4-9-2011

 

 

Johannes Vasaeus (1511-1561)

 


 
   

Publicado em Telheiras - Cadernos Culturais Lumiar - Olivais - Telheiras

2.ª Série n.º 9, Dezembro de 2016, pgs.275-291.

 

 

 

Pouco ou nada se sabe da infância de Johannes Vasaeus, nome latino por que é conhecido, pois nem sequer o nome flamengo de baptismo se sabe, pensando-se que deveria ser Jean Was. Nasceu em Bruges, por volta de 1510 e aparece matriculado, na qualidade de aluno pobre, no Colégio do Château em Lovaina, em 31 de Agosto de 1527.

Foi hóspede de Rutgerus Rescius e seu aluno de Grego, ao mesmo tempo que estudava Hebraico com Clenardo. Para além disso, estudava Direito, em que sonhava laurear-se. Por esta altura, terá conhecido André de Resende. Foi este que indicou Clenardo e Vaseu (chamemos-lhe assim, como fazem os espanhóis – el maestro Vaseo) a Fernando Colombo, filho do navegador, que no Verão de 1531, passou por Lovaina à procura de pessoal para a Biblioteca Fernandina (ou Colombina) que queria fundar em Sevilha.  Ambos aceitaram acompanhar Colombo num contrato de três anos.

Nicolau Clenardo tinha então 35 anos e era sacerdote e formado em teologia. Não conseguira o posto de professor no Colégio das Três Línguas, mas dava cursos livres de Grego e de Hebraico e publicara Gramáticas das duas línguas que tinham tido muito sucesso.  Tinha a ideia de aprender Árabe e viu na vinda para a Península Ibérica  a possibilidade de encontrar quem lho ensinasse. Por sua vez, Vaseu esperava ter a oportunidade de continuar o estudo do Direito.

Partiram no início de Outubro, a cavalo, com Fernando Colombo. Juntou-se-lhes  Johannes Hammonius, doutor em Direito, de Fontanet, na Borgonha, que ia também trabalhar na Biblioteca Colombina.  Iam ainda com eles um arrieiro e um criado francês.

Foram por Cambrai, para se despedirem de Latomus. Pararam dois dias em Paris para rever os amigos e depois seguiram viagem. Clenardo descreve divertido a figura ridícula que ele e Vasaeus faziam como cavaleiros, despertando o riso de Colombo e das populações por onde passavam (Clenardo, 276):   

 

  Ego praecipue longus et graui corpore, quoddam eximium praebebam spectaculum, quoties urbem aut pagum ingrederemur, omnium ferme oculis in me unum coniectis; quo nomine debitor mihi est Vasaeus, nihilo me concinnior equitando, quod dum solus hominum scommata cogerer excipere, ipse ad mea monstra immunis transmitteretur. Quanquam quodam die, securus dicteriorum quae in me iaculabantur, socium poenarum habere mihi sum uisus, dum globum equo circumferri clamarent. Siquidem Vasaeus, ueritus ne decideret, prono capite ferme dentibus equinam iubam occupauit, et figura corporis flexi uelut in gibbum  redigebatur.

 Eu, sobretudo, que sou grande e corpulento, oferecia um espectáculo magnífico: cada vez que chegávamos a uma cidade ou aldeia, as pessoas só olhavam para mim. Isso me deve Vaseu, que não é certamente melhor cavaleiro que eu;  pois, enquanto eu tinha de suportar todas as piadas, ele passava por mim desapercebido. Um dia, no entanto, fiquei livre dos sarcasmos, pois tinha encontrado um companheiro da pouca sorte. Nesse dia, a multidão gritava que ia uma bola em cima do cavalo. Era Vaseu que, receando cair, baixava a cabeça, agarrava com os dentes as crinas do cavalo e que, com o corpo todo curvado, parecia ser corcunda.

 

 

Lentamente, lá foram andando, entraram em Espanha e chegaram à Biscaia a 10 de Novembro.  O frio  apertava  e as estalagens eram más. Só em Medina del Campo é que sentiram ter encontrado a civilização. Foram hóspedes da Vice-Rainha das Índias, Maria de Toledo, viúva de Diogo Colombo e, portanto, cunhada de Fernando Colombo.

Clenardo ficou em Salamanca, tendo depois indemnizado, embora simbolicamente, Fernando Colombo. Manteve sempre o contacto com Vaseu, a quem escreveu inúmeras cartas, das quais chegaram até nós 16, mais fragmentos de algumas outras (ver quadro).

No primeiro ano, Vaseu ficou em Medina del Campo com D. Fernando, tendo ficado adido à Chancelaria do Vice-Rei das Índias Ocidentais.  Depois, em Novembro de 1532, partiu para Sevilha para trabalhar na Biblioteca Colombina. Esta estava instalada perto da Porta de Goles, na casa do fundador, uma habitação espaçosa num parque de perto de sete hectares, onde foram plantadas 5 000 árvores, das quais a maior parte importada do Novo Mundo.

Mas Vaseu suportava mal o clima da Andaluzia. Em Agosto de 1534, adoeceu gravemente e viu-se às portas da morte.  Andava desanimado, tanto mais que vira já morrer três dos seus companheiros: Hammonius tinha falecido em Sevilha de um acesso de febre, o criado francês tinha-se afogado no Guadalquibir, o arreeiro vindo de Lovaina, tinha morrido em Salamanca. Tres abstulit triennium, lamenta Clenardo (23), ou seja, "Este triénio já levou três".

Nesta altura, Vaseu pensou seriamente em voltar ao seu País.  Clenardo dissuadiu-o disso e encorajou-o a  aperfeiçoar o Latim e a instalar-se em Salamanca: “De Latinis litteris te hortabor, quod te uideam futurum aliquando Cathedraticum Salamanticensem” (Clenardo, 141), isto é, "Dedica-te ao Latim, para que no futuro te veja um dia como Catedrático em Salamanca".

Nos primeiros dias de Outubro de 1534 e antes de partir para Salamanca, Vaseu foi a Évora visitar Clenardo (Clenardo, 23).  Muito provavelmente pediu-lhe dinheiro emprestado, como o fez nos anos seguintes, em que passou por dificuldades.

Em Salamanca, conseguiu um agradável emprego como  encarregado da educação do filho de Francisco del Valle, aman de Antuérpia de 1526 a 1529, pertencente a uma família de ricos negociantes espanhóis, estabelecidos na Flandres. Tinha ele emprestado somas importantes a Carlos V e viera para Espanha para tentar receber os seus créditos. O seu filho, de apenas 15 anos, era Prior da Igreja de Salamanca, com um rendimento de mais de 600 ducados. O excelente emprego de Vaseu despertou a ironia de Clenardo (23):

 

 

Is nunc agit Salamanticae, honesta conditione, ocium nactus et ipse profundissimi.

Ele está agora em Salamanca, numa boa situação. Tem tempo livre e em grande abundância.

 

 

Sem dúvida, aproveitou para continuar os estudos de Direito.

Mas ao fim do ano, a infelicidade atingiu Vaseu: o seu jovem pupilo faleceu prematuramente e ele perdeu o emprego.

Teve, pois, de ir trabalhar mais duro. Conseguiu ser regente num dos colégios dependentes da Universidade. Aí ensinava Retórica, Latim e Grego.  O salário era baixo. Um curso de Gramática só lhe dava 7 500 maravedis, quando o titular de uma cadeira na Universidade ganhava 90 000. Tinha de arredondar os seus rendimentos com lições particulares. Mas alunos não lhe faltavam, como diz Clenardo (96), em carta para Joaquim Polites: 

 

 

 

…praesenti tamen statu bene habet, ac summa cum gloria publice docet Rhetoricam, nec parem habere putatur Salmantica. Docet etiam Graece máxima frequentia. Quod nisi inter scholasticos consenescere cognatur, et quo illum fata sua uocant libenter accesserit, magnum aliquando uirum uisurus es Joannem Vasaeum, nobilem Principis magni aut Oratorem, aut Secretarium: quod hominum genus si quando loco unam atque alteram legem citarint, doctiores habentur omnibus, quotquot sunt a consiliis.

Na sua presente situação, ele tem sucesso, ensina Retórica com a maior glória, e diz-se que não tem quem o iguale em Salamanca. Ensina também Grego a um grande número de alunos. Se não for obrigado a envelhecer no meio dos alunos, e se chegar, com boa vontade, lá onde o destino o chama, tu verás um dia o nobre senhor João Vaseu, embaixador célebre ou secretário de um grande príncipe:  uma espécie de homens que, citando uma e outra lei, são considerados mais doutos que todos os Conselheiros.

 

 

e ainda (Clenardo, 112), noutra carta para o mesmo Polites:

 

 

  Vasaei  alia est causa, quam tua: uiuit Salmanticae in summa nominis celebritate; videturque iam de vita in posterum agenda statuisse, literas humaniores colit, et diuitum liberos fidei suae commissos grauiter instituit.  Quantum eius spirabat próxima epistola, hoc anno praeter suum famulique victum, seponet LXX ducatos: et nisi me fallit coniectura, parum habebit negotii cum studio iuris.

Outro é o caso de Vaseu: Vive em Salamanca, gozando já da melhor celebridade e parece ter tomado resoluções de teor de vida para o futuro. Dá-se à melhor cultura das humanidades e ocupa-se a sério na educação dos filhos das famílias ricas, que lhos confiam. Por quanto se depreende da sua última epístola, neste ano, paga a sua sustentação e a de seu familiar, ainda pode forrar 70 ducados, e se não erro nos meus juízos, pouco se importará com o estudo do direito.

 
   

Tradução Cerejeira, 1974, vol. I, pag. 288

 

 

Vaseu não queria ser padre, como Clenardo. E assim, no final de 1537, casou com uma jovem de Segóvia, de quem teve dois filhos: Agostinho e Jerónimo. O primeiro foi admitido na Corte Portuguesa em Agosto de 1547 como moço de câmara, auferindo 406 réis por mês e cevada ¾ por dia; depois foi bedel de teólogos e bacharel na Universidade de Salamanca  (1561-1565). O segundo foi bacharel em Direito na mesma Universidade; em 1565, entregou ao botanista Charles de l’Ecluse a herança literária de Clenardo, que tinha recebido de seu pai. Clusius publicou então as Cartas de Clenardo na casa Plantin, em 1566.

Entretanto em 1537, o Infante D. Henrique, mais tarde Cardeal e depois Rei, foi a Braga visitar a sua Arquidiocese, na companhia de Clenardo e decidiu criar ali um colégio modelo. Esquivando-se ao encargo, Clenardo sugeriu ao Infante a contratação do seu amigo Vaseu;  D. Henrique concordou e ele foi buscá-lo a Salamanca para o apresentar ao Príncipe em Coimbra. Chegaram a acordo com base numa remuneração anual de 300 ducados, ou seja 120 000 réis.

Vaseu foi a Salamanca buscar a família e tomou posse das suas funções em Braga em Junho de 1538. Ali ficou até 1541, data em que se transferiu para o Colégio de Évora. Em 9 de Agosto de 1547, o Rei D. João III concedeu-lhe os mesmos privilégios e prebendas de que gozavam os professores da Universidade de Coimbra.

Permaneceu em Évora até que, em 14 de Julho de 1550, as autoridades académicas da Universidade de Salamanca o convidaram para dar uma cadeira de Gramática com a remuneração de  40 000 maravedis. Depois, em Agosto de 1552, foi nomeado professor titular e investido na cadeira de Prima de Gramática. No mesmo ano, foi a 15 de Outubro proclamado Licenciado e a 20 de Novembro, mestre ou doutor em artes e em filosofia.  A nova situação rendia-lhe 100 000 maravedis anuais.

Naquele tempo, o êxito de um professor media-se pelo número de ouvintes que as suas aulas tinham. E lá refere Esperabé Arteaga, historiador da Universidade de Salamanca: “A su cátedra asistían muchos oyentes.

 

Ainda em 1552, após catorze anos de trabalho, Vasaeus publicou em Salamanca a primeira parte das suas investigações históricas, a sua principal obra, em 168 folhas, com o título Chronici rerum memorabilium Hispaniae, tomus prior.

O livro abre com um poema de Francisco Sanchez de Las Brozas, ou Brocense, que havia sido educado na Corte Portuguesa, durante cerca de 9 anos, de 1534 a 1543. Foi filho de pais desprovidos de fortuna, mas sua mãe Leonor Diez era irmã de Rodrigo e Pedro Sanches que, em Fevereiro de 1525, integraram o séquito da Rainha D. Catarina e ficaram em Portugal. Foram eles que o chamaram para Évora, acompanhando depois a Corte quando esta se deslocou para Lisboa em 1537. Possivelmente Vaseu tê-lo-á conhecido em Portugal. O Brocense foi depois para Salamanca no séquito da Infanta D. Maria que foi casar a Salamanca com o Príncipe D. Filipe em 13 de Fevereiro de 1543. Contra a vontade da família, abandonou o estudo da Teologia, para se dedicar ao estudo do Latim, do Grego e da Retórica.

A obra divide-se em duas partes, compreendendo a primeira os capítulos 1 a 22 e a segunda a “Crónica das coisas memoráveis de Espanha desde o nascimento de Cristo até ao ano 1020, isto é, até Fernando I”, isto é, a Crónica propriamente dita.

O “Chronicon Hispaniae”, como também é conhecida a obra, foi impresso de novo em Colónia em 1577, e em Frankfurt em 1579 e 1603. Vaseu não teve tempo para escrever um segundo volume que deveria narrar a história da Ibéria até ao seu tempo.

Faleceu subitamente em 21 de Outubro de 1561.

O Espanhol Amalio Huarte y Echenique diz que ele foi ordenado padre nos últimos anos de vida. Justifica isso pelo facto de, em 1556, ter pronunciado o elogio fúnebre dos doutores Pedro López de Ribera e Andrés Lopez, nas respectivas cerimónias religiosas. Mas o argumento não é convincente. O elogio fúnebre de Pedro López de Ribera foi publicado (Oratio funebris exequiis Doctoris Petri Lupi Riberae, Salamanca, Andrea de Portonariis, 1556, in 8.º), existindo um exemplar na BNE, em Madrid.

Foi sepultado na Igreja  dos Maturinos (ou Trinitários), segundo Roersch ou na Igreja do Colégio da Vera Cruz, segundo Nicolau António. Serão os nomes de uma mesma Igreja? Supomos que não. Segundo Nicolau António, foi aposto no túmulo o seguinte epitáfio:

 

Conditur hoc tumulo Flandra de gente Vasæus

        Salmanticensis gloria gymnasii.

Ergo jacent Musæ, ingenium, facundia linguæ,

        Et cum sincera religione fides

 

isto é: « Neste túmulo repousa o Flamengo Vaseu, glória da Universidade de Salamanca. Por isso, aqui jazem as Musas, o talento, a eloquência, as línguas, e com a verdadeira religião, a Fé”.

 

CARÁCTER DE JOÃO VASEU

 

A primeira e mais evidente característica de Vaseu é que ele era muito estudioso e trabalhador. Teve vida dura, pois foi professor toda a vida quando, na verdade, não gostava de ensinar e teria preferido formar-se em Direito. Ficou por Bruges até aos 18 anos e praticamente fugiu de lá, porque o queriam fazer professor. Foi protegido e hospedado por Rutgerus Rescius, o professor de Grego no Colégio das Três Línguas e terá estudado durante dois anos em marcha acelerada, até que Fernando Colombo o trouxe para Espanha. Daí até que a Universidade de Salamanca o consagrasse como Doutor e Mestre, percorreu um longo caminho na senda do conhecimento.

Fez-me alguma impressão constatar que Fernando Colombo no seu testamento o chamasse “criado”, quando ele trabalhara na Biblioteca Fernandina (como era então chamada), mas a palavra deve ter o sentido largo de empregado, pois também o Doutor Hammonius é chamado “criado mio”.

Ao contrário de Clenardo que escrevia tudo o que lhe vinha à cabeça, Vaseu é mais prudente e mais reflectido, mais diplomata.  Dedicou ao Infante D. Henrique o primeiro livro que publicou, a “Collectanea Rhetorices”, assim como o último e o seu mais importante, as “Chronici rerum mirabilium Hispaniae”; tinha que agradecer os favores recebidos. Ao mesmo tempo, porém, louvava Diogo de Teive e a sua obra, mesmo sabendo que este tinha estado preso nove meses pela Inquisição de Lisboa em 1551, em resultado da perseguição quase pessoal que o Inquisidor-Mor fez a ele, a João da Costa e a George Buchanan. Escreve também uma carta lisonjeira a Damião de Góis e lamenta que a obra deste, “Fides, religio, moresque Aethiopum sub imperio Preciosi Ioannis” tivesse sido proibida pela Inquisição.

Por extrema prudência, solicitou uma dupla censura as Chronici rerum mirabilium Hispaniae: em Portugal foram vistas por D. Manuel dos Santos, Bispo de Targa e em Espanha por Juan Ginés de Sepúlveda [1494-1573], por mandado de D. Maximiliano, Rei da Boémia.

A sua relação com André de Resende é mais complexa. Ele devia favores a Resende que o tinha recomendado a Fernando Colombo. Por outro lado, Resende era homem saudável com muita energia e amor à vida, apesar de mais velho que Vaseu; ainda estava muito apto a dar-lhe uma lição (como lhe deu algumas) se ele lhe lançasse algumas frechas. Assim, Vaseu adoptou o princípio de nunca pôr em dúvida as afirmações de Resende, seja no que respeita à história, à arqueologia ou à vida de Santos. Quando muito, podemos ver uma certa ironia quando transcreve a epígrafe que refere Sertório como fundador da cidade de Évora dizendo “pro suo singulari candore”. É uma qualidade um tanto dúbia esta do candor ou ingenuidade atribuída a Resende. Uma outra “partidinha” a Resende foi a transcrição da carta deste de 1551:

 

Circiter Cal. Maias Vasaeae literas tuas adcepi, datas nonis Februarii Salmanticae. Adcepi autem Conimbricae, quo me Regia auctoritas, ita enim blandiri mihi malo, quam vim adpellarem transtulerat, hoc est, ab honesto et quieto ócio in negotium turbulentissimum, a musaeo in pistrinum, ubi sine ulla intermissione ad extremam defatigationem est molendum.

Recebi a tua carta, enviada de Salamanca a 5 de Fevereiro, nas proximidades do dia 1 de Maio. Recebi-a, contudo, em Coimbra, para onde me transferira a autoridade régia (prefiro suavizar assim a situação, a chamar-lhe ordem).  Quero com isto dizer que me mudei do meu sereno e honesto ócio para uma actividade cheia de agitação, que passei do retiro das Musas ao trabalho no moinho, onde se é forçado a laborar sem descanso, até à exaustão.

 
   

Tradução de Virgínia Soares Pereira

 

 

Resende queixa-se amargamente de o terem mandado dar aulas em Coimbra e, de facto, livrou-se do encargo logo que pôde. Mais tarde queixou-se de o amigo ter publicado a carta sem sua autorização, na carta Pro colónia Pacensi:

 

 

Alterum est de epistula mea tumultuaria opera ad te scripta, quam tu me neque consulto neque probante inter tua edendam curasti.

O outro motivo tem que ver com a carta que te escrevi, um trabalho feito apressadamente, e que tu, sem o meu consentimento, decidiste publicar incluindo-a na tua obra.

 
 

 

Tradução de Virgínia Soares Pereira

 

 

Quanto à hagiografia, Vaseu não põe em dúvida nada do que figura no Breviário Eborense que, como referirei adiante, ele cita muitas vezes. Isso faz com que Baudoin de Gaiffier recomende muito cuidado não apenas com o que diz André de Resende como com o que referem autores que citam Vaseu, pois pode tratar-se de ideia proveniente do Breviário Eborense.

De outro género, mas também nada simples, foi a relação de Vaseu com Clenardo. A vida juntou-os, mas os feitios eram bem diferentes. A diferença de idades (15 anos) fez com que Clenardo tomasse para com ele uma atitude quase paternal. Incitou-o ao estudo e fê-lo abandonar em 1534 a ideia de voltar à Flandres. E, de facto, Vaseu conseguiu, em Portugal e Espanha, uma carreira muito honrosa.

Clenardo era sacerdote, consciente das suas obrigações enquanto tal. Vivia em Portugal horrorizado com o relaxamento dos costumes, facilitado pela abundância de escravas, destituídas de vontade própria nas relações com o sexo masculino. Ao contrário de Resende, Clenardo não se terá aproveitado disso. Vaseu não deveria ser nem leviano nem vadio, dado o seu amor ao estudo, mas procurou noiva quando para isso teve condições económicas mínimas.

Pouco antes da morte de Clenardo, há um episódio em que o conceito elevado que temos de Vaseu fica um pouco tremido. Na carta de Clenardo datada primeiro de 21 de Agosto e, depois da queda do cavalo, de 18 de Setembro de 1541, em Arzila, pede ele a Vaseu que, por necessidades imperiosas, lhe pague integralmente a sua dívida. Se necessário, que peça emprestado para lhe enviar o dinheiro. Não sabemos o montante em causa, mas seria menos de 60 000 réis, importância que Clenardo pede ao Arcebispo Jean Petit em carta também de 18 de Setembro do mesmo ano: pelos vistos, estava a jogar pelo seguro.  Na última carta que escreveu a Jean Petit, em Granada, datada de 1 de Setembro de 1542 (p. 246), agradece os 60 000 réis que este lhe enviara.  Diz ele

 

 

  De sexaginta millibus habeo tibi gratiam; in præsentia nummis careo, Nec possum satisfacere. Aliquid mihi debet Vasæus, oro ut sis contentus, donec ei commodum sit solvere. Reliquam curabo reddi quando fuero ditior. Est apud Vasæum mea parva supellex, si inde, quippiam vel e libris vel vestibus fuerit, quod emptorem inveniat, facio Dominationi tuæ potestatem vendendi ut velis.

Estou-lhe muito agradecido pelos sessenta mil réis. Presentemente não posso satisfazer, por carecer de dinheiro. Mas o Vaseu ainda me está em débito: rogo a V. Sr.ª tenha paciência, até que ele me possa pagar. Mandar-lhe-ei o resto, quando me tiver tornado mais rico. Vaseu tem os objectos que me pertencem – é pouca coisa. Se um ou outro dos meus livros ou dos meus fatos tiver comprador, Vossa Ex.ª  poderá vendê-los, se assim o quiser.

 

 

Constata-se das cartas de Clenardo que nem o Infante D. Henrique nem Vaseu lhe pagaram o que lhe deviam. Possivelmente, Vaseu não tinha mesmo na altura possibilidade material de pagar a sua dívida. Foi o Arcebispo de Cabo Verde que valeu a Clenardo. No final desta carta (p.248), volta a queixar-se de Portugal:

 

 

 

Nec me casus iste Lusitanicus sic mordet, nisi quod exclusit a pátria, quo licuisset ante hoc exortum bellum profiscisci, nisi vana spe fuissem deceptus.

Esta questão com Portugal só me aborrece porque me impediu de regressar ao meu País natal. Se não tivesse sido enganado por uma esperança vã, teria podido ir para lá antes que começasse a actual guerra *.

 
   

*Clenardo refere-se à 4.ª guerra entre Carlos V e Francisco I (1542 - 1546) que até obrigou a adiar o início do Concílio de Trento.

 

 

As pessoas por quem Vaseu teve mais consideração foram sem dúvida os Professores Martín de Azpilcueta Navarro (1491-1586) e Fr. Francisco de Victoria (Dominicano)(1492-1546). Não é por acaso que ambos eram da área do Direito (Civil ou Canónico). Escreve ele nas pags. 10 v. e 11:

“Martin de Azpilcueta de Navarra, Doutor em Decretos, da Universidade de Salamanca, onde era Professor Primário, chamado por João, Rei de Portugal e dos Algarves, para igual função em Coimbra, com a remuneração anual perpétua de 1000 ducados e a quem foi dada pela Senhora D. Catarina Rainha sereníssima, pelos egrégios méritos da sua vida, a dignidade da Cantoria da Sé Catedral de Coimbra. Homem a quem posso atribuir muitos nomes, insigne em ambos os Direitos, Filosofia, Teologia, que nas Universidades de Cahors, Tolosa, Salamanca e Coimbra sempre ensinou com o maior aplauso a auditórios frequentadíssimos, é admirável, de uma santidade de vida quase incrível, íntegro de costumes e amável para toda a gente. Agora não só me ajudou com livros, conselhos, as suas opiniões finíssimas, mas até de Navarra teve o cuidado de me enviar algumas fichas, que trouxeram uma ajuda não pequena aos meus esforços.

E aqui, Leitor amigo, correm-me lágrimas de justa dor, e não posso deixar de incluir nesta lista, o venerável e para mim digno de perpétua lembrança, Fr. Francisco de Victória, Professor primário da Teologia sagrada em Salamanca, quando estava no mundo dos vivos. “

………………………..

 

«Se fosse vivo, quanta ajuda teria ele dado aos meus estudos! Era de uma erudição incrível, de leitura quase infinita, julgamento seguríssimo, memória rápida, de tal modo que parecia um milagre da natureza. Dêem-se mil parabéns à ilustre e religiosa família de São Domingos por ter tido tal varão, com cujo saber teológico duvido que possa comparar-se algum de quantos viveram desde há muitos anos. Isto o teria deixado ele bem provado, se tivesse sido tão desejoso de escrever como tinha de habilidade para o fazer egregiamente. »

A Martín de Azpilcueta Navarro dedica Vaseu o livro Index rerum et verborum copiosissimus ex Des. Erasmi Roterodami Chiliadibus, impresso em 1549. É mais um remoque à Inquisição, uma obra explicativa da obra de Erasmo, tão desconsiderado em Portugal; mas ele tinha a certeza que Martín de Azpilcueta o apreciava tanto como ele.

No prefácio, insere ele mais um louvor a Fr. Francisco de Vitória, que havia falecido em 12 de Agosto de 1546:

Embora eu tenha tido (em Salamanca) muitos e óptimos amigos, nenhuns me foram tão chegados como tu (Martín de Azpilcueta) e Fr. Francisco de Vitória: homem que, enquanto vivo, não houve como ele em toda a Espanha outro tão douto, tão simples nem, atrevo-me a dizê-lo, tão santo”.

 

OBRAS DE JOÃO VASEU

 

1 - Joannis Vasaei Brugensi Collectanea Rethorices. In gratiam eorum, qui grauioribus occupati disciplinis, prolixiores ueterum commentarios euoluere non possunt. Salmanticæ, [in alma Salmanticensi Academia] 1538, Dedicatória ao Cardeal D. Henrique datada de XV Calendas Maias. 1538.  79 fls. In 8.º. Colofon datado de XVI Calendas Maias 1538, isto é, 16 de Abril de 1538.

 

Estão encardernados juntamente os dois textos seguintes, publicados sob a iniciativa de Vaseu:

-T. Livii Patavini, Conciones aliquot in genere Deliberatio, 32 fols. Colofon: XIII Calendas Junii 1538, isto é, 20 de Maio de 1538

 

- M.T. Ciceronis  Actio prima in C. Verrem, quae Divinatio dicitur, 20 fls. Não numeradas. 1538 sexto Idos de Janeiro Salamanca, isto é, 8 de Janeiro de 1538

 

Existem exemplares:

BNP – Lisboa

Biblioteca da Ajuda – Lisboa

BPM - Porto

BNE – Madrid

Biblioteca Pública Provincial de Córdova

British Library

 

(É referida a existência de um exemplar na Biblioteca Pública de Évora, que não aparece no Catálogo do site).

A composição deste livro tem na sua base a experiência do ensino de Vaseu em Salamanca (1534-1538) e o estudo dos autores que para isso fez, em especial da obra De inuentione dialectica, de Rodolfo Agrícola.

 

2- Institutiones grammaticae latinae Nicolai Clenardi. Per Joannem Vasæum Brugensem auctæ & recognitæ. Eiusdem præceptiones aliquot de ratione docendæ atque exercendæ linguæ latinæ. Conimbricæ sumpt. Joannis Philippi, 1546 in 8.º 270 fls. Dedicado ao Senado e aos habitantes de Diest, Évora 16 de Agosto de 1546

Existem exemplares:

Biblioteca da Ajuda

BPM – Porto

Biblioteca Pública de Évora

 

Em 1538, Nicolau Clenardo publicou em Braga as Institutiones Grammaticae Latinae, com 207 páginas, in 8.º,  em caracteres góticos. A obra, que se encontra online na BNP (http://purl.pt/14899/ ) não agradou em Portugal, segundo ele mesmo diz. Vaseu publicou esta segunda edição revista e aumentada em Coimbra em 1546.

Mais tarde, em 1551, Vaseu publicou uma terceira edição, em Salamanca, à qual acrescentou I. Vasaei  de Ortographia praeceptiunculae, Salmanticae excudeb. Ioannes Iunta, 1551, 179 pp., in 8.º. Esta edição está online (http://books.google.com ) e dela existem exemplares:

Biblioteca da Universidade de Salamanca (dois exemplares)

Biblioteca da Universidade Complutense – Madrid

 

3 - Index rerum et verborum copiosissimus ex Des. Erasmi Roterodami Chiliadibus per Ioanne[m] Vasaeu[m] brugensem ita collectus, ut omnibus  omnium impressionibus respondeat cum expositione breui; Item alter index locorum ex autoribus quibusda[m] tum Grecis tum Latinis, quibus Erasmus quoquo pacto videtur lucis aliq[uo]d addidisse per eunde[m]. In 4.º. 252 fls. Dedicatória a Martin Navarro de Azpilcueta em Évora, XV Calendas Octobris 1547----, isto é, 17 de Setembro de 1547.

Colofon: Conimbricae: Excudebat Ioannes Barrerius & Ioan. Aluarez..., 1549, III  Idos de Agosto, isto é 11 de Agosto de 1549.

 

A pags. 151, começa outro índice, que tem por título:

Index locorum ex autoribus quibusda[m] tum Grecis tum Latinis, quibus Erasmus quoquo pacto videtur lucis aliq[uo]d addidisse per eunde[m].

Autores ex quibus constat hic index

Homeri Ilias & Odyssea

Hesiodi  - εργα καί ημέραι

Theocritus

Aristophanes

Terentius

Plautus

Ciceronis epistolae ones et orationes. Officia, Loelius, sive de amicitia. Cato Maior sive de Senectute. Paradoxa.

Quintiliani institutiones oratoriae

Vergilius

Horatius

Persius

Juvenalis Martialis

  

Existem exemplares:

Biblioteca da Ajuda

Biblioteca Pública de Évora

Biblioteca da Universidade de Sevilha

British Library

 

A censura apreciou o livro, mas limitou-se a riscar o nome de Erasmo no título. José V. de Pina Martins comentou e reproduziu em facsimile a carta dedicatória a Martín de Azpilcueta Navarro no livro Humanismo e Erasmismo na Cultura Portuguesa  do Século XVI, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural Português, Paris, 1973, a pgs, 299 a 304. Debruçou-se ele sobretudo na apreciação elogiosa do Professor Navarro por Vaseu. Mas, como refiro, o maior elogio é ao recentemente falecido Fr. Francisco de Victoria, por quem Vaseu e Clenardo tinham uma admiração ilimitada.

O livro The Renaissance Italy and abroad, de John Jeffries Martin, Routledge; 2002, contém uma honrosa referência a este livro:

The Adages (of Erasmus) is as large as a telephone book (the modern translation will occupy six volumes when it is complete), but lacks any discernible order: fortunately a helpful index was published in 1549” (pag. 257). E em nota: “Joannis Vasaeus, Index rerum et verborum copiosissimus ex Des. Erasmi Roterodami Chiliadibus (Coimbra. 1549 ) which must suffice until an index to the Toronto edition is published” (pag. 273)

  

4 –Chronici Rerum Memorabilium Hispaniæ Tomus Prior. Autore Joanne Vasæo Brugensi. Salmanticæ, excudebat Joannes Junta, in 4.º 8, 139, 21 fls. Colofón: Salmanticæ, excudebat Joannes Junta, Anno Domini M D L II.

Online: http://books.google.com

Online: http://brumario.usal.es/

Online: http://bibliotecaforal.bizkaia.net  

Online: http://trobes.uv.es

 

Outras impressões da obra:

 

Rerum Hispaniæ Memorabilium Annales a Joanne Vasæo Brugensi et Francisco Tarapha Barcinonensi, non minus docte quam breuiter ad hæc usque tempora deducti; quibus accessit succincta rerum a Philippo secundo Catholico rege gestarum descriptio, omniumque regum Hispaniae genealogía;  pp. 1-560, in 8.º, Coloniæ, apud Ludovicum Alectorium et heredes Jacobi Soleris, 1577

Online: http://books.google.com

 

Rerum Hispanicarum Scriptores Aliquot, quorum nomina pagina indicabit, Bibliotheca clarissimi viri Dr. Roberti Belli Angli. Tomus prior, pp. 434-611, in-folio. Francofurti, ex officina typographica Andreæ Wecheli, 1579.

Online: http://books.google.com

 

A. SCHOTT, Hispaniæ Illustratæ seu Rerum Urbiumque Hispaniæ Lusitaniæ, Æthiopiæ et Indiæ, Scrptores Varii, Tomus I, pp. 574-726, in-folio. Francofurti, apud Claudium Marnium et Hæredes Johannis Aubrii, 1603.

Online: http://books.google.com

 

ÍNDICE da obra Chronici Rerum Memorabilium Hispaniæ

 

As páginas do software referem-se ao pdf. do Google (edição de 1552)

 

1.ª PARTE

 

Indice geral –(soft.  10)

Dedicatória ao Infante D. Henrique -  (soft.  11 a 14)

Ao Leitor – Erratas – (soft 15 a 20.)

Cap. I – Motivos que tive para escrever este livro

1 r. a 2 v.  (soft. 21 a 23)

Cap. II – Necessidade que havia de tratar estes assuntos, por causa dos estrangeiros, mas também por causa dos próprios Espanhóis

2 v. a 3 r. (soft. 24 e 25 )

Cap. III –  Não há que admirar que, eu, um estrangeiro, escrevesse sobre coisas de Espanha, embora não fosse o primeiro a fazê-lo

3 r. e 3 v  ( soft. 25 e 26)

Cap. IV –  Quais os autores que escreveram em Latim e em Espanhol sobre as coisas de Espanha, e até que ponto os vou seguir

4 r. a 6 r. - §§ 1 a 44  (soft.  27 a 31)

Cap. V – Lista dos autores, de que me servi nesta obra

6 r. a 9 v. (soft.  31 a 38)

Cap. VI –  Que obras consultei para esta estas Crónicas e quem me forneceu livros

9 v. a 12 r.(soft. 38 a 43)

Cap. VII –  Pedido ao Leitor

12 r. e 12 v. (soft. 43 a 44)

Cap. VIII – Breve descrição e divisão de Espanha

13 r. a 15 v  (soft. 45 a 50)

Cap. IX – Louvores de Espanha

15 v. a 19 v.( soft. 50 a 58)

Cap. X – Quais os Reis e povos que dominaram Espanha desde Tubal até aos Cartagineses

19 v. a 23 v. (soft. 58 a 66)

Cap. XI –  Das coisas dos Cartagineses em Espanha até ao tempo dos Romanos

23 v a 25 v (soft. 66 a 70)

Cap. XII – Da segunda Guerra Púnica e das coisas feitas pelos Romanos em Espanha até Augusto, com uma lista dos Cônsules, Procônsules e Pretores de Espanha, na medida em que puderam ser encontrados

25 v. a 36 v.( soft. 70 a 92)

Cap. XIII – De que modo foi administrada Espanha desde o nascimento de CRISTO até aos Godos, e lista dos Imperadores que reinaram em Espanha desde que foi ocupada pelos Godos

36 v. a 38 r (soft. 92 a 95)

Cap. XIV – Dos Vândalos, Alanos e Suevos

38 r. (soft. 95)

Cap. XV – Dos Reis Godos e Suevos

38 r. a 39 r (soft. 95 a 97)

Cap. XVI – Lista dos Reis de Leão e Castela desde Pelágio até ao nosso tempo

39 r. a 41 r (soft.  97  a  101)

Cap. XVII – Lista dos Reis de Navarra

41 r. a 42 v  (soft. 101 a 104)

Cap. XVIII – Lista dos Reis de Aragão –

42 v. a 43 v. (soft. 104 a 106)

Cap. XIX – Lista dos Reis de Portugal

43 v. a 44 v. (soft. 106 a 108)

Cap. XX – Lista dos Bispos de Espanha no tempo dos Romanos e dos Godos

44 v. a 51 v. (soft. 108 a 122)

Cap. XXI – Dos mais recentes Bispos e Primaz de Espanha

51 v. a 53 v (soft. 122 a 126)

Cap. XXII – Da era e quanto difere da ano do nascimento de Cristo

53 v. a 55 r  (soft. 126 a 129)

Carta de Resende de – 1.ª parte –55 v. a 56 v.( soft. 130 a 132)

 

2.ª PARTE

 

Chronicum rerum hispanicarum – Crónica das coisas memoráveis de Espanha desde o nascimento de Cristo até ao ano 1020, isto é, até Fernando I

57 r. a 139 r.  (soft. 133 a 297)

Carta de Resende – 2.ª parte - 64 v. a 65 v. [soft. 148 a 150]

Joannes Vasaeus ao leitor – 139 v.( soft. 298)

Index rerum insignium – Índice das coisas relevantes

soft. 299 a 338 

Colofon – soft. 339 

 

 

REFERÊNCIAS

Personagens

 

Damião de Gois, pag.5 v. (soft. 30) “mihi pene adhuc puero in Flandria olim cognitus”- que outrora conheci na Flandres quando eu era ainda menino, 15 v. (soft. 50), 82 r. (soft. 183)

Diogo de Teive, pag. 6 r  (soft. 31),

Luisa Sigea – pag. 19 r. (soft. 57)

Diogo Sigeu, seu pai – pag. 19 r.(soft. 57)

André de Resende – 7 v (soft.  34),  11 v. (soft. 42), 34 v. (soft. 88), 46 v. (soft. 112), 55 v (soft. 130), 64 v. (soft. 148), 73 r. (soft. 165), 78 r (soft. 175),  82 r. (soft. 183)

Breviário Eborense, da autoria de Resende: 58 r. (soft. 135), 62 v. (soft. 144), 69 r (soft. 157), 70 v. (soft. 160), 71 r. (soft. 161), 74 v. (soft. 168), 100 r (soft. 219), 104 v (soft. 228), 106 v. (soft. 232), 107 v.(soft. 234), 129 r (soft. 277)

D. Julião de Alba, 10 v (soft. 40), 53 r. (soft. 125)

Jorge Coelho e Nicolau Clenardo, 10 v (soft. 40)

Martin de Azpilcueta Navarro, 10 v (soft. 40)

Fr. Francisco de Vitória, 11 r. (soft. 41)

Pedro Margalho – 11 r, (soft. 41)

S. Martinho de Dume – 47 v. (soft. 114), 93 r. (soft. 205), 94 r. (soft. 207)

S. Dâmaso, Papa, Natural de Guimarães – 74v. (soft. 168), 76 v (soft. 172)

Prudêncio, poeta romano lírico (348- c. 410) – 78 r (soft. 175)

S. Irene, de Tomar – 106 v (soft. 232)

 

Cidades

 

Lisboa – 49 v. (soft. 118)

Beja – Pax Julia -  50 r. (soft. 119)

Guarda, Leiria, Miranda – 52 v (soft. 124)

Portalegre – 53 r. (soft. 125)

 

OUTROS LUGARES E FACTOS

 

Construção da Ponte de Alcântara – ano 106 - e suas inscrições -  pag. 62 v., (soft. 144)

Évora - Sertório fundou a cidade de Évora e construiu o Aqueduto – 34 v (soft. 88) – Vaseu cita Resende e transcreve a inscrição em mármore “fabricada” por Resende – Ver Hübner, Inscriptiones Hispaniae Latinae, Inscriptiones falsae vel alienae, Pars Prima – Lusitania – V. Ebora, n.º 14 (soft. 844). Acrescem as referências acima ao Breviário preparado por Resende.

É impróprio chamar Lusitânia a Portugal, porque uma parte ficou em Espanha – 14 r. (soft. 47)

Scallabis mudou o nome para Santarém, de Santa Irene – 15 r. (soft. 49)

Missa, tal como era celebrada na época (Ano 717) : 115 v.(soft. 250) a 116 v. (soft. 252)

Rei Wamba: 108 r. (soft. 235) a 108 v. (soft. 236)

 

 

O Códice alcobacense referido por Vaseu, que se encontra desaparecido

 

Vaseu indica muitas vezes como fonte um códice do Mosteiro de Alcobaça, que hoje se encontra desaparecido. Teria sido autorizado a consultá-lo por algum tempo pelo próprio Infante D. Henrique através do secretário Jorge Coelho. Eis algumas das referências  que faz a tal códice:

2 r (soft. 23), linha 17,

7v  (soft. 34), li. 4

10 r, (soft. 39) li. 7,

10 v, (soft. 40) li. 9*,

76 r (soft. 171) li. 14*,

81 v (soft. 182) li. 3*,

82 r (soft. 183) li. 13,

84 r. (soft. 187), li. 4*

89 r. (soft. 197), li. 12*

89 r. (soft. 197), li. 8*

89 v. (soft. 198), li. 10*

93 r. (soft. 205), li. 12*

93 v. (soft. 206), li. 16*

99 r (soft. 217) li. 18,

114 r (soft. 247) li. 23,

114 v (soft. 248) li. 3,

121 r (soft. 261) li. 23,

121 v (soft. 262) li. 20,

 

*A contar do fundo da página

 

Diz o Prof. Aires do Nascimento que as notas marginais da Terceira Parte da Monarchia Lusitana, de António Brandão (não transcritas na edição impressa) provam que o manuscrito estaria ainda no Mosteiro no início do Sec. XVII, o que iliba Vaseu do seu desaparecimento. Ainda, segundo uma anotação de Fr. António Brandão, o manuscrito teria a designação de Summa Chronicorum Eusebii Caesariensis. Teria transcrições de outros códices conhecidos como o Tonnutense, o Abade de Valclara, Severo Sulpício, Idácio e outros.

No Sec. XIX, o alemão Mommsen (Chronica Minora, II, pag. 166) assegurava que de tal manuscrito restavam apenas dois pedaços, um de seis fólios em Madrid e outro de dois em Londres. Os fólios de Madrid foram publicados em 1885 por J. Tailhan no livro intitulado Anonyme de Cordoue (Ver Bibl.). O Prof. Manuel C. Diaz y Diaz repetia em 1976 a mesma afirmação.

No artigo de 1979, o Prof. Aires do Nascimento punha já em dúvida tal afirmação. Em 1980, G. V. Sumner, da Universidade de Toronto veio aduzir provas de que realmente aqueles fólios não podiam pertencer ao Códice Alcobacense consultado por Vaseu. O Prof. Aires do Nascimento comentou os mesmos argumentos em artigo de 1982, manifestando a esperança de que o códice alcobacense referido por Vaseu ainda venha a aparecer.

 

 

CRÓNICA DE ISIDORO DE BEJA

 

Entre os textos que Vaseu encontrou no códice Alcobacense, figurava o que ele chamou a crónica de “Isidorus Pacensis”,Bispo,  isto é, Isidoro de Beja, ou Pax Julia (já quase ninguém defende a hipótese de este nome se referir a Badajoz). Com este nome, foi a mesma Crónica publicada por Fr. Prudêncio de Sandoval em 1615 e por Francisco de Berganza em 1729. Logo a seguir, Fr. Henrique Florez na España Sagrada (tomo IV), põe em dúvida a correcção do nome e depois disso, tem-se considerado que se desconhece o autor da Crónica. Mommsen chama-lhe “Continuatio Hispaniae”, em virtude de esta continuar a história de Espanha desde 610 até 754 e é hoje conhecida por Crónica Moçárabe de 754. Para além das edições da España Sagrada (tomo VIII), Faustino de Borbón, Patrologia Latina de Migne (ver Bibliografia) e do próprio Mommsen, existe hoje uma edição crítica moderna, com tradução para castelhano, de José Eduardo López Pereira, Crónica mozárabe de 754. 1980. Anubar. ISBN 84-7013-166-4, a que não tive acesso [*].

Segundo a España Sagrada (Tomo IV, pag. 200), ao fazer um índice, um frade distraído teria escrito  “júnior Isidorus Pacensis Ecclesiæ Episcopus”, quando se queria referir a Isidorus Hispalensis, isto é Isidoro de Sevilha. Dizem os autores que o frade, no índice do manuscrito de Oviedo, acabado de copiar no ano 1000, omitiu o “His” e alterou palensis para Pacensis, donde surgiu esta confusão. Mas a crónica moçárabe de 754 nem sequer se encontra no manuscrito de Oviedo. A Crónica poderá ter sido escrita por um Isidoro, mas este não seria de Beja. De facto, o texto nunca se refere a Beja e diz Dozy que é provável que ele fosse escrito em Córdova, tantas as vezes que se refere a esta cidade. 

O texto está escrito em prosa rimada que estava na moda naquela época, o que o torna ainda mais difícil de decifrar.

 

[*] Adenda - 10-04-2012 - O Dr. Fernando Andrade Lemos publicou uma versão portuguesa da Crónica, com anotações, nos Cadernos Culturais de Telheiras, 2.ª Série n.º 4, Dezembro de 2011, pags. 176-205.

 

De qualquer modo, Vaseu foi o primeiro que deu o nome de Crónica de Isidoro de Beja em letra de imprensa e não Fr. Prudêncio de Sandoval, como já se disse em Espanha. Mas deverá tê-lo visto ao mesmo tempo que André de Resende, ou até mesmo depois deste, embora o seu Chronicon fosse publicado primeiro que as referências impressas de Resende. Note-se a semelhança das observações de ambos sobre as dificuldades de leitura do texto:

 

André de Resende, Epístola a Bartolomeu de Quevedo, P. 155  V, edição de 1567

 

 

Isidorum Pacensem citat alicubi Vasæus in Chronicis

Quanto a Isidoro Pacense, Vaseu cita-o algures nas suas Crónicas.  

 

 

As Antiguidades da Lusitânia, fl. 200, edição de 1593

 

 

Floruit etiam Isidorus Pacensis cognominatus, quuius opuscula horrido parumque culto sermone, eaque imperfecta, et mendis senticosissimus scatentia circunferuntur.

Brilhou ainda Isidoro, cognominado o Pacense, cujos opúsculos, em linguagem difícil e pouco cuidada, circulam por aí não só incompletos como cobertos de erros bem espinhosos.

 
   

Tradução do Prof. Raúl Miguel Rosado Fernandes

 

 

 

João Vaseu, Chronici rerum mirabilium Hispaniæ, pag. 4v., edição de 1552

 

 

 

Isidorus Pacensis episcopus etiam scripsit Chronicon Hispaniæ, cuius si est Chronicon illud, quod illius titulo prænotatum vidi, portentum potius dixerim quam Chronicon, adeo prodigiose  scribit, et Gothice potius quam Latine. Certe mihi tanquam in nouo quodam et inaudito  idiomate desudandum fuit, ut intelligerem.

 

Isidoro de Beja Bispo escreveu também uma Crónica de Espanha, se é que se pode chamar Crónica o que eu encontrei com esse nome; eu diria que é mais um monstro do que uma Crónica, tão estranha a maneira como o escreveu e mais em Gótico do que em Latim. Certo é que, para o perceber, tive de aprender a linguagem como se fosse uma nova língua.

 

 

 

 

APRECIAÇÃO DAS CHRONICI RERUM MIRABILIUM HISPANIAE

 

 Um autor que valorou muito positivamente a obra de Vaseu foi o francês Georges Cirot, no livro  Les histoires générales d’Espagne entre Alphonse X et Philippe II, publicado em 1904. Dedica-lhe uma longa exposição, de pags. 157 a 168. Realça a clareza, a organização, a boa fé do autor e o estudo e investigação efectuados para escrever a obra. Diz ele: “ Vaseo a fait au milieu du XVIe siècle ce que les Allemands ont commencé à faire au XVIIIe ».

Todos os autores assinalam o entusiasmo que Vaseu manifesta na sua obra:

 

 

 

Dii boni, quam diuitem Hispaniam belli pacisque  artibus reperi ? quantas rerum ac fortunæ vicissitudines? Quot bella prudentissime suscepta, scientissime gesta, felicissime confecta? Quam indefatigabilem vindicandæ religionis Christianæ fervorem? Quot omnium virtutum documenta ? quot omnium rerum memorabilium exempla ?

 

Meu Deus, que interessantes são em Espanha as histórias da paz e da guerra! Tantas as vicissitudes das coisas e da sorte! Tantas guerras com muita prudência encetadas, cientificamente conduzidas e com muita felicidade acabadas! Quanto fervor infatigável  na defesa da religião Cristã! Tantas provas de todas as virtudes! Tantos exemplos de todas as coisas memoráveis!

 

 
 

Pag. 1 v. e 2 r. (soft. 22 e 23)

 

 

 

Nos primeiros capítulos do livro, Vaseu, enumera os historiadores de Espanha, mencionando quarenta e três, tanto em latim como em língua vulgar; as fontes que consultou e refere cento trinta e cinco; as bibliotecas que visitou e os amigos que o ajudaram de qualquer maneira.

 

 

CARTAS DE VASEU

 

Data e local

Destinatário

Início

 Páginas

Tradução

Notas

16-4-1538

Salamanca

Inf.D.

Henrique

Equidem nondum

251 (Vasconc.)

 

a)

18-10-1541

Évora

Damião de Góis

Multæ et graves

Aliquot Opuscula-1544

b)

 

16-8-1546

Évora

Senado e povo de Diest

Postquam mihi

255(Vasconc.)

257 (Roersch)

d)

c)

17-9-1547

Évora

Martin Azpilcueta

Antiquum est proverbium

f)

 

e)

8-10-1551

Salamanca

Fr. Aleixo de Salamanca

Scilicet hoc

 

 

g)

20-12-1551

Salamanca

Inf. D.Henrique

Catonem illum

257(Vasconc.)

 

h))

(Vasconc.)= Cartas de Nicolau Clenardo e seu circulo literário

(Roersch)=   Correspondance de Nicolas Clénard, 1.º vol.

 

          a) Carta dedicatória em Collectanea Rhetorices

      b) Tradução de Fr. Amadeu Torres em Correspondência latina de Damião de Góis.

c)  Lembrando a memória de Clenardo- na Gramática Latina de Clenardo publicada em Coimbra em 1546.

d) Tradução para Português em O INSTITUTO n.º 73, pag. 245, nota 2).

e) Carta nuncupatória a Martin de Azpilcueta Navarro do livro Index rerum et verborum. 1549

f)  Reproduzida em facsimile a pgs. 299- 304 de Humanismo e Erasmismo na Cultura Portuguesa do Século XVI, de José V. de Pina Martins.

g)  No livro De republica Christi, pag. 19 (soft.)

h)  Carta nuncupatória ao Infante D. Henrique das Chronici rerum mirabilium Hispaniæ

 

 

Cartas de Nicolau Clenardo a Vaseu

 

 

 

CARTAS   DE

  CLENARDO

     

 

A. Roersch, 

Correspondance    

de Nicolas Clénard

Edição de 1606

Cerejeira, 1.º vol.

 

Data

N.º de ordem

        Início 

N.º de ordem

Páginas

Edição de 1974

 

 

Latim - 1.º vol.

 

Trad. para Francês, 3.º v.

 

Pagina inicial 

 

16-2-1533

Salamanca

 

12

 

Multa…

 

 

140 - 141

 

 

 

24-2-1533

Salamanca

 

13

 

Scripsi…

 

IV

 

142 - 143

 

 

 

29-4-1533

Salamanca

 

14

 

Acceptis iam…

 

 

143 - 144

 

 

 

5/6-11-1533

Salamanca

 

16

 

Literae tuae…

 

VI

 

145 - 149

 

 

 

31-12-1533

Évora

 

17

 

Audi fabulam…

 

VII

 

160 - 162

 

243

 

 

27-6-1534

Évora

 

19

 

Iam scripsi…

 

 

162 - 163

 

 

 

22-8-1534

Évora

 

20

 

Ad nullam…

 

 

164

 

 

 

24-12-1534

Évora

 

21

 

Scis, mihi

 

IX

 

149 - 160

 

 

 

3-7-1535

Évora

 

26

 

Mirifice

 

 

165 - 167

 

 

 

30-9-1535

Évora

 

27

 

Ne nunc…

 

 

167 - 169

 

 

 

2-10-1535

Évora

 

28

 

Pro tam…

 

 

169 - 181

 

 

 

6-11-1535

Évora

 

29

 

Hanc nuper

 

 

181 - 185

 

 

a)

3-1-1536

Évora

 

30

 

Antequam literas…

 

 

186 - 187

 

 

 

18-7-1537

Évora

 

40

 

Hodiernus

 

XX

 

187 - 212

 

301

 

 

5-8-1541

Fez

 

57

 

Si sum…

 

XXVI

 

213

 

343

 

 

21-8-1541

18-9-1541

Fez

 

58

 

Guilielmus, his

 

XXXVIII

 

213-214

 

343

 

b)

 

1535-1536

 

64

 

Nihil magis…

 

 

 

 

c)

 

 

 

a)      Junta à carta anterior na edição de 1606

b)      Junta à carta anterior na edição de 1606

c)      Publicada em 1576 em Nova methodus docendi pueros-Fragmentos de diversas cartas, publicados anteriormente por Vasaeus na edição de Coimbra das Institutiones grammaticae latinae (pags. 238-280).

 

CARTAS DE ANDRÉ DE RESENDE A JOÃO VASEU

 

 

Data

Título

1.as palavras

 Publicação

Tradução

4-7-1551

Epistula de aera Hispanorum

Circiter Cal. Maias

Chronicon Hispaniae, 1.ª parte 55 v. a 56 v. 2.ª parte: 64 v a 65 v.

a)

2-2-1553

Pro Colonia Pacensis

Casu ac fortuito

1561 - Tip- Joannis Blauii Coloniensis e Antiquitatum Lusitaniae, Colonia, 1600, pp. 128-150

 

       

a) Tradução Virgínia Soares Pereira em André de Resende e a correspondência com João Vaseu. I.: A carta De aera Hispanorum, in Algumas obras de André de Resende, André de Resende, Vol. II, Lisboa, Edições Távola Redonda, 2008, pags. 635-663.

 

NOTA: As cartas de Clenardo são citadas indicando a página da edição de 1606. As traduções sem indicação de autor foram feitas por mim, eventualmente seguindo a tradução para francês de A. Roersch quando esta existe.

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

 

Elena Rodríguez Peregrina, El Chronicon Hispaniae de Joannes Vasaeus, in Studia Graecolatina Carmen Sanmillan in Memoriam Dicata quae ediderunt Jesus García González et Andrés Pociña Pérez, Universidade de Granada, 1988, pags. 379 - 386

 

Amálio Huarte y Echenique, Apuntes para la biografía del maestro Juán Vaséo, in Revista de Archivos, Bibliotecas y Muséos, Madrid,  Ano XXIII, Octubre a Diciembre de 1919, n.ºs 10, 11 e 12.

Online: http://hemerotecadigital.bne.es/datos1/numeros/internet/Madrid/Revista%20de%20archivos,%20bibliotecas%20y%20museos/1919/191910/19191001/19191001_00000.pdf

 

Nicolai Clenardi Epistolarum libri duo, Hanoviæ, typis Wechelianis, apud Claud. Marnium et heredes Ioan. Aubrii. M. DC. VI

Online: http://books.google.com

 

Alphonse Roersch (1870-1951). Un historien belge oublié: Johannes Vasaeus, in Bulletins de la Classe des Lettres et des Sciences Morales et Politiques, 5e série – Tome XV, 1929, pages 164-185

 

Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), O Renascimento, Portugal, 2 vols. Coimbra Editora, 1974-1975-1.º vol. Clenardo e a sociedade portuguesa; 2.º vol.- Clenardo, o humanismo, a reforma.

  

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Historias de Idacio Obispo, que escriviò poco antes que España se perdiese, De Isidoro, Obispo de Badajoz, que escribió en los tiempos que se perdió España, treinta y ocho años después; De Sebastiano, Obispo de Salamanca que escriviò desde el Rey don Pelayo, hasta don Ordoño primero deste nombre;  De Sampiro, Obispo de Astorga, que escribió desde el Rey don Alonso el Magno, Tercero deste nombre, hasta el Rey don Vermudo el Gotoso; De Pelagio, Obispo de Ouiedo, que escribió desde el Rey don Vermudo el Gotoso, hasta don Alonso Septimo deste nombre, Emperador de España,  recogidas por Fray Prudencio de Sandoual, Obispo de Pamplona, Cronista de Su Magestad.

Impresso en Pamplona: por Nicolas de Assiayn a costa de Pedro Escuer, mercader de libros de la ciudad de Çaragoça, 1634

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Enrique Esperabé Arteaga, Historia pragmática é interna de la Universidad de Salamanca, Tomo segundo, Maestros y alumnos más distinguidos, Salamanca, 1917

Online: www.archive.org

 

 

Anexo 1

 

JOANNES VASÆUS, Brugensis, Flander, postquam Ferdinandi Columbi Christophori magni novi orbis inventoris filii auspiciis e Belgio et Lovanio Hispalim concessisset, inque ejus domo et bibliotheca instructissima aliquot annis commoratus esset, factus fuit rhetoricæ artis professor Salmantinus. Hinc Bracharæ deindeque Eboræ juventutem Lusitanam erudiit. Postremo Salmanticam revocatus in hac schola et professione diem extremum incurrit circa MDLII, relinquens filium Augustinum, cujus meminit in prologo editionis secundi libri Epistolarum Nicolai Clenardi Carolus Clutius; non autem, ut scribit Ægidius Gonzalez Davila in Theatro Salm. Ecclesiæ, pag. 341 anno MDL. Sepulturamque accepit in collegio Veræcrucis sodalium B. Mariæ de Mercede, sub hoc sepulcrali carmine:

 

Conditur hoc tumulo Flandra de gente Vasæus

        Salmanticensis gloria gymnasii.

Ergo jacent Musæ, ingenium, facundia linguæ,

        Et cum sincera religione fides.

 

Ejus est Chronicon Hispaniæ Latinum Coloniæ primum publicatum anno 1567. in 8. deindeque in collectione Hispaniæ Scriptorum Schoti volum. I.

Catalogum Rerum Portugalliæ, ineditum ut credimus, quem tamen laudat Stephanus Garibalus lib. XXXIV Compendii Histor., cap. I.

Simonis Pelegronii Guilielmitæ Monachi synonymorum silvam in usum scribendarum epistolarum compositam apud Germanos, ut credo, a Joanne Schoeffero 1548 et 1555 in 8. publicatam Joannes Junta Florentinus typographus additis scilicet interpretationibus synonymorum sermone Hispanico cum præceptionibus aliquot exercendæ linguæ Latinæ, atque etiam de Orthographia Joannis Vasæi Salmanticæ edidit anno 1551 in 8. Quod in schedis Alfonsi Ciaconis legimus.