ad hæc parturienti cuncta ligamina auferantur, et cum dolor occurrent, ipsa quantum potest spiritum cohibeat, clauso ore et naribus, nec quicquam clamet, matrice  autem se aperiente conetut, cum se concludit, conati abstineat, nec frustra lassetur, et fervor, ac languinis fluxio emergat, vel motu uterus, et fœtus invertantur, quod accidisse visum jam esse. A lateribus etiam ministræ peritæ, et quæ sæpius pepererunt, aut ipsæ feminæ maritus, sine quassatione, manibus apertis deorsum deducat fœtum, supra umbilicum manibus molliter comprimendo, et urgendo, ut fœtus ad inferiora depellatur, quod si vires deficiant odoribus, vino et carnibus assis muniatur; si alvus sit suppressa, solis suppositoriis leniter ducatur. (2.º volume, págs. 435)

………………………

 

Os partos complicados são subdivididos em

- viciosos, se, sendo normais a criança e a mãe, é a posição em que se apresenta a criança que está fora das regras;

- difíceis e laboriosos, se o parto é complicado por qualquer anormalidade da criança ou da mãe (cabeça grande do bebé, bacia estreita, etc.)  

 

Cap. V – De partu vitioso

……………………

Tunc autem sit vitiosus partus, cum fœtus unae quatuor potissimum figuris exit, quippe aut pedibus promitur, aut manibus, et hoc dupliciter, quia interdum ambobus se præsentat, interdum uno: similiter nonnunquam ambabus manibus, plerumque una duntaxat. Tertia figura est, quando egreditur obliquis, id est, in latera, idque dupliciter, aut in alterum latus, aut in ventrem. Quarta duplicatus, quae etiam figura gemina est, aut enim primitus natibus propinquat osculo uteri, aut capite, et plantis pedum simul junctis, quas omnes figuras Hippocrates posuit, eas vero, ac plures ad easdem reducendas depinxit Eucharius Rodion.  (2.º volume, págs. 454)

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Cap. VI – De partu difficili et laborioso

 

Inter reliquia animantia sola mulier paritur difficilem partum, quippe quæ sola maximos inter pariendum sustinet cruciatus, cujus rei naturales causas assignant, debilitatem fœminarum nostri generis; earundem vitam otiosam, et magnitudinem capitis infantis, præcipua tamen ex divinis oraculis petenda, ac referenda in lapsum primæ mulieris voluti enim altissimus sexum illum, qui tantarum ærumnarum causa fuit huic subjici calamitati, ut scriptum est Genesis 3. Dicitur autem difficilis partus ille, qui cum fœtus vel matris pericolo accidit, vel quia cum gravissimis sit symptomatibus, vel quia tardius procedit, ita ut longo tempore prematur mulier. Reponitur difficultas pariendi sub genere immodice contentorum, nam et si fœtus non sit res præter naturam, nec pars utero gerentis; proportione tamen respondet iis, quæ nascuntur et familiaria sunt, ut fructus et ova. (2.º volume, págs. 456)

 

 

No que respeita à posição do bebé, dá a preferência total à posição de cabeça para baixo e só em casos muito excepcionais aceita a extracção pelos pés:

 

Cap. V – De partu vitioso

 

…………..

…si fœtus figura naturali appropinquat, in ea conservetur, quod qua ratione fiat, et quæ sit naturalis figura primo hujus libri capitulo diximus. At si in ambos excat pedes, non est mutanda hæc figura, sed tentandum erit, ut manus infantis in cruta et furas demissæ, una cum pedibus molliter prodeant nam difficulter fieri potest, ut pedes sursum verius iterum retrudantur, quo naturaliter excat sin autem manus pedum musculis non applicet, sed in sublime erectas habeat, periculosissimum sit partus, et bracchia læduntur. At si in manos præcidat ambas, opportet obstetricem hun en apprehensis partum eousque intro reducere: quoad manus lateribus applicet, ac deinde suo modo adegerendum remittat: quod partier intelligendum venit de manu vel pede singulari, utrumque enim initio reduci debet, ut pariter ducantur manus, et si fierit id queat in caput egrediatur.  (2.º volume, págs. 455-456)

 

……………………………………….

Afasta a possibilidade de perfurar a criança que ia nascer, no caso de impossibilidade do parto, já que não considera lícito eliminar uma vida para salvar outra. Nesse caso aceita que o parto seja feito por cesariana.

  

Cap. VI – De partu difficili et laborioso

 

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Quarto manus opera, et obtetricis, aut chirurgi ministerio, et si secundinæ crassities, soliditasve partum impediat, a etii consílio caute ipsa abrumpenda est, obstetricis unguibus, aut scalpello. At si tenuitas tunicarum fecerit, ut, quia intempestive abrumpuntur, humore fluente ante debitum tempus, uterus siccus evadat, infundatur muscilago altheæ cum ptisanæ cremore tepido, aut cum malvæ, aut fœnugræci decocto aut cum antea dictis  medicamentis humectantibus, pudendum foveatur; haud quaquam tamen permittendum, ut vehementer uterus lanietur, acetiam si nulla medicamenta prosint, puer tamen dissecari nulla ratione debet quamvis Avicenna, Aëtius et Moschio id præcipiant; non enim licet unum interficere, alterius vitæ gratia, sed implorato divino auxilio medicamentis insitendum. Si tamen mater in partu moriatur, fœtu intus vivo superstite, quod ex motibus, et subsultationibus infantis conjicitur, tunc posthabita matris ratione, expedit eiusdem matris os, et genitalia patentia servare, ut per has vias anhelitum recidere infans possit, deinde hypochondrium sinistrum inscindere oportet, ea ratione, qua superius retulimus capitulo de partu cesareo, quippe destrum latus liberum ingressum non ita præbet, ob subjectum epar, prospiciendum tamen, ut dum extrahitur fœtus, spina tota obstetricis palmæ incumbat, ne exarticuletur. Si tandem levi occasione uterus laxetur aut inter parturiendum promineat, quod sæpe sit, pariat mulier decumbens in lectum, quod etiam caveri potest, ano imposito panno, in modum pilæ oblongæ, quam in quolibet conatu obstetrix fortiter comprimat.  (2.ª parte, pgs. 462)

 

Tem um capítulo inteiro dedicado ao parto por cesariana e chega às mesmas conclusões que o grande divulgador da operação, o francês François Rousset, que em 1581 publicou em francês o livro “Traitté nouveau de l'hysterotomotokie, ou Enfantement caesarien”, depois traduzido para latim e publicado em Basileia com o título Foetus vivi ex matre viva sine alterutrius vitae periculo caesura, online aqui.
 

Cap. III – De partu Caesareo (Escólio)

 

………………..

 

Advertant etiam medici id, quod ad successionem maxime interest, infantem supervivere non posse in utero, mortua matre, nisi in eodem ictu temporis quo anima ex matris corporis migraverit, ab utero extrahatur, aut paulo ante, dum in agone puerpera est, praæsentibus adhuc spiritibus vitalibus, huius rei causa est, quia vitae et motis puerperæ cessante, cessat etiam infantis vita, et motus cordis, qui in infante pendet ex distentione, et contractione duarum arteriarum umbilicarum, qui motus ubi cessat in matre, vestígio cessat in infante, quia non ante umbilici cessionem spiritum per os trahit, nec in utero per os resperare potest, secundinis involxtus, uteri parietibus occlusus, et tot mucoribus circumfusus; ideoque quosquos cæsaris nomine fuerunt salutati, Scipio, Cæsar, Manlius, Sanctius ac reliqui, qui supervixere palpitante aut adhuc viva matre fuisse eductos, credendum est.

(2.ª parte, pgs. 447).

 

Para dar uma ideia mais completa do conteúdo do livro, aqui fica a lista dos livros (capítulos), em que se divide:

 

 

1.º Volume . De natura mulierum

 

I – De uteri et mammarum anatome

II – De semine et mestruo

III – De coitu, conceptu, et uteri gestatione

IV – De partu et lacte

 

2.º Volume – De morbis mulierum

 

I – De morbis cunctis fœminis communibus

II – De morbus, viduis, ac virginibus peculiaribus

III – De morbis circa generationem, ac de iis, qui prægnantibus accidunt

IV – De morbis puerperarum, et de nutricum affectibus.

 

Mais ou menos da mesma época e sobre o mesmo assunto é o livro do espanhol Luis de Mercado , médico de Filipe II, De mulierum affectionibus libri quatuor  (1579), que se encontra online, aqui.
 

  

 

“Medicus Politicus”

 

Segundo o historiador da medicina austríaco Fritz Lejeune, este livro de Rodrigo de Castro, publicado em 1614, constitui uma das mais importantes obras de Deontologia Médica  do século. E, segundo o médico Hanns Dietel, contem a descrição de  tarefas e deveres  básicos de todo o médico que ainda hoje são válidos. Foi dedicado aos dois burgomestres de Hamburgo, Vincenz Moller e Hieronymus Vogler.

 

A obra está dividida em quatro livros. O 1.º define o que é a medicina e o seu lugar entre as outras ciências e profissões. O médico é um “vir bonus, medicinæ peritus”. O médico deve ser também filósofo, isto é, amigo da sabedoria.  A medicina é uma  ciência nobre, tanto ou mais que qualquer outra ciência liberal .

O 2.º livro trata dos conhecimentos necessários ao médico, da sua biblioteca e da sua situação material. O médico deve conhecer sobretudo as ciências humanas; na época do autor, tinham já perdido importância para os médicos as ciências divinas, entre as quais, a filosofia.

A disciplina médica mais importante é a anatomia, mas o médico deve conhecer também a cirurgia. A botânica também é importante. Juntam-se a estas depois cinco disciplinas: a fisiologia, a higiene, a patologia, a semiótica e a terapêutica.

Elenca depois todos os autores (várias dezenas) cujas obras devem figurar na biblioteca do médico. Põe em lugar de destaque Amato Lusitano.

O bom médico não deve ser nem rico nem pobre. Não deve ter preocupações financeiras, mas também não deve ser rico, porque nesse caso teria possibilidade de maiores distracções.

O 3.º livro trata das qualidades que o médico deve ter, dos defeitos que deverá evitar e das suas relações com os doentes.

O médico deve ser temente a Deus , não deve abusar do vinho e deve ser sóbrio na sua maneira de viver. Deve evitar especialmente a avaritia, a superbia e a invidia.

O autor exige ao médico inúmeras qualidades: prudência, circunspecção, perspicácia, sobriedade, calma, modéstia, discrição, franqueza, honestidade. Deve guardar um rigoroso segredo profissional.

O médico nunca deve revelar ao doente que o seu estado é muito grave.

Descreve Rodrigo de Castro com detalhe a visita médica em casa do doente. Primeiro, observa o aspecto do doente, o vulto, a fisionomia, a posição no leito, a cor e a expressão da face, etc. Depois, interroga o doente e os familiares que o rodeiam. Procede então ao exame do doente; vê a respiração, informa-se sobre o apetite do doente, se teve náuseas, vómitos, azia, flatulência, dores de estômago. Pergunta sobre a função intestinal. Interroga depois sobre o aparelho respiratório (tosse, expectoração, dores no tórax, dificuldades em respirar) e sobre o coração. Examina o bater do pulso. Examina a urina do doente num quarto bem iluminado, mas não à luz directa do sol. Deve determinar se as urinas são densas ou fluidas, claras ou escuras, límpidas ou turvas, se têm filamentos ou sedimentos e finalmente o cheiro e, eventualmente, o sabor (!).

Trata-se então de fazer o diagnóstico e de receitar. É preciso então saber se o doente suporta facilmente certas intervenções, como a sangria, as sanguessugas, o clister, os supositórios.

Se, ao fim de 20 dias não há melhoras, deve consultar-se um colega.

O médico é livre de recusar a consulta de um doente, desde que não esteja em perigo de vida iminente ou não seja necessária a sua intervenção em pronto-socorro.

O médico não deve fazer-se pagar durante a cura e não deve exigir pagamentos antecipados.

Termina este livro  elogiando a seriedade dos estudos médicos da Universidade de Salamanca onde se doutorara.

O 4.º livro trata de medicamentos extramedicais como filtros, a fascinação, a sugestão, etc.

Ocupa-se depois dos certificados médicos e de como despistar os simuladores, os hipocondríacos, etc.  Dedica também um capítulo ao exame físico dos escravos que alguém pretende comprar (emptitios servos).

A obra termina com três capítulos dedicados à musicoterapia.

Mais ou menos da mesma época, sobre o mesmo assunto é o livro de Leonardo Botallo (1515-1588), Commentarioli duo, alter de medici, alter de aegroti munere (1565), que se encontra online, aqui.

 

 

LIVROS PUBLICADOS

 

 

Tractatus brevis de natura et causis pestis, quae hoc anno 1596 Hamburgensem civitatem affligit : in quo succincte sed accurate demonstratur, quaenam in praesenti lue praecavendi & curandi ratio sit observanda ...  Per Rodericum a Castro. - Hamburgi, Excudebat Jacobus Lucius Junior, 1596

 

Roderici a Castro Lusitani ... De universa mulierum Medicina : Novo Et Antehac A Nemine Tentato Ordine Opus Absolutissimum. Et Studiosis omnibus utile, Medicis vero pernecessarium Parte 2: sive Praxis : Quatuor Contenta Libris, In Quibus Mulierum Morbi universi, tam, qui cunctis foeminis sunt communes, quam, qui virginibus, viduis, gravidis, puerperis, & lactantibus peculiares, singulari ordine traduntur, subindeq[ue] variae sterilitatis species, earumq[ue] naturae, causae, signa, & curationes, distincta & accurata methodo edocentur ... 

Hamburgi : Officina Frobeniana ; "Hamburgi : Ohr, 1603

 

Roderici à Castro ... De universa muliebrium morborum medicina, novo et antehac à nemine tentato ordine opus absolutissimum; et studiosis omnibus utile, medicis verò pernecessarium : pars prima theorica ... Publicac. Coloniae Agrippinae : sumptibus Servatii Noethen, 1689 Lugar impr. Alemania Colonia Des.física [16], 226, [46] p., [1] h. pleg. ; 4º

Online: http://alfama.sim.ucm.es/dioscorides/consulta_libro_b.asp?ref=b20904174

  

Roderici à Castro ... De universa muliebrium morborum medicina : pars secunda sive praxis ...

Publicac. Coloniae Agrippinae : sumptibus Servatii Noethen, 1689 Des.física [8], 524, [44] p. ; 4º

Online: http://alfama.sim.ucm.es/dioscorides/consulta_libro_b.asp?ref=b20908623

 

Roderici a Castro Lusitani Philos. ac Medic. Doct. per Europam notissimi. Medicus-Politicus: Sive De Officiis Medico-Politicis Tractatus, quatuor distinctus Libris : In Qvibvs Non Solvm Bonorvm Medicorum mores ac virtutes exprimuntur, malorum vero fraudes & imposturae deteguntur ... Opvs Admodvm Vtile Medicis, Ægrotis ... ; Cum Dvplici Indice, Vno Capitvm: altero rerum præcipuarum.Hamburgi. Ex Bibliopolio Frobeniano, 1614

Online: http://books.google.com

 

Tratado de herem, em o qual acerca desta matéria, e o que sobre ela há pouco aconteceu por duas vezes, se apontam algumas cousas mui proveitosas e curiosidades notáveis em estilo fácil e aprazível. Parte primeira, dividida em 25 diálogos em os quais são interlocutores Filateo, Eudoxo, Sincero e Resamo. Com dois registros, um dos capítulos, outro das cousas mais notáveis que nesta primeira parte se contêm. Impresso em Amsterdama. Com demundantes no te mescles: porque súbito se alevantará su quebranto. Prov. 24 (21-22) (XVII+349 pgs.)

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

Wikipedia  - De Castro Family

 

A Jerusalém do Norte - Sefardische Juden in Hamburg

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

 

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 267 e 268 do software).

 

Aron di Leone Leoni, Herman Prins Salomon,  La nation portugaise de Hambourg en 1617 d'après un document retrouvé, in Mémorial I.S. Révah, Études sur le marranisme, l’hétérodoxie juive et Spinoza, édité par Henry Méchoulan et Gerar Nahon, E. Peeters Paris-Louvain, 2001, pag. 263-293.

 

“CASTRO, Roderiquez de” (sic), in Biographie Médicale, par ordre chronologique d’après Daniel Leclerc, Éloy, etc. , revue et complétée par MM. Bayle et Thillaye, Tome premier, N.V. Boekhandel & Antiquariat, B.M. Israël, Amsterdam, 1967.

 

“CASTRO (Rodrigue de)”, in Dictionnaire des sciences médicales. Biographie médicale. Paris, Panckoucke
Online:
http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?p=190&cote=47667x03&do=page   (págs. 184)

  

Yvone David Peyre,  Le medicus politicus de Rodrigo de Castro et la musicothérapie, Sep. Bul. Études Portugaises et Brasileiennes, 33-34, Lisboa, 1974, Pag. 11-45.

 

Hanns Von Dietel,  Rodrigo de Castro (1546-1627), berühmtester theoretischer Geburtshelfer Hamburgs, in Hamburger Ärzteblatt Nr. 9, 1976, ISSN: 0017-6915, págs. 303-304, por ocasião do Congresso da “Deutschen Gesellschaft füt Gynäkologie und Geburtshilfe”em Hamburgo, de 29 de Setembro a 2 de Outubro de 1976.

 

Luigi Samoggia, Il "Medicus politicus" di Roderigo de Castro, in Atti della Accademia dei fisiocritici in Siena. Sezione medico-fisica (ISSN: 0065-0722), Genaio 1, 1964 - Volume 13, n.º 1, pag. 447-462

 

Alfonso Cassuto, Elementos para a historia dos judeus portugueses de Hamburgo, Publicações do "Hehaber" ; 9

 

“Castro, de”, in Encyclopaedia Judaica, Keter Publishing House Ltd, Jerusalem, 1971

 

Carta de Rodrigo de Castro a Zacuto Lusitano

Online: http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=00342x01&p=29&do=page

  

Hans-Joachim Schoeps, Die sephardische Arztfamilie de Castro, Ein Betrag zur Medizingeschichte des Barock, in Gesammelte Schriften. Ein weites Feld. Gesammelte Aufsätze, Haude & Spener, Berlin, 1980, ISBN 3-7759-0210-4, pgs. 137-146

  

M. Ferreira de Mira (1875-1953), História da Medicina Portuguesa, Empresa Nacional de Publicidade, 1948. 558 pgs.

  

Pedro A. Dias, Apontamentos para a história do criador da ginecologia, in Archivos de História da Medicina Portuguesa, Tomos I, II e III, 1887, 1888 e 1889. Nota: Só pude consultar o n.º II, único existente na BN.

 

Maximiano de Lemos, Zacuto Lusitano: a sua vida e a sua obra, Eduardo Tavares Martins, Porto, 1909, 398 págs.

 

Maximiano de Lemos, História da medicina em Portugal: doutrinas e instituições, 2.ª edição, D. Quixote – Ordem dos Médicos, Lisboa, 1991, 2 vols.

 

D. Marcelino Menéndez y Pelayo,  Historia de los heterodoxos españoles

Online: http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12815841228995502421513/p0000020.htm#I_241_

  

Meyer Kayserling (1829-1905), Biblioteca española-portugueza-judaica, Madrid. Ollero y Ramos, 2000, 155 p. Reprodução em fac-simile da ed. de Estrasburgo: Charles J. Trubner, 1890. ISBN 84-7895-141-5

 

Meyer Kayserling (1829-1905), História dos Judeus em Portugal, Tradução de Gabriele Borchardt e Anita Novinsky, Introdução, actualização bibliográfica e notas de Anita Novinsky, Livraria Pioneira Editora, São Paulo, 1971.

 

 

 

Bento de Castro

 

 

Nasceu em 1597 e faleceu em 1684. Adoptou o nome judaico de Baruch Nahmias (ou Nehemias) de Castro. Estudou medicina em Pádua e em Leiden, ficando doutorado em 1621. Começou por exercer a profissão em Hamburgo. Em 1629, Zacuto Lusitano pediu-lhe que escrevesse algo em defesa dos médicos judeus portugueses, contra ataques anónimos e também de Joachim Curtius, médico e astrónomo. A obra apareceu primeiro em português em Antuérpia, com o pseudónimo de Philotheus Castellus e dois anos depois (1631) traduzida para latim em Amsterdão, com o título

 

Philotheo Castello ou Bento de Castro, Flagellum Calumniantium seu apologia in qua anonymi cujusdam calumniae refutantur ejusdem mentiendi libido detegitur, clarissimorum usitanorum medicorum legitima methodus commendatur, empiricorum inscitia ac temeritas tamquam perniciosa reipublicae damnatur,auctore Philotheo Castello, Dulce bello inexpertis, Amstelrodami, 1631,

Online aqui

 

Como é normal, Bento de Castro faz um elogio entusiasta de seu pai (pags. 66 e ss.), mas refere depois elogiosamente também Henrique Rodrigues, Tomás Rodrigues da Veiga, Luis de Mercado, Pedro de Peramato, Estêvão Rodrigues de Castro, Rodrigo da Fonseca, Ambrósio Nunes, Luiz de Lemos, Manuel Nunes, Pedro Vaz de Castela, Elias Montalto, Amato Lusitano, Abraão Nehemias e Zacuto Lusitano. Luis de Mercado (1520-1606-as datas são incertas, mas sabe-se que faleceu com 86 anos), porém, espanhol e médico pessoal de Filipe II, não era português nem judeu.

Zacuto Lusitano inseriu também no seu livro uma carta de Bento de Castro, datada de 15 de Janeiro de 1629, ver aqui.

Em 23 de Maio de 1646, por recomendação do seu cliente Adler Salvius, foi nomeado médico assistente da Rainha Cristina da Suécia.  A ela dedicará o seu livro de medicina

 

Benedicti a Castro ... Monomachia, sive Certamen medicum, quo verus in febre synocho putrida cum cruris inflammatione medendi usus per venæ sectionem in brachio demonstratur, etc. pp. 88. Typis J. Rebenlini: Hamburgi, 1647. 4º.

 

Para o final da sua vida, deixou-se influenciar por falsos Messias, começando a perder prestígio e rendimentos, de tal modo que se viu obrigado a vender a sua biblioteca para sobreviver. Foi sepultado no cemitério de Altona, numa campa com a inscrição:

Do Benaventurado muy insigne Varão o Doutor Baruch Nahamyas de Castro faleceo em 15. Sebat año 5444. Sua alma gloria.

A data do óbito é 31 de Janeiro de 1684.

Sobre a sua biografia, ver também o artigo da Bibliotheca Lusitana, aqui

 

 

Daniel (André) de Castro, o irmão mais novo de Bento de Castro, nasceu em 1599 e estudou também medicina. Foi médico assistente do Rei Cristiano IV da Dinamarca e fez a sua vida em Glückstadt.

 

 

 

 

 

 

RODRIGO DE CASTRO, celebre professor de Medicina que estudou na Universidade de Salamanca com universal aplauso do seu engenho, que excedia ao de todos os seus condiscipulos, e competia com os mayores Cathedraticos desta Faculdade. Deixando Salamanca passou a Alemanha, e na Cidade de Hamburgo desde o anno de 1596 até o de 1628 em que falleceo exercitou a Arte Medica com plausivel credito da sua sciencia que deixou eternizada nas suas obras, pelas quaes mereceo os elogios de Zacuto Lusitano intitulando o Med. Princip. Hist.  lib. 3. hist. 9.Medicus celeberrimus, & ibi hist. 40.  elegantissimus & lib. 2. hist. 2. quaest. 4. Observantissimus, & scientissimus & hist. 17.  Medicinae Antistes. & hist. 35 . dub. 25 . -Medicus eximius, & juniorum facile Princeps.Joan. Soares de Brito Theatr. Lusit. Litter. lit. R. n. 3.Medicus famosus. Nicol. Ant.Bib. Hisp.  Tom. 2. pag. 211. col. 1'. Medicinam libris editis illustravit.Basnage  Hist. des Juifs. Tom. pag.2080 .  Medecin habile.Wolf.  Bib. Heb. Tom. 1. pag.1014 . & Tom. 3. p. 988. Philosophiae & Medicinae Doctor.  Taxand. Cathal.Clar. Hisp. Script. Braudius Bib. Classic. Hallevord. Bib. Curiosa.p. 360. col. 2. Morery Diccion. Historique.  Verb.Castro.

 

Compoz:

 

Tractatus brevis de natura, & causis pestis quae anno 1596 Hamburgensem Civitatem afflixit, in quo succinte, sed accurate demonstratur quaenam in praesenti lue praecavendi, & curandi ratio sit observanda, ut tum universa Urbs, tum unusquisque se possit ab exoriente malo praeservare, ac subinde occupantem jam perniciem facilius propulsare. Malta etiam in hac re hactenus subobscura obiter declarantur. Hamburgi apud Jacobum Lucium Juniorem 1596 .  4.  

 

De Universa mulierum medicina novo, & ante hac à nemine tentato ordine. Opus absolutissimum. Pars 1. Theorica quattuor comprehensa libris in quibus cuncta, quae ad mulieris naturam, anatomen, semen menstruum, conceptum, uteri gestationem, faetus formationem, & hominis ortum attinent abudantissime explicantur. Pars 2. sive praxis quattuor contenta libris in quibus mulierum morbi universi tamquam cunctis faeminis sunt communes, quamque virginibus, viduis, gravidis, puerperis, lactantibus peculiares singulari ordine tractantur: subinde variae sterilitatis species, earumque naturae, causae, signa, & curationes distincta, & accurata methodo edocentur, &c. Hamburgi,ex Officina Frobiniana typis Philippi de Ohr 1603 .  fol. Venetiis apud Paulum Balleonium 1644 .  Hanoviae 1654 .  Coloniae per Zachariam Hertelium 1662 .  4.auctior, & emendatior. Francofurti 1668 .  4. Coloniae 1689 .  4.

 

Em aplauso desta obra, e de seu Author compoz o seguinte Epigramma o Doutor Luiz Nunes insigne Medico, e excellente Poeta. 

 

 

Civica si Civi servato à morte corona

Sit data & è lauro Virgine cincta coma.

Si quibus hostili rorabant membra cruore

Contigit, & multa caede triumphus erat.

Innumerae umbrabunt meritò tua tempora lauro

Á Castro, & lambet multa corona caput

Innumeros homines solus nã subtrahis orco

Et facis invicta vivere posse colo.

Ipse fugas imo latitantes pectore pestes

Agmina morborum dejicis arte tua.

Dejicis arte tua Pandorae quidquid in orbem

Saeva tulit pixis, quidquid &ira Deùm.

Mortales artus crebrà ne labe fatiscant

Efficis, & diro solvis ab interitu.

Nec Roderice sat quod per te annosa Charontis

Cymba fuit toties ludificata senis.

Ni postquam Lachesis rumpte sub tegmina vitae

Sentiat ex calamo plurima damna tuo.

 

Medicus Politicus, sive de Officiis Medico politicis tractatus quattuor distinctus libris in quibus non solum bonorum Medicorum mores, ac virtutes exprimuntur, malorum vero fraudes, & imposturae, deteguntur, verum etiam pleraque alia circa hoc novum argumentum utilia, atque jucunda exactissime proponuntur. Hamburgi,  ex Bibliopolio Frobeniano 1614 . & ibi 1662 .  4.

  

Foy casado na Cidade de Hamburgo, e teve dous filhos emulos da sua medica sciencia, dos quaes o primeiro chamado Bento de Castro foy Physico mór da Rainha de Suecia Christina Alexandra, como dissemos em seu lugar; e o segundo Daniel de Castro Physico mór delRey de Dinamarca.

 

 

 

 

 

BENTO DE CASTRO posto que nacido na Cidade de Hamburgo filho de Rodrigo de Castro nosso Portuguez, e insigne Medico de quem se fará memoria em seu lugar. Applicouse ao estudo desta Faculdade, e sahio nella tão eminente que se não distinguia do Pay herdando com a natureza a sciencia medica com que na sua Patria triumfava das infermidades mais perigosas de tal sorte que a Rainha de Suecia Christina Alexandra aquella famosa Heroina do Seculo passado o elegeu para seu Medico chamado excellentissimo, e eruditissimo pela penna de Zacuto Lusitano in Prax. Med.8 Observ. 83. e 86. não lhe dando menores elogios Basnage Hist.des Juifs. liv. 7. cap. 31. e Wolf. Bib. Hebraea pag. 1015. n. 1910 ". Morreo na sua Patria no anno de 1684 .

 

Compoz.

 

Monomachia, sive certamen Medicorum circa Venae Sectionem.Amburgi apud Jacobum Rebenlinum .  1647 .  4.

 

Com o supposto nome de Philotheo Castello publicou huma Apologia pela sciencia dos Medicos Portuguezes com este titulo.

 

Flagellum calumniantium, seu apologia in qua Anonymi cujusdam calumniae refutantur; ejusdem mentiendi libido detegitur: clarissimorum Lusitanorum Medicorum legitima methodus commendatur, & Empyricorum inscitia, et temeritas tamquam perniciosa reipublicae damnatur.

Amstelodami .1631 .  8.