4-2-2010

 

João Domingos Bomtempo (1775-1842)

 

João Domingos Bomtempo é um dos compositores mais importantes na história da música em Portugal. Foi ele que praticamente modernizou a composição musical em Portugal na transição do Século XVIII para o Século XIX. Antes dele, a música de orquestra deveria estar orientada para a dança, o ouvinte tinha por força de sentir o incitamento a movimentar o corpo. Haydn, Bethoven e Mozart eram ainda praticamente desconhecidos.

O compositor foi já bastante estudado, mas muito resta ainda por fazer. Parecem ter sido perdida as cartas recebidas e outros documentos que deixou e que seu filho Fernando Maria Bomtempo (23-8-1837 – 1914) emprestou a Ernesto Vieira (nota, pags. 111),  para este escrever a biografia que inseriu no Dicionário.

Outro elemento importante em falta são documentos comprovativos da sua pertença à Maçonaria, pois toda a gente disso fala sem apresentar provas, como referiremos a seguir.

João Domingos Bomtempo nasceu em 28 de Dezembro de 1775, em Lisboa, filho de Francesco Saverio Buontempo e de Mariana da Silva, o 6.º filho de ambos.  O seu pai era italiano, natural de Foggia, no Reino de Nápoles e, antes de vir para Portugal era professor no Conservatório de Sant’Onofrio em Nápoles. Em Portugal foi contratado para tocar oboé na Orquestra da Real Câmara  (e não Real Orquestra de Câmara, como se diz por vezes), bem como órgão. Casou em 27 de Junho de 1767 com Mariana da Silva, filha de João da Silva e de Maria Elisabeth Gedult, nascida em 10 de Junho de 1747. A mãe já tinha falecido quando ela se casou (era austríaca, de Pingue – na Mogúncia). O Pai dela era de Pitões.  Depois aportuguesou o nome para Francisco Xavier Bomtempo. Mariana era 15 anos mais nova que o marido.

Francisco e Mariana tiveram onze filhos:

 

Isabella  da Silva– 29-8-1768

José Gabriel Domingos – 18-3-1770

Margarida do Carmo – 13-4-1771

António Caetano – 29-5-1772

José Maria – 14-8-1773

João Domingos – 28-12-1775

Maria Nicolina – 10-9-1777

Ana Efigénia – 26-7-1780

Miguel – 4-7-1782

Mariana – 11-11-1783

Maria Francisca – 27-2-1787

 

Isabella, Maria Nicolina e Efigénia ficaram solteiras a viver com a mãe. José Gabriel Domingos morreu criança.

José Maria Bomtempo (cuja data de nascimento estaria errada em Vieira, segundo o P.e António Ferreira dos Santos). Formou-se em Medicina em Coimbra e foi nomeado Físico-mor de Angola e a seguir Físico-mor da Corte do Rio de Janeiro a partir de 1808. Foi nomeado Médico da Real Câmara por Alvará de 2-9-1808; e feito Cavaleiro Fidaldo por Alvará de 13 de Agosto de 1818. Foi co-fundador dos estudos de Medicina no Brasil e escreveu diversos livros da área.  Faleceu no Brasil em 2 de Janeiro de 1843, deixando um filho, Francisco Xavier Bomtempo (1800-1891), que foi Director da Secretaria da Marinha no Brasil e também compôs música.  

Margarida, Mariana, Maria Francisca devem ter-se casado.

A educação musical de João Domingos foi sobretudo caseira. Não se prova que tenha frequentado a Escola de Música do Seminário da Patriarcal. Aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília, onde também se estudava música. Tinha a sede na Capela Real da Bemposta, pelo que os meninos-cantores eram conhecidos por Cantores da Bemposta. Como ali actuou como soprano até 1795, deveria cantar em falsete, depois de ter mudado a voz.

O seu pai faleceu em 8 de Agosto de 1795, com 63 anos, deixando a família algo desprovida.  Valeu-lhe a protecção real. João Domingos tomou o lugar do pai na Orquestra da Real Câmara em 16 de Setembro de 1795, como oboísta e organista, com o ordenado anual de 288$000 réis, o mesmo que auferia o falecido. Como referimos, após o fim do curso, José Maria foi nomeado Físico-mor de Angola.

Domingos Bomtempo tinha ambições de ser alguém no campo musical. Em 1800, regressara a Lisboa, Marcos Portugal, coroado de glória em Itália, para onde partira em 1792. Bomtempo preferiu partir para França para aprender matéria nova; a música italiana era já por demais conhecida em Portugal. O momento era propício porque acabava de ser celebrada em 6 de Junho de 1801, a paz de Badajoz entre Portugal, Espanha e França (Luz Soriano, vol. cit., pags. 465 e ss.). O País tinha pago aos Franceses para que fossem nossos amigos.

 

PARIS

 

Havia em Paris um grupo de portugueses com valor. Desde logo, o representante de Portugal, José Maria de Sousa Botelho, Morgado de Mateus, que poucos anos depois, publicaria uma famosa edição de “Os Lusíadas”. Outro, Francisco Manuel do Nascimento, que escrevia sob o pseudónimo de Filinto Elísio, que fugira de Portugal, perseguido pela Inquisição ( * ).

Não há muitas notícias da estadia de Bomtempo em Paris, a não ser dos concertos públicos em que tocou e que promoveu, tendo sido assinalados na imprensa. Mas os concertos não chegavam para o sustentar e ele teve certamente de procurar alunos interessados nas suas lições de piano. Em Lisboa, deveria ter já bastante prática de instrumentos de tecla, mas sobretudo de órgão. Chegado a Paris, deverá ter procurado praticar muito o piano forte (como se dizia na altura), estudar composição, e ouvir Haydn, Mozart e também Beethoven, pouco tocados em Lisboa.

Sendo solteiro, deverá ter frequentado os amigos portugueses que ali se encontravam. Alguns deles eram maçónicos e foi possivelmente também iniciado nalguma loja. Não existem notícias concretas, embora alguns autores afirmem sem hesitação que ele foi maçónico (por exemplo, o Prof. Rui Vieira Nery). No Dicionário de Maçonaria, escreveu o Prof. Oliveira Marques: “Foi provavelmente iniciado maçon, embora se desconheçam data e loja” (1.º vol., pag. 199). A mim, parece-me que, para decidir esta incógnita, se deveriam também procurar influências da música maçónica da época nas suas composições. É sabido que as músicas maçónicas tinham características próprias; por exemplo, a música maçónica de Mozart é muito diferente das suas outras composições. E, não sendo perito na matéria, encontro similitudes de alguma da sua música com a música maçónica de Mozart. De qualquer modo, as companhias que procurou mais tarde em Lisboa, indiciam de facto a sua pertença à maçonaria.

Bomtempo ficou célebre em Paris sobretudo como bom pianista. Isto é verdade, embora um crítico do AMZ (Allgemeine Musikalische Zeitung) escrevesse que ele nunca poderia ser um grande pianista, porque tocava com os braços, o que o cansava não só a ele, mas também aos espectadores, só de vê-lo (AMZ, 1810, col. 333). As críticas deste jornal devem, porém, ser lidas com prudência, porque eram escritas por concorrentes - músicos alemães que exerciam a actividade na mesma cidade.

Em meados de 1803, compôs Bomtempo a Grande Sonata que dedicou à Princesa de Portugal, D. Carlota Joaquina, e foi impressa e posta à venda. Tem dois andamentos Allegro moderato e Presto assai. Para E. Vieira tem um “estilo brilhante em que predominam as passagens rápidas, exigindo dedos delicadamente ligeiros. O segundo andamento é especialmente um bom trecho, escrito com esmero e facilidade.”

Há notícia de um concerto em que participou em 24 de Janeiro de 1804. A 1 de Março, num concerto dado em seu benefício, executou o seu primeiro concerto para pianoforte, opus 2, que agradou aos críticos, e que foi publicado nessa altura.   

No dia 12 de Março seguinte, novo concerto, desta vez a favor da cantora espanhola Laurenza Correa. Executou uma sonata, provavelmente a Grande Sonata, opus 1, já referida.

Ainda a 23 de Março, outro concerto com fins caritativos em que participou, executando o concerto n.º 1, já referido.

Bomtempo executou a mesma obra de sua composição para piano mais duas vezes: a 7 de Abril em Paris, num concerto em favor de um antigo músico da Capela de Versalhes e num concerto em que teve muito sucesso (com seiscentas ou setecentas pessoas na assistência) realizado em Bordéus em 31 de Dezembro de 1804.

Em 22 de Maio de 1805, participa noutro concerto em Paris juntamente com Philippe Libon, de que foi amigo. Executou um novo concerto para piano, devendo tratar-se do n.º 2.

Constata-se, a seguir, um grande intervalo na sua participação em concertos, pois o concerto seguinte, de que há conhecimento pela imprensa, em que Bomtempo participou, teve lugar em 8 de Maio de 1809. Nele foram executados um novo concerto para piano (provavelmente o n.º 3) e a sua 1.ª sinfonia.

Na saison seguinte, a 15 de Janeiro de 1810, participou no seu último concerto na capital parisiense. Tocou um novo concerto para piano, isto é, o n.º 4 e de novo a sua 1.ª sinfonia.

Entretanto, o ambiente de Paris não podia deixar de lhe ser desfavorável. Com a substancial ajuda dos ingleses, Portugal tinha infligido uma humilhante derrota aos invasores franceses. Estes, naturalmente, passaram a olhar de lado os nossos compatriotas residentes em Paris. Melhores ventos sopravam do lado de Inglaterra e para lá se dirigiu então João Domingos Bomtempo no Outono de 1810.

 

LONDRES

 

Bomtempo não teve qualquer dificuldade em fazer amigos entre a comunidade portuguesa em Londres: desde logo, o Embaixador D. Domingos António de Sousa Coutinho (1760-1833), filho do prestigiado Governador de Angola, D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho  (1728-1780), formado em Leis, Conde e de pois Marquês do Funchal. Foram amigos de Bomtempo, o redactor-principal de “O investigador português em Inglaterra”,  José Liberato Freire de Carvalho, e o poeta Vicente Pedro Nolasco da Cunha. Este último, que era maçónico, compôs os versos sobre que Bomtempo escreveu a música da sua obra “Hino Português”. 

Fez imprimir e publicar as últimas obras que tinha composto em Paris. Arranjou muitos alunos de idades variadas, para o ensino do piano. Travou amizade com o músico e editor Muzio Clementi, que provavelmente já tinha conhecido em Paris. A ele dedicará as suas Três Grandes Sonatas (opus 9).

O Hino Lusitano foi executado numa festa promovida pelo Embaixador a 13 de Maio de 1811, data do aniversário de D. João VI, e logo a seguir, a 3 de Junho, num concerto em que também tocou o 4.º concerto para piano.

Embora a sua estadia em Londres tenha sido bastante mais curta do que em Paris, foi ali que publicou maior número de obras, nada menos que dez. Ficou certamente muito conhecido e apreciado por lá. Em 1813 foi fundada a Philarmonic Society (depois, Royal Philarmonic Society), com trinta membros, sendo os sete Directores escolhidos entre eles; seguia-se um grupo de 25 “associates”, donde eram escolhidos os novos membros. Ao contrário do que tem sido escrito entre nós, Bomtempo não era membro, mas sim “associate” (cf. History of the Philharmonic Society of London 1813-1912, pag. 6). 18 dos 30 membros e 12 dos 25 “associates” eram compositores, cantores ou pianistas.

 

LISBOA – LONDRES – PARIS – LISBOA - PARIS – LONDRES

 

Regressando a Lisboa em 1814, Bomtempo esperava encontrar um meio favorável ao exercício da sua profissão de compositor, pianista e director de orquestra. Grande foi a desilusão dele, quando encontrou o País esgotado pela Guerra Peninsular, na maior das pobrezas, com boa parte da elite cultural afastada no Brasil, junto da Corte.

Para consolação dele, recebeu uma encomenda para uma cantata, do Cônsul de Espanha em Lisboa, para comemorar a paz geral e exaltar a reposição no trono de Fernando VII. Compôs ele então a cantata “Anúncio da Paz” que foi executada na festa celebrada a 30 de Maio de 1814 na Embaixada de Espanha, com aplauso geral. O texto da cantata foi depois impresso em Lisboa. A mesma cantata serviu de base a uma outra, chamada “A Paz da Europa”, a 4 vozes com acompanhamento de orquestra ou piano, depois impressa em Londres e que é o opus 17.

Diz E. Vieira que, nesta visita a Lisboa, Bomtempo tentou ainda estabelecer em Lisboa uma Sociedade Filarmónica a exemplo da de Londres, mas o ambiente não era propício para isso. Por isso, regressou a Londres.

No início de 1816, publicou em Londres os “Elementos de Música e Método de tocar Piano Forte; com exercícios de todos os géneros, seis lições progressivas, trinta prelúdios em todos os tons, e doze estudos, obra composta e oferecida à nação portuguesa, por J.D. Bomtempo” – 66 páginas de texto e música. Diz E. Vieira que a progressão dos exercícios é demasiado rápida, o que desvaloriza o trabalho.

Em Londres ficou pouco mais de um ano, durante o qual se ocupou da impressão e divulgação das suas obras.  Saindo de Londres, passou por Paris  e chegou a Lisboa a meados de 1816, quando se soube (a 13 de Julho) a notícia da morte de D. Maria I, ocorrida em 20 de Março de 1816, no Rio de Janeiro.

Esta estadia em Lisboa não foi mais proveitosa para Bomtempo, antes pelo contrário: com o luto pela morte da Rainha, estavam cancelados todos os espectáculos. Não era fácil a sua vida. Em 1817, o Jornal de Belas Artes ou Mnemosine Lusitana no seu n.º XXII, pag. 343, publicou um artigo em louvor da sua obra, elencando as músicas por ele publicadas e o preço, anunciando que se vendiam em casa do autor na Rua Larga de S. Roque, n.º 55.

Refere Vieira o interesse que Bomtempo teve em ir a Itália no barco que saiu do Tejo em 2 de Julho de 1817, para ir buscar a noiva do Príncipe herdeiro D. Pedro, D. Leopoldina, Arquiduquesa de Áustria, a fim de a levar para o Brasil. Não teve a sorte de ser convidado, apesar de haver uma banda de música a bordo.

Em meados de 1818, foi de novo para Paris, onde encontrou um ambiente de desolação. E. Vieira transcreve três cartas desta época, em que ele manifesta o seu desânimo. Sem poder tocar para um público, vai compondo mais músicas. De facto, por esta altura, começou e adiantou a composição da Missa de Requiem à memória de Camões.

A 18 de Maio de 1819, escreve a um amigo dizendo-lhe que pensa ir para o Brasil, mas depois desistiu da ideia. Entretanto, manifestava o desejo de se fixar definitivamente na sua Pátria. Concluiu a Missa de Requiem, que fez ouvir a amigos em Paris e que agradou. Mandou a partitura para Londres onde foi executada com aplauso.  Encomendou a impressão da Missa ao editor Leduc e partiu para Londres em meados de Julho de 1819.

A Missa de Requiem à memória de Camões é considerada a obra prima de Bomtempo. É uma partitura volumosa, de 205 páginas e é o opus 23. Foram vendidos exemplares em Londres, em Lisboa, em Paris e no Rio de Janeiro.

Entretanto, Bomtempo deveria ter já notícias de que estava para chegar a Revolução Liberal. E, quando soube do eclodir da Revolução, em 24 de Agosto de 1820, apressou-se a regressar a Portugal.

 

LISBOA

 

Na sessão da Assembleia de Constituinte de 9 de Março de 1821, foi presente um memorial de J.D. Bomtempo, oferecendo à Constituinte uma Missa, que chamou Missa da Regeneração. Determinaram as Cortes que fosse impressa e executada no dia do Juramento das Bases da Constituição, o que aconteceu em 28 do mesmo mês. Ao mesmo tempo, foi executado o Te Deum que ele tinha composto poucos anos antes em França, juntamente com a dita Missa. As Cortes determinaram que se louvasse o “zelo com que V. Mercê prossegue em ilustrar a sua Pátria nas matérias da sua profissão” (Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias de 9-3-1821, pag. 237). A Missa não chegou a ser impressa; certamente, as Cortes estavam muito ocupadas com coisas mais importantes.

Em 20 de Outubro de 1821, foi celebrada uma Missa de Requiem composta também  por Bomtempo, sob encomenda dos liberais, para celebrar a memória de Gomes Freire de Andrade e dos supliciados de 1917.

Foi-lhe também pedida outra Missa de Requiem para as exéquias de D. Maria I, aquando da trasladação dos seus restos mortais do Brasil para Lisboa, cerimónia efectuada em 20 de Março de 1822. O acontecimento foi tão importante que mereceu um agradecimento real aos amadores que se ofereceram para tocar na cerimónia, publicado no Diário do Governo n.º 73, de 17-3-1822:

Barão de Quintela

José Maria de Mendonça

Frederico Rudolfo Lahmeeyer,

Joaquim Luis Orcese

Augusto Soares Leal

José del Negro

Sebastião Duprat

Cesário Dufourq

Caetano Martins da Silva

João Paulino Vergolino de Almeida

Inácio Miguel Herche

Francisco António Driesel

Pedro Caviglioli

José Francisco de Assis e Andrade

Joaquim Pedro Scolla.

 

Note-se também que o Marquês de Fronteira, nas suas Memórias o chama “íntimo amigo” (2.º vol. pag. 228). Rodeado destes apoios, todos pertencentes à causa liberal, Bomtempo estava em condições de realizar o seu sonho de fundar una Sociedade Filarmónica à imitação da de Londres e foi o que fez.  Instalou-se no n.º 5 da Rua Nova do Carmo  e começou a dar concertos periódicos, o primeiro dos quais em Agosto de 1822, acompanhado de alguns dos amadores acima citados que lhe davam a sua benevolente colaboração.

Vale a pena citar as Memórias do Marquês de Fronteira:

Foi por este tempo que o professor Bomtempo abriu as suas salas, onde havia belos concertos e numerosa reunião das diferentes classes da boa sociedade da capital. Vi tomar parte nestes concertos os primeiros e mais circunspectos aristocratas. Na orquestra via-se o Marquês de Tancos, de Borba, Conde de Lumiares e muitos outros, e cantando, já em coro, já a solo, minha mulher, a Condessa de Anadia e irmãos, minha tia Abrantes e muitas outras senhoras da alta aristocracia, bem como meu tio Castelo-Melhor, meu cunhado Manuel da Câmara, Antonio de Melo e outros fidalgos, assim como muitas senhoras e cavalheiros, das principais famílias do comércio. O dono da casa fazia executar muitas peças da sua composição, tanto de música sacra, como teatral, e não se poupava para tornar a sociedade o mais agradável, tocando piano com aquele talento que fez a admiração de todas as Cortes da Europa.” (2.º vol., pag. 230)

E mais adiante:

Os concertos do Bomtempo estavam no seu esplendor. As suas boas composições eram executadas debaixo da sua direcção com grande aplauso dos circunstantes. Os concertos acabavam sempre em baile que se prolongava pela noite adiante.” (2.º vol. pag. 285)

Outra iniciativa de Bomtempo foi propor ao Governo e às Cortes a reforma do ensino de música, que até então estava confinado ao Seminário Patriarcal. Foi encarregado de fazer uma proposta de reforma que deu entrada nas Cortes e foi por estas mandada baixar a uma Comissão (Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias – sessão de 21-10-1822 – pags. 857, e Diário do Governo n.º 290, de 9-12-1822 – Pag. 2154).

Entretanto, os concertos da Sociedade Filarmónica prosseguiam com regularidade. Mas em 16 de Julho de 1823 era anunciado o 4.º concerto do 4.º trimestre que já se não realizou. Ocorrera a Vilafrancada em 27 de Maio, a revolta de D. Miguel,  foram proibidas reuniões e ajuntamentos e também os encontros musicais em casa de Bomtempo.

Dava-se assim início à terrível guerra civil entre os liberais (“malhados”) e os miguelistas (“corcundas”), que tanto sangue fez correr. A polícia até hesitou em proibir as reuniões em casa de Bomtempo, porque sabia que bastantes dos músicos amadores eram fidalgos, mas depois jogou pelo seguro e um seu pedido de 10 de Julho de 1823 para prosseguir os encontros musicais  foi indeferido.

Desanimado, Bomtempo pensou em exilar-se. Porém, alguns dos seus amigos incitaram-no a ficar e conseguiram que D. João VI desse autorização para o prosseguimento dos concertos por despacho de 13 de Janeiro de 1824. O Duque de Cadaval cedeu algumas salas do seu Palácio denominado “palácio velho” (onde é agora a Estação do Caminho de Ferro do Rossio), para o efeito. Assim se iniciou a segunda época do Estabelecimento Sinfónico, dirigido por Bomtempo. A assinatura era de 4$800 réis por seis concertos, sendo o primeiro a 9 de Março (uma 3.ª feira) e sucessivamente todas as terças-feiras. Assinaram 271 subscritores de toda a alta sociedade de Lisboa, fidalgos, corpo diplomático, banqueiros, comerciantes e homens de letras.

Tocavam músicos profissionais e amadores amigos de Bomtempo. Havia cantores, uma das irmãs de Bomtempo e uma senhora de nome, Francisca Romana Martins. Os concertos prosseguiram com regularidade de 9 de Março a 27 de Abril (1.º da 2.ª série). Houve depois uma interrupção, em consequência da “Abrilada”, nova revolta de D. Miguel a 30 de Abril. O 2.º concerto da 2.ª série só se realizou a 18 de Maio, seguindo-se os restantes até princípios de Julho. A 3.ª série, aos sábados e a 4.ª, às quintas-feiras, decorreu com alguma regularidade. Houve depois uma nova assinatura que se iniciou em 21 de Abril de 1825. Mais tarde, um concerto anunciado para 9 de Março de 1826, já não se realizou, em virtude de o Rei D. João VI estar muito doente; de facto, morreu no dia seguinte.  A cidade e o País ficaram de luto, mas os teatros foram autorizados a abrir um mês depois. Prudentemente, Bomtempo pediu licença para continuar com os concertos, o que lhe foi deferido.

Os concertos, porém, realizavam-se com bastante irregularidade. Anunciava-se a borrasca política e os liberais pensavam era em esconder-se o melhor que podiam. Também Bomtempo tinha razões  para recear o pior. No tomo III dos Documentos para a história das Cortes Gerais da Nação Portuguesa, a pgs. 838, figura uma lista datada de 1-8-1827 intitulada “Relação das pessoas que até agora se tem podido apurar que figuraram e se distinguiram nos tumultos sediciosos da capital”, com cerca de 140 nomes e lá figura também “Bomtempo, músico”(sic).

Dom Miguel desembarcou em Lisboa em 21 de Fevereiro de 1828 e em 13 de Março seguinte eram dissolvidas as Cortes, iniciando-se o regime absoluto.

E. Vieira transcreve a minuta de um extenso requerimento dirigido por Bomtempo a D. Miguel, no intuito de prosseguir a sua actividade. Mas o mais provável, como também diz Vieira, é que ele não o tenha apresentado. Abandonou a residência do Rossio e foi viver para uma casa modesta no Alto das Chagas.

O círculo de amigos de Bomtempo era constituído sobretudo pelos liberais revolucionários de 1820.  Nos tempos da Constituinte, reuniam-se eles frequentemente no livreiro Rei, no Chiado; o grupo incluía Manuel Borges Carneiro.

Entretanto Bomtempo recebeu notícias de que seria provavelmente preso e não hesitou: refugiou-se no Consulado da Rússia, sob a protecção do respectivo Cônsul, seu amigo, Carlos Ivanov Radzevich. Ali ficou cinco anos, enquanto durou o regime miguelista e o País de autodestruía na guerra civil.

O seu nome não foi esquecido pelos adversários que o tentavam ridicularizar com textos como Cantigas para cantar dona Clara Populaça no Rossio de Lisboa, com música de Bomtempo, dos restos da missa regeneradora, que lhe ficaram no tinteiro; e Hino para se cantar na procissão da inauguração do monumento de Figaró. Música do mestre de capela das Cortes, o célebre Pietro Caganita, um dos professores do Seminário de Bomtempo da conservatória dos meninos órfãos a cavalo (A Navalha de Figaró ou A palmatória do Mestre Ignácio), citado por Zília Osório de Castro (ob. citada).

E. Vieira refere um episódio picaresco dessa época. De vez em quando, pela calada da noite, Bomtempo saía do Consulado em S. Pedro de Alcântara e ia visitar a mãe e as irmãs ao Alto das Chagas (onde é ainda hoje a Rua das Chagas). Uma noite, quando regressava, foi interpelado por uma patrulha, com as perguntas clássicas: “Quem é? Donde vem? Para onde vai?”. Ficou tão atrapalhado que respondeu qualquer coisa em inglês. Então, um dos polícias: “Deixa-o lá, é um bife! Malhados, é que nós temos de apanhar.”

Os dias de amargura terminaram quando a vitória dos liberais se tornou definitiva. D. Pedro IV desembarcou em Lisboa em 28 de Julho de 1833, e nomeou logo Bomtempo professor de música de D. Maria II, então com 14 anos,  e deu-lhe a Comenda da Ordem de Cristo.

D. Maria II foi entronizada em 20 de Setembro de 1834 e seu pai morreu logo quatro dias depois.

A jovem Rainha tratou muito bem Bomtempo que certamente respirou de alívio depois dos tormentos por que havia passado.

No primeiro aniversário da morte de D. Pedro IV compôs um Libera Me, para ser executado nas solenes exéquias.

Com data de 5 de Maio de 1835, um Decreto Real satisfazia um anseio de há muito de Bomtempo: era criado o Conservatório de Música, integrado na Casa Pia, sendo ele nomeado  Director-Geral na parte instrutiva. Nesta lei, o Conservatório era um mero anexo da Casa Pia, mas tal situação não iria durar muito. Após a Revolução de Setembro de 1836, ficou no poder Manuel da Silva Passos, mais conhecido por Passos Manuel  e este encarregou o seu amigo Almeida Garrett de apresentar o projecto de um Conservatório Geral da Arte Dramática, o que ele fez logo a 12 de Novembro. Datada de 15 do mesmo mês, foi publicada a respectiva lei criando, integradas no Conservatório, a Escola Dramática ou de Declamação, a Escola de Música, e a Escola de Dança, Mímica e Ginástica Especial. Foi instalado no Convento dos Caetanos, onde ainda hoje se encontra.  Uma lei de 7 de Abril de 1838 estabeleceu o quadro do pessoal e respectivo orçamento. Um decreto de 27 de Março de 1839 aprovou o Regimento do Conservatório, preparado por Garrett. A 24 de Maio de 1841, é publicado um decreto com os Estatutos do Conservatório que substituem o Regimento anterior.

A convivência de Bomtempo e Almeida Garrett no Conservatório não era fácil e o primeiro suportava mal ter de estar subordinado ao segundo. Ambos tinham consciência do seu muito valor como artistas.

Em 15 de Julho de 1841, Garrett atacou violentamente o ministro António José d’Ávila, no célebre discurso sobre a Lei da Décima e, logo no dia seguinte, foi demitido do cargo de Inspector-Geral dos Teatros, o que implicou a sua saída do Conservatório. Foi substituído por Joaquim Larcher, com quem Bomtempo se deu melhor.

Quanto à sua vida privada, João Domingos Bomtempo casou em Outubro de 1836 na Igreja dos Jerónimos com Maria das Dores Almeida, de quem teve o único filho em 23 de Agosto de 1837, Fernando Maria Bomtempo. Deste, foram padrinhos de baptismo a Rainha D. Maria II e o Rei consorte D. Fernando, o que foi uma honra de vulto.

O seu filho foi protegido pelo padrinho, o Rei D. Fernando. Aparece como secretário no relato de uma expedição real a Marrocos, publicado em 1882. Existe também impressa uma peça para piano da autoria dele, denominada Olga: fileuse pour piano. Terá morrido em Fevereiro de 1914.

Mariana da Silva, a mãe de João Domingos, faleceu na Rua das Chagas a 9 de Abril de 1838, com 91 anos.

Corria-lhe bem a vida quando faleceu de repente em 18 de Agosto de 1842, com 66 anos.

 

A MÚSICA DE BOMTEMPO

 

A música sinfónica de Bomtempo era demasiado adiantada para o Portugal do início do Sec. XIX. E de facto, depois que ele regressou a Portugal em 1820, apenas compôs música religiosa. A música que tinha composto e publicado no estrangeiro também não influenciou a composição musical portuguesa por muitos decénios.

As opiniões sobre o valor da sua música são algo díspares. Parece haver unanimidade em considerar o seu Requiem à memória de Camões a sua obra prima. O Prof. Rui Vieira Nery escreveu: A obra é surpreendente a muitos títulos, mas antes de mais pela sua profunda originalidade. Já Ernesto Vieira, no início do Sec. XX, era algo crítico: “…constitui um excelente e desenvolvido trabalho, tecnicamente irrepreensível, traçado com a largueza e mão segura de um profissional experimentado. Não contém, no entanto, rasgos de inspiração, nem é abundante de melodia. Obra perfeita, mas não inspirada, ... Parece severidade a mais. O Requiem é obra que ainda hoje se ouve com muito agrado.

Dizem os musicólogos que, nas suas composições para piano, Bomtempo se esforçou sobretudo de escrever trechos de execução difícil para fazer valer o seu virtuosismo como pianista. Mas os quatro concertos para piano e orquestra publicados são agradáveis de ouvir. Mais uma vez, E. Vieira é severo. Diz ele em relação ao Concerto n.º 4: É uma composição bastante interessante, este quarto concerto, notável de dificuldade e brilhantismo para a época em que foi escrito. () Se lhe falta a inspiração melódica, que é o ponto fraco de Bomtempo, não carece de riqueza harmónica, variedade e boa concatenação das ideias, unidade no conjunto, e uma factura superior que só pode ser obra de um músico sério e completamente senhor da sua arte.

As duas sinfonias conhecidas e publicadas (diz-se que escreveu mais quatro, que se extraviaram) são obras que se ouvem com muito agrado. Têm ambas quatro andamentos:

 

 

Sinfonia n.º 1

Sinfonia n.º 2

 
 

 

Largo – Allegro vivace

Minuetto

Andante sostenuto

Presto

 

 

Sostenuto – Allegro moderato

Allegretto

Minuetto: Allegro

Allegro

 

 

 

Segundo o maestro Álvaro Cassuto que dirigiu a gravação de ambas, a primeira mostra influências de Haydn e Mozart. Já na segunda, que considera de maior alcance e dimensão, encontra ressonâncias da Heróica de Bethoven.

 

(*) Filinto Elísio, refere numa das suas poesias (Obras completas, edição de Paris, 1817-1819, vol. III, pag. 199) que, em 4 de Julho de 1803, esteve em sua casa como convidado Bomtempo: “Se até agora invoquei Apolo , e Musas,/ Para Márcias cantar , cantar Delmiras,/ Hoje, que à mesa assiste o meu Bomtempo,/ Destro em sonoro piano”. O poeta festejava o aniversário do dia em que fugira à Inquisição: “Hoje, que, há cinco lustros, quase estive/ Morador das masmorras do Rocio “.

 

Composições de João Domingos Bomtempo

 

Obras impressas

Com indicação de Opus

 

1 – Grande sonate pour le piano forte, Paris, 1804

2 – Premier Concerto de piano, Paris, 1805 - 1806

3 – Second Concerto de piano, Paris, 1805 - 1806

4 – Variações sobre o “Minuete afandangado”, Paris, 1806

5 – Grande Sonate pour le forte piano, Paris, 1806

6 – An introduction, five variations and Fantasy upon Paisiello’s favourite Air, Londres, 1810

7 – Third Concerto for the piano forte, Londres, 1810

8 – Capriccio and “God save the King”, with Variations, Londres, 1810

9 – Three Grand Sonatas para piano, a Terceira com violin, Londres, 1811

10 – Hino Lusitano para solo, coro e orquestra, Londres, 1811

10 bis – La Virtù Trionfante [versão italiana], Londres, 1811 - 1812

10 ter – Portuguese March for the piano forte, composed and dedicated to the Portuguese Army, Londres,

11 – First Grand Symphony arranged for two performers on the piano forte, Londres, 1811 - 1812

12 – 4th Concert for the piano fort and Orchestra, Londres, 1811 - 1812

13 – An easy Sonata for the piano forte with an accompaniment (ad libitum) for the violin, Londres, 1811 - 1812

14 – Grand Fantasia for the piano forte, Londres, 1813

15 – Two sonatas and a popular air with variations for the piano forte with a violin accompaniment ad libitum, Londres, 1813 - 1814

16 – Quinteto para piano, dois violinos, violeta e violoncelo, Londres, 1813 - 1814

17 – A paz da Europa. Cantata a 4 vozes com coros ou acompanhamento de orquestra ou forte piano obrigado, Londres, 1815

18 – Three Sonatas for the piano forte with an accompaniment for the violin ad libitum, Londres, 1815

19 – Elementos de música e método de tocar piano forte, Londres, 1816

20 – Grande Sonate composée pour le forte piano, Paris, 1819

21 – Fantasie et Variations pur le piano sur l’air de Mozart “Soyez sensibles”, Paris, 1819

22 – An air from the opera « Alessandro in Efeso” composed, arranged for the forte piano, Londres, 1819 - 1820

23 - Messe de Requiem à 4 voix, choeur et grand orchestra. Ouvrage consacré à la mémoire de Camões. Paris, 1819 - 1820

  

Impressas sem indicação de Opus

  

          March of Lord Wellington from the Hino Lusitano, para piano a 4 mãos, Londres,

          Portuguese March for the piano forte, composed and dedicated to the Portuguese Army, Londres

          Waltz for the piano forte, Londres

          O Anúncio da Paz, Lisboa, 1814, (apenas o libretto. A música nunca foi impressa e perdeu-se).

            

Edições modernas

 

          Fantasia sobre um tema de Rossini, Lisboa, Musicoteca, 1993

          Sinfonia n..º 1, rev. de Filipe de Sousa, Gulbenkian, Lisboa, 1963

          Sinfonia n.º 2, rev. de Filipe de Sousa e Christopher Bochmann in The Symphony 1720 – 1840, a comprehensive collection of full scores in sixty volumes, New York, London, Garland, 1983.

          Sonata opus 1, Helena Costa, 1971

          Grande Sonata, opus 5, rev. de Jorge Moyano, Musicoteca, 1993

          Sonata opus 18, rev. de Gerhard Doderer, Heidelberg, 1983

  

Alguns manuscritos

 

          Te Deum

          5.º Concerto para forte piano

          6.º Concerto para forte piano

Libera me

Textos consultados

 

 

António Ferreira dos Santos; trad. Susan Pérez Castillo,  Domingos Bomtempo: nótulas sobre um eminente músico português: notes on an eminent Portuguese musician. Porto: Fund. Eng. António de Almeida, D.L. 1992, Edição bilingue, 61 pags.  

 

Ladan Taghian Eftekhari, João Domingos Bomtempo: itinéraire de son œuvre  [Texto policopiado], Paris, 1998, Tese de doutoramento em Estética, Ciência e Tecnologia das Artes, apresentada à Université Paris VIII Saint-Denis, sob a orientação de Eveline Andreani, 2 vols., 550 f.

 

Ladan Taghian Eftekhari, La dynamique d'orchestre dans l'oeuvre de João Domingos Bomtempo, Tese, [Texto policopiado], Univ. de Paris VIII, 1993

 

Gabriela Gomes da Cruz, The piano variations and fantasias of João Domingos Bomtempo [ Texto policopiado], Austin: The University of Texas, 1992, 244 f.

 

Maria Clara Ferreira Canelhas Correia, As obras para conjuntos de câmara de João Domingos Bomtempo (1775-1842): levantamento e análise [ Texto policopiado] /, Coimbra, 1992, 178 f.

 

João Pedro d’Alvarenga (coord.),  João Domingos Bomtempo, 1775-1842 / Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro; Lisboa, 1993, 271 pags.

Online: http://purl.pt/14381

 

Jean-Paul Sarrautte, Catálogo das obras de João Domingos Bomtempo; trad. Constança Capdeville, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1970, 123 pags.

 

Allgemeine Musicalische Zeitung, anos de 1804, 1809, 1816, 1818, 1819, 1820, 1822, 1824, 1825.

Online: http://books.google.com

 

Ernesto Vieira, Diccionario biographico de musicos portuguezes: historia e bibliographia da musica em Portugal, Lisboa: Typographia Mattos Moreira & Pinheiro: Lambertini, 1900, 2 vols.

Online: www.archive.org

 

Maria Antonieta de Lima Cruz,: 1775 – 1842, Bomtempo, Lisboa, Edições Europa, 1938

 

Tomás Borba, Fernando Lopes Graça, Dicionário de Música Ilustrado, Lisboa, Cosmos, 1956-1958, 2 vols.

 

Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, Portugal: diccionário histórico, chorográphico, heraldico, biográphico, bibliográfico, numismático e artístico: abrangendo a minuciosa descripção... de todos os factos notaveis da história portugueza, etc., etc., obra il. com centenares de photogravuras e redigida segundo os trabalhos dos mais notáveis escriptores por, Lisboa: João Romano Torres, 1904-1915, 7 vols.

 

Documentos para a historia das Cortes Geraes da Nação Portugueza / coord. Câmara dos Senhores Deputados, 8 vols. Lisboa: Imp. Nacional, 1883-1891

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Memórias do marquês de Fronteira e d'Alorna D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto ditadas por ele próprio em 1861 / rev. e coord. por Ernesto de Campos de Andrada, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1928-1932, 5 vols.

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Joaquim de Vasconcellos, Os musicos portuguezes: biographia-bibliographia, Porto: Imprensa Portugueza, 1870, 2 vols.

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G. A. P. D.,  Sketches of Portuguese life, manners, costume, and character (1826). Author: Publisher: London: G. B. Whittaker Year: 1826

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Marianne Baillie,  Lisbon in the years 1821, 1822 and 1823, London, 1825, 2 vols.

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Joseph Scherpereel; trad. Maria Fernanda Cidrais, A orquestra e os instrumentistas da Real Câmara de Lisboa de 1764 a 1834: documentos inéditos L'orchestre et les instrumentistes de la Real Camara à Lisbonne de 1764 à 1834. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Música, 1985

 

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João Domingos Bomtempo, Requiem à Memória de Luís de Camões, op. 23, Coro & Orquestra Gulbenkian, sob a direcção de Michel Corboz, CD com Introdução e notas de Rui Vieira Nery. N.º 1 da Colecção Gulbenkian Música.

 

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A.H. de Oliveira Marques,  Dicionário de Maçonaria portuguesa, Lisboa: Delta, 1986, 2 vols.

 

Zília Maria Osório de Castro, Cultura e política: Manuel Borges Carneiro e o vintismo,  Lisboa, INIC: Centro de História da Cultura da Universidade Nova, 1990, 2 vols. (1013 pags.), ISBN 972-667-120-5

 

Diário do Governo, 1822

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Documentos para a história das cortes geraes da Nação Portugueza, org. de Clemente José dos Santos, Lisboa, Imprensa Nacional, 1883, 2 vols.

Online: http://purl.pt/12101

 

Diário das Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Portuguesa, 1821-1822

8 volumes

Online:     ʘ     ʘ     ʘ     ʘ     ʘ     ʘ     ʘ     ʘ

 

Myles Birket Foster, The History of the Philharmonic Society 1813 – 1912, London, John Lane, 1912

Online: www.archive.org

 

João Domingos Bomtempo, Elementos de musica e método de tocar piano forte [ Música impressa]: com exercícios em todos os géneros, seis lições progressivas trinta prelúdios em todos os tons, e doze estudos: obra 19, 1816

Online: http://purl.pt/791