MONARQUIA LUSITANA

 

e os seus autores

 

 

 

Fr. BERNARDO DE BRITO chamado no século Balthazar de Brito de Andrade naceo na Villa de Almeyda sttuada na Provincia da Beyra a 20 de Agosto de 1569 sendo seus Progenitores o Capitão Pedro Cardoso de Andrade, que nas Campanhas de Flandes, e Italia, deo do seu valor heroicos argumentos, e Maria de Brito de Andrade igual ao seu consorte em a nobreza do nacimento, a qual com summa vigilancia educou a este filho em cuja puericia conhecendo a viveza do engenho de que liberalmente o dotara a natureza o mandou a Roma para que nesta Metropole do mundo aprendesse as sciencias dignas de hum mancebo nobre. Em tão famosa palestra sahio egregiamente instruido assim nos preceitos da Poesia, e Oratoria, como na intelligencia das linguas mais polidas, sabendo a Latina com perfeição, fallando a Italiana, e Franceza com naturalidade, e tendo sufficiente noticia da Grega, e Hebraica. Applicou-se ao estudo da Historia em que na idade adulta fez mayores progressos não sendo inferiores os que a sua Musa com o nos primeiros annos publicou compondo versos suaves, e cadentes, que competiam com os celebres Poetas Lyricos de Hespanha. Para mais nobremente illustrar estes dotes com que se ornava o seu espirito, resolveo consagrallos a quem liberalmente lhos concedera, e advertindo com mysteriosa circunstancia, que o dia em que nacera para o mundo fora dedicado a S. Bernardo, elegeu entre todas as Familias religiosas para renacer para Deos a do Doutor Mellifluo não somente satisfeito de vestir a sua Cogulla no Real Convento de Alcobaça em o anno de 1585 mas chamarse com o nome deste Principe Cisterciense. Querendo seu Pay que foe herdeiro dos seus grandes serviços, que esperava serem generosamente remunerados pela beneficencia Real, alcançou faculdade Pontificia para que passasse da Religião de Cister para a Militar de S. João de Malta cujo effeito por sua morte se desvaneceo. Completo o anno do Noviciado começou a frequentar as Escolas com tanta comprehensao, e delicadeza de engenho que admirados os Mestres confessavão ser o seu talento superior à natureza pois ao mesmo tempo que aprendia ensinava, de que resultou não somente dictar as sciencias Escolasticas aos seus domesticos com immortal gloria do seu magisterio, mas lauriarse com as insignias doutoraes da Faculdade Theologica na Athenas de Coimbra no anno de

1606. O estudo, que profundamente tinha dedicado à especulação das sciencias não impidio applicar-se às amenas principalmente à Historia Sagrada, e profana emprendendo para gloria da Patria, e eterno brazão deste Reyno escrever a sua Historia geral, pensamento, que sendo intentado pelos heroicos espiritos de João de Barros, e Andrè de Rezende o executou com tanta felicidade, como incansavel deligencia revolvendo todos os Carthorios, e Archivos para delles extrahir as noticias conducentes para empreza tão ardua. Deste indefesso trabalho forão as primicias o primeiro Tomo da Monarchia Lusitana publicado na florente idade de 27. annos, com o qual deixou admirada a Republica Litteraria de produção tão sazonada em idade tão verde lendo-se em estilo claro, corrente, desafectado, e elegante as antiguidades da nossa Lusitania desde o principio do mundo, sendo o primeiro, que venturosamente rompeo aquelle tenebroso Chaos em que estavão‘sepultados os sucessos, e acçoens dos antigos Portuguezes, devendose aos impulsos da sua penna patentes aquellas noticias, que o mundo ignorava.

Esta grande obra que dedicara a Magestade de Filippe II. não somente lhe agradeceo com particulares significaçoens de affecto, mas lhe ordenou a continuasse por Carta escrita em Madrid a 3. de Abril de  1597 . e posto que lhe podia retardar o progresso a critica de alguns emulos armada contra as suas opinioens, mais atento à gloria do Reyno, que a reputação do seu nome não desistio de proseguir o illustre argumento que emprendera. Nomeado Chronista da sua Congregação desempenhou como delle se esperava, esta incumbencia escrevendo a Chronica de Cister com tão elegante fraze, e critico exame que mereceu o applauso do grande Cathedratico de Salamanca Fr. João Marquez Eremita Augustiniano chamandolhe Historiador insane, e de Fr. Antonio

Yepes honorifico esplendor da Monastica Religião Benedictina que a transcreveo em os seus Annaes. Vagando o lugar de Chronista mor do Reyno por morte de Francisco de Andrade foy nomeado seu sucessor em o anno de1616 de cuja litteraria occupação era credor desde a sua adolescencia em que tanto se distinguia de todos assim no estilo, como em a vasta lição da Historia. Por varias vezes foy eleyto Bispo, cuja dignidade humildemente regeitou considerando que não podia vigilantemente cuidar da saude alheya quando se sentia privado da propria. Esta se foy com tanto excesso diminuindo que chegando de Madrid à Villa de Almeyda summamente molestado da jornada se preparou com todos os Sacramentos, e actos de observante Religioso para a morte, que suavemente o transferio para o descanso eterno a 27. de Fevereiro de1617 quando contava 47. annos 6. mezes, e sete dias de idade, e 32. annos de Religião. Foy levado o seu corpo ao Convento de Santa Maria de Aguiar da Ordem Cisterciense situado tres legoas distante de Almeyda, e sobre a sepultura se gravou este epitáfio:

 

Aqui jaz o muy docto Padre Fr. Bernardo de Brito Chronista Mór que foy deste Reyno. Morreo no anno de 1617.

 

Passados trinta, e dous annos foy transferido o seu Cadaver do Mosteiro de Aguiar para o de Alcobaça, onde jàz sepultado na Casa do Capitulo com este epitafio.

 

Codita Lusiadum tumulo, qui gesta revelat

Bernardus Britto conditur hoc tumulo.

Inter Scriptores magnus, Chronistaque major Regius, & stylo maximus ipse fuit.

 

Teve agradavel prezença, corpo bem organizado, compleição robusta, conversação affavel, memoria feliz, e juizo penetrante. Excedeo o numero das suas obras ao dos seus annos. Applicou-se pelo discurso da sua vida breve pela duração, mas dilatada pela fama em beneficio do Reyno illustrando aos seus Princepes, e a Nobreza com indeleveis memorias que o seu incansavel disvelo, e continua investigação resuscitou como novo Deucaleão das pedras despedaçadas, e carcomidas pela voracidade do tempo merecendo ser celebrado pelas pennas de diversos Escritores com grandes elogios como forão Manoel de Sousa Coutinho tão illustre pelo sangue, como pelo estilo historico, e poetico em o Poema impresso na Prefação do 1. Tomo da Mon. Lusit.

 

Arte potens, opibusque animi Bernardus ab alto

Ducet Lysiadum famam, &monumenta tuorum,

Ex quo prima novis Aurora invecta quadrigis

Splenduit humano generi: de hinc arma triumphis

Inclyta, tunc Santos repetens ab origine mores

Longa vetustatis, rerumque arcana movebit.

 

Nicol. Ant.  Bib. Vet. Hisp. lib. 6. cap. 4. §. 75  Portugalliae clarissimus Historiographus,e lib. 8. cap. 5. §. 288.  Lusitaniae magnus historicus. Ant. Coelho Gasco Antiguid. de Lisb.Part. 1. cap. 46. Varão illustre em letras divinas, e humanas, que deu honra, e immortal gloria com seus nobilissimos escritos a Portugal. Manoel de Faria, e Sousa no Prolog.  do Epit. das Hist. Portug. Fue versado grandemente en toda suerte de historias, el hombre mas deligente para escrevir, que conocio España; apenas en toda ella le quedò lugar, ò ruina que no viesse en Portugal, ni monte, ni valle que no midiesse a palmos, archivos, o piedras que no revolviesse dando noticia alos proprios Portuguezes de si proprios.E no prologo da 1. Parte da Europ. Portug. No lè faltò si no tener nacido en Grecia, o en Italia siglos antes que no le excedieran los Tucidedes, los Livios, los Herodotos, los Salustios en la sustancia quando nò en estilo, y en la orden. Fr. Antonio da Nativid.

Mont. de Cor.Mont. 2. Coroa 2. § 9. n. 5.  insigne Chronista. Maced.  Flor. de Espan.cap. 8. excell. 9. en cuyos libros no facilmente se echa de ver si tuvo màs de laborioso, ò de ingenioso, simas de docto, o de curiosidad,  e na Lusit. Liberat.  Proaem. §. 2. n. 6.magnus Historicus.  Cardos.Agiol . Lusit. 8 Tom. 3. pag. 449. no Commentar. de 29. de Mayo letr. A. A quem os nossos devem as noticias mais cabaes, e deligencias mais exactas de suas cousas, que estampou em suas obras pelas quais vierão os Estrangeiros em conhecimento das historias, e antiguidades deste Reyno. Nicol. Agost. Vid. de D. Theot. de Brag. Honra, e lustre em seus escritos dos Portuguezes.P. Ant. Maced.Lusit. Inf. & Purpur. in Prolog. Gravissimus Lusitaniae historicus qui patrio sermone a diluvio initium ducens Lusitanos Annales texuit stylo culto, maximo, et accurato.D. Franc. Man. de Mel.  Epanaph. de Var. Hist. pag. 265.famoso Historiador. Carol. Visch. Bib. Cisterc. Vir ingenij summi, memoriae firmissimae, studiique continui, & infatigabilis quem nemo laboribus fractum, nec fatigatum vidit. Franckenau. Bib. Hispan. Hist. Geneal. Herald. p. 72. Certe (falla da obra da Monarchia Lusitana ) monumentum ea est Historiae Lusitaniae aere perennius.Joan. Soar. de Brit.

Theatr. Lusit. Litter.lit. B. n. 35 .  Regni Lusitani non titulo solùm sed re ipsa maximus historiographus, vir cumprimis eloquens, & erudittus, non in iis tantum, quae ad Lusitaniae antiquitates spectant (ut non nemo existimavit) sed in omni prorsus Encyclopedia, quin non in soluta dumtaxat oratione, sed in  ligata etiam.Fr. Chrisost. Henriq.  Phaen. Revivis.lib. 2. cap. 12.

Tam praeteriti, quàm nostri temporis eximium ornamentum, & decus. Caramuel Philip. Prud. pag.118. Auctor est summe diligens, cui debet antiquitas rerum plurium notitiam, quae Lethaeis submersa aquis fugiebant universorum oculos. Est hercule de rethorica optime meritus, cujus perenne studium, atque felicem deligentiam vulgata opera testatam faciunt.August. Sartor. Cisterc. Bisterc. seu Hist. Elogial. Ord. Cist.  Tit. 20. pag. 521. Ingenio valens, vastissimaque praestans memoria scientias propemodum omnes absorpsit. In antiquitatibus tamen è cinere veluti è busto ad novum splendorem eruendis suit praecipuus.

P. Menestrier Art. du Blazon pag. 74. Joan. Hallevord.  Bib.Curios. pag. 34 .col. 2. Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de Coimb. Tom. 2. liv. 1. cap. 18. n. 9. Ja quem a Monarchia Lusitana, e outras obras fazem bem conhecido no mundo.  P. D. Ant. Caet. de Sousa no Apparat. à Hist. Genealog. da Casa Real Portug.pag. 69. n. 38. de grande talento, letras, e erudição como testemunhão as suas obras.

 

Compoz:

 

Monarchia Lusitana Parte Primeira que contem as Historias de Portugal desde a Criação do mundo té o nacimento de Nosso Senhor Jesu Christo. Dirigida ao Catholico Rey D. Filippe 2. do nome Rey de Espanha, Emperador do novo mundo. No insigne Mosteiro de Alcobaça,por Alexandre de Siqueira, e Antonio Alvares , e acabada a 10. de Janeiro de  1597 .  fol.

 

No fim tem -Geografia antigua da Lusitania. Alcobaça por Antonio Alvares 1597. fol.   Desta obra, e do Author fez menção o moderno addicionador da Bib. Geograf. de Antonio de Leão Tom. 3. Tit. unic. col. 1316. 

 

Segunda Parte da Monarchia Lusitana em que se continuão as Historias de Portugal desde o nacimento de nosso Salvador Jesu Christo até ser dado em dote ao Conde D. Henrique. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1609 .  fol.  Sahirão estas duas Partes reimpressas Lisboa na Officina Crasbeeckiana 1690 .  fol.

 

Elogios dos Reys de Portugal com os mais verdadeiros Retratos que se poderão achar. Lisboa por Pedro Crasbeeck.1603 .  4.

Esta obra (diz o insigne Manoel Severim de Faria no Elogio que dedicou a memoria de Fr. Bernardo de Brito em as  Notic. de Portug. pag. 284 . ) ainda que breve, he de grande consideração, porque na lingoagem, e juizo pode servir de modello a toda a boa historia abreviada, e na perfeição com que fez abrir em bronze os retratos dos Reys, e alcançou os Originaes mais apurados mandando vir alguns de partes remotas com grande custo, e despeza, excedeo muito suas forças, e mostrou o grande zelo que tinha de engrandecer a Patria, e de eternizar a memoria dos Reys Portuguezes a quem neste livro levantou hum honroso trofeo.

Sahirão addicionados estes Elogios com as vidas de Filippe IV. e dos Serenissmos Reys D. João o IV. D. Affonso VI. D. Pedro II. e D. João o V. Nosso Senhor por meu Irmão D. Jozé Barbosa Clerigo Regular Chronista da Serenissima Casa de Bragança, e Academico da Academia Real.Lisboa na Officina Ferreiriana. 1726 .  4.

 

Primeira Parte da Chronica de Cister onde se contão as couzas principaes desta Ordem, e muitas Antiguidades do Reyno de Portugal. Lisboa por Pedro Crasbeeck 1602 .  fol. et ibi por Paschoal da Sylva Impressor de Sua Magestade. fol. 1720.

 

Sylvia de Lizardo. Lisboa por Alexandre de Siqueira 1597.  32.& ibi por Pedro Crasbeeck 1632 .

Consta de vario genero de versos, e ainda que não sahio com o nome do Author, lho declara Manoel de Faria, e Sousa no Comment. da  1. Centur. dos Sonet. de Camoens. Sonet. 14. pag. 40. col. 2. Tomando este mismo verso primeiro, y el pensamìento de mi Poeta dixo Brito, ò Lizardo en su Sylvia Eglog.2 .

E mais claramente no Comment. do Sonet. 32. do mesmo Camoens. Fr. Bernardo de Brito en su Sylvia de Lysardo Eglog. 2. (que suyo es aquel librillo aunque anda estampado sin nombre de Author, porque en Portugal saben los Religiosos huyr de nombrarse en escritos agenos de su instituto, por mas que sean tan honestos como aquel. Por esta obra o numera  entre os Poetas Portuguezes o P. Antonio dos Reys no Enthusiasm. Poetic. n. 120. e o aplaude Jacinto Cordeiro no

 Elog. dos Poet. Portug. Estanc. 43.

 

Fray Bernardo de Brito a Luso gloria

Que llora muerto con piedad estraña

De tan altivo ingenio la memoria

Dexando en muerta pluma viva hazaña

Deve el Laurel honrarle por la Historia

Veneracion le deve toda España

Si yá retrata enel tiempo esquivo

Un Fenix muerto para honrarnos vivo.

 

Obras M. S.

 

Historia de Nossa Senhora de Nazareth em que se trata da Invenção desta Santa Imagem, privilegios, e graças, que lhe concederão os Reys, e milagres, que a Senhora tem obrado, e no fim a familia, e descendencia daquelle em que fora obrado o milagre. Esta obra mostrou acabada o Author em o anno de1611 ao Chantre de Evora Manoel Severim de Faria como affirma em as  Notic. de Portug. pag. 285. a qual levava a Madrid para offerecer à Rainha de Castella D. Margarida de Austria. O P. Antonio de Vasconcellos in Descript. Lusit.pag. 534. julga este livro dignissimum assidua pervolutatione, o qual  testemunha ter visto Fr. Bernardino da Sylva na 2. Part. Da Defens. da Mon. Lusit. O cap. 6. em poder de Fr. Belchior de Abreu Monge Cisterciense, e o louvão com grandes elogios Fr. Anton. Brand. Mon. Lusit. 4 . Part. liv. 12. cap. 20. Fr. João Marquez  Orig.  delos Ermit. de S. August.cap. 11. e 15. e Cardoso Agiol. Lusit. Tom. 1. pag. 83. col. 2. no Comment. de 8. de Janeir. letr. A.

 

           

Republica antigua da Lusitania em que se trata dos Ritos, e custumes dos antigos Portuguezes. Dedicada a Serenissima Senhora D. Izabel Clara Eugenia de Austria Infanta de Espanha, Duqueza de Brabante, e Lombardia. Estava escrita em 10. Capitulos, e acabada em 21. de Março de  1596. Obra excellente a intitula o Licenciado Francisco Galvão de Mendanha na sua Bib. Portug. .

 

 

Chronica delRey D. Sebastião .continuada até a Embaxada de D. João de Borja. Não chegou a porlhe a ultima mão, que se a acabara fora hum illustre ornamento da lingua Portugueza diz Severim no Elogio de Fr. Bernard. de Brit. pag. 288. Della fazem memoria Manoel de Faria, e Sousa Advert. Ao 1 . Tom. da Asia Portug.  n. 35. e Jorge Cardos. Agiol. Lusit. Tom. 3. pag. 442. no Comment. de 28. de Mayo letr. E. e Nos em o Prologo das Memor. para a Histor. delRey D. Sebast. que sahirão impressas Lisboa por Joze Antonio da Sylva, 1736. 4.

 

 

Apologia a certas duvidas enviadas -pelo Arcebispo de Braga D. Fr. L Agostinho de Castro em pontos pertencentes a 1. Parte da Monarchia Lusitana . ºNo fim estava huma Carta do mesmo Arcebispo em que se dava por satisfeito das repostas as suas duvidas. Esta obra mostrou o Author ao Chantre de Evora Manoel de Faria como escreve em as  Notic. de Portug. pag. 285.

 

 

Privilegios da Congregação de  Alcobaça de cuja obra affirma no prologo da 2. Part. da Mon. Lusit. me custou alguns tempos de peregrinação e muitos dias de estudo.

 

 

Terceira Parte da Monarchia Lusitana de que fez menção seu sucessor nesta obra Fr. Antonio Brandão no prologo do 3. Tom. da Mon. Lusit. 

 

 

Commentaria in Prophetas Minores.Dos quaes se lembra Jacob. Lelong. in  Bib.Sacra  pag. mihi 652. col. 1. onde lhe chama  Trium linguarum peritus.

 

De duabus Hebdomadibus, Creationisuna, Redemptionis altera. Estas duas obras Escriturarias

estavão promptas para a impressão.

 

Fundação do Convento de Arouca .  fol.

 

Historia de Sertorio, e sua mulher Rorea, fundação da Cidade de Evora, e derivação do seu nome ; -escrita em 4. Cantos, e acabada em o anno de  1591 .

 

Disfraze de amor; cuentase la guerra de Portugal,y el derecho, que la Magestad delRey Filippe II. nuestro Señor tiene àquel Reyno.Desta obra dà noticia Franckenau in  Bib.Hisp. Gen. Herald. pag. 62. §. 179. dizendo conservarse na Real Bibliotheca do Convento do Escurial Plut. P. Serie V. n. 17.

 

Livro de Famílias que possuya Luiz Vieyra da Sylva insigne Genealogico, e Varão digno de geral veneração por seu prudente juizo, e vida exemplar, em cujo poder o vio o P. D. Ant. Caet. de Sous. como escreve no Apparat. à Hist. Geneal. da Cas. Real. Portug.  pag. 69. §. 38.

 

  

 

Fr. ANTONIO BRANDÃO naceo na Villa de Alcobaça em 25. de Abril de 1584 sendo seus Pays Rodrigo Dias Rebello, e Antonia Brandoa, ambos descendentes de Familias Nobres. Na fonte bautismal lhe impuzerão o nome de Marcos por ter nacido no dia consagrado a este Evangelista; e logo se lhe anticipou com tal excesso o engenho à idade, que quando contava quatro annos sabia ler, e escrever, e de outo aprendia com grande applicação a lingua Latina, da qual para alcançar mais perfeito conhecimento, e lançar os solidos fundamentos para mayores faculdades foy mandado por seus Pays para caza de sua Avò materna, que assistia em Lisboa a tempo, que com igual acclamação do seu nome, como emolumento da Republica literaria ensinava as letras humanas no Collegio de Santo Antão o insigne Francisco de Mendoça, do qual foy instruido nellas por espaço de dous annos, sahindo tão excellente Rhetorico, e elegante Orador, que recitou cinco Oraçoens humas em verso, e outras em proza primeiros frutos do seu florido engenho onde admirarão os circunstantes felizmente unida a viveza das acçoens, e a energia da frase com a fineza, e sublimidade dos conceitos. Augmentava-se mais este admiração com a innocencia da vida que religiosamente observava abstendo-se de todo o genero de divertimento pueril, fugindo a companhia de viciosos, e occupando-se com summa seriedade superior aos seus annos nos exercicios de piedade, e devoção. Iguaes progressos fez na palestra da Filosofia quando tinha 14. annos, como fizera nas letras humanas tendo por Mestre daquella faculdade ao mesmo P. Mendoça, cujo Curso não pode acabar por fugir ao flagello da peste, que fatalmente devastava Lisboa. Restituido à sua Patria obedecendo à vocação de Deos recebeo na florente idade de 15. annos em o Real Convento de Alcobaça a Cogulla Cisterciense no anno de 1599 e para que deixasse toda a memoria do seculo atè deixou o nome de Marcos pelo de Antonio, e entregue à disciplina do virtuoso Varão Fr. Francisco de Santa Clara, era jà em o Noviciado Veterano na observancia regular. Continuamente se occupava na lição das vidas dos seus primitivos Monges dezejando imitar os vestigios de Varões tão austeros. Macerava com tantas mortificaçoens, e disciplinas o corpo que muitas vezes se não podia sustentar em pè. Com tal excesso se arrebatava na suave comtemplação das delicias celestiaes que era preciso para se restituir aos sentidos que o despertassem os outros Noviços com grande violencia como de hum profundo lethargo. Nestas, e outras virtudes se exercitava com tal excesso, que se a prudencia do Mestre lho não moderasse primeiro acabaria a vida, que o Noviciado.

Passados cinco annos depois de feita a profissão solemne não dedicou menor cuidado ao estudo das Sciencias Escholasticas do que applicàra em alcançar as virtudes religiosas, sendo indeciso entre os seus domesticos em qual dellas era mais eminente, principalmente quando pelo largo espaço de 18. annos lhes ensinou as faculdades da Filosofia, e Theologia recebendo em recompensa do seu grande magisterio a Borla Doutoral na Universidade de Coimbra em o anno de 1621. Inflamado com o nobre ardor de dilatar a gloria deste Reyno, posto que impedido com as multiplicadas occupações que exercitou na Religião sendo Secretario do Geral duas vezes, Difinidor, Abbade do Convento de Lisboa, e ultimamente Geral de toda a Congregação Cisterciense se deliberou a proseguir a Historia da nossa Nação que ficàra interrupta pela morte do insigne Fr. Bernardo de Brito, principalmente quando succedeo a D. Manoel de Menezes no lugar de Chronista Mòr do Reyno consumindo a larga diuturnidade de dez annos em revolver, e examinar os mais antigos, e veneraveis Cartorios dos Mosteiros, Igrejas, Cidades, e Villas, e sobre todos o Real Archivo da Torre do Tombo não perdoando o seu indefesso trabalho a todo o genero de diligencia para conseguir o fim de tão heroica empreza, de que resultou escrever huma historia, clara, solida, verdadeira, copiosa, e bem digesta, lendo-se nella a genealogia certa dos nossos Monarchas, seus nacimentos, mortes, descendencia, e acçoens mais memoraveis obradas tanto na paz, como na guerra; as origens das familias illustres, brazoens, e apellidos de que usão; as fundaçoens, foraes, e privilegios dos mais celebres Conventos, Igrejas, Cidades, e Villas de todo Reyno, o principio das Cathedraes, o Cathalogo, e sucessão dos seus Prelados, e todos os sucessos dignos de memoria, merecendo que em abono de obra tão completa lhe escrevesse de Madrid em 10. de Outubro de 1632. o Chronista Mòr de Castella D. Thomaz Tamayo de Vargas estas palavras  Asseguro com toda la ingenuidad, que esta Historia es de lo mejor y mais bien trabajado que hà salido en nuestra edad y en que nò tendran los escrupulosos já más que reparar. El estilo, la disposicion, la claridad, y los monumentos de que V. P. se vale son muy loables, y assi le suplico, que nos de luego la quarta parte, que serà gran ornamento de la Historia de España en general, y de la de Portugal en particular. Com semelhantes elogios louvão as suas obras Nicol. Ant. in Bib. Hisp. tom. 1. p. 82. Variis, atque utilissimis semotae Vetustatis, rerumque olim gestarum monumentis firmum, ac speciosum Historiae corpus formans non sine magnum civium, atque exterorum plausu in Vulgus dedit. Bonucci Histor. di D. Alfonso Henr. liv. 3. cap. 10. Historico di gran nome. Franckenau. Bib. Hisp. Hist. Geneal. Herald. p. 61. Menestrier  art. du Blazon. p. 74. Hallevord. in Bib. Curios. Ép. 16. Joan. Soar. de Brit. in Theatr. Lusit. Litterat. lit. A. n. 55. Maced. Lusit. Liberat. lib. 1. cap. 1. n. 22. Cardos. Agiol. Lusit. Tom. 3. no Comment. de 6. de Mayo letr. A. Manoel de Faria, e Sous. no Cathalogo dos AA. Portuguezes É_mais acrecentado do que o que imprimio, cujo original vimos, e nelle diz que Brandão escrevera con muchas novedades dos tomos de la historia de los primeros Reys.  Souza in Expedition. Hisp. Apost. S. Jacob. Tom. 2. pag. 1303. D. Jozè Barboza meu Irmão no prologo do Cathal. Chronol. Histor. Gen. e Critico das Rainhas de Portug. A verdade he que se a patria se soubesse mostrar grata com aquelles filhos que se occuparão em fazerem publicas as suas glorias ainda hoje em illustres estatuas viviria o Mestre Brandão, e nellas como em volumes de mayor duração se eternizàra o agradecimento Portuguez, porque ninguem mais do que elle se fez benemerito desta genlerosa distinção, se a merecião os que dilaiarão o Reyno com a espada não a merecia elle menos que o illustrou com a penna. Na pag. 223. do mesmo Cathalogo lhe chama exactissimo.     Sousa no Apparat. à Hist. Gen. da Casa Real Portug. pag. 79. n. 64. Admiravel na Historia, e antiguidades do nosso Reyno em que trabalhou muito, mas felizmente.

 

Compoz.

 

Terceira Parte da Monarchia Lusitana que contem a historia de Portugal desde o Conde D. Henrique e todo o Reynado delRey D. Affonso Henriques.Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1632 fol.

 

Quarta Parte da Monarchia Lusitana que contem a Historia de Portugal desde o tempo delRey D. Sancho primeiro até todo o Reynado delRey D. Affonso Terceiro. Lisboa pelo mesmo Impressor 1632. fol.

 

Por ordem de Filippe IV. escreveo em Castelhano com grande elegancia para o Principe seu filho D. Balthezar Carlos aprender a lér, e juntamente se instruisse nas acçoens heroicas dos seus Mayores.

 

Elogios delos Reyes de Portugal.

 

Constituiçoens que se devem observar pelos Estudantes, Mestres, e Doutores da Congregação de Cister. Esta obra lhe mandou compor o Geral, e foy approvada pelos Capitulos Geraes que se seguirão.

 

Informação das virtudes da Ven. Sor. Joanna de Saá Religiosa no Convento de Semide feita em o anno de 1622.

 

Memorias da Ven. D. Maria de Azevedo, que morreo em Semide anno de 1610. Destas duas obras fez menção Jorge Cardoso no Agiol. Lusit.  no Tom. 1. no Comment. de 27. de Fevereiro letr. D. pag. 540. e no Tom. 2. Comment. de 4. de Março letr. F. pag. 47. Da 2. Tom. 1. no Comment. de 11. de Fevereiro letr. L. pag. 413.

 

Fundaçoens dos Mosteiros de Cister deste Reyno. Esta obra confessa ter principiado na 4. Part. da Mon. Lusit. liv. 12. cap. 25.

 

Como era tão versado na historia, como perito na Poesia, compoz em mais de seiscentos versos heroicos.

 

Monasterii Alcobaciensis primordia, progressus, et praerogativae.

 

Com a mesma elegancia, e igual metro recitou na prezença dos Monges de Alcobaça.

 

Oratio de laudibus Sanctissimi Patriarchae Benedicti.

 

Por ser muito cordial devoto da Virgem, e Martyr Santa Lusia compoz em seu obsequio muitos epigrammas. Entre as virtudes, que cultivou com mayor perfeição além das relatadas, foy a summa comiseração para com os pobres de que deo manifesto argumento quando padecendo os vizinhos do Convento do Bouro, onde dictava Filosofia no anno de 1613, huma lastimosa fome, para acudir a tão extrema necessidade sahio com faculdade do Prelado a pedir esmolas a algumas pessoas, chegando a privarse do alimento, que lhe era preciso para sustentar a muitos que estavão quasi agonizando.

Nunca recebeo o ordenado do lugar de Chronista mór, mas o entregava a hum Religioso seu confidente para lhe dar alguma parte quando necessitasse, e o restante mandava dar aos pobres. Cheyo de obras meritorias foy alcançar o premio delas na eternidade a 27. de Novembro de 1637 quando contava 62. annos e 7 mezes, e dous dias de idade com 38. de Religião. Alguns prodigios succederão depois da sua morte, com que o Ceo quiz testemunhar a sua virtude. O seu Retrato pintado ao natural està no Real Convento de Alcobaça onde passou a melhor vida.

 

 

 

Fr. FRANCISCO BRANDÃO naceo na Villa de Alcobaça a 11. de Novembro de 1601 onde depois de estudar os preceitos da Grãmatica passou á Villa de Santarem por nella assistir hum seu Tio Conego, que o educou com exemplares documentos. Completos dez annos em que pella viveza do engenho superior à verdura da idade sabia perfeitamente a lingua Latina, e as Humanidades, partio em companhia de outro seu Tio Fr. Antonio Brandão Monge Cisterciense (de quem em seu lugar se fez digna memoria) para o Real Convento de Alcobaça onde havia de dictar Filosofia, e entre os seus Claustros como se fora Religioso assistio alguns annos admirando os moradores daquelle Veneravel Mosteiro a modestia do semblante, a profundidade do talento, e subtileza do juizo que mostrava em annos tão tenros. O familiar comercio dos Monges lhe foy suavemente inclinando o animo para que sem revelar ao Tio a sua resolução pedisse a Cogulla Cisterciense que benevolamente lhe concedeo o Geral como prevendo o grande credito que havia de resultar à Religião com hum tão insigne filho. Recebido o habito monachal em o Real Convento de Alcobaça a 25 de Agosto de1618— . e feita a profissão solemne a 29. do dito mez do anno seguinte ouvio a Filosofia do Doutor Fr. Estevão de Siqueira, e em Coimbra estudou Theologia sahindo tão profundamente versado nestas Faculdades que não sómente as dictou pello espaço de 6. annos aos seus domesticos, mas foy laureado Doutor Theologo pella Universidade de Coimbra. Para não degenerar do genio de seu Tio Fr. Antonio Brandão o imitou igualmente nas sciencias severas, como amenas applicando-se desde os primeiros annos ao estudo da Historia principalmente do nosso Reyno em que foy tão Versado que mereceo substituir a seu Tio no lugar de Chronista mór em que foy provido a 19. de Janeiro de1649. cuja dificultoza incumbencia dezempenhou com igual fama do seu nome, que immortal brazão desta Monarchia assim na indefessa investigação como no prudente juizo com que discernio o falso do verdadeiro servindo-lhe de bases fudametaes para o edificio, que levantava, os monumentos irrefragaveis que extrahia dos Archivos, e Cartorios das Cathedraes, e Conventos deste Reyno. Foy Qualificador do Santo Officio, Examinador das Tres Ordens Militares, Esmoler mòr, e Geral duas vezes da sua authorizada Congregação; a primeira no anno de  1667 . e a segunda em o anno de  1674. Falleceo no Convento de N. Senhora do Desterro desta Corte a 28. de Abril de  1680. quando contava 79. annos de idade, e 62. de Religião.

 

João Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter. -Lit. F. n. 34. o intitula vir modestus, diligens, & eruditus Fr. Manoel da Esperanc. Hist. Seraf. da Prov. de Portug.  Part. 1. liv. 4. cap. 36. n. 5.  gravissimo Author. Maced.  Lusit. Liberat.in Append. cap. 2. n. 21.eruditus Doctor, & Proaem. 1. §. 1. n. 13. D. Franc. Man.Epanaf. pag. 265. que tantos eruditos testemunhos como livros tem dado do seu talento.Rodrig. Mend. Sylv. Cathal. real de Espan. p. 84. v. Uno de los eminentes sugetos de nuestro Reyno en sus historias. Nicol. Ant. Bib. Hisp.Tom. 1. pag. 214. col. 1. non minus indusrie, ac diligenter continuavit Monarchiam Lusitanam.Souza Apparat. à Hist. Genealog. da Cas. Real Portug.pag. 128. §. 148. “Trata de muitas Familias na sua origem, e progressos com grande exacção, e verdade por ser excellente indagador, e com muita erudição da Historia. Leytão Mem. Chron. da Univ. de Coimb.p. 132. §. 310. insigne, e perspicacissimo Chronista. Franckenau Bib. Hisp. Gen. Herald. pag. 61. cujus studio, ac labore lucem videre quintum sextumque Monarchiae Lusitanae volumina. Faria  Fuent. de Aganip. Part. I. Cent. 3. Sonet. 52. alludindo a ter composto a Chronica delRey D. Diniz.

 

Aun tiempo ama la pluma peregrina

Con que oy buela el gran Luso que escurece

La liberalidad Alexandrina.

 

Compoz

 

Discurso gratulatorio sobre o dia da felice restituição, e aclamação da Magestade delRey D. João o IV. N. S. dedicado á mesma Magestade. Lisboa por Lourenço de Anvers. Sem anno da impressão. 4.

 

Conselho, e voto da Senhora D. Filippa filha do Infante D. Pedro sobre as Terçarias, e guerras de Castella com huma breve noticia desta Princeza. Lisboa por Lourenço de Anvers. 1643. 4.

 

Quinta parte da Monarchia Lusitana, que contem a historia dos primeiros 23. annos del-Rey, D. Diniz. Lisboa por Paulo Craesb. 1650. fol.

 

Sexta parte da Monarchia Lusitana, que contem a historia dos ultimos 23. annos delRey D. Diniz. Lisboa por João da Costa 1672. fol.

 

Relação do Assassino intentado por Castella contra a Magestade delRey D. João o IV. impedido miraculosamente. Lisboa por Paulo Craesbeeck 1641.  Sahio sem o nome do Author por querer relatar com estilo claro ao povo tudo quanto succedera.

 

Sermão nas exequias que o Mosteiro de Alcobaça fez ao Infante D. Duarte no Real Convento de Santa Maria de Alcobaça em 19. de Dezembro de 1649. Lisboa na Officina Craesbeeckiana 1650. 4.

 

Fundação do Real Convento de Alcobaça. Desta obra se lembra na 6. parte da Monarch. Lusit. liv. 18. cap. 18. e Cardoso Agiol. Lusit.Tom. 1. pag. 124. no Coment. de 22. de Janeiro. Letr. D. e Tom. 3 pag. 115. no Coment. de 7. de Mayo letr. D. dizendo ser obra de grande estudo, e credito da Ordem, e Nicol. Ant. Bib. Hisp. Tom. 2. pag. 291. col. 1.

 

Discurso em comprovação do juramento de D. Afonso Henriques. Desta obra faz menção na 6. parte. da Mon. Lus. liv. 19. cap. 13.  L 

 

  

 

Fr. RAFAEL DE JESUS, naceo em a Villa de Guimaraens, recebendo na sua antiga Collegiada a graça bautismal a 2 de Mayo de 1614. Forão seus Progenitores Simão Fernandes, e Catherina Mendes, que o educarão tão virtuosamente, que deixado o seculo buscou o Claustro da augusta Religião do Principe dos Patriarcas S. Bento vestindo a monastica cogulla em o Convento da Victoria da Cidade do Porto a 2 de Mayo de 1629, quando contava 15 annos de idade. Aplicado aos estudos severos sahio nelles egregiamente instruido, e como o genio o inclinava para o exercicio do pulpito o continuou pelo espaço de vinte annos na Corte de Lisboa, e em varias Cidades de Hespanha com geral aplauso dos ouvintes, donde procedeo ser nomeado pela Religião Prégador Geral. A capacidade do talento o constituhio digno de ocupar os lugares de Reitor do Collegio da Estrella em 1665, Procurador geral em a Cidade do Porto em 1668. Abbade do Convento de S. André de Rendufe em 1673. Procurador geral na Cidade de Braga em 1676, e D. Abbade do Convento de Lisboa em 1679. Não se limitou o seu estudo ás letras sagradas, mas discorrendo pelo vasto campo da Historia sahio nella tão instruido, que mereceo ser Chronista mór do Reino por Alvará passado a 11 de Novembro de 1681. Falleceo no Convento de S. Bento de Lisboa a 23 de Dezembro de 1693, quando contava 79 annos de idade, e 64 de Religioso.

 

Compoz

 

Sermoens varios, prégados pelos annos de 1668, 1669, e 1670. Brucellas por Balthezar Vivien 1674. 4.

 

Sermoens varios, prégados na Curia de Braga pelos annos de 1673, 74, e 75. Lisboa na Officina Crasbeeckiana. 1688 4.

 

Sermoens varios, e Tom. 3. prégados na Curia de Braga pelos annos de 1675, 76, e 77. Ibi na dita Officina1689. 4.

 

Castrioto Lusitano. Part. 1. Entrepreza, e restauração de Pernambuco, e das Capitanias consinantes, varios, e bellicos sucessos entre Portuguezes, e Belgas acontecidos pelo discurso de vinte e quatro annos. Lisboa-por Antonio Crasbeeck de Mello. 1679. No fim desta obra promete a 2. Part. A antonomasia de Castrioto atribue ao insigne Varão João Fernandes Vieira principal instrumento da Restauração de Pernambuco. Desta obra faz menção o addicionador da Bib.Occid. de Antonio de Leão Tom. 2. Tit. 12. col. 681 .

 

Monarchia Lusitana. Parte Setima Contém a Vida delRey D. Affonso o IV. por excellencia Bravo. Lisboa -por Antonio Crasbeeck de Mello. 1633. fol. He continuação da obra principiada pelo Doutor Fr. Bernardo de Brito, e proseguida por Fr. Antonio, e Fr. Francisco Brandão todos Monges Cistercienses.

 

 

Monarchia Lusitana. Part. 8. Contém a Vida delRey D. Pedro I. MS. fol.

 

 

Monarchia Lusitana. Parte 9. Contém a Vida delRey D. Fernando. fol. M. S. Estes dous Tomos conserva em seu poder o P. Fr. Marcelliano da Ascenção Monge Benedictino, e Chronista da sua Religião.

 

 

Vida, e acçoens do Serenissimo Rey D. João IV. com huma arvore Genealogica da Casa de Bragança. fol.  2. Tomos  Desta obra se tem tirado muitas copias como escreve o P. D. Antonio Caetano de Sousa no fim do Tom. 8. da Hist. Gen. da Casa Real Portug. pag. 20. §. 41.

 

 

Varias noticias historicas. fol. M. S. Conservão-se na Livraria do Convento de São Martinho de Tibaens Cabeça da Congregação Benedictina neste Reino.

 

 

Vida, e morte do Varão Apostolico o grande servo de Deos Fr. Antonio das Chagas, Instituidor do Seminario de Varatojo repartida em cinco livros. Estava-se imprimindo em 4.

 

  

 

Fr. MANUEL DOS SANTOS, naceo em o lugar de Ourentão termo da Villa de Cantanhede titulo de Condado da Comarca de Coimbra em a Provincia da Beira, onde foy bautisado a 8 de Novembro de 1672, sendo seus Pays Sebastião Jorge Perna, e Maria Pereira. Recebeo a cogulla Cisterciense no Real Convento de Santa Maria de Alcobaça, Cabeça desta reformada Congregação das mãos do Reverendissimo Geral Fr. Luiz de Faria em 18 de Março de 16866 . Aprendeo as Sciencias escholasticas com disvelo, e sahio nellas muito perito, sendo Mestre das Reparaçoens em o Collegio de S. Bernardo de Coimbra, e de Theologia Moral em o Convento de Santa Maria do Douro do Bispado de Lamego. Por ser naturalmente inclinado á lição da Historia Ecclesiastica, e Secular investigou com indefesso trabalho o archivo do Real Convento de Alcobaça de cuja laboriosa aplicação colheo as mais reconditas noticias assim da sua sagrada Religião, como da Historia de Portugal merecendo ser eleito Chronista da sua Congregação em o anno de „1710, e do Reino de Portugal por merce de seu Augusto, Monarca D. João V. em 6 de Fevereiro de 1726 , e Academico Supranumerario da Academia Real. Para mostrar que não fora inutil esta eleição produzio com judiciosa critica, e vasta erudição diversas obras Historicas defendendo em humas os privilegios da Ordem Cisterciense, e Benedictina contra os seus Antigonistas deixando-os fulminados com o rayo da sua penna, e relatando em outras as acçoens politicas, e militares dos Reys de Portugal D. Fernando, D. João I., e D. Sebastião. Falleceo no Real Convento de Alcobaça a 29 de Abril de 1740 com 68 annos de idade, e 54 de Religião.

 

Compoz

 

Alcobaça Illustrada. Noticias, e Historia dos Mosteiros, e Monges insignes Cistercienses da Congregação de S. Maria de Alcobaça da Ordem de S. Bernardo nestes Reinos de Portugal, e Algarves. Parte. 1. Contém a Fundação, progressos gloriosos, Privilegios, Regalias, e Jurisdiçoens do Real Mosteiro de Alcobaça, Cabeça da Congregação no tempo de seus Abbades perpetuos, e Administradores Cõmendatarios até a morte do Cardeal D. Henrique, com muitas noticias antigas, e modernas do Reino, e Serenissimos Reys de Portugal. Coimbra, por Bento Secco Ferreira. 1710.

fol. 

 

Alcobaça Vindicada. Reposta a hum papel que com o titulo de Justa Defensa em tres satisfaçoens apologeticas publicou o R. P. Mestre Francisco de S. Maria, Chronista Geral da Congregação de S. João Evangelista, contra outras tres chamadas invectivas tiradas da Historia de Alcobaça Illustrada. Coimbra no Real Collegio das Artes. 1724. fol.

 

Monarchia Lusitana. Parte VIII. Contém a Historia, e successos memoraveis do Reino de Portugal no tempo delRey D. Fernando: a eleição delRey D. João I. com outras muitas noticias da Europa. Comprehende do- anno de Christo Senhor Nosso 1367, até o de 1385: na era do Cesar 1405 até o anno de 1423. Lisboa na Officina da Musica. 1729. fol.

 

 

Analysis Benedictina. Conclue por argumentos, e razoens verdadeiras que a sagrada, e Augusta Ordem de S. Bento he a Princeza das Religioens, e a mais antiga com precedencia a favor dos Reverendissimos Monges negros, contra os Reverendos Padres do Real Convento de Bellem. Madrid, por la Viuda de Francisco del Hierro. 1732. fol.

 

 

Historia Sebastica. Contém a vida do augusto Principe o Senhor D. Sebastião Rey de Portugal, e os successos memoraveis do Reino, e Conquistas no seu tempo. Lisboa por Antonio Pedroso Galrão 1735. fol.

 

 

Obras M. S.

 

Apocrisis Benedictino-Cisterciense. fol.

Começava: Nem o mesmo Hercules contra dous. He muito douta, e concludente como vimos. Foy composta contra Fr. Jacinto de S. Miguel Frade Jeronymo, e Fr. Francisco de Santa Maria, Erimita Augustiniano, que se empenharão a responder, e impugnar o que tinha Fr. Manoel dos Santos escrito na Analysis Benedictina.

 

Alcobaça Illustrada. 2. Parte. fol.

 

Monarchia Lusitana. Part. VII. Contèm a Historia dos Reys D. Affonso IV. e D. Pedro I. fol. Nella reforma o que tinha composto, e impresso Fr. Rafael de Jesus Monge Benedictino, Chronista mór do Reino.  

 

Monarchia Lusitana. Part. IX Contém a Historia delRey D. João I. até a conquista de Ceuta.

fol.

 

Monarchia Lusitana. Part. X Contém a Historia delRey D. João I. até a sua morte. fol.

 

 

De "Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741."