20-3-2007

 

 

O P.e António Vieira e Menasseh ben Israel (1604-1657)

  

 

Não sabemos muito da relação entre estes dois homens que, por discrição, nem sequer se corresponderam, mas temos a certeza de que se encontraram e se admiraram. Em 20 de Abril de 1646, o P.e António Vieira chegou a Haia, vindo de Rouen e ficou por lá três meses. Regressou a Lisboa, mas voltou a Haia a 17 de Dezembro de 1647. A sua principal missão, que era a de resgatar Pernambuco em poder dos Holandeses, falhou, mas ele aproveitou para contactar as comunidades de judeus portugueses, para com eles dialogar sobre o regresso a Portugal. Não precisava de os convencer, porque todos tinham saudade da Pátria, que continuavam a considerar como sua. Apenas queriam liberdade de consciência e, para isso, que o poder político dominasse a Inquisição, ou, pelo menos, os seus excessos.

O P.e António Vieira encontrou-se então com Menasseh ben Israel, com quem tinha identidade de pontos de vista. Assistiu a homilias dele em Amsterdam. A admiração era mútua. Vieira sabia que uma boa parte do comércio das Índias Orientais e das Índias Ocidentais (América do Sul) estava nas mãos dos judeus e cristãos novos e que, cada vez que mais uma família fugia de Portugal, eram capitais que saíam do País e que aqui eram bem precisos.

Não acredito que, naquela altura, Vieira estivesse muito preocupado com a aproximação entre as duas religiões. Tanto ele como Menasseh eram então bem terra-a-terra, preocupando-se, antes de mais, com as questões materiais. Ainda estava longe a época em que Vieira se começaria a preocupar com o Bandarra, Quinto Império e com a História do Futuro.

Quem era Menasseh ben Israel?

 

Nasceu cristão novo na ilha da Madeira em 1604 e foi baptizado com o nome de Manuel Dias Soeiro. Seu pai, Gaspar Rodrigues Nunes, incomodado pela Inquisição, fugiu com toda a família por volta de 1613-1614 para a Holanda, onde tomou o nome de Joseph ben Israel e chamou a seus filhos Ephraim e Menasseh.

Menasseh revelou enormes progressos na sua educação e demonstrou uma aptidão especial para aprender línguas. Em 1622, era já pregador; no mesmo ano, falecem os seus pais.

Em 1623, casou com Raquel Abarbanel, de uma célebre família judia.

Em 1626, fundou a primeira tipografia de caracteres hebraicos em Amsterdão, onde imprimia os livros que escrevia em hebraico e  latim ou espanhol e português (ou uma mistura destas duas línguas).  Correspondeu-se com luminárias do tempo, nomeadamente  Gerhard Vossius e Hugo Grotius e com Rembrandt , que dele fez um retrato.

A partir de 1646, seus filhos encarregam-se da tipografia, primeiro Ephraim (falecido em 1648) e depois (1650) Samuel (falecido em 1652), que assina Semuel ben Israel Soeiro ou Samuel Abarbanel Soeiro. Este publica em 1652 um “Catalogo dos libros que Semuel ben Israel vende, estampados todos na sua typographia, adjuntos os preços…”

Em 1651, Menasseh escreve uma carta aberta a Cromwell, solicitando autorização para que os judeus se possam estabelecer em Inglaterra.  Desde 1290 até 1655, nem um único Judeu pisou a terra de Inglaterra. Mas agora, Menasseh olhava para as Ilhas Britânicas, com a esperança de que os perseguidos judeus ali encontrassem um refúgio.

Em 1655, partiu para Inglaterra e teve um acolhimento algo simpático por parte do severo Cromwell. Foi-lhe dito que não havia obstáculos à vinda de judeus, mas que não teriam um estatuto especial. De facto, uns tantos judeus portugueses e espanhóis estabeleceram-se em Inglaterra. Em 1656, ergueram uma Sinagoga em King Street, Duke’s Place, e prepararam um hospital em Mile End. A partir da Restauração da Monarquia com Carlos II, o número de Judeus em Inglaterra subiu exponencialmente.

Menasseh deixou Londres no Outono de 1657. mas veio a falecer em Midleburgo (Holanda) em 20 de Novembro de 1657 – 14 Kislev 5418), quando levava para casa o corpo de seu filho para lhe dar sepultura. O seu túmulo está no Cemitério Beit Haym  em Ouderkerk a/d Amstel.

Menasseh ben Israel era homem culto e religioso; mas não era fanático, ao contrário de Saul Levi Morteira, outro Rabi de origem portuguesa, ex-discípulo do Doutor Elias Montalto, que excomungou Espinosa em 1656, quando Menasseh estava ausente em Inglaterra. Dizem alguns autores que, se estivesse em Amsterdão, Menasseh não teria permitido tal excomunhão.

 

Outro personagem que se correspondeu com Menasseh ben Israel foi Vicente Nogueira. Na sua actividade de bibliófilo e de “organizador” da biblioteca do Marquês de Nisa, o Marquês almirante (neto de Vasco da Gama), adquiriu a Menasseh muitos livros, cuja compra havia proposto ao Marquês. Menasseh ofereceu-lhe depois uma tradução castelhana da Bíblia, encadernada a madeira e couro vermelho.

Na carta que foi publicada por A. J. Lopes da Silva  sob o n.º XI, a pags. 57 do seu livro, datada de 11 de Maio de 1648, e cujo destinatário está errado porque não é o Marquês Almirante, mas sim António Cavide, secretário de D. João IV,  escreve Vicente Nogueira:

 

Nada se me oferece, que escrever a V.S. não tendo neste correio carta alguma sua, se não avisá-lo que a teve Ferdinando Brandão, e que por ela me alegrei de sua boa saúde e juntamente mandar a V.S. o capítulo em que começa uma carta que me escreve de Amsterdão o Principal de todos os rabinos, que ainda que parecerá aos portugueses despropósito e judiaria é na mente dos políticos de Itália um evangelho humano. E V.S. se lhe parecer digno de lê-lo a El Rei, lho mande e se lho não parecer, o deixe, que el-Rei de Castela só isto temeu no princípio, mas quando viu a carniceria com que a nossa Inquisição prosseguia e perseguia, se deu por tão seguro, que se têm por senhores ele e os seus de Portugal, do dia que se ajustem as duas Coroas, não vendo no Reino fazenda nem comércio que se sustente.

 (XI Carta de Vicente Nogueira  1648 - Maio, 11, pags. 57)

 

Anexa à carta, está na Biblioteca da Ajuda a introdução da carta de Menasseh ben Israel, dirigida a Vicente Nogueira e que aqui transcrevo, suponho que pela primeira vez, pois A. J. Lopes da Silva omitiu-a pura e simplesmente:

 

Amsterdam, 17 de Abril de 1648

 

Vejo a V. M. nas suas cartas tão afeiçoado às cousas de Portugal, que, pelo muito que o amo, será bem dar-lhe este gosto, fazendo exórdio das boas novas que esta semana aqui tivemos, vindas por três naus que chegaram à Rochela, de Pernambuco, cujas cartas referem que, depois de haver Sigismundo com fraca carga deixado Taparica, entrou a armada do Reyno na Bahia em 22 de Janeiro, com que a fortificaram de sorte que quando depois de dois meses chegar à Alfândega, não sei se será de algum efeito. Os do mato batem juntamente ainda agora o Recife, se bem fazem pouco dano. Destes sucessos, pode ser que resulte um bom acordo; de outra maneira, a meu ver, a guerra começa de novo. Os Holandezes não tirarão fruto do Brasil, e o Reino de Portugal se perderá, pelos muitos piratas que já andam, que têm tomado doze presas importantes. Assim o persuado a muitos que têm voto no Conselho dos Estados, pelo amor que ainda tenho à Pátria: se bem vejo que aquele Reino que podia, dando-nos a liberdade da consciência, que o Papa nos dá em Roma, ser o mais opulento do mundo, se vai arruinando com suas próprias mãos, pois prossegue a Inquisição de tal sorte que hão preso de poucos dias a esta parte Duarte da Silva, com outras pessoas de qualidade, o que há sido causa de passarem-se aqui e a Hamburgo doze famílias procurando cada qual  pôr (no texto, poner) primeiro em salvo o seu dinheiro, com o que está o Reino, quanto ao negócio, o mais infeliz (no texto, infelice) do mundo, podendo ser tanto pelo contrário, com o que, sentido, deixo esta matéria para quem melhor a entenderá.

  

Este é o princípio de uma carta de Menasseh Ben Israel que D. Vicente Nogueira da sua mão o tresladou para mandar ao Marquês Almirante.

 

PS. Se V.S. julgar que não é digna a carta das orelhas de El-Rei, mande-a mostrar em meu nome ao P.e António Vieira, para ver se se confirma o meu dictame com algum dos seus.

 

 

No verso

Roma, 1648 – 11 de Maio

Dom Vicente Nogueira

Recebida a 12 de Junho

 

Com outra letra (talvez de António Cavide, Secretário Real) : Para mandar ao P.e António Vieira.

 

Com letra de Vicente Nogueira: Marquês Almirante

 

(Biblioteca da Ajuda. MS 51-X-16, pags. 203 e 203 v.)

 

Discretamente, Menasseh utiliza a mediação de Vicente Nogueira para fazer chegar as suas propostas a Portugal. Pouco mais tarde (1650) teve Vicente Nogueira a oportunidade de conversar com o P.e António Vieira e de manifestar a sua admiração por ele em carta escrita ao Marquês Almirante:

 

“Com o P.e António Vieira, hei tido já duas longas sessões , cada uma em seu negócio, e fico assombrado do que neste homem tenho descoberto, parece-me um milagre, parece-me um prodígio, e como no que até aqui hei vivido, lhe não conheço igual, assim não espero já vê-lo no pouco que me restar. Não sei como na nossa terra não o têm ainda apedrejado, porque este é o pago que ela dá a todos os homens daquelas partes, ainda quando não chegam àquele grau. Eu atribuo isto a particular protecção do céu, granjeada dele com sua muita religião e santo zelo. Se merecera crédito ante Sua Majestade, muito lhe pediria que o tivesse sempre junto a si, e em tudo o ouvisse, pois tem com eminência as três partes que Nazianzeno (nuns muito elegantes versos) pede no conselho do Príncipe: amor ao mesmo Príncipe, saber, e liberdade, que raras vezes concorrem juntas: mas deixemo-lo de golpe que sempre haveria que dizer dele”

 (XLVI Carta de Vicente Nogueira ao Marquês Almirante. 1650 - Março, 5, pags. 212)

 

LINKS:

 

Wikipedia - Menasseh ben Israel

 

Wikipedia - Saul Levi Morteira

 

Biografia, Bibliografia

 

Esperança de Israel

 

Piedra Gloriosa

 

Carta a Cromwell

 

Retrato feito por Rembrandt

 

Menasseh Ben Israel's Visit to Christina of Sweden at Antwerp, 1654

 

Brief van Menasseh Ben Israel aan Isaac Vossius, 2 februari 1652

 

Some Remarks Regarding Six Autograph Letters by Menasseh Ben Israel in the Amsterdam University Library

 

  

TEXTOS CONSULTADOS

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

 

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 132 e 133 do software).

 

Cartas de D. Vicente Nogueira, publicadas e anotadas por A. J. Lopes da Silva, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1925, 283 pgs.

Online:  http://purl.pt/189

 

“Manasseh ben Israel”, in Encyclopaedia Judaica, Keter Publishing House Ltd, Jerusalem, 1971

  

Meyer Kayserling, Sephardim: Romanische Poesien der Juden in Spanien. Ein Beitrag zur Literatur und Geschichte der Spanisch-Portugisieschen Juden, Leipzig, Hermann Mendelssohn, 1859

Online em http://books.google.com

 

John Mills,  The British Jews, London, Houlston & Stoneman, 1853

Online em http://books.google.com

  

John Elijah Blunt, A History of the Establishment and Residence of the Jews in England: With an Enquiry Into Their civil Disabilities, London, Printed for Saunders and Benning, 1830

Online em http://books.google.com

 

Martim de Albuquerque, "Biblos" e "polis", bibliografia e ciência política em D. Vicente Nogueira (Lisboa, 1586-Roma, 1654), Nova Vega, Lisboa, 2004, 195 pág., ISBN 972-699-802-6

 

António José Saraiva, António Vieira, Menasseh ben Israel e o Quinto Império, in História e Utopia: estudos sobre Vieira, Tradução do francês por Maria de Santa Cruz, Lisboa, ICALP, 1992.

 

Rafael Valladares, A independência de Portugal, Guerra e Restauração, 1640-1680, Prefácio de Joaquim Romero Magalhães, Tradução de Pedro Cardim, A esfera dos livros, Lisboa, 2006, ISBN 989-626-042-7

 

Christopher Lund, António Vieira e Menasseh ben Israel: uma aproximação de dois hermeneutas, in Terceiro Centenário da morte do Padre António Vieira. Actas: Congresso Internacional, org. Universidade Católica Portuguesa e Província Portuguesa da Companhia de Jesus, Lisboa 1997, 3 vols., ISBN 972-8090-10-2

 

 

 

MENASSES BEN ISRAEL , naceo em Lisboa no anno de1604, sendo filho de Jozé Ben Israel professor dos delirios do Talmud, em que foy por elle instruido, e tanto se adiantou neste estudo a sua comprehenção, que passando a Amsterdão, quando contava 18 annos de idade substituhio a Cadeira da Sinagoga, que possuia Isac Usiali, e a conservou pelo espaço de doze annos com grande aplauso da sua eloquente litteratura. Contrahio familiar comercio com os Varoens mais eruditos do seu tempo como eram Vossio, Grocio, e Barleo o qual como seu mayor amigo o exhortava Part. 2.Carm. Lp. 496. com estas vozes metricas dictadas pela liberdade da sua conciencia.

 

      Cunctorum est coluisse Deum: non unius aevi

      Non populi unius credimus esse pium.

Si sapimus diversa, Deo vivamus amici,

      Doctaque mens pretio constet ubique suo

Haec fidei vox summa meae est, haec crede Menasses:

      Sic ego Christiades, sic eris Abramides.

 

Cultivou os estudos Theologicos, e Escriturarios, pelo tempo de trinta e cinco annos, e vendo que delles não colhia o fruto que desejava se aplicou a exercitar o negocio,  com que sustentava a sua Familia, sendo a sua Consorte Portugueza, e descendente da celebre prosapia dos Abarbaneis, naturaes de Lisboa, como elle se jacta no livro intitulado Spes Israel p. 92.  Ego enim licet Hebraeus sum tamen ex nobilissimis familiis Hispaniam egressis: mei enim filii quoad matrem sunt ex familia Abarbanelis, etc.  Della teve dous filhos chamados Jozé, e Samuel, e huma filha. Querendo introduzir em Inglaterra aos professores do Talmud passou a Londres a tempo que o astuto, e perfido Cromwel era Protector da nova Républica, que se levantara pela detestavel morte de Carlos I. executada a 9 de Fevereiro de 1649 com eterna infamia da Nação Ingleza, e foy recebido com affectuosas demonstraçoens pelo Tyrano Cromwel, e todo o Parlamento em quem residia a potestade suprema. Para publicar as suas obras erigiu na propria casa huma Officina Typografica, onde não sómente imprimia varios tratados que tinha composto, como tambem de outros Authores sendo os principaes livros que sahirão desta Officina tres Biblias Hebraicas nos annos de 1631. 1635, e 1639 . Foy herdeiro desta Officina seu filho Samuel, e nella imprimia varias obras posthumas de seu Pay. Falleceo no anno de 1659, como escreve Kenig. Bib. Vet. et nova. p. 500. col. 2. e não em 1652, como diz Basnage Hist. des Juifs.Tom. 5. p. 2102 . Para infallivel certeza de que Menasses Ben Israel foy Portuguez, e não Espanhol, como escrevem todos, que delle fizerão menção, basta a sua propria confissão expressada na congratulação, que elle recitou na Sinagoga de Amsterdão no anno de 1652 em que a foy visitar o Principe de Orange Fedirico Henrique, com a Serenissima Rainha de Inglaterra D. Henriqueta Maria, dizendo.  Vesse resplandecer em V. A. primeiramente a virtude da justiça pois com ella junto com os muy altos, e poderosos Estados das Provincias tinidas se sustenta, e governa esta nobilissima Republica, tanto que sem alguma queixa, antes com universal amor leva V. A. tras si todos os animos; e do fruto, e beneficio desta justiça nòs tambem os Lusitanos podemos testificar, pois privados da nossa liberdade, e despidos dos proprios bens fugindo ao gremio, e amparo de V. A. viemos, somos defendidos, e juntamente com os mais gozamos da liberdade destas terras.

Fazem honorifica memoria de Menasses Ben Israel Theoph. Spizel. Elevat. relat. Montesian. p. 13. Chamando-lhe Hebraeorum sui aevi doctissimum. Basnag. Hist. des Juifs Tom. 5. p. 2097.  Il etoit un des Theologienes les plus scavans, e les plus exacts qui ait paru ches les Juifs$depuis un grand nombre des Siecles.Nicol. Ant.Bib. Hisp. Tom. 2. p. 102. col. 1.Vir confessione omnium aequalium excultissimo litteris omnibus ingenio;& p. 309. singulari modestia et  Elaudabili scripturas veteris Testamenti explicandi studio praeditus.Hugo Grotius Epist. p. 564. Bartoloc. Bib. Rab. Tom. 4. pag. 41. col. 1. Wolfio Bib. Heb. pag. 778.

 

Compoz

 

Biblia Española. Foy por sua diligencia reimpressa.  Amsterdão por Gillis Joostanno do mundo  5390 , e de Christo  1630 .

 

La primera Parte del Conciliador del Pentateucho. Amsterdam .1632 .  4.e

Nesta obra concilia as contradiçoens aparentes da Escritura, com a explicação dos Rabinos antigos.

 

Segunda parte en los Profetas primeros. Amsterdão 1632 .  4. Comprehende os Profetas Menores, Josue, e livro dos Reys.

 

Tercera parte de los Profetas posteriores.

 

Quarta parte en los libros Hagiographos, y resto de la Biblia. Sahio esta obra vertida em Latim por Dionisio Urssio, e illustrada com varias Notas por Brevio, como escreve João à Lent.Modern. Theolog. Judaic. p. 580. com o seguinte titulo

  

Conciliator, sive de convenientia locorum Sacrae Scripturae, quae pugnare inter se videntur. Opus ex vetustis, et recentioribus omnibus Rabbinis magna industria, ac fide congestum. AmstelodamiAuctoris typis & expensis.  1633 .  4.

 

Problemata xxx. de Creatione Mundi.Amstelodami 1635 .  8.

 

De la Resurrecion de los muertos. Amsterdam .1636 .  12.

Nesta obra trata da immortalidade da alma, e da resurreição dos mortos contra os Saduceos, e das causas da Resurreição, ultimo Juizo, e renovação do mundo.

 

De la fragilidad humana, e inclinacion del hombre al pecado dividido en dos partes Amsterdam, anno da Creação  5402, e de Christo  1642 .  4. Sahio vertido em Latim. Neste tratado disputa do pecado original. Contava 38 annos de idade quando o compoz, e na primeira folha tem a sua empreza, que era hum Peregrino caminhando, com esta letra Apercebido como hum Romeiro, e no seu Retrato tem na circunferencia estas palavras. Theologus, et Philosophus Hebraeus.

 

Thesouro do Dinim, ou ritos. Amsterdão 1645 .  8.\ Distribuido em quatro partes das quaes tres sahirão nesta impressão, e a quarta no anno de  1646 . ,Dignus sane liber qui latine converteretur.Diz delle Wolfio Bib. Heb.Tom. 1. p. 782. e Tom. 2. p.  1082. He huma explicação de todos os preceitos Judaicos escrita em a lingoa Portugueza.

 

Pentateucho vertido do Hebraico em Castelhano. Amsterdão 1646 .  8.

 

Secretum Rectorum. Trata dos segredos; da natureza, e Magia natural tirada & dos escritos dos Authores Christãos. Amsterdam .  1649 .

 

Spiraculum Vitae ex Gen. 21. V. 7.ÿ Esta obra dedicada ao Emperador Federico III. trata da Alma, sua essencia, e operaçoens. He dividida em 4 Tratados. O 1 trata da Alma racional immortal como os Anjos: 2. da Alma unida ao corpo, e de todas as suas operaçoens, até se apartar delle, e do estado depois da sua separação: o 3. Prova com razoens filosoficas todas as operaçoens da alma unida, e separada do corpo onde falla dos Espiritos, e demonios. No 4. trata da Transmigração das almas de hum corpo para outro, erro em que cahem todos os Hebreos antigos, e modernos.  Amsterdão ex Typographia Samuelis Abravanellis auctoris filii an. creat.5412. Christi.1652 .

 

Piedra preciosa, o de la estatua de Nabuconozor, onde se expone lo mas essencial del libro de Daniel. Amsterdãoanno da Creação  5414 . e de Christo  1654 .  8.

 

Liber aspectuum magnus. He Index de todos os lugares da Sagrada Escritura  disposto por ordem Alfabetica, dividido em duas Partes. A 1.  Amsterdão 1668 .  4. a 2. ibi1678 .  4. He escrito em Hebraico.

 

Esperança de Israel , ex Jerem. 14. vers. 8 . Amsterdão1698. 8. e  Smirnaanno da Creação5419 . e de Christo  1659 .  12.  O intento do Author neste livro he provar, que os dez Tribus de Israel estão ocultos em varias Regioens, principalmente na America, junto do Rio Sabbacio vivendo conforme as suas Leys, e que não ha de voltar deste lugar se não quando o Messias vier para reedificar o segundo Templo de Jerusalem. A causa de escrever este Tratado, foy a relação que ouvio de Antonio Montesinos Portuguez, natural de Villa Flor, que fugindo da America por ser punido como sequaz do Judaismo, passou a Amsterdão affirmando, que naquella grande região achara reliquias do Povo Israelitico, a cuja noticia deu Menasses tão prompta credulidade, que a estabeleceo como certa. Dedicou esta obra ao Parlamento de Inglaterra, cujo obsequio lhe gratificou com huma honorifica carta escrita em Londres no anno de 1650 , onde o intitula irmão charissimo. Sahio vertida esta obra na lingoa Ingleza por Moyses Wel.  Londres por Livewel Chapmant. 1651. 4. ) em Alemão com caracteres rabbinicos ibi 1691. 8. b Confutarão este livro, como fabuloso varios Rabbinos, e ultimamente com mayor efficacia Spizelio  Elevat Relat. Montesian. de repertis in America tribubus Israeliticis, & discussione argumentorum pro Origine gentium Americanarum Israelitica à Manasse Ben Israel, seu spe Israelis conquistorum.-Basileae apud Joannem Koning. 1661. 8.

 

Economia, que contiene todo lo que toca al matrimonio y Dinim de las mugeres, hijos siervos, bienes.-Desta obra faz menção Bartol. Bib. Rab.Part. 4. p. 42. e Basnage  Hist. des Juifs. Tom. 5. p.2099. sem assinarlhe o anno da impressão.

 

De Termino vitae, libri tres.No primeiro mostra ser certo o termo da vida. No 2. disputa se he fixo, ou incerto. No 3. concilia a presciencia divina com o livre alvedrio.

 

Oração Gratulatoria á Rainha de Suecia, e Principe de Orange.

 

Phocilide Poeta Grego vertido em Castelhano, e illustrado com varias Notas.Desta obra fazem memoria Theofil. Spizelio Sacr. Biblioth. arcanis retectis pag. 383. e Wolf. Bib. Heb.p. 782.

 

Labium purum, sive Grammatica Hebrea.Esta obra affirma estar acabada na Prefação a 1. Part.  del Conciliador; e na Part. 2. escreve que começara a trabalhar nella desde a idade de desasete annos.

 

Tractatus de Angelis.Louva esta obra a p.93.Problem de Creatione.

 

Nemenclator Hebraeo-Rabbinicus.

 

De Scientia Talmudistarum in omnibus disciplinis.

 

Philosophia Rabbinica.

 

Historia Judaica. Era continuação da Historia de Flavio Josefo.

 

Fasciculus ducentarum Epistolarum ad viros litteratissimos.

 

De Divinitate, & authoritate legis Moysis.

 

Bibliotheca Rabbinica.

Desta obra se aproveitou muito João Henrique Ottingero para a Bibliotheca Oriental.

 

Defensio Talmudis Babilonici.

 

Homelias  450 .em Castelhano, das quaes numera 350. na Prefação da 2. Part. do Conciliador.