8-7-2006

 

Manuel Álvares Solano do Vale

(1700 - 1763)

 

 

Manuel Álvares Solano do Vale, nasceu na cidade de Elvas a 18 de Fevereiro de 1700, e foi filho de Manuel Álvares Solano e de Ângela do Vale. Aos oito anos, foi para Lamego para a companhia de um tio materno, o Padre Miguel Rodrigues do Vale que, de Prior da Igreja do Salvador da cidade de Elvas, passara para Reitor de Santa Maria do Couto da Ermida. Foi seu tio que lhe ministrou os primeiros estudos. Falecido seu tio, foi para Tondela aprender latim, passando depois para Coimbra, onde se matriculou em 1714. Não consta que em Tondela tivesse havido algum convento ou escola onde se pudesse aprender convenientemente Latim; deverá ter sido seu professor algum padre. O processo da Inquisição de Coimbra n.º 6441, contra João Pereira, menciona nove padres moradores naquela vila em 1727, entre eles um P.e Manuel Simões do Vale, então de 69 anos, natural e residente em Tondela, que podemos imaginar ser seu parente.   

Nos documentos da Universidade, é de facto, referido como Manuel Álvares Solano, de Tondela. Andou na Universidade oito anos (um de Instituta e sete de Cânones), ficando Bacharel em 19 de Março de 1721. Doutorou-se em 8 de Junho de 1722. Exerceu a advocacia em Coimbra e Elvas durante 8 anos. Em 1730, veio para Lisboa, onde foi advogado na Corte e na Casa da Suplicação.

Escreveu várias obras em latim sobre assuntos de Direito, apreciadas muito severamente no Demetrio Moderno (págs. 160-161): “

“Nenhum exame, nem juízo se devia fazer de semelhantes Obras deste Autor; porque, do que acima temos dito, e ponderado, se compreende muito bem a censura que merece. Contudo, como fizemos menção dele, e o vemos recebido no Foro, não deixemos de prenotar, o que devemos julgar. Ele gastou muito mal o seu tempo em compor as Obras mencionadas, as quais não passam de uns Índices, com os quais fará pasmar todo o Leitor judicioso, vendo que ele teve a mania de queimar as suas pestanas em um trabalho tão material; de sorte que podemos aplicar-lhe com muita propriedade, o que disse Gouveia de outro Jurisconsulto: Libere dicam, et iugenua, nulla mihi visa littera tua est: hoc est docti hominis et eruditi; e ainda lhe faz algum favor.”

O “Demétrio Moderno” refere-se aos Índices que ele elaborou da obra De Munere Judicis Orphanorum, de Diogo Camacho Guerreiro de Amorim e outro Índice (em três volumes) dos catorze volumes da obra de Manuel Álvares Pegas, Commentaria ad Ordinationes Regias Lusitani Regni. Como de costume, o Demétrio Moderno é demasiado severo. Já não é pequeno mérito o Solano do Vale escrever em latim, seja qual foi a qualidade da escrita.

Ferreira de Andrade informa que faleceu em 1 de Maio de 1763.  No mesmo livro ("A freguesia de S. Cristóvão...". I, págs. 221-222) diz que o advogado foi inquilino do prédio dos n.ºs 1 e 3 da Rua das Farinhas, tornejando para o Beco das Farinhas, que, na altura, se chamava Rua Direita de Trigueiros. O prédio existe ainda hoje, é propriedade da Câmara Municipal e nele está instalada a sede da Junta de Freguesia de S. Cristóvão e S. Lourenço.

Encontramos alguns dados da sua vida nos registos paroquiais de S. Cristóvão. Em 24 de Fevereiro de 1739, foram a baptizar os seus dois escravos, João e Anna, já adultos. Em 24 de Novembro de 1753, faleceu em sua casa, "à entrada da Rua das Farinhas", seu pai, Manuel Álvares Solano, casado com Ângela do Vale. Em 29 de Janeiro de 1757, faleceu também em sua casa, situada "na Rua Direita de Trigueiros", o Padre João Pires de Faria, natural de Cascais. E, quando faleceu, o Doutor Solano do Vale era casado segunda vez com Dona Francisca Lopes Xavier dos Mártires.

Em 1740, Manuel Álvares Solano do Vale decidiu montar uma tipografia  na Rua da Achada, atrás da Capela-Mor de S. Cristóvão. A tipografia funcionou até 1755, mas, antes disso, passou por episódios muito interessantes, ainda não totalmente esclarecidos.

   

Rua das Farinhas, n.ºs 1 e 3

 

Naquela altura, o Santo Ofício da Inquisição parecia já não ter o rigor de outros tempos. E, por isso, pensaram alguns que poderiam imprimir livros ou publicações, sem a devida licença. Na cidade de Lisboa, apareceram nessa altura inúmeros cadernos e panfletos, não assinados ou assinados com pseudónimos, indicando nomes de tipografias desconhecidos ou situadas no estrangeiro.

 Em 2 de Março de 1753, o Santo Ofício desencadeou a caça aos prevaricadores. Entre os visados, o Doutor Manuel Álvares Solano. Na realidade, ele deverá ter feito uma santa aliança com um personagem típico da época, Frei Lucas de Santa Catarina (1660-1740). Este frade, membro fundador da Academia Real de História, tinha personalidade e vida dupla: um lado sério, escrevendo obras pias e de história sacra e outro folgazão e mulherengo, escrevendo o que lhe apetecia. Usou inúmeros pseudónimos entre os quais,  Feliz da Castanheira Turacen (anagrama do próprio nome), Cirurgião da Experiência, Licenciado Nada Lhe Escapa, Doutor Tudo Espreita e Taralhão Mor de Lisboa. Diogo Barbosa Machado só relata o lado sério dele, mas Inocêncio dá já atenção às duas facetas. E o continuador do Diccionario Bibliographico, Brito Aranha, refere: “Entre os manuscritos da biblioteca pública eborense existem de fr. Lucas diversas poesias, cartas, sátiras e uma relação das festas que se correram à Vera Cruz dos Poiais de S. Bento. Algumas dessas cartas devem ser mui interessantes para a biografia deste dominicano, pois em parte são endereçadas a uma freira com quem tivera relações íntimas”.

Em 1752 e 1753, a Tipografia de Solano do Vale imprimiu a 1.ª edição do Anatómico Jocoso, um livro sui generis em três volumes, que parecia não poder obter a licença de impressão do Santo Ofício e que é atribuído (em relação à sua maior parte) a Frei Lucas de Santa Catarina.  O truque foi então fazer uma primeira edição supostamente impressa em Madrid, na Imprenta de Francisco del Hierro e logo a seguir uma segunda impressão em Lisboa na oficina do Doutor Manuel Alvares Solano do Vale.

Entre os processados pela Inquisição, merece destaque Frei Manuel de Santa Marta Teixeira, acusado de imprimir sem licença o livro de Verney, “O Verdadeiro Método de Estudar”, um best-seller clandestino da época, na tipografia da sua Ordem (Congregação de S. João Evangelista) em Santo Elói - Xabregas. Para além disso, este cónego era nada mais, nada menos do que qualificador do Santo Ofício. Para além deste, foram ainda presos, Ignácio Rodrigues, Manuel Soares Vivas, Manuel da Silva, Bernardo António e Elias Duarte. Este último era mestre tipógrafo (no processo é chamado de compositor de letras e oficial compositor) na oficina do Doutor Solano do Vale e residia na Travessa que ficava defronte dos Padres do Espírito Santo.

E que aconteceu ao Dr. Solano do Vale?  J. S. Silva Dias, no livro abaixo citado, diz que ele foi com certeza preso, embora não tenha conseguido encontrar o processo da Inquisição. Baseia-se nos seguintes trechos do processo n.º 2638, de Fr. Manuel de Santa Marta Teixeira:

“…consta legalissimamente, que o Padre Doutor Manoel de Santa Martha Teixeira, cónego secular da Congregação de S. João Evangelista, e qualificador do Santo Ofício, fizera dar ao prelo na sua oficina sem as licenças necessárias, mais de oitocentos volumes do Novo Método de Estudar e algumas sátiras contra as pessoas eclesiásticas, de que se fez menção nos assentos desta Mesa.

E outrossim se acha apresentado da mesma culpa Manuel Alvares Solano, advogado nesta corte, o qual fez dar ao prelo na sua oficina vários papeis, sem para isso ter licença do Santo Ofício.

Parece-nos que  (……) e que o dito Manuel Álvares Solano seja processado como apresentado para a final se tomar também assento, conforme o merecimento dos autos.”

Examinado o processo n.º 2635, de Elias Duarte e os depoimentos prestados por José Isidoro, outro tipógrafo do Doutor Solano do Vale, no processo de Santa Martha Teixeira, estou convencido que o advogado não chegou a ser incomodado pelo Santo Ofício. Todo o processo de Elias Duarte está conduzido para fazer dele o bode expiatório das culpas do seu patrão. Ele bem refere nos seus depoimentos que “os livros e papeis que se imprimiram sem licença do Santo Ofício, foram ajustados com o dono da dita imprensa ou oficina” e que ele “fazia o que o dono da imprensa, o dito Manuel Álvares Solano, lhe determinava, por entender que àquele pertencia procurar a licença” (Imagem n.º 36)[*]. Estas alegações não mereceram transcrição na sentença do Santo Ofício. Elias Duarte foi responsabilizado pela publicação e condenado em 13 de Julho de 1753 (Imagem n.º 61) em excomunhão maior, sendo absoluto na forma do costume e suspenso do exercício da sua profissão pelo prazo de um ano (pena aplicada em todos os processos abertos na mesma altura). Mas logo a seguir, Elias Duarte pede e é-lhe concedida a dispensa do pagamento das custas do processo (Imagem n.º 75) e, também a seu pedido (Imagem n.º 87), a suspensão do exercício da profissão é revogada por decisão de 29 de Janeiro de 1754 (Imagem n.º 86). Nos dois pedidos, bem redigidos e com boa letra (sugerindo, até pelo estilo, que foi o advogado seu patrão a escrevê-los), Elias Duarte alega ser pobre, tendo mulher e quatro filhos a sustentar.

O processo de Manuel da Silva ( n.º 11 236) não tem, nem dispensa do pagamento das custas, nem revogação da suspensão, o que sugere uma protecção especial para Elias Duarte.

A edição do “Anatómico Jocoso” de 1755 tem já todas as licenças para a reimpressão, embora o 3.º volume tenha já sido impresso noutra tipografia (é esta a edição que foi digitalizada pela Biblioteca Nacional). O Doutor Solano do Vale estaria já cansado, na altura, de tanta guerra e fechou então a tipografia.

Na altura, ainda era cedo para se ver acabar a Inquisição: só aconteceu em 1821.

        [*] Refere-se ao processo digitalizado na base de dados da Torre do Tombo.

LINKS:

 

António Barnabé de Elescano Barreto e Aragão, Demetrio moderno ou o Bibliógrafo Jurídico Portuguez

http://purl.pt/431

 

Anatomico jocoso

http://purl.pt/6526

 

Luis António de Verney, Verdadeiro Método de Estudar

http://purl.pt/118/1/sc-50679-v/index-HTML/M_index.html

 

Sobre Frei Lucas de Santa Catarina

http://leitura.gulbenkian.pt/index.php?area=boletim&task=view&id=207

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

Diogo Barbosa Machado, Bibliotheca Lusitana, histórica, crítica e cronológica, Facsimile da ed. de Lisboa Occidental, Offic. de Antonio Isidoro da Fonseca, 1741-1759, Atlântida Editora, Coimbra, 1965-1967.

 

Inocêncio Francisco da Silva, Diccionario bibliographico portuguez : estudos applicaveis a Portugal e ao Brasil, Imprensa Nacional, 1858 - 1968

 

António Barnabé de Elescano Barreto e Aragão, Demetrio moderno ou o bibliografo juridico portuguez o qual em huma breve dissertação historica e critica propôem e dá huma clara e distincta ideia de todas as preciozas reliquias e authenticos monumentos antigos e modernos da legislação portugueza, Lisboa,  Officina de Lino da Silva Godinho, 1781

 

Ângela Maria Barcelos Gama, Livreiros, editores e impressores em Lisboa no séc. XVIII, sep. Arq. de Bibliografia Portuguesa, 49-52, 1967

 

Inquisição, Processo n.º 2635 – Elias Duarte – Torre do Tombo

 

Inquisição, Processo n.º 11 236 – Manuel da Silva – Torre do Tombo

 

José Alfaro, O jogo das cartas: o lúdico numa antologia epistolar barroca, Lisboa, Quimera, 1994 – originalmente tese de mestrado de Cultura e Literatura Portuguesa – Un. Nova de Lisboa, 1990

 

António Alberto Banha de Andrade, Vernei e a cultura do seu tempo, Coimbra, Universidade, 1965

Online: http://books.google.pt

 

António Alberto Banha de Andrade, Edições clandestinas do verdadeiro método de estudar e folhetos da polémica, Lisboa, Edições  da revista “Filosofia”, 1961

 

J.S. da Silva Dias, Seiscentismo e renovação em Portugal no século XVIII, Coimbra, Imprensa de Coimbra, 1961

 

Graça de Almeida Rodrigues, Literatura e sociedade na obra de Frei Lucas de Santa Catarina (1660-1740), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1983

 

Graça de Almeida Rodrigues. Subsídios para a bio-bibliografia de Fr. Lucas de Santa Catarina (1660-1740), sep. Aufsätze zur Portugiesischen Kulturgeschichte, 18, 1983

 

Ferreira de Andrade, A freguesia de S. Cristóvão: subsídios para a história das suas ruas, palácios e igreja paroquial, prefácio de Luis Pastor de Macedo, Lisboa, Câmara Municipal, 1944, 2 vols.

 

OBRAS SÉRIAS DE SUA AUTORIA

 

Allegaçaõ historica, e juridica feita a favor do Conselho, e Povo da Villa de Barbacena na causa que lhe moveo o preclarissimo Luiz Xavier Furtado Mendoça, Castro, e Rio, Senhor, e Donatario da dita Villa sobre am Coutada, e Deveza da mesma, e todos os mais Direitos delles controvertidos pelo Povo por via de reconvençaõ. ;Lisboa, por Antonio de Souza da Silva. 1736. ; fol.

 

De Munere Judicis Orphanorum Index Generalis à locupletissimis eorum, quae in toto opere de Munere Judicis Orphanorum per Senatore nunquam satis laudatum in utroque senatu Gravaminum expeditorem, nobilem, doctissimum que Didacum Guerreiro Camacho de Aboim, compositus, continentur ab eodem dignissimo authore elaboratus, operá tamen, atque quasi toto labore ab Emmanuele Alvares Solano á Valle qui secundus author dici potest seu clavis totius de omni genere inventariorum &c. ;
Ulyssipone apud Antonium de Souza da Silva 1736. ; fol.

 

Cogitationes Juridicae, atque Forenses in quibus multa, quae in utroque foro controversa quotidie versari possunt, miro ordine absoluta apparent. ibi; apud eumdem Typog. 1739. ; fol.

 

Commentaria ad Fodinarum regimen, in quibus quae de Fodinis necessaria, atque utilia sunt ad controversias Forenses decidendas plene discutiuntur, multa que alia obiter explanantur pro ut Elenchus materiarum, omniumque Gnomologia indicant.; Ibi  per eumdem Typog. 1739. ; fol.  

 

Index Generalis, locupletissima Gnomologia earum rerum, quae per XIV. Tomos ad Ordinationes Regias Lusitani Regni in lucem hucusque editos a doctissimo, numquamque satis laudando ejusdem Regni Doctore D. Emmanuele Alvares Pegas continentur, seu odorifer succus omnes resolutive resolutiones tum ejusdem authoris, tum amplissimorum, dissertissimorumque statuum hujus Regni Decisiones continens. Tomus Primus ibi  apud eumdem Typog. 1740. ; fol.

 

Tomus Secundus.  ibi;  per eumdem Typog. 1741. ; fol.
 

Tomus Tertius. ibi;  per eumdem Typog. 1742. ; fol.


 

No Tomo 2.º desta ultima obra, o Autor indica que tem para publicação os manuscritos seguintes:

 

- Deo Maximo Dante, Praelo tradenda:

 

- Additiones in primam, et secundam partem arestorum Senatoris Cabed., unicus tom.

 

- Tractatus de armis per Cogitationes, unicus tom.

 

- Tractatus de suspecto de fuga intertias partes per Cogitationes divisus.

 

- Tractatus de communione in suo genere generalissimo.

 

- Tractatus de communione circa res publicas valuti Mare, Flumina, Litore et similia

 

- Tractatus de communione circa Universitatis res

 

- Tractatus de communicatione intervirum et uxorem apud Lusitanos

 

- Tractatus de criminibus, tam publicis, quam privatis, eorum prosecutione.

 

 

ALGUMAS OBRAS IMPRESSAS NA SUA TIPOGRAFIA

 

Francisco de Sousa de Almada

Thalia Sacra, ou Dramas Sacros de varios Mysterios de Christo Senhor Nosso, da Virgem Santissima, e de alguns Santos em estilo metrico, Allegorico, e Mystico, Lisboa,na Officina do Doutor Manoel Alvares Solano do Valle.

 

Relaçam verdadeira de hum terremoto formidavel que succedeo em Belgrado... em o dia 30 de Outubro de 1752 dada ao prelo por Serresquier de Borbon  traduzida no idioma portuguez por Jorge Joachim José

Lisboa na of. do Dr. Manuel Alvares Solano do Valle, [175? ]

  

Relação do grande, e deploravel incendio, que acconteceo na cidade de Lisboa em o dia 5 do mez de Agosto do anno de 1753... por Vale, Manuel Álvares Solano do, 1700-?, impr.

Lisboa  Na Offic. do Doutor Manoel Alvares Solano do Valle, 1753

  

Extraordinario successo, de hum pertendido casamento... e caso succedido nesta Corte, e cidade de Lisboa dado a' luz por hum anonymo que pertendia ser o mesmo noivo,...

Lisboa na Offic. do D.or Manoel Alvares Solano do Valle, 1740-1753

Rosto:

Extraordinário Sucesso de um pertendido casamento, suas circunstâncias, fatal resolução da esperada Noiva, para desengano de altivos pensamentos, e vocação virtuosa: Caso succedido nesta Corte e Cidade de Lisboa.

Dado à luz por Hum Anónimo, Que pertendia ser o mesmo Noivo, antes de dar nas mãos da morte os últimos alentos da própria vida.

Lisboa na Officina do D.or Manoel Alvares Solano do Valle

Com licenças. 1620 (manuscrita)

Nota: Nenhuma licença consta no texto

Tem 8 págs.

 

 Soror Thomazia Caetana de Santa Maria

Ultimas expressoens de Portugal, na sentidissima morte da... Senhora D. Marianna de Austria... em hum soneto glossado pela Madre Soror Thomazia Caetana de Santa Maria...  dado à luz por seu pay Manoel de Mira Valadao...

Lisboa  na Off. do Doutor Manoel Alvarez Solano  1754

 

Relação do admiravel prodigio que obrou o glorioso S. Vicente Ferreira na Igreja Matriz de Santa Maria da Villa do Castello de Vide no dia 13 de Junho passado... composta por Antonio Jozé Coelho

Lisboa  na Off. do D.or Manoel Alvares Solano do Valle, [1753]

 

Nova relação de hum grande terremoto, que no dia 9 do mez de Dezembro do anno de 1752, succedeo na cidade de Tunes, capital do Reyno de Argel...

Lisboa  na Off. do D.or Manoel Alvares Solano do Valle, [1752]

 

Relação jocoseria, palytohistorico, rara e sumptuosa merenda... do entrudo  escrita por Tallopio Papalpo da Costa...

Lisboa  na Offic. do D.or Manoel Alvares Solano do Valle,  [1740-1753]

Pseudónimo 

Rosto:

Relação Jocoséria Palytohistorico, rara, e sumptuosa merenda que fizerão as comadres em quinta-feira para divertimento destes dias antes do Entrudo, escrita por Tallopio Papalpo da Costa, Lusitanus octavi gracili modulante Thalia.

Lisboa, Na Offic. Do D.or Manoel Alvares Solano do Valle. Com licenças.

Nota: Nenhuma licença consta no texto

 

Desengano de ciosos, atrevimento de mulheres... segunda parte

Lisboa na Officina do D.or Manoel Solano do Valle, [1740-1753]

Rosto:

Desengano de Ciosos, atrevimento de mulheres, Perigo que corre a formosura, ainda quando mais defendida: Expressado no successo, que aconteceo na Cidade de Nápoles: Conselho para maridos indiscretos, e velhos rabugentos.

Lisboa

SEGUNDA PARTE

Na Officina do D.or Manoel Alvares Solano do Valle. Com licenças.

Nota: Nenhuma licença consta no texto

Tem 8 págs.

A primeira parte, com igual título e do mesmo tamanho, é dada como impressa na Officina Alvarense, também sem data.

 

Relaçam historica e sentenças, e conseilhos para bem viver meninas, e mossas... D. Cangam Ferreira de Sande

Lisboa Na Offic. do Dotor Manoel Alves Sulano,  [17--]

 

Rosto:

Relaçam histórica e sentenças, e conseilhos para bem viver Meninas e Mossas, e todo o Pay de família, e Rabuje dos velhos e velhas, e todos os irmãos de S. Martinho, composta pelo D. Cangam Ferreira de Sande, alumno de Apollo, e Muzas, fundador da Requerencia Phebica, defensor da Fabula de Meduza, Prezidente digníssimo da Academia de Alfama, novamente eleyto Epliplorenteocele da diurna habitação de Bacho.

 

Lisboa, na Officina do Dotor Manoel Alvares Sulano

Com todas as licenças necessárias.

Nota: Nenhuma licença consta no texto.

 

Tem 14 págs.

Na 2.ª página, a Dedicatória ao Senhor Brás Soares Brandam

 

Assinada a final, O Dotor Cangão Ferreira

 

Frei Apolinário da Conceição,  Pequenos na terra e grandes no céo & c., Parte V,  por Manuel Alvares Solano, 1754

 

Anatomico Jocoso que em diversas operações manifesta a ruindade do corpo humano para emenda do vicioso Dado a Luz Pelo Doutor Pantaleão de Escarcia Ramos

Madrid : Imprenta de Francisco del Hierro Lisboa : Of. do Doutor Manuel Alvares Solano 1752-1753

 

Anatomico jocoso que em diversas operaçõens manifesta a ruindade do corpo humano, para emenda do vicioso... pelo padre Fr. Francisco Rey de Abreu Matta Zeferino

Na Officina do Doutor Manoel Alvarez Solano, 1755-1758

O 3º t é da 2a impressão e da ofic. de Miguel Rodrigues

 

N.B. 24-9-2007. Tomei agora conhecimento das teses de mestrado (1995) e de doutoramento (2001) na Universidade Nova, de Maria Teresa Esteves Payan Martins, respectivamente:

      - Livros clandestinos e contrafacções em Portugal no século XVIII (Texto policopiado), Lisboa, 1995, 479 fls.

      - A censura literária em Portugal nos séculos XVII e XVIII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2005, 1104 páginas, ISBN 972-31-1117-9

São ambas obras de muito mérito. Sobre Manuel Álvares Solano do Vale, diz a autora: "Pensamos que não foi instaurado nenhum processo contra o Doutor Manuel Álvares Solano do Vale. Pelo menos, todas as diligências que fizemos para o encontrar foram infrutíferas."

 

 

 

MANOEL ALVARES SOLANO DO VALLE naceo em a Cidade de Elvas da Provincia Transtagana a 18 de Fevereiro de  1700 . sendo filho de Manoel Alvares Solano, e de Angela do Valle. Quando contava seis annos de idade passou para a Cidade de Lamego onde assistio em casa de seu tio Miguel Rodrigues do Valle que de Prior da Igreja do Salvador da Cidade de Elvas foy eleito Reytor de Santa Maria do Couto da Ermida cuja Igreja tinha sido dos Templarios e com os seus Virtuosos documentos sahio egregiamente instruido. Morto seu tio aprendeo na Villa de Tondella do Bispado de Vizeu a lingua Latina donde passando á Universidade de Coimbra se aplicou ao estudo da Jurisprudencia Cesarea na qual recebeo o grao da Formatura em 8. de Junho de  1722. Como igualmente fosse perito na sciencia especulativa, e practica de hum, e outro Direito exercitou em Coimbra, e na sua patria pelo espaço de outo annos o patrocinio de causas Forenses até que passando a Lisboa no anno de 1730 deu a conhecer o profundo talento que tinha para este ministerio com igual aplauzo de sua litteratura, que dezinteresse do seu animo.

 

Publicou

 

Allegação historica, e juridica feita a favor do Conselho, e Povo da Villa de Barbacena na causa que lhe moveo o preclarissimo Luiz Xavier Furtado Mendoça, Castro, e Rio, Senhor, e Donatario da dita Villa sobre a Coutada, e Deveza da mesma, e todos os mais Direitos delles controvertidos pelo Povo por via de reconvenção. Lisboa-por Antonio de Souza da Silva. 1736 .  fol.

  

De Munere Judicis Orphanorum Index Generalis à locupletissimis eorum, quae in toto opere de Munere Judicis Orphanorum per Senatore nunquam satis laudatum in utroque senatu Gravaminum expeditorem, nobilem, doctissimum que Didacum Guerreiro Camacho de Aboim, compositus, continentur ab eodem dignissimo authore elaboratus, operá tamen, atque quasi toto labore ab mmanuele Alvares Solano á Valle qui secundus author dici potest seu clavis totius de omni genere inventariorum &c. Ulyssipone apud Antonium de Souza da Silva 1736. fol.

 

Cogitationes Juridicae, atque Forenses in quibus multa, quae in utroque foro controversa quotidie versari possunt, miro ordine absoluta apparent. ibiapud eumdem Typog. 1739. fol.

 

Commentaria ad Fodinarum regimen, in quibus quae de Fodinis necessaria, atque utilia sunt ad controversias Forenses decidendas plene discutiuntur, multa que alia obiter explanantur pro ut Elenchus materiarum, omniumque Gnomologia indicant. Ibiper eumdem Typog. 1739. fol.

 

Index Generalis, locupletissima Gnomologia earum rerum, quae per XIV. Tomos ad Ordinationes Regias Lusitani Regni in lucem hucusque editos a doctissimo, numquamque satis laudando jusdem

Regni Doctore D. Emmanuele Alvares Pegas continentur, seu odorifer succus omnes resolutive resolutiones tum ejusdem authoris, tum amplissimorum, dissertissimorumque statuum hujus Regni Decisiones continens. Tomus Primus ibiapud eumdem Typog . 1740 .  fol.

 

Tomus Secundus.ibi  per eumdem Typog. 1741 .  fol.

 

Tomus Tertius  ibiper eumdem Typog . 1742 .  fol.

 

Outras obras diversas, de que faz menção no 2. Tomo deste Index, tem promptas para a impressão.