2-10-2006

 

Rodrigo da Fonseca

(1550-1622)

 

Não se sabe muito da biografia de Rodrigo da Fonseca, Médico insigne do seu tempo, Professor na Universidade de Pisa durante 40 anos e possivelmente cristão novo, embora não se lhe conheçam tendências judaizantes. Barbosa Machado inicia o seu relato biográfico apenas em 1606, quando afinal ele foi Professor em Pisa desde 1575. Os seus livros não referem pormenores autobiográficos, ao contrário do que acontece, por exemplo, com os de Amato Lusitano.

Nasceu em Lisboa em 1550 e estudou medicina em Coimbra, mas alguns anos depois emigrou para Itália e frequentou durante algum tempo a Universidade de Pisa. Nos registos da Universidade, figura uma vez como filho de Diogo Luís, outra como filho de Tiago Luís. Em 1575, formou-se em filosofia, sendo o grau atribuído pelo Professor Joseph Capannulus. Foram testemunhas Gaspar Dias e António Mendes. Em 1577, acabou Medicina, com o Professor Andreas Cisalpinus, sendo testemunhas, António Dias, Dias Ferrantes, Jerónimo Rodrigues, Tristão Mendes e Manuel Teixeira.

Em 1575 fora já nomeado Professor de Lógica; em 1581 foi nomeado professor extraordinário de Filosofia e em 1584, professor ordinário de Medicina Teórica.

Em Pisa, como noutras universidades, os docentes eram distribuídos pelos três Colégios de Teologia, Utroque Jure (Direito Civil e Direito Canónico) e Filosofia e Medicina – a filosofia natural aristotélica era considerada o ponto de partida para a ciência médica.

As aulas baseavam-se no princípio da “concorrência”, o qual exigia a realização de cursos paralelos da mesma disciplina com o mesmo programa e no mesmo horário, para permitir aos alunos escolher o Professor que preferissem e assim avaliar estes, em termos práticos.

Uma tarefa importante eram também os “círculos” ou “discussões circulares”. Eram estes discussões em que o professor, na presença dos seus alunos e dos dos seus concorrentes, devia defender “conclusões” da matéria da lição que acabara de dar.

A normal qualificação mais elevada de um professor era a de “leitor ordinário”, que Rodrigo Fonseca tinha já atingido em 1584. Entretanto ia publicando as suas obras, sobretudo em Roma, que demonstram que ele trabalhava bastante e bem.

Para o final da sua carreira em Pisa, apresentou ele aos dirigentes da Academia algumas reivindicações, que ali lhe toldaram o seu prestígio desde então até hoje, como se verifica do artigo da Dr.ª Barbara Marangoni abaixo citado.

Em 29 de Dezembro de 1610, endereçou ao Grão Duque Cosme II, um pedido da dignidade muito rara de professor supraordinário, com dispensa da “concorrência” e das “discussões circulares”(Mais tarde Estêvão Rodrigues de Castro seria professor supraordinário em Pisa):

 

Sereníssimo Grão Duque,

O Dr. Rodrigo Fonseca…. é hoje o mais antigo Doutor da Universidade de Pisa,…. tendo ensinado 36 anos na dita Universidade e 25 a Teoria da Medicina, em primeiro lugar,  por outro por ter publicado livros, tendo mandado para imprimir 7 obras e tendo outras para mandar.

Porém, parecendo-lhe merecer… suplica que lhe permita ensinar Medicina na dita Universidade na segunda hora da manhã, sozinho, sem que outros médicos ou filósofos ensinem nessa hora e sem concorrência nem obrigação de circular, com o título de supraordinário.

…………………..

Solicita depois aumento de salário. Começara a ensinar com a remuneração de 200 florins, ganhava agora 410. Diz que em Pádua lhe oferecem o dobro do salário. Além disso, recusara já a nomeação como médico pessoal do Duque de Ossuna, Vice-Rei da Sicília.

O Provedor da Universidade deu a sua informação de burocrata em 3 de Janeiro de 1611. O suplicante era de facto o doutor mais antigo, tinha publicado diversas obras e era homem de grande inteligência e célebre na sua profissão. Sublinhou, no entanto, as suas faltas de empenho didáctico, diminuído pelo tempo dedicado aos negócios. Não se pronunciou concretamente sobre o pedido, mas foi adiantando que a nomeação como professor supraordinário, inplicaria o recrutamento de mais um professor ordinário de Medicina Teórica para se manter o regime da “concorrência”. E concluía que, a deferir-se o pedido, deveria fazer-se um contrato plurianual, para evitar repetidos pedidos de aumento por parte de Rodrigo da Fonseca.

A questão não foi resolvida formalmente. Mas o Provedor da Universidade, autorizado pelo Grão Duque, isentou  Rodrigo Fonseca das discussões “circulares” e autorizou-o a dar a sua lição na Aula Magna, em hora diferente da dos outros professores de Medicina Teórica. Além disso, os nomes de um e outros foram registado em locais separados do rol de professores.

Ainda antes do ano lectivo 1612/1613, Rodrigo Fonseca escreve de novo ao Grão Duque, pedindo o aumento do salário para 600 florins.  O Grão Duque aumenta-lhe o salário apenas para 500 florins.

Lá continuou o Dr. Rodrigo Fonseca a dar as suas aulas, sem “concorrência” e sem discussões “circulares”. Mas, no rol de 1613/1614, o seu nome aparece junto com o dos restantes professores e ele não apreciou a partida. Protestou vivamente em carta ao Grão Duque e ainda numa outra dirigida à mãe deste, Cristina de Lorena.

O mal estar do Doutor Rodrigo da Fonseca continuou. Em 6 de Agosto de 1615, o Provedor da Universidade informa o Grão Duque da Toscana que o português pede um salário de 800 florins; a não lhe ser concedido pede licença para ir ensinar noutras Universidades. O Grão Duque despacha “Não é época para aumentos” e Rodrigo da Fonseca vai para Pádua.

Criticar Rodrigo da Fonseca pelas suas reivindicações salariais parece-me demasiado severo, pois ele conseguiu ir para Pádua e obter a compensação que reivindicava.

O historiador Ângelo Fabroni, na sua Historia academiae Pisanae (3 vols.), é menos severo com o português. Transcrevo aqui o que ele diz, em tradução  algo livre do latim:

 

“Nada tenho a dizer de Paolo Tonso, de Milão, que durante quatro anos ensinou Medicina, recebendo um magríssimo salário, e por isso passo depressa para Rodrigo Fonseca, de Portugal, de cujo carácter e sabedoria dão um testemunho, que não é nada dissimulado, aqueles que dirigiam as coisas da Academia. Atribuíam-lhe o mau costume de se dedicar tempo demais a negócios mercantis e que teria demasiada ambição de acumular fortuna. Daí que nunca deixasse de reivindicar que lhe fosse aumentado o ordenado (que chegou a 500 florins com bastantes cêntimos), sobretudo na expectativa de que a Academia de Pádua contratasse os seus serviços. Fora ele contratado em 1575 como Professor de Lógica, e, nove anos depois, já que manifestava a toda a gente que nunca interromperia os estudos de medicina, e como nenhuma espécie de discussão nesta Faculdade lhe fosse estranha, assumiu o encargo da docência. Nele continuou até ao ano de 1615, em que transitou para Pádua, mudança que não teria ocorrido, se ele tivesse encontrado mais compreensão e paciência da parte dos Prefeitos da Academia, para o ouvirem sobre as suas reivindicações e pedidos. 

É autor de muitos livros, que agora já quase se esgotaram; deles porém, se pode inferir que de modo nenhum lhe faltava doutrina, erudição e até  elegância que seguramente contribuía para a dignidade da escola.

.........................

É testemunha Papadopoli de que ele, ensinando em Pádua, e praticando medicina em Veneza, foi vivendo feliz até ao ano de 1622, em que partiu desta vida, e de que não era fácil, nessa altura, encontrar um médico que se pudesse considerar superior a Fonseca.” 

Ângelo Fabroni, Historia Academiae Pisanae – 2.º vol. Págs. 285 online aqui

 

De facto, o historiador da Universidade de Pádua, Nicola Comneno Papadopoli diz que Rodrigo da Fonseca, "atraído pelo salário de 1000 dinheiros Vénetos, subiu a Professor Ordinário da Primeira Cátedra de Medicina Prática em 1616, já em idade avançada. "

Também Giacomo Filippo Tomasini, a ele se refere no seu Gymnasium Patavinum, ao referir os professores de Medicina Prática Ordinária, no primeiro local, desde o ano 1500 até ao de 1653, Cap. X:

1615

6 Decembris - Rodericus Fonseca Lusitanus honorario Flor. mille e Gymnasio Pisano vocatus, medendi peritia celebris plurima Scholis commoda in lucem protulit. [Pag. 298 (316 do software)].

e indica depois a data da sua morte:

1622

27 Martiis - Rodericus a Fonseca, Primarius Medicinæ Professor obiit cum esset praeses Collegii Veneti, cui successit Sanctorius in eam dignitatem collegii. [Pag. 445 (463 do software)].

 

LIVROS PUBLICADOS

 

Roderici a Fonseca Lusitani Olysiponensis, medicinam in Pisana academia publice profitentis, De calculorum remedijs, qui in renibus et in uesica gignuntur libri duo. Romae : apud Io. Angelum Ruffinellum, 1586 (Romae : apud Titum et Paulum Dianum fratres, 1586). [8], 139, [1] p. : ill. ; 4°

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k604129
 

(BN) De tuenda valetudine, et producenda vita liber, Florentiae apud Bartholomaeum Sermartellium Juniorem, 1602

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k51064g

Online: http://fermi.imss.fi.it/rd/bd?lng=en

 

(BN) Roderici a Fonseca Lusitani Olysipponen. medicinam in Pisana academia publice profitentis,In Hippocratis legem, commentarium, quo perfecti medici natura explicatur. Romae : ex typographia Titi & Pauli de Dianis fratrum, 1586 (Romae : apud Titum, & Paulum Dianos fratres, 1586). [8], 127, [1] p. ; 4°

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k60056t
 

[BN] Roderici a Fonseca Lusitani Olysiponensis medicinae in alma Pisana academia professoris ordinarij In Hypp. prognostica commentarij: quibus vniuersa eius doctrina in conclusiones deducitur, earumque adducuntur demonstrationes, ac notatu dignissima summa dicendi facilitate exponuntur. Opus cunctis artis medicae studiosis perutile, ac necessarium. Patauii : apud Franciscum Bolzetam bibliopolam Patauinum, 1597. [4], 173, [1] c. ; 4°

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k608906
 

Roderici a Fonseca Lusitani, Pisis artis medicae professoris ordinarii. In primum, et secundum Aphorismorum librum commentaria ordine contexta, quo puncta doctoratus exponi solent. Florentiae : apud Bartholomaeum Sermatellium, 1590 (Florentiae : apud Bartholomaeum Sermartellium, 1591). 136 p. ; 4°

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k60055g
 

[BN] Roderici a Fonseca Lusitani Olysiponensis, medicinam ordinariam in alma Pisana academia profitentis, In septem Aphorismorum Hippocratis libros commentaria, eo ordine contexta, quo doctoratus puncta exponi consueuere. Quibus accessere eiusdem auctoris insingulas sententias adnotationes, quae, non modo clariorem doctrinam reddant, verum etiam omnes ambiguitates tollant; opus cunctis artis medicae studiosis perutile ac necessarium.

Título subordinado -- Tractatus de febrium acutarum et pestilentium remedijs, diaeteticis, chirurgicis, & pharmaceuticis. Venetijs : apud Franciscum de Franciscis Senensem, 1595.

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k60609z
 

[BN] Roderici a Fonseca Lusitani, in Pisana academia artis medicae professoris ordinarij Opusculum, quo adolescentes ad medicinam facile capessendam instruuntur, casus omnium febrium methodice discutiuntur, et curantur; iuxta normam in punctis tentatiuis, pro doctoratu recitandis vsitatam, vt post vniuersalem medendi methodum, in particularibus se quisque exercere possit. Adduntur eisdem auctoris consultationes aliquot, & modus demonstratur curandi capitis vulnera sine apertione, Florentiae : apud Michaelangelum Sermartellium, 1596.

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k60411z

 

[BN] Del conservare la sanità. Opera di Roderigo Fonseca tradotta dal latino in toscano da Poliziano Mancini da Montepulciano, In Firenze nella Stamperia di Antonio Sermartelli, 1603

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k51055h 

 

[BN] Rodericus a Fonseca (Olysipponensis olim Pisis medicinam supraordinariam, nunc Patavij practicam priore loco profitentis), Consultationes medicae singularibus remediis refertae non modo ex antiqua, verum etiam ex nova medicina depromptis, ac selectis, quorum usus exactissima methodo explicatur et experimentis probatur. Opus a cunctis medicinae studiosis propter secreta in eo contenta magno in pretio habendum. Accessit de consultandi ratione breve compendium et consultatio de plica Polonica. Cum duplici indice copioso, altero consultationum, altero rerum notabilium in toto opere contentarum, Typis Wechelianis, apud Danielem et Davidem Aubrios et Clementem Schleichium (Frankfurt am Main 1625), 2 Bde. in 1, 1: [6], Indices, 608, 2: [10], Indices, 577.
Besitzvermerke: CRY; Y: Rr IV; BII: J 5/a; B: F41.

  

[BN] Rodericus a FONSECA (Olysipponensis olim Pisis medicinam supraordinariam, nunc Patavij practicam priore loco profitentis), Consultationes medicae singularibus remediis refertae non modo ex antiqua, verum etiam ex nova medicina depromptis, ac selectis, quorum usus exactissima methodo explicatur et experimentis probatur. Opus a cunctis medicinae studiosis propter secreta in eo contenta magno pretio habendum. Accessit de consultandi ratione breve compendium et consultatio de plica Polonica, Apud Ioannem Guerilium (Veneza 1620),

 

De febre maligna logisimi. De febre cum maculis. in De febre maligna polydædalæ medicorum epistolæ ad J. B. Fidelissimum, Pistorii, 1628.

 

Roderici a Fonseca, De hominis excrementis libellus. Ad ill.m et reu.m Dominicum Riuarolam, Pisis : apud Io. Baptistam Boschettum, & Ioannem Fontanum socios, 1613, \8!, 262, \2! p., \1! c. di tab. ripieg. ; 4º

 

[BN]  = Existente na Biblioteca Nacional, em Lisboa.

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

 

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 267-268 do software).

 

Angelo Fabroni (1732-1803), Historia academiae Pisanae, Excudebat Cajetanus Mugnainius, 1791. Online aqui.

 

Giacomo Filippo Tomasini, Gymnasium Patavinum Iacobi Philippi Tomasini Episcopi Æmoniensis, Libris V. Utini, Ex Typographia Nicolai Schiratti, MDCLIV.

Online aqui.

 

A. Tavares de Sousa, Curso de História da Medicina: das origens aos fins do século XVI, 2,ª ed. Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 1996, 187 págs. ISBN 972-31-0097-5

 

Estêvão Rodrigues de Castro, Obras poéticas em português, castelhano, latim, italiano, texto editor e inéditos coligidos, fixados, prefaciados e anotados por Jacinto Manuppella, Coimbra, Imprensa da Universidade, 650 págs.

 

Giuliana Volpi Rosselli, I portoghesi nell’Ateneo Pisano in epoca medicea (1543-1737) in

Toscana e Portogallo  miscellanea storica nel 650o aniversario dello Studio Generale di Pisa, Studi del Departimento di scienze della politica dell'universita di Pisa, ETS, Pisa, 1994, 376 págs.

  

Barbara Marangoni, Un medico portoghese nello studio di Pisa – Rodrigo Fonseca, in

Toscana e Portogallo  miscellanea storica nel 650o aniversario dello Studio Generale di Pisa, Studi del Departimento di scienze della politica dell'universita di Pisa, ETS, Pisa, 1994, 376 págs.

 

 

 

 

 

RODRIGO DA FONSECA, natural de Lisboa, e celebre professor de Medicina, cuja Faculdade exercitou com grande aplauso do seu nome assim pratica, como especulativamente. A fama que corria da sua profunda sciencia estimulou aos Venesianos para o convidar com largo estipendio a regentar a Cadeira de Prima em a Universidade de Piza a que deu principio no anno de 1606. Desta Universidade passou á de Padua, onde na Cadeira de Prima explicou os Afforismos de Hipocrates. Conciliou as estimaçoens de diversos Principes de huma, e outra Jerarchia principalmente de Filippe II. quando era Rey de Portugal admirado das prodigiosas curas que fazia com o oleo de Aparicio, e como triunfava das doenças mais rebeldes, e perigosas. Falleceo em Roma no anno de 1622, e jaz sepultado na Igreja de S. Lourenço in Lucina em Capella propria dedicada á Encarnação do Divino Verbo, e ornada de preciosos marmores, e excellentes pinturas. Celebrão o seu nome insignes Escritores, como são Zacuto lib. 6. hist. 7. Intitulando-o eruditissimum.Tavares de duob. art. med. auxil.p.196. doctissimus. Gaspar dos Reys Franco Camp. Elys. Quaest. Jucund. Quaest.59. doctissimus.Joan. Soar. de Brito Theatr. Lusit. Litter.R.n. 8. Clarissimus.

Nicol. Anton. Bib.Hisp.Tom.2. p. 215. col. 1. Non solum praesentibus quotidiano praelectionum labore, sed & universis posterisque lucubrationum doctissimarum prodesse volunt.

Papadopoli  Hist. Gymnas. Patau.Tom.. pag. 349. Clarissimus Medicus magnique habitus in Italia.Hallevordius Bib. Curiosa pag. 360. col. 2. Petr. Servius  Dissert. de Unguent.n.28. -magnae aestimationis medicus., Georgius Moralis lhe fez o seguinte elogio (a): Fonsecam inter Heroas praeclarum tamquam alterum Aesculapium mirantur in Arte quotquot extant Apollinea Doctores, imo Aesculapio doctiorem agnoscunt, suspiciunt, venerantur; illum fabulosa fingit antiquitas mortuos ab inferis revocasse: noster hic vere innumeros, quarum vitae spes fuerat conclamata ab orci faucibs educit. Fontem Athenis illi adscriptum mentiuntur, ab hoc verius inexhaustus fons potius Fontes,2quid enim aliut resonat, edocet ne immortale nomen emanantes, profluentes Adriaticas, Etruscas annos sex supra quadraginta irrigarunt. Et quid salubrius illarum limpidis, non fucatis aquis jam pridem libarunt Maximi Pontifices, Potentissimi Reges, Illustrissimi Cardinales, magni Etruriae Duces, caeterique excelsi Principes ! Neque mirum, nam ejus egregium corpus ad sapientum normam perfectum, ac numeris omnibus à natura, seu altiori opifice fabrefactum ea informat anima, ea illustrat mens quam ex Hipocrate, ac Galeno qua de Pythagorica in illud commigrasse existimes.

 

Compoz

 

De calculorum remediis, qui in renibus, & vesica gignuntur. libri duo.Romae apud  Joannem Angelum Ruffinellum . 1586 .4.

 

In Hippocratis legem commentarium quo perfecti Medici natura explicatur.Romae -apud Titum, & Paulum de Dianis . 1586 .4.

 

De Venenis, eorumque curatione. Romae apud Vicentium Accoltum 1587 .4. (b)

  

Opusculum quo adolescentes ad Medicinam facile capessendam instruuntur, casus omnium febrium methodice discutiuntur, & curantur juxta normam in punctis tentativis pro Doctoratu recitandis usitatatam & post utilem medendi methodum in particularibus si quis exercere possit. Consultationes aliquot, & modus demostratur curandi Capitis vulnera sine apertione & peradmirabile Aparitii oleum. Florentiae apud Michaelem Angelum Sermartellium . 1596 .4.

 

Comentaria in septem libros Aphorismorum Hippocratis eo ordine contexta quo Doctoratus puncta exponi consuevere. Quibus accesserunt in singulas sententias annotationes, quae non modo clariorem doctrinam reddunt, verum & omnes ambiguitates tollant. Florentiae . 1591 .Venetiis per Franciscum de Franciscis 1596  & ibi apud Joanem Antonium de Francis 1608 .8.

  

In Hyppocratis Prognostica Commentarii quibus universa ejus doctrina in conclusiones deducitur. earumque adducuntur demonstrationes ac notatu dignissima summa dicendi facilitate exponuntur. Patavii apud Franciscum Bolzetam 1597 .4.  & ibi apud Jacobum de Cadorinis . 1678 .4.

 

De tuenda valetudine, & producenda vita liber. Florentiae -apud Bartholameum Sarmatellium 1602 .4.  Francofurti per Palthenium . 1603 .4. 2  Sahio vertido em Italiano por Policiano Mancino. Florencia 1603 .4.

 

De Hominis excrementis. Pisis apud Joannem Baptistam Borchetum 1613 .4.

 

Tractatus de Febrium acutarum & pestilentium remediis diaeteticis, Chirurgicis, & pharmaceuticis.Venesiis  apud Joannem Guernium 1621 .4.& Basileae -apud Joannem Jacobum Genathium 1625 .8.

 

Consultationes medicae singularibus remediis refertae non modo ex antiqua, verum etiam ex nova Medicina de promptis, ac selectis, quorum usus exactissima methodo explicatur, & experimentis probatur. 2. Tom. Francofurti ad Maenum K Typis Wechelianis apud Danielem, & Davidem Aubrios, & Clemente Schleichium . 1625  & Venetiis  apud Joannem Guerilium 1628 .fol.  Item  de Morbis Virginum, qui intra clausuram curari nequeunt.

 

(a) Inserido no início do tomo II das Consultationes medicae, 1625, Francofurti ad Moenum. Deve tratar-se de Jorge Morais, professor extraordinário de Lógica na Universidade de Pisa, desde 1614/15 a 1618/19.

 

(b) Trata-se de um lapso de Nicolau António. Deve ser o livro de Andrea Bacci, De venenis et antidotis prolegomena seu Communia praecepta ad humanam vitam tuendam saluberrima: De canis rabiosi morsu et eius curatione, impresso em Roma em 1586.